Título: Burning Times

Autora(as): Piper Winchester & Vanessa W. Mutuca

Beta: Nenhum em especial. Os erros são por nossa conta e risco.

Sinopse: U.A. A vida do jovem Jimmy Novak esconde um segredo e perigos que ele enfrenta desde pequeno. Mas, agora, o rapaz terá fortes aliados nos momentos de intensa descoberta acerca de sua existência.

Classificação: NC-18. Slash, tortura, álcool, homossexualidade e violência.

Disclaimer aviso legal 1: Supernatural não nos pertence (ah mas se pertencesse... HUM ;D)apenas pegamos emprestado e adicionamos umas coisas ^^

Disclaimer aviso legal 2: repetindo que a fic é NC-18. E tem relação incestuosa (Lúcifer/Castiel e mais surpresas). Se não gosta, por favor, não leia!

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Cap. 1.

Sentado no pátio da residência da família, a esperar o ônibus que o conduziria à escola para mais um dia de aula, a melhor coisa que podia fazer era observar o horizonte de um intenso azul. Porque Jimmy já não sabia mais a quem recorrer para obter o auxílio necessário. Suspirou ao se recordar dos estranhos acontecimentos que marcaram sua vida. As sucessivas internações, o comportamento um tanto agressivo de sua parte, a infância atribulada; tudo vinha à mente dele agora.

E sabia que aquilo nunca ia acabar. E ter aquela certeza era a pior coisa do mundo.

O ônibus amarelo parou na frente da calçada, as portas mecânicas se abrindo como sempre enquanto os adolescentes conversavam banalidades sobre uma banda nova ou qualquer outra coisa que Jimmy não ligava.

Apanhou a mochila e subiu os dois degraus, olhando para um ponto em particular daquele assoalho engraçado de cor prata com alguns risquinhos formando desenhos sem graça, vez ou outra manchados com chicletes que ficavam pretos com o passar do tempo. Ninguém o notava. E também não queria que o notassem.

Só queria passar aquela época num piscar de olhos e... Não sabia o que faria depois. Era tudo tão incerto que às vezes o irritava.

Jimmy sentou-se no último grupo de assentos, aquele bem no canto da janela. Gostava da janela. Era uma pequena porta transparente onde até as coisas mais chatas ganhavam uma espécie de coisa única.

À medida que o veículo andava, as lembranças ficavam na casa em que morava. E isso era o que mais gostava na confusa vida que levava. Porque, afinal de contas, não teria que lidar com os pais, minuto a minuto, o vigiando como se fosse uma criança de colo. Por isso se sentia bem, de certo modo, em sair do opressivo lar, embora não considerasse a escola um bom ambiente para permanecer.

Tudo que queria era estar sozinho. Jimmy pretendia ter um veículo tão grande como aquele ônibus para si, com o objetivo de poder, assim, fugir do que o atormentava. Entretanto, sabia que, por mais que corresse, não teria como esquecer os terríveis fatos da infância sem sentido.

Ele encostou a cabeça na janela, fechando os olhos. Não queria que aquele balanço acabasse, mas infelizmente, aquela sensação se fora quando o ônibus parara no estacionamento da escola. E ele sabia que seu dia seria a mesma coisa de sempre.

Os alunos deixaram o veículo sem pressa, embora não parassem nem por um minuto de falar. E lá ia ele... Para mais um dia monótono, sem emoção e... Sem significado.

Sua primeira aula era a de literatura. Gostava dessa aula. Gostava quando o professor falava sobre os heróis antigos, contava histórias sobre eles... Um único momento em que sentia-se... Feliz por estar ali.

Caminhava a passos lentos, ainda que sentisse certa ansiedade. Entrou na sala de aula e sentou em uma das classes mais próximas ao quadro. Não queria perder um momento sequer das explicações do professor.

O Senhor Fisher era um homem de no máximo trinta anos. Branco, cabelo castanho curto que sempre estava bagunçado e sua aparência, mesmo desleixada, fazia as garotas de sua sala suspirarem pesadamente enquanto se inclinavam para ouvi-lo.

– Bom podemos começar com... – O senhor Fisher se interrompera quando uma garota batera na porta aberta. Uma asiática baixinha de cabelos cor de mel.

Ela perguntou ao homem se poderia passar um recado aos alunos, ao que o professor permitiu. Após falar sobre um evento na escola, a menina se deteve a observar Jimmy. Apesar de ser quieto, se tratava de um sujeito lindo, que sempre chamava a atenção das garotas.

