Um amor puro!
Por: Bulma-chan

Capitulo1: quando o amor desperta

Hoje é um dia especial na minha vida, um dia que provavelmente eu nunca esquecerei. Hoje minha mãe morreu! Sim, aquela mulher forte e cheia de vida, a mulher que sempre me mimou e encheu de carinho, a mulher que mantinha essa família unida partiu.
Durante mais de um ano e meio ela enfrentou um tratamento contra sua doença, um câncer, nós, eu, meu pai e minha pequena irmã sempre a apoiamos, estivemos todo o tempo ao seu lado, principalmente meu pai, mas foi uma batalha perdida, desde o começo sabíamos que a esperança era pequena, só que ela não desanimou, não senhor, ela lutou até o fim e sorriu para nós quando se despediu.
Meu pai não derramou uma lágrima, sempre tentando parecer mais forte do que realmente é. De nós três ele é o que mais foi afetado, mamãe era a pessoa que o mantinha razoável, era ela que acalmava a fúria que vive dentro dele e agora, sem ela, eu não sei o que vai acontecer com ele.
Bra nunca foi tão ligada a ela como eu, ela sempre gostou mais da atenção do papai, mas nem por isso foi menos afetada, não seria muito fácil explicar pra ela que nossa mãe não voltaria mais, ela tem apenas 6 anos. Eu sei que ela vai superar isso.
Eu não posso me perdoar por não estar ao seu lado quando partiu, mas sei também que foi melhor assim, ela morreu nos braços dele, morreu nos braços da pessoa que mais amou na vida e que provavelmente amará na morte.
Basta fechar meus olhos e a vejo sorrindo pra mim e para a Bra "Tchau querida, mamãe te ama viu? Não dê trabalho ao seu irmão. Trunks, não se esqueça de passar pra traze-la para casa, ela sai as três da tarde" eu sorriu de volta antes de responder "não se preocupe, não vou esquecer.. tchau" eu dei um beijo na testa dela e trazendo Bra pela mão sai do quarto, deixando ela apenas com meu pai, mas a voz dela me chamou de volta "que?" " tome cuidado, essa cidade está muito perigosa" " mãe, eu sei me cuidar, já estou bem grandinho" " ah, que filho engrato.. nem posso mais alerta-lo dos perigos da vida que" " tudo bem mãe, eu tomo cuidado.. mas só faço isso por que te amo viu?" ela sorriu " também te amo filho" depois disso eu sai de casa para ir a faculdade, não sem antes deixar Bra na escola primaria.
Foi questão de minutos, quando deixei Bra na escola e levantei vôo eu senti, meu coração doeu ao entender o que tinha acontecido, ela tinha ido embora pra sempre, lágrimas escorreram dos meus olhos e eu comecei a tremer "tchau querida, mamãe te ama viu?" ela se despediu de nós, pediu para que eu cuidasse da Bra e pediu pra ela não dar trabalho, ela sabia que estava morrendo e nos disse adeus de forma alegre, feliz... e eu.. não percebi.
Enxuguei minhas lágrimas e voltei a escola de Bra, devia ter como vinte minutos que a deixei ali e como quinze que senti que ela tinha partido. Desci no pátio e entrei na escola, caminhei pelos corredores sem saber como ia dizer a ela que nossa havia morrido. Bati duas vezes na porta e vi como uma menina abria a porta, quando abria a boca pra pedir pra falar com a Bra, vi que todos estavam em volta da mesa dela e que ela chorava muito, a professora não sabia o que fazer, eu só pude murmurar seu nome "Bra" ela levantou a cabeça e veio correndo até mim.
- IRMÃO, ELA MORREU NÃO É MESMO?- Ela me abraçou pelas pernas, enquanto eu acariciava sua cabeça.
- Como sabe? - minha voz saiu tão baixa que nem eu mesmo conseguiria ouvi-la.
- Eu senti, aqui dentro!- ela se afastou de mim para apontar para o peito, na altura do coração. Não pude evitar e novamente comecei a chorar. Levantei a cabeça e chamei a professora.
- Bra, pegue suas coisas, nós vamos pra casa - enquanto ela juntava suas coisas eu conversei com a professora e fiquei sabendo que no meio da aula Bra tinha começado a chorar e dizer que a mãe tinha acabado de morrer.
- Pelo que pude perceber é verdade não é?- disse a professora triste.
- Sim. – Bra chegou – pronta?- ela fez que sim com a cabeça e eu a abracei – diz tchau pra professora - tentei sorrir pra ela, mas me foi impossível.
- Tchau Tia... eu posso fazer a prova depois?- ela estava tão tristinha, me partiu o coração vê-la assim.
- Claro. Rapaz, deixe-a se recupere primeiro, ela não precisa vir essa semana, pode deixar que eu converso com a diretora.- eu agradeci e com Bra nos braços voei na direção do Ki do meu pai.
Quando o encontrei ele estava na praia. Estava sentado na areia e olhava para o mar, seu olhar distante, como minha mãe a partir de hoje, a cena me deprimiu ainda mais, ela estava sentada no colo dele, e ele a abraçava de forma tão carinhosa que mesmo se durante minha vida inteira eu tivesse duvidado do amor que ele sentia por ela, naquele momento eu teria percebido como estaria enganado.
