Título: AFTER ALL
Autora: Samantha Tiger Blackthorn
Casal: Harry e Draco
Classificação: NC-17, Romance, Angst, Violência Física e Psicológica.
Resumo: Depois de tudo, o amor deles foi o caminho que Harry usou para trazê-lo de volta. Ele entendeu que é o Amor e não o tempo que cura todas as feridas.
Avisos: Essa estória é Slash, ou seja, mostra o amor entre dois homens. SE NÃO GOSTA, NÃO LEIA.
Beta: Lady Anúbis
Disclaimer: Essa história é baseada nos personagens e situações criadas e pertencentes a J.K. Rowling, várias editoras e Warner Bross. Não há nenhum lucro, nem violação de direitos autorais ou marca registrada.
Dedicatória: Essa fic foi escrita como presente de Aniversário para Meu Amor
FELTON BLACKTHORN, dia 21 de Fevereiro de 2007.
PARABÉNS!!!
AFTER ALL
Well, here we are again
Bem, aqui estamos de novo
I guess it must be fate
Acho que deve ser o destino
We've tried it on our own
Já tentamos viver sozinhos
But deep inside we've known
Mas lá no fundo sabíamos
We'd be back to set things straight
Que voltaríamos para nos acertar
I still remember when
E ainda me lembro de quando
Your kiss was so brand new
Seu beijo era tão novo
Every memory repeats
E cada lembrança se repete
Every step I take retreats
Cada passo que dou me faz retornar
Every journey always brings me back to you
Cada viagem sempre me leva de volta a você
After all the stops and starts
Apesar de todos os fins e recomeços
We keep coming back to these two hearts
Continuamos voltando a estes dois corações
Two angels who've been rescued from the fall
Dois anjos que foram salvos da queda
And after all that we've been through
E depois de tudo o que passamos
It all comes down to me and you
Tudo se resume a nós dois
I guess it's meant to be
Acho que era para ser
Forever you and me
Para sempre você e eu
After all
Afinal
When love is truly right
Quando um amor é realmente verdadeiro
This time it's truly right
Desta vez é realmente verdadeiro
It lives from year to year
Ele continua ano após ano
It changes as it grows
Se transforma enquanto cresce
And oh the way it grows
E, oh a forma como ele cresce
But it never disappears
Mas nunca desaparece
After all the stops and starts
E depois de todos os fins e recomeços
We keep coming back to these two hearts
Continuamos voltando a estes dois corações
Two angels who've been rescued from the fall
Dois anjos que foram salvos da queda
And after all that we've been through
E depois de tudo o que passamos
It all comes down to me and you
Tudo se resume a nós dois
I guess it's meant to be
Acho que era para ser
Forever you and me
Para sempre eu e você
After all
Afinal
Always just beyond my touch
Sempre longe do meu toque
Though I needed you so much
Você sabe que preciso muito de você
After all what else is living for
Afinal, para que mais serve viver?
