Disclaimer: Esta obra é totalmente ficcional, sem fins lucrativos. Os direitos da obra Supernatural são todos de Eric Kripke. Se Jared Padalecki e Jensen Ackles são ou não amantes, namorados, gays, bissexuais ou heterossexuais, não é a questão aqui, pois se trata de um texto ficcional sem fins lucrativos. Se não gosta, não leia!
Gêneros:Lemon, Universo Alternativo, Romance, Angst, Drama, Tragédia.
Avisos: Nudez, Homossexualidade, Linguagem Imprópria, Sexo.
Sinopse:O que você faria se seu maior segredo fosse descoberto? E se quem descobrisse fosse o amor de sua vida?
Beta:Eu mesma...
Capítulo 01 – Sad But True
Jensen´s Pov
Mais um dia naquela maldita escola. Puta merda! Eu não aguentava mais essa vida e quando isso me acontecia, eu sempre pensava que pelo menos faltava pouco para eu sair dali. Mas ainda tinha uma coisa que me prendia naquele lugar... Uma pessoa, na verdade...
Parei no grande portão de entrada, suspirei e acendi um cigarro enquanto pensava na possibilidade de matar mais um dia de aula. Certamente aquela mal comida da diretora ligaria para a minha tia caso eu não aparecesse novamente e eu precisava, pelo menos por um tempo, ficar longe de confusão.
Olhei meu cigarro, tragando profundamente e quando terminei coloquei meus óculos escuros para entrar naquele inferno chamado segundo grau. Meus dois amigos já estavam sentados no lugar de sempre e acenaram discretamente assim que me viram.
Conforme eu atravessava o pátio da escola, vários pescoços se viraram na minha direção, mas não porque aquelas pessoas me achassem interessante, bonito, charmoso e etc. Elas me achavam esquisito mesmo.
Quando estava chegando onde meus amigos me aguardavam, ele passou por mim. Quer dizer, ele e aquele idiota que sempre andava com ele. O perfume que ele exalava era tão maravilhoso, que me fez fechar os olhos e depois abri-los só para admirá-lo.
Além de tudo que me acontecia, eu ainda era gay. Sim, gay! E não pensem que não tentei lutar contra isso, mas aquele cara me tirava qualquer linha de raciocínio e me enlouquecia de uma maneira que eu nunca pensei que fosse possível. Ele era simplesmente perfeito e nunca seria meu. Suspirei ainda olhando na direção deles e sorri involuntariamente quando ele me olhou.
- Tá olhando o que, seu babaca esquisito? – Chad falou rindo sarcasticamente – Vai olhar para alguém da sua laia! Viado!
Chad Michael Murray era o capitão do time de futebol e melhor amigo do cara mais incrível que eu conhecia. Jared Padalecki.
Grande merda ser capitão do time de futebol! Pensei contrariado.
Meus amigos sabiam da minha opção sexual, porém nunca comentavam nada, com certeza com medo da minha reação.
Eu não procurava esconder a minha preferência por homens. Está certo que eu nunca havia saído com um, mas desde que Jared tinha entrado na escola no início do ano letivo, estava ficando cada vez mais complicado me conter. As coisas que passavam pela minha cabeça eram devastadoras e eu nem podia imaginar o que poderia acontecer se por acaso eu me envolvesse com ele, se o tocasse como eu realmente queria, se eu o beijasse como eu sempre desejei desde que o vi pela primeira vez entrando timidamente na escola. Ele parecia tão assustado, vulnerável e indefeso, apesar de seu tamanho, que a minha vontade foi segurá-lo em meus braços e protegê-lo de qualquer coisa que pudesse feri-lo.
Loucura isso? Sim, loucura e para o meu desespero total, uma loucura que me fazia pensar nele 24 horas por dia.
Era inexplicável tudo que acontecia com meu corpo todas as vezes que eu pensava nele, com aquele seu corpo imenso, naqueles cabelos lisos que teimavam cair em sua testa de forma extremamente sensual, nas mãos grandes dele, naquele olhar de cachorrinho manhoso... Simplesmente mexiam comigo de uma forma que às vezes ficava impossível me controlar, de manter a sanidade.
- Essa foi por pouco hein Ackles! – Misha falou rindo, me tirando dos meus devaneios, enquanto eu sentava ao lado dele.
- Liga não Jensen. Esse Murray é um babaca mesmo! – Tom falou apontando para Chad – Aliás, ele sempre foi.