Jimmy notou os olhos dela. Não tinha cara de uma garota do grêmio, muito menos uma líder de torcida. Era... Delicada... Essa era a palavra? Bem, ia ser. Delicada demais para qualquer uma dessas coisas.

– Qual é gente! Vocês não gostam de RPG? - O senhor Fisher perguntou aos alunos.

Todos responderam que sim, menos o moreno dos olhos azuis, que se mantinha atento à recém-chegada. Não que a questão feita lhe desinteressasse, ao contrário. Jimmy somente não tinha tido tempo, devido à infância atribulada, para jogar RPG.

– Então tá... O que é RPG? - Fisher perguntou num tom de desafio. - Se vocês gostam, devem saber o que é certo?

A sala ficara em completo silêncio. É... Provavelmente só falaram aquilo para impressionar o professor, que riu baixo pelo silêncio.

– Role playing game. - Respondera Jimmy.

Ao ouvir o murmúrio do aluno mais quieto da sala, o senhor Fisher lhe dirigiu um olhar curioso e repetiu a questão. Ele queria que alguém reexplicasse o que era RPG.

– Role playing game, professor – tornou a falar o garoto, enquanto sorria de maneira simpática. – Não está certo?

– Não é isso rapaz, é que fiquei surpreso ao ouvir tal resposta vinda de você – retrucou o homem. – Então você é do tipo que joga RPG em casa, não é?

Jimmy baixou a cabeça, levemente constrangido, ao escutar tal pergunta. Não pretendia admitir que jamais participara dos jogos, mas não deixaria o professor sem resposta.

– Eu nunca tive a chance de jogá-los, senhor – balbuciou, como se quisesse que ninguém mais soubesse do fato.

– Oh... Quem sabe essa garota adorável não possa levá-lo para jogar no intervalo, o que acha? – O senhor Fisher sorrira encorajador. – Oh, e qual seu nome, querida? – Perguntou à garota asiática que ainda estava perto da porta.

– Taylor, senhor. – Ela respondera com um sorriso leve.

– Este é Jimmy.

A passos lentos, ela se aproximou do rapaz, que lhe estendeu a mão. O cumprimento foi rápido, mas o suficiente para que a menina sentisse algo perturbador. Realmente era estranho, porém havia algo no jovem de belos olhos azuis que a intrigava.

– Oi – disse ele, visivelmente acanhado. – Acho que podemos jogar RPG... não é? – perguntou, inseguro.

– Claro! Vou gostar de ter você como companhia – Jimmy corou de leve ao ouvi-la comentar. – Nos vemos após a aula, certo? – ele concordou com um aceno de cabeça.

Os outros alunos riram baixo, cochichando algumas coisas entre si antes que o senhor Fisher pigarreasse, chamando a atenção de todos. – Ok.. Qual de vocês já ouviu de... Edgar Alan Poe? Qual é gente... Ninguém? Nenhum de vocês?

– Bem... Eu já. – Jimmy falou novamente. A voz era baixa, porém, prendera a atenção do professor.

– O que conhece sobre o autor? – perguntou o homem, cada vez mais interessado no sempre calado Jimmy Novak.

– Bem... Sei que Edgar Allan Poe escrevia coisas sombrias, sobrenaturais... E ligava isso à histórias que tinham um tom bastante real. Eu li "O Gato Preto", "O Corvo", entre outros.

O senhor Fisher se mostrava surpreso. Era difícil ter um aluno que falasse tanto na aula. Por isso considerava o moreno um garoto raro. Porque ele se expressava bem. E porque demonstrava um interesse bastante grande nos assuntos de literatura.

– Eu mesmo fiquei com medo do Gato preto, sabe? – O professor rira um pouco, enfiando as mãos nos bolsos. – Mexeu um pouco comigo... Daí eu, que adoro gatos, fiquei com receio de pegar um preto. Por isso... Optei pelos malhados. – Os outros alunos riram. – E quanto a vocês? Algum autor interessante que vocês conheçam e queiram compartilhar?

– Tem aquele cara lá, professor... – Um garoto falou.

– Que cara, senhor... Monroe? – Fisher franziu as sobrancelhas observando o rapaz loiro do time de futebol coçar a cabeça, meio constrangido por ter falado aquilo sem pensar. Claro, ele conhecia, só que não lembrava o nome do autor.