After all the stops and starts
E depois de todos os recomeços
We keep coming back to these two hearts
Continuamos voltando a estes dois corações
Two angels who've been rescued from the fall
Dois anjos que foram salvos da queda
And after all that we've been through
E depois de tudo o que passamos
It all comes down to me and you
Tudo se resume a nós dois
I guess it's meant to be
Acho que era para ser
Forever you and me
Para sempre eu e você
After all the stops and starts
E depois de todos os recomeços
We keep coming back to these two hearts
Continuamos voltando a estes dois corações
Two angels who've been rescued from the fall
Dois anjos que foram salvos da queda
And after all that we've been through
E depois de tudo o que passamos
It all comes down to me and you
Tudo se resume a nós dois
I guess it's meant to be
Acho que era para ser
Forever you and me
Para sempre eu e você
After all
Afinal
(After All – Cher and Peter Cetera)
CAPÍTULO 1 – Clamor de um Amor Perdido
Um dia fresco, ensolarado, flores colorindo tudo ao redor, pássaros e animaizinhos silvestres nos parques, abelhas, tudo convidando a andar pela rua e aproveitar o final da tarde. Mas não para Harry. Havia chegado a alguns minutos de mais uma missão estúpida. Achava que sua carreira como auror não tinha mais sentido. Ali estava ele, trancafiado dentro de uma sala no ministério, a sua sala, enquanto mais um dia se esvaía de sua vida, fazendo algo que detestava, escrevendo mais um relatório. Ele ainda não se permitia relaxar. Já se tinham passado dois meses desde que o matara. Desde que mudara a história do mundo bruxo e acabara com a guerra. Foram quase dois anos de luta, de esforço, e de agonia. Já fazia dois anos que ele desaparecera, dois anos de angústia, dois anos vendo-o morrer em seus pesadelos, dois anos de uma busca alucinada. Seus amigos tentaram de tudo para ajudá-lo, mas tudo tinha sido em vão. Desenvolvera várias manias desde então, como ler o jornal procurando notícias sobre pessoas desaparecidas ou colocar dois lugares à mesa, só para ter a sensação de que ele ia chegar a qualquer instante, para amenizar a saudade. Ouvir um rádio trouxa, enfeitiçado para funcionar sem pilhas ou eletricidade, levava-o sempre consigo. Aquela estação era sua favorita e tocava músicas tão bonitas, como essa que sempre o fazia lembrar-se dele, adorava essa cantora, tinha uma voz linda. A música tocava baixinho, o envolvia, fazia com que voltasse para aquele ponto de sua vida, quando o vira pela última vez, o dia em que Ele desaparecera e o levara ao desespero.
Fora em um dia como esse, ensolarado, a brisa fresca à beira do lago brincando nos cabelos loiros. Lembrava-se bem, de estar encostado a uma árvore, e dele entre suas pernas, as costas apoiadas em seu peito, lhe dizendo que faltava pouco. Naquele final de semana ele se tornaria adulto e estaria livre para fazer o que quisesse. Tiraria a responsabilidade de seus atos dos ombros de Lucius. Ele partiria logo antes do jantar...
A hora estava chegando, ele não queria que Draco fosse para casa, uma agonia o consumia. O loiro sorrira, dissera que também não queria ir, preferia ficar com ele, mas que no domingo à noite estaria de volta. E o beijo, aahhh, ainda sentia o gosto da sua boca. Esperou por ele, esperara cada minuto de cada dia daqueles dois anos... Mas ele nunca voltou. Harry tinha o olhar perdido na janela. Era só um feitiço, mas o confortava mesmo assim poder ver uma paisagem, até o fazia esquecer que estavam no subsolo.
Uma batida na porta chamou a atenção de Harry, tirando-o dos devaneios. A porta se entreabriu e Remus colocou a cabeça pelo vão.
- Harry... Está muito ocupado? – Remus parecia preocupado.
- Não, Remus. Só preenchendo um daqueles relatórios... – Suspirou de enfado. – Você parece preocupado.
- E eu estou. Vim aqui pedir que você me acompanhe, estamos com um caso grave nas mãos. Temos um bruxo encurralado em um bairro de alta classe, que parece estar louco. Ele está desarmado, mas está tão aterrorizado... Sua magia natural é tão forte e está tão descontrolada que joga a metros de distância qualquer um que tente se aproximar. Pensei que talvez você...
- Remus, me desculpe, não tem ninguém mais que poderia ir lá? Sabe, eu entendo e gostaria de ajudar, mas estou tão cansado de tudo, eu...
- Eu não queria lhe dar esperanças vãs, mas tudo me leva a crer, que esse bruxo é Draco Malfoy. Ele foi cercado perto da Mansão Malfoy e está irreconhecível, mas a cor dos cabelos...
