Capítulo 1 - Acordando

Nova York, 2007

Edward

Eu estava perdido no agradável mundo da inconsiência. Um desses sonos sem pesadelos, sem sonhos, sem nada. E sem descanso também, mas quem se importa? Eu, não. Há coisas piores do que dormir.

Mas eu fui rudemente acordado por sons altos, que se pareciam vagamente com gritos.

- Eu não acredito nessa merda!

Gritos femininos...

- Lauren Mallory! A vadia!

Mais de uma pessoa... Vozes familiares...

Com muito esforço, abri meus olhos, pesados como tijolo. Estava deitado sobre minha barriga, e a primeira coisa que vejo é o tapete branco felpudo do meu quarto. Em seguida, sapatos rosas altíssimos entram em foco, acompanhados por um par de pernas. Somente Alice, minha prima, poderia vestir aquelas coisas monstruosas.

- O que é? Não precisa me sacudir, tá legal? Que droga, já estou levantando.

Agora eu reconheço a voz de Lauren, uma garota com quem eu sai ontem a noite, com quem eu transo de vez em quando, na falta de algo melhor.

- Querida, eu estou sendo boazinha com você. Agora levanta sua bunda daí e cai fora antes que eu faça você sair. - disse uma outra voz,alta, mas estranhamente fria e calma. Ops... Agora eu sei que eu devo estar encrencado: Rosalie Cullen é minha irmã, mas pode ser o demônio encarnado. Às vezes eu tenho medo dela, quem não tem? Lauren deve estar apavorada.

Ouço um barulho de porta batendo, ela deve ter expulsado Lauren. Bom, pelo menos me poupa o trabalho. Rolo sobre minhas costas, e então vejo porque estou realmente fudido: em cima da minha mesa de centro está o resto do pó branco que eu usei ontem a noite. É eu me droguei. Com cocaína. Mas eu não sou um viciado, foi a segunda vez... Um cara precisa relaxar de vez em quando.

Mas minha prima e irmã não partilham dessa ideia.

Alice, pequena e charmosa, sempre me lembrou uma fadinha com seus cabelos curtos, apontando para todos os lados. Mas agora, ela parece furiosa. Veio para cima de mim, cravou as unhas no meu braço, e por um instante achei que ela ia me bater. Ao invés disso, ela gritou na minha cara:

- Seu idiota! O que você pensa que está fazendo? Está querendo se matar? Usando drogas! E sua faculdade de medicina?

- E pior, correndo o risco de pegar alguma doença, pegando a Mallory. - Rosalie está atrás de Alice, encostada no batente da porta do quarto, parecendo muito calma agora. Loira, olhos azuis, linda e impassível, como a Rainha do Gelo. Conte com ela para ser sensível.

Quando olho para Alice novamente, ela está com os olhos cheios de água.

- O que os tios... seus pais, Edward, diriam se descobrissem isso? Que decepção, Edward!

Meu coração fica apertado ao pensar em Esme e Carlisle. Meus pais significam muito para mim, e ela sabe que isso é golpe baixo. Mas o pior ainda está por vir. Minha irmã dá passos em minha direção, e pára quando está bem perto. Senta ao meu lado na cama e diz, com simplicidade:

- É bom você parar com isso, Edward. Sem drogas, sem bebidas. Nunca mais, ouviu? Por que se eu souber, contarei a mamãe e papai.

Rose não mente, Rose não blefa. Eu sei que ela vai cumprir a promessa. É difícil ficar de cara limpa, mas eu vou tentar. Eu quero terminar minha faculdade, começar uma carreira... Queria ser respeitado como Carlisle... E é mais por não querer ver a dor no rosto dos meus pais que eu decido que já chega.