– Aquele que escreveu uns quadrinhos, que tem a mina gostosa que é a Morte... – O garoto explicou.

– Neil Gaiman? – Jimmy se virou, fitando Monroe.

– Isso! Esse aí!

O senhor Fisher rira um pouco. – Gosto do Gaiman. Sandman é uma obra muito... Incrível de se ler. – Ergueu uma das mãos, olhando o relógio de pulso. – Bem, temos mais cinco minutos então... Dever de casa! - Ouviu uma série de murmúrios de cansaço. - Ah pelo amor, gente! Vocês são jovens e isso vai ser educativo: quero que vocês procurem obras do Neil Gaiman e do Edgar Alan Poe pra próxima aula, ok

*?

Os alunos bufaram em protesto, anotando a tarefa em seus cadernos. O único que parecia feliz era Jimmy, que escrevera com sua letra meio torta os nomes dos autores e fechara os cadernos. Mal acreditara que já tinham ido duas aulas. Gostava do senhor Fisher, e sempre sentia-se meio triste quando batia o sinal.

– Tchauzinho, pessoal. E lembrem-se do dever de casa! - Fisher avisara, sorrindo rapidamente enquanto os alunos se levantavam para irem para a próxima sala.

A próxima aula era a de biologia. Não se tratava de uma matéria que o moreno considerasse atrativa, porém não deixava de lado os conteúdos passados. Não era exatamente um nerd, mas gostava de estudar, tinha imensa curiosidade para conhecer e aprender coisas novas, embora tivesse uma vida um tanto tumultuada.

– Boa tarde. - Resmungou a professora. Era uma mulher até que bonita, de cabelos pretos cortados na base do pescoço pálido, olhos azuis acinzentados e rosto pequeno, parecido com o de uma boneca de porcelana. Essa era a senhorita Hall.

Jimmy se sentou no canto, bem no fundo da sala, assim poderia ler um pouco enquanto esperava a aula passar.

Ao mesmo tempo em que a professora passava um esquema sobre os tipos de plantas, a ser copiado pelos alunos durante algum tempo da aula, o moreno lia o conto "O Retrato Oval", de Edgar Allan Poe. Levantou os olhos do pequeno livro apenas para encarar o colega que olhava para si. Tratava-se de um jovem magro, cabelos tão escuros como os seus. Ele jurava nunca tê-lo visto na sala de aula antes, entretanto não queria falar nada.

Como não conhecia o rapaz, Jimmy fez o de sempre: manteve-se calado, embora a fisionomia do estranho não lhe parecesse desconhecida.

– Meu nome é Henry. – Disse o rapaz estendendo a mão para Jimmy, que a apertou meio incerto por alguém estar sendo tão legal com ele naquela sala. – Posso perguntar o que está lendo...?

– Jimmy. – O garoto falou baixo, torcendo os lábios levemente e deixando o livro de lado. – Você é... Aluno novo, certo?

O moreno riu. – Novo e brilhante. - Ajeitou os óculos escuros na ponte do nariz.

O menor, por sua vez, o observava num misto de surpresa e de desconfiança. Jimmy não era do tipo quieto por opção, porém sabia que não devia fazer amizades, não ali. Mas como negar conversar com o recém-chegado? Ele encarou Henry por mais alguns instantes; de fato, o conhecia de algum lugar, só não sabia de onde. Agora notava, com mais nitidez, que o tom azulado dos olhos lhe era familiar. Tratava-se de um azul diferente: escuro e profundo. Continuou olhando para o rapaz, mas resolveu falar algo, antes que parecesse estranho ficar parado assim.

– Eu estou lendo Edgar Allan Poe. É pra próxima aula de literatura – comentou. – Você gosta de ler?

– Sim, às vezes. Confesso que não é algo que eu faça com freqüência, mas leio quando tenho tempo. E sobre o que você gosta de ler, Jimmy?

– Coisas relacionadas a eventos sobrenaturais. Esses assuntos me chamam a atenção – contou. – E tenho uma enorme curiosidade em saber mais a respeito dos anjos...

– Por quê? – perguntou, visivelmente curioso, Henry.

– Eu não sei bem explicar. Há algo neles que desperta a minha curiosidade. Mas nunca li nada sobre anjos... – fez uma pausa e entregou o livro ao garoto. – Mas eu não vou ficar aqui falando... Pode ler um pouco o que eu achei aí – concluiu, pegando a caneta para copiar o esquema que a professora Hall escrevera no quadro.