- Será...? – Harry empalideceu. Levantou-se tão rapidamente que foi tomado por uma vertigem, o coração disparado... – Será que é mesmo ele? Estou indo para lá agora. Por favor, Remus, avise Ron e Mione, peça para eles intervirem junto aos outros aurors, para que ninguém tente nada, apenas o vigiem. Depois entre em contato com o St. Mungos, diga para ficarem preparados para receber um paciente com a magia fora de controle, provavelmente com danos mentais. Assim que tiver tomado essas providências, me encontre lá. Vou precisar da sua ajuda.
Assim que Remus se foi, Harry tomou as suas próprias providências. Foi até sua casa e providenciou algumas roupas. Escolheu algumas das preferidas pelo sonserino, já que guardara tudo o que era dele quando percebeu que ele tinha desaparecido, juntou uma manta aos pertences do loiro, colocou tudo numa sacola e desaparatou diretamente para o local indicado por Remus.
A cena que presenciou quando chegou lá o chocou. Viu um bruxo encolhido junto a uma árvore, encurralado pelos aurors, trêmulo e aterrorizado, magro, muito magro e sujo. As vestes bruxas que outrora deveriam ter sido elegantes, imundas e rasgadas. Parecia um mendigo trouxa! Os cabelos loiros platinados, muito longos, desgrenhados como se nunca tivessem conhecido um pente, cobrindo todo o seu rosto, denunciavam sua linhagem Malfoy. E o cheiro, por Merlin, dava para sentir de longe... Parecia um bicho selvagem ferido, o medo e o terror eram tão fortes nele, que dava para sentir as vibrações a uma longa distância em torno dele. Mas para Harry, nada disso importava. Largou a sacola no chão, tirou a sua capa, largando-a ali mesmo junto à sacola. Colocou sua varinha no cós da calça às suas costas e olhou significativamente para Ron e Mione que aguardavam sua ação, prontos para protegê-lo se fosse necessário. Nesse momento ouviu um estalo, indicando que alguém aparatara logo atrás de si. Ouviu a voz de Remus ao seu lado logo depois.
- Já estou aqui Harry, está tudo providenciado conforme seu pedido. O que você pretende?
- Eu vou tentar me aproximar com muito cuidado e bem devagar. Vou falar com ele e tentar chamar sua atenção, distraí-lo o suficiente para abaixar suas defesas. Enquanto isso, eu quero que você dê a volta e se posicione do outro lado, longe do campo de ação dele, e aguarde. Se eu for bem sucedido e conseguir me aproximar o suficiente, quando eu estiver ao alcance de um passo, quero que você o atinja com um estupefaça. Depois pode deixar tudo por minha conta. Contate Severus e avise que fui com ele para o hospital, diga para me encontrar lá.
- Certo. Pode deixar comigo.
Harry então fechou os olhos e se concentrou. Evocou as lembranças que tinha do loiro. Draco olhando do outro lado do salão, desafiador. Draco com um sorriso irônico nos lábios e ternura no olhar esperando na torre de astronomia. Draco com o rosto vermelho de raiva e ciúme, quando via Gina olhando pra ele. Draco enlevado, as íris prateadas desfocadas, os lábios vermelhos e úmidos depois de beijá-lo apaixonadamente. Draco relaxado e satisfeito em seus braços... Consultou seu coração em pensamento, e teve certeza absoluta em seu íntimo de que aquele ser tão machucado e aterrorizado era o seu Draco. Abriu os olhos e focou toda sua atenção e carinho nele, tudo o mais ficou em segundo plano. Deu alguns passos para frente bem devagar, adiantando-se, começando a sentir a magia forte que o loiro emanava. Olhou para seus amigos posicionados para entrar em ação se preciso, e para Remus que se deslocava para a posição necessária para concretizar os seus planos. Fixou o olhar novamente em Draco, com a voz baixa e carregada de ternura começou a falar.