Coloquei Bra no chão e me aproximei deles. Vi como ele desviava o olhar do mar para mim e naquele momento eu percebi que as coisas não seriam mais como antes, não porque minha mãe não estivesse mais ali, mas porque o olhar dele era agora sem vida alguma, o brilho que antes existia neles tinha desaparecido, restou apenas a solidão que sempre o acompanhou.
Bra sentou ao seu lado e chorou. Ele apenas virou o olhar pra ela, eu vi que ele queria consolar sua princesa, como ele mesmo dizia, mas ele não queria se separar do corpo dela.
- Pai, por que esta aqui?- será que eu não tinha nada melhor pra dizer num momento como esse? Eu me odiei por isso.
- Bulma queria ver o mar.- ele não disse nada mais e eu optei pelo silêncio também.
Fiquei mais um tempo observando eles em silencio, Bra chorava baixinho ao lado deles e meu pai ainda a mantinha naquele abraço carinhoso, ele a atraia para si com o braço esquerdo e sua mão direita estava entrelaçada na dela, com o polegar ele massageava as costas da mão dela. Seria uma cena linda de se ver, se não fosse a situação. Percebi que se dependesse dele, ficaríamos ali o resto da vida.
- Pai, eu vou pra casa. Temos que providenciar o enterro!- por um momento eu pensei que ele fosse me bater, mas a reação dele foi totalmente diferente, ele olhou para Bra e depois pra mim.
- Entendo.- ele ficou quieto por uns instantes e depois tornou a falar - Trunks, ligue para os sócios da empresa e para as amigas de sua mãe, os telefones estão na agenda vermelha ao lado da cama, ligue também pro Kakaroto e seus amigos, eles já devem ter percebido que ela morreu, mas devemos avisar assim mesmo.Bra, você escolhe o vestido mais bonito de sua mãe e coloca em cima da cama, se arrume você também – olhou pra mim, seu olhar frio como antes – eu vou em seguida.
Concordei com a cabeça e sai voando com Bra nos braços. Não pude parar de pensar no que tinha acontecido, acho que meu pai queria se despedir dela, afinal ela mudou a vida dele e durante vinte anos eles viveram juntos, e posso dizer com absoluta certeza, que viveriam outros vinte se ela não tivesse morrido.
Quando cheguei em casa fui direto ao telefone e Bra escolher o vestido, era de manhã e como o velório seria de noite eu tinha o dia todo pra preparar as coisas. No escritório encontrei um papel, nele estava escrito o telefone de um advogado para o qual eu liguei imediatamente. Fiquei chocado ao ser informado por ele que minha mãe o tinha procurado há oito meses atrás para fazer um testamento, fiquei sabendo também que ela já tinha providenciado tudo para o seu funeral e enterro, de acordo com o que o advogado ela não queria dar trabalho depois de morta.- senti meus olhos arderem e novamente eu chorei.
Depois de resolvido o enterro, ela não quis ser cremada e por isso comprou uma vaga em um cemitério particular, eu me dediquei a contatar os amigos, dizendo-lhes que ela tinha morrido e avisando que o velório seria a noite. Essa foi a parte que mais me doeu, ligar para a casa de meus amigos e avisa-los formalmente, era muito deprimente escutar coisas como " eu sinto muito querido, ela era uma excelente pessoa" ou ainda " que pena, ela era tão bonita e alegre" mas eles me conheciam desde de criança e compreenderam minha dor, apenas afirmavam que estavam sabendo e diziam que estariam aqui para se despedir dela.
Subi ao quarto e vi que Bra já tinha escolhido o vestido e que estava ela também vestida para a noite. Sentei ao lado dela e segurei em sua mãozinha.
- Bra, me ajuda a escolher uma foto bem bonita da mamãe? Nós temos que por um quadro e eu quero que seja um bem bonito.- ela concordou com a cabeça e juntos fomos escolher a foto.

Quando a noite chegou já estava tudo pronto. Meu pai havia chegado pouco depois de nós escolhermos a foto e agora também usava um terno preto, novidade nele já que geralmente ele não usa terno ou preto. Bra usava um vestidinho triste, arrumei de ultima hora já que a roupa que ela usava antes me parecia muito alegre. Meu pai estava sentado próximo ao caixão e Bra estava sentada em seu colo, essa foi uma das poucas vezes em que pude ver como ele a trata com carinho. Ela estava abraçada a ele que acariciava sua cabeça. Bra parecia que iria dormir a qualquer momento e ele acomodou melhor em seu colo.
Eu estava sentado no sofá, tem muita gente aqui, mas ninguém se atreve a falar comigo, ate mesmo uns amigos da faculdade mantém distancia. Sinto três Ki familiar e quase ao instante Goten, Goku e Chichi estão na minha frente.
- Trunks.- levanto a cabeça e vejo o olhar triste do Goten, ele também esta chorando, ele é meu melhor amigo e quando crianças éramos muito grudados, ele praticamente cresceu dentro da minha casa e tenho certeza de que tinha Bulma como sua segunda mãe.