Eu nem me dei ao trabalho de responder. Misha Collins e Tom Welling eram as únicas pessoas que falavam comigo naquela escola. Apesar do que falavam deles pelas costas por andarem com o cara mais estranho da escola, eles continuavam do meu lado e sempre me defendiam. Não que eu precisasse ser defendido de alguém ou alguma coisa, mas eu me sentia querido e gostava muito da companhia deles.
Acendi outro cigarro e traguei profundamente tentando relaxar um pouco.
- Você enlouqueceu Jensen! – Misha falou olhando para os lados – Não pode fumar dentro da escola porra!
- Foda-se! – rosnei e dei outra tragada ignorando totalmente o comentário de Misha.
Eu sabia que não podia fumar na escola, mas eu estava tão puto com o Murray que nem me preocupei se alguém estava vendo. E pensar que eu e o Chad éramos muito amigos na infância. Simplesmente não dava para acreditar que ele tinha virado esse idiota.
- Eu devia ter arrebentado a cara daquele babaca do Murray! – falei entre os dentes – Filho da puta!
- Não devia não! – Misha disse guardando um livro na mochila – Tenta se acalmar Jensen!
- É isso aí Ackles! Se você aparecer mais uma vez na sala da diretora... – Tom fez um sinal para baixo com o polegar – Cara, ela vai te expulsar!
- Acho que a Sra. Ferris tem uma paixão recolhida por você, Jen! – Misha disse rindo com uma voz afetada, fazendo com que Tom quase caísse do banco de tanto rir.
- Eu não comeria aquela vaca nem se ela fosse a última mulher do mundo! – falei rindo, já me sentindo mais relaxado.
Vi que o inspetor vinha na nossa direção e imediatamente joguei o cigarro fora.
- Vamos, seus vândalos! Direto pra sala e quem sabe assim vocês aprendam alguma coisa além de fumar dentro da escola. – o Sr. Pellegrino falou sarcasticamente, gesticulando para que levantássemos dos bancos e eu vi que ele olhava para a guimba do cigarro que eu havia jogado fora. Aquele inspetor era o pesadelo dos alunos. O homem era o diabo em pessoa.
Me despedi dos meus amigos e fui para a minha primeira aula, lembrando animado que era uma das poucas que eu tinha com Jared. No caminho até a sala, várias pessoas cochichavam enquanto eu passava, sem saberem que eu podia ouvir cada palavra do que diziam.
Como sempre, entrei e sentei na minha cadeira habitual, no fundo da sala. Nem me preocupei em tirar os óculos escuros. Tudo que os professores ensinavam ali eu já sabia de cor e salteado, mas tinha que assistir as aulas por causa da minha tia.
Estava de olhos fechados quando Jared entrou na sala e eu pude sentir o aroma e a energia que vinham dele. Era um aroma amadeirado, doce, sensual, misturado com a loção de barba que ele usava sempre e que me deixava excitado demais, mesmo que eu não quisesse. A energia era forte e poucas pessoas emanavam uma força como aquela, mas era uma força do bem. Jared era uma pessoa boa.
Tirei lentamente os óculos e por alguns segundos nossos olhos se encontraram. Jared parecia querer me dizer alguma coisa, mas somente acenou timidamente, mas eu não me mexi. Continuei onde estava, olhando para ele. Rapidamente, Jared desviou o olhar e sentou ao lado de alguns amigos.
Suspirei e balancei a cabeça em sinal de negação. Ele nunca se interessaria por um cara esquisito como eu. Na verdade, eu já tinha ouvido boatos que ele também curtia homens, mas nada confirmado e eu, na minha ilusão, queria continuar pensando que poderia ser verdade e não procurei investigar nada.
Durante a aula do professor Beaver, peguei várias vezes Jared olhando para trás, tentando disfarçar que falava com alguém, mas seus olhos estavam sempre em mim. Com certeza ele queria ver de perto a aberração da escola e nada mais.
A aula se arrastou e quando finalmente terminou, vi que ele arrumava lentamente sua mochila, como se esperasse alguma coisa. Eu fingi que não tinha percebido que só estávamos nós dois dentro da sala e continuei arrumando meu material, assim como ele. Pela visão periférica, pude observar que de vez em quando ele me olhava. Estremeci ao pensar que a qualquer minuto ele poderia falar comigo.
E foi o que aconteceu meio segundo depois, para o meu completo desespero.
- Jensen não é? – Jared perguntou levantando da cadeira e vindo na minha direção estendendo a mão, sorridente. Eu não podia pegar aquela mão porque eu não queria saber o que ele estava pensando. – Meu nome é Jared. Prazer. - Ele disse como se eu não soubesse.
É... eu tinha esse "probleminha". Se eu encostasse em alguém, imediatamente eu podia ler os pensamentos daquela pessoa, mas essa era apenas a ponta do iceberg dos "problemas" que eu não dividia com ninguém. Eu detestava quando esse tipo de coisa acontecia e evitava ao máximo me aproximar das pessoas. Talvez por essa razão todo mundo me achasse esquisito e fechado, mas na verdade era mais insegurança do que qualquer outra coisa. Eu achava extremamente desagradável ficar lendo os pensamentos dos outros e o pior era como estava acontecendo agora, eu não sabia se ia gostar de saber o que Jared estava pensando ao meu respeito. Não! Definitivamente eu não queria saber.
Levantei e coloquei as mãos nos bolsos da minha calça para deixar claro que eu não iria apertar a mão dele e o encarei, sentindo meu corpo inteiro formigar por ouvir pela primeira vez Jared dizer meu nome.
- Sim. Meu nome é Jensen. – simplesmente falei e ele ficou sem graça. Eu me amaldiçoei por dentro, porque no fundo o que eu mais queria era tocá-lo. Sentir aquela pele sob meus dedos...
- Desculpe... eu não... quer dizer... – ele parecia nervoso e ficou passando a mão pelos cabelos – Bem, eu queria saber se você vai à nossa festa semana que vem...
Ele devia estar brincando não é? Eu nunca tinha sido convidado para festa nenhuma desde o dia em que entrei nessa merda de escola.
- Não – minha voz saiu meio rouca e tentei disfarçar o meu nervosismo – Quer dizer, eu já tenho um compromisso... – menti.
- Ah... – ele fez uma cara estranha. Mas por que Jared queria saber se eu iria à porra da festa? Ele nunca tinha falado comigo antes.
- Olha Jared, eu preciso ir... – falei querendo sair daquele ambiente o mais rápido possível, mas saboreando o instante em que pude dizer seu nome olhando em seus olhos. – A gente se vê...
Nem dei tempo para ele responder e saí da sala praticamente correndo como um covarde.
E eu era um covarde.
Desde que eu percebi que algumas coisas diferentes aconteciam comigo, eu me fechei totalmente e virei esse cara estranho e bizarro que as pessoas tinham medo. Todos pensavam que eu era revoltado porque andava com jeans meio rasgado, camiseta preta, sempre de óculos escuros, cara de poucos amigos, fumava e com certeza eles deviam achar que eu me drogava também. Mas isso era apenas um disfarce, uma maneira de ninguém perceber quem eu realmente era.
Mas era super estranho mesmo as coisas que aconteciam comigo e eu não podia negar que isso fazia com que eu me fechasse dentro de mim mesmo cada vez mais.
Eu conseguia ler os pensamentos dos outros se por acaso tocasse na pessoa, tinha uma força fora do normal, ouvia muito bem, conseguia ver através de qualquer coisa e podia mover objetos pequenos se eu quisesse só com a força da minha mente.
Dava para ser mais anormal?
Era foda ter que me esconder atrás de um cara que eu não era, mas diante de tudo, eu não tinha alternativa. O melhor era que todos se mantivessem afastados mesmo e tivessem medo de mim, assim eu não precisava tocar em ninguém, nem explicar nada caso eu desse alguma mancada.
Meus dois únicos amigos, Misha e Tom eram legais e nunca me perguntavam coisa alguma, não queriam saber nada da minha vida particular e principalmente nunca tinham pedido para ir até a minha casa. Acho que no fundo, eles tinham medo de mim também.
Eu morava com a minha tia desde que meus pais haviam morrido, mas nunca tinha tido a oportunidade de conversar com ela sobre essas mudanças que estavam ocorrendo comigo. Ela certamente não entenderia e poderia me internar num manicômio. Então eu aguentava tido sozinho. E era muito difícil viver com tantas perguntas sem respostas, mas era assim que eu levava a minha vida.
No começo eu me sentia muito sozinho, mas depois, com o tempo, me acostumei a ser o cara estranho da escola. O cara que ninguém gostava de sentar do lado e o cara que assustava os outros com sua aparência esquisita.
Assim era eu. Jensen Ackles, o cara que tinha poderes, era legal, amigo, estava apaixonado pelo cara mais incrível da escola, mas era obrigado a se esconder atrás de alguém que causava repulsa e medo nos outros.
Continua...
