Final Fantasy VII

– Flying Phoenix

Prólogo: A Explosão.

O local era um laboratório dos mais avançados, dava para sentir o cheiro de tecnologia pairando no ar. Encontravam-se na sala todos os materiais e equipamentos que um cientista comum mataria para ter. O ambiente amplo, com teto alto e objetos complexos de todos os tamanhos colocados em áreas específicas, era cheio de câmaras de vidro e computadores de todos os tamanhos, controlando com precisão qualquer coisa que acontecia ali. Poucas pessoas tinham acesso a tudo isso. Stark Shields, muito cedo, conquistou esse direito.

O jovem de olhos verdes e cabelos lisos passava mais tempo naquele centro de pesquisas que em sua própria casa, e parecia gostar disso. Não fazia isso para fugir da família, – pelo contrário, amava seus pais e faria de tudo por sua linda irmãzinha – mas trabalhar no laboratório foi seu sonho realizado, assim como o de seu pai. O senhor Shields incentivara seu filho de todas as formas e, quando Stark provou ser merecedor, indicara-o para sua sucessão no ramo científico. Com a aposentadoria do mais velho, a carreira oficial do segundo Doutor Shields começou.

Ele estava totalmente concentrado em sua tarefa, empenhado apenas em fazer aquilo funcionar. Era uma experiência grande - seu objetivo estava acima de tudo que havia criado. Isso é um fato que não pode passar despercebido, vindo de um menino que, aos oito anos, conseguiu burlar o sistema de segurança da mansão dos pais para brincar no campo. O mesmo garoto que, aos onze anos, desenvolveu um sistema de jogos que podia captar a personalidade das pessoas e mantê-las em arquivos de memoria, como personagens. Esse garoto cresceu e, aos quatorze anos, criou uma rede holográfica que reproduzia cada cômodo de sua casa em uma versão diminuta, escondida em seu quarto. Algo especial para vigiar sua irmã, pois ela era muito curiosa, mais ainda que a maioria dos bebês. Ou seja, analisando os feitos incríveis realizados quando ainda era menino, o que estava fazendo certamente seria algo mais que grandioso. Esforçando-se para calcular o momento certo de apertar o botão, ele não prestou atenção em nada ao seu redor. Só notou que havia algo muito errado quando alguém apertou um botão de emergência no canto da sala. Nesse momento, as luzes se apagaram, os computadores desligaram, sirenes de estourar os tímpanos soaram e faróis vermelhos começaram a piscar pelas paredes.

Olhou em todas as direções e viu pessoas correndo para a saída mais próxima de cada um, ao mesmo tempo em que um arrepio lhe subiu a espinha. Saiu de perto de seu trabalho, e mexeu-se com os outros, mas antes que pudesse alcançar a porta, ouviu uma voz conhecida chamá-lo, então olhou para trás e viu Rufus Shinra, fraco e preso em uma câmara de testes. Provavelmente era esse o motivo da evacuação do prédio: o projeto que dera errado. Um teste mal feito que travou o sistema e ameaçava destruir o prédio. Stark não precisou pensar, não haveria tempo para isso, apenas correu de modo desesperado até o painel ao lado da câmara fechada, praticamente esmurrou o botão que ativava o controle manual e se jogou contra a trava da porta, libertando o outro.

Os dois se viraram para uma das saídas e dispararam com alarde. A porta estava descendo a um ritmo acelerado e, para piorar, já estava na metade. Eles continuaram correndo. Lutavam com todas as forças para ir o mais rápido que suas pernas poderiam aguentar. Em um momento acharam que conseguiriam, mas depois lhes veio a compreensão: haveria tempo para que apenas um passasse, e esse teria de ser muito rápido.

O baque que a porta fez ao encostar-se ao chão passou a Stark o sentimento solene do que acontecera. Sabia o que aconteceria agora, conhecia o procedimento automático para situações como aquela, não havia nada a fazer além de esperar e, pela contagem regressiva que retumbava na voz sem emoção previamente gravada, não esperaria muito. Ele procurou o computador em que estivera mexendo pouco antes, digitou algo, compactou o arquivo recém salvo e o enviou para a única pessoa capaz de lidar com a importância das informações ali contidas. Fechou os olhos, assim conseguiu ver o rosto angelical de Roxanne, cujos olhos verdes pareciam grama molhada enquanto segurava o choro, ainda deixando uma lágrima teimosa escapar. O menino, agora numa floresta, encarava pela ultima vez – ou seria primeira? – o rosto daquela que prometeu a si mesmo proteger. Mas a visão não durou, em questão de segundos tudo desapareceu e ele foi jogado de volta à realidade.

Então, houve a explosão.