- Obrigado por terem vindo - ele me abraça forte e nós acabamos chorando ainda mais. Goku me deu uma palmadinha nas costas enquanto dizia o muito que lhe entristecia a morte de minha mãe. Se viesse de alguma outra pessoa talvez eu pensasse que era mentira, mas vindo dele eu sabia que era verdade. Chichi não me abraçou, mas disse que sentiria falta de Bulma e que se eu precisasse de alguma coisa era pra pedir a ela.
Eles se afastaram em direção ao caixão, eu fiquei ali sentado no sofá, chorando sozinho. Quando o senhor Goku colocou um braço no ombro do meu pai, eu juro que pensei que ele fosse receber um soco, mas me enganei, acho que devido a situação meu pai nem ao menos percebeu quem lhe estava tocando!
Era muito triste olhar em volta e ver todas aquelas pessoas, segundo eles próprios importantes, conversando e rindo, tenho certeza que meu pai também reparou, mas como deve ter sido um pedido de minha mãe ele esta se segurando, juro que espero não precisar nunca deles em toda minha vida, por que pelo ódio que senti naquele momento eu seria capaz de mata-los ali mesmo.
Uma garota da minha turma deve ter percebido algo porque ela se aproximou e perguntou:
- Trunks, você esta bem?- eu fiz que sim com a cabeça; mas como eu poderia estar bem? Minha mãe tinha acabado de morrer e uns executivos idiotas se achavam no direito de rir em seu velório. Ainda estou agradecendo por ela não ter sentado ao meu lado.
Olhei para o caixão e vi que Kuririn estava chorando enquanto depositava um ramo de flores. Senti meus olhos arderem outra vez, como pode uma pessoa que não tem grandes posses, como é o caso de meus amigos, trazerem ramos de flores e as pessoas que realmente tem dinheiro não se incomodar nem em dar condolências aos parentes do defunto? Toda a frustração desse dia me veio como uma torrente de dor e angustia que não consegui manter em meu peito, e Grossas lágrimas encobriram meu rosto, tirando ao momento o rastro de maturidade que eu tentei demonstrar até agora. Não tive coragem de olhar para meu pai, tenho certeza que ele me recriminaria por demonstrar tamanha fraqueza, mas no momento eu queria chorar.
Sinto o olhar de todos sobre mim, mas não me importa, apenas alguns ali são dignos de serem chamados de amigos e eles eu sei que não estão rindo de mim. Pela dor que sinto nesse momento nada me importa. Curvo meu corpo pra frente, apoiando os braços nas pernas e deixando a cabeça baixa. Fecho os olhos e deixo minhas lágrimas fluírem enquanto minha mente viaja nas doces recordações de minha mãe.
Nesse momento uma doce voz me chama.
- Trunks
Abro meus olhos e observo os pequenos pés do dono da voz a minha frente. Levanto um pouco a cabeça e encontro os negros olhos de Pan, a filha de Gohan.
- não chora assim não- ela levantou as pequeninas mãos ate meus rosto e com cuidado enxugou minhas lágrimas – você não esta sozinho, eu vou cuidar de você, eu prometo- quando terminou de falar ela me beijou, eu senti um redemoinho se mexer em minha barriga.Fechei meus olhos e deixei que ela me beijasse. Quando separou seus pequeninos lábios de mim eu a abracei e sussurrei em seu ouvido " eu também vou cuidar de você, eu prometo" ela me abraçou e pela primeira vez desde a hora que minha mãe morreu eu sorri de verdade, sorri com vontade de sorrir.
Ela senta no meu colo e eu fico fazendo carinho em sua cabeça, ela me sorri, um sorriso que chega até minha alma, um sorriso que acalma meu coração. Sei que novamente todos em volta me observam, mas eu não ligo pra eles. Minha atenção esta voltada para a criança de cinco anos em meus braços, ela esta adormecendo, a madrugada a muito nos alcançou e o frio se faz sentir, eu tiro meu paletó e a cubro com ele. Ela se aconchega entre meus braços e sussurra antes de adormecer de vez "te amo trunks" eu sinto meu coração voltar a bater de novo, a declaração de uma criança inocente, uma pessoa tão pequena, que supostamente não deveria me alcançar, foi o maior apoio que tive essa noite, não porque ninguém tenha tentado, mas por que apenas ela alcançou meu coração. "Também te amo Pan" e sorri para ela, minha pequena.
Hoje será um dia que nunca esquecerei na vida. Hoje minha mãe partiu da minha vida, porém, hoje eu percebi que alguém muito especial mora em meu coração. E esse amor puro, vai me fazer seguir adiante.

Nota: Ola ... esse é um capitulo especial da minha fanfic chamada "despedida" ( que eu ainda estou escrevendo), eu queria escrever algo mais curto e a idéia de um fic Trunks e Pan já estava me tentando a muito tempo, por isso uni o útil ao agradável... espero que tenha sido do agrado de vocês e se não foi me mandem um e-mail para que eu possa melhorar .