– Não, tá tudo ok. Gostei do que escutei – respondeu, antes de iniciar a leitura do conto de Edgar Allan Poe.

Henry parou, por alguns instantes. Ele sabia que, finalmente, o encontrara. Já havia algo de bom em se arriscar tanto assim. Porque apesar de ser alguém de fundamental importância, largou tudo para procurar o menor, e ali estava. Agora nada, nem ninguém o tiraria de perto do menino.

–... Quero que vocês estudem essas páginas pra prova da semana que vem, está certo? – A professora dissera com uma voz calma. – E... Que não bebam muito no fim de semana, nem façam sexo sem segurança, me ouviram? – Fitou as líderes de torcida e os jogadores rapidamente.

Jimmy riu levemente. Até que gostava daquela professora, mas a matéria não era lá muito simpática com ele.

O garoto novo, Henry, ergueu levemente as sobrancelhas com um sorriso brincalhão no rosto. – Hey, Jim. O que vai fazer no intervalo? – Sibilou para Novack.

– Eu... – Jimmy umedeceu os lábios levemente. – Acho que vou até a biblioteca jogar RPG. Quer vir também?

Henry sorrira. – Eu adoraria.

Os garotos deixaram à sala. A hora do intervalo era bastante empolgante para os alunos, e também seria para os dois. Eles subiram dois lances de escada e chegaram à biblioteca, um dos ambientes mais estruturados da escola. Além de prateleiras de livros, diversos eram os computadores para uso dos alunos. Taylor já esperava que o moreno aparecesse, mas não contava com outro jogador: Henry. Os jovens a cumprimentaram. Ela, um tanto intimidada, falou um pouco sobre RPG. Quando terminava de lhes explicar o jogo, porém, Jimmy sentira algo terrível: uma violenta dor de cabeça. Aquilo sempre acontecia. Só que agora, quando iniciava novas amizades, queria suportar à sensação massacrante que o atordoava.

Tamanho esforço, porém, não foi suficiente. Sabia que o observavam, e que precisava sair do local o quanto antes. O difícil era arranjar uma desculpa convincente para os amigos que conquistara.

– Sente-se bem, Jimmy? - Taylor perguntara simpática. Só havia cinco alunos ali: ela, dois amigos da aula de química, Jimmy e Henry. Novack ficara levemente corado, torcendo os lábios enquanto buscava em sua mente alguma coisa para dizer a ela.

– Só... uma dor de cabeça. - ele sorriu encabulado. - Acho que vou tomar água, não demoro.

– Posso te dar aspirina, se quiser. – A garota asiática abriu a bolsa, tirando um frasco transparente com alguns comprimidos, entregando-os ao rapaz. – Aqui, pegue.

Jimmy olhou o frasco rapidamente. – Oh, obrigado. - Sorriu com as bochechas levemente coradas.

Taylor sentou sobre a mesa. - Vamos esperar você voltar, ok? - Ela deu um sorriso breve.

O moreno saiu da biblioteca a passos apressados. Antes, no entanto, não pôde deixar de notar a expressão estranha com que Weber – um dos amigos de Taylor da aula de química – fizera para ele. Foi algo do tipo: "Pego você na saída". Jimmy não daria a mínima se fosse uma briguinha comum de escola, mas não era essa a questão. Novak sabia que o rapaz estava possuído, via isso nos olhos de Weber.

Quanto a Henry, que escondia um grande segredo, não conseguiu observar a fisionomia perturbadora do amigo de Taylor, pois a menina o distraíra com perguntas curiosas.

– ... Ok, já chega. - O rapaz chamado Weber resmungou de seu lugar na cadeira, dando uma cotovelada em seu amigo Evan para chamar-lhe àtenção. Evan também estava... Diferente do normal. – Taylor, querida.

A asiática voltou os olhos castanhos ao rapaz ruivo, arregalando-os momentaneamente ao topar com a íris negra de ambos. – O que houve com seus olhos, Evan?

– Não sou Evan há muito tempo. – Rira.

– O que são vocês? – Taylor perguntou.

– Eles são demônios. – Henry respondera com a voz calma. – Quem os mandou aqui? – Fitou os dois outros seres.

Taylor engolira a seco, levantando-se e segurando a bolsa contra o corpo antes de puxar a mão de Henry. – Vamos.

– Fique com o Jimmy. – Henry falou pausadamente, tranquilizando a garota. – Vai ficar tudo bem. Agora vá.