- Draco... – Sentiu a atenção dele se focar em si. Deu mais alguns passos curtos e lentos. – Draco, olhe para mim... Você se lembra de mim, não lembra...? Sou eu... Harry... Vim para ficar com você... Vim para cuidar de você... – Mais passos lentos, a atenção absoluta concentrada em Draco e somente nele. – Deixe-me ver você... Tenho tanta saudade... – Mais alguns passos. E Draco se encolheu mais ainda, agarrado ao tronco como se fosse a sua salvação. – Não vou fazer mal a você... Nem vou deixar ninguém mais machucar você... Só quero abraçar... Só quero ajudar... – Muito perto. O loiro se pôs em pé, em posição defensiva. Harry entendeu a mão, a palma para cima revelando confiança, demonstrando que não tinha nada nela e não queria fazer mal. – Vem... Vem comigo... – Chegando cada vez mais perto, a voz trêmula de emoção por aproximar-se dele depois de tanto tempo. Estava quase tocando nele... A voz baixa, sendo ouvida somente pelo loiro que parecia paralisado. – Draco... Sou eu, Harry... – Harry parou em frente dele, finalmente vendo de perto as íris prateadas, um brilho de sanidade passando por elas por poucos segundos como se tivesse entendido... Entendido que estava a salvo...
- Estupefaça!
O loiro desmaiou no mesmo instante, caindo sobre Harry que o segurou com muita delicadeza, acomodando-o nos braços. Ajoelhou-se para enrolá-lo na manta que trouxera e que Mione lhe estendia... Viu o corpo magro, magro demais, por entre os andrajos, a pele de porcelana toda marcada por finas cicatrizes... Harry agarrou-se a ele, abraçou-o com força, entre aliviado e preocupado. Afastou o cabelo dele da face, o rosto encovado, mal lembrava a face orgulhosa que tantas vezes o tinha encarado, estava ainda mais pálido, parecia doente. Sentiu-se despedaçar por dentro, a dor foi tão forte... Acariciou-lhe o rosto, beijou-lhe a testa e chorou. Chorou abraçado a ele, chorou por não ter conseguido achá-lo antes, chorou por não ter conseguido protegê-lo. Levantou-se do chão com ele nos braços e aproximou-se de seus amigos, que já o esperavam com uma chave de portal preparada para levá-los ao St. Mungos.
oOo
Harry aguardava no corredor, sentado em uma cadeira ao lado da porta do quarto. Esperava enquanto o loiro era examinado e cuidado naquele momento. Ouviu passos pelo corredor, levantou a cabeça para ver Severus que chegava apreensivo.
- Como ele está? Alguma notícia?
- Não, ainda não. Mas ele está irreconhecível Severus! Todo Marcado!
- Eu ainda não entendo como não fiquei sabendo disso! Pensei que ele tivesse saído do país com os pais. Era o que Lucius havia planejado. Fugir para o exterior...
- Você não imagina como ele estava quando cheguei lá... Uma sombra patética do que ele era! Completamente fora de si, enlouquecido, aterrorizado. Quando consegui chegar perto, ao me olhar nos olhos, senti que ele de alguma forma compreendeu que estava seguro agora. Como se por um instante tivesse me reconhecido.
A porta do quarto se abriu, saíram as enfermeiras com o material usado e logo atrás saiu o medibruxo responsável pelo caso, o rosto indecifrável.
- Senhor Potter, o senhor sabe quem é o paciente?
- Sim, eu sei. Ele é Draco Malfoy.
- Ele não tem parente? Alguém que se responsabilize por ele?
- Não sabemos dos parentes dele, mas eu me responsabilizo por ele, eu e Severus Snape. - Olhou para o mestre de poções – Você está de acordo Severus?
- Claro Potter. Como ele está doutor?
- Bem, o estado dele é péssimo. Ele está muito desidratado, com uma anemia crônica, quase vinte quilos abaixo do seu peso normal. Mentalmente ele está muito abalado, ao que parece desenvolveu uma fobia por qualquer coisa viva que chegue perto dele, desde pequenos insetos até as pessoas. Portando uma varinha nas mãos então, deixa-o fora de controle, tanto que tivemos que colocar braceletes em seus pulsos que inibem a manifestação da magia natural dele para podermos nos aproximar e avaliarmos o seu estado. Ele perdeu completamente a memória, não sabe quem é ou o que aconteceu, onde estava. Não lembra de absolutamente nada. Não fala, então não pudemos avaliar ainda a extensão dos danos cerebrais. Não sabemos até que ponto a mente dele se perdeu ou se será capaz de recuperar algum raciocínio lógico ou não, se a perda da memória é reversível ou permanente. Cremos que, pelo menos, tratando dele com muita calma e paciência, possa se relacionar pacificamente com as pessoas.
- E fisicamente doutor? Pelo pouco que pude observar quando o socorri, ele tinha muitas marcas pelo corpo todo, imagino o que possa ter acontecido com ele.
- Por enquanto ele está muito fragilizado e exausto, no limite de suas forças, então o estamos alimentando e hidratando com seu corpo sedado. Quanto aos ferimentos, espalhados pelo corpo, achamos vestígios de tudo o que se possa imaginar, desde espancamentos, pontuados por vários ossos trincados e pequenas fraturas, até resíduos de maldições imperdoáveis. Os pulsos e os tornozelos estão frágeis e luxados, por terem ficado presos por muito tempo. Há vários vestígios de hematomas, superficiais e internos. E... Também encontramos... – o médico ficou desconcertado.
- Pode falar doutor, estamos preparados para qualquer notícia que puder nos dar. – Severus olhou para Harry, avaliando se o moreno poderia mesmo suportar...
- Bem, também há vestígios de torturas trouxas, tais como cortes, feridas, queimaduras e... Vestígios de violência sexual.
Os olhos de Harry se arregalaram. Severus percebeu que ele se esforçou para não se manifestar a respeito. O rapaz estava claramente chocado com o estado de saúde de Draco, principalmente por causa das últimas informações.
- Doutor, nós podemos vê-lo? – Severus sabia que Harry estava ansioso por isso.
- Ele está em sono profundo agora, ministramos uma poção do sono sem sonhos para que ele possa dormir tranqüilo, sem ter pesadelos e recuperar um pouco de equilíbrio emocional. Mas vocês podem vê-lo, sim. Vou deixar avisado que vocês têm acesso irrestrito a qualquer dia e qualquer hora. Quanto mais ele identificar vocês como um ponto de referência, mais fácil se tornará o tratamento. – O medibruxo abriu a porta do quarto, dando passagem para Harry e Severus. Entraram cuidando para não fazer barulho.
Harry se sentiu melhor ao focar a imagem de Draco deitado na cama do hospital. Pelo menos agora ele se parecia mais com o Draco que ele conhecera. O rosto aristocrático; os cabelos platinados, longos, espalhados no travesseiro; a pele muito branca, embora agora estivesse com uma aparência doentia e marcada; o corpo magro demais, agora vestido com suas vestes preferidas, em verde e prata. Apesar de parecerem ser muito maiores que ele, evocava a imagem do Draco que ele conhecia. Severus chegou mais perto de Harry, colocando a mão em seu ombro.
- Vou estar em Hogwarts à sua espera, precisamos conversar.
- Não precisa sair Severus... – Harry não conseguia desviar os olhos de Draco.
- Estarei na escola, à sua espera, fique à vontade.
Assim que ouviu a porta se fechar atrás de si, Harry se aproximou mais da cama, olhando para o loiro com adoração. Conjurou uma cadeira e sentou-se ao lado dele. Tomou a mão frágil nas suas encostando o rosto nela, estava tão fria... Passou os dedos pelos cabelos longos, acariciando-os trêmulo, era tanta saudade... Tocou as pálpebras, os cílios, a face. Mesmo maltratada a pele era tão macia ao toque... Tocá-lo era mágico! Ainda não acreditava que o tinha encontrado novamente.
Deuses! Dois anos! Dois anos sendo torturado, machucado, surrado, violentado... Isso é a cara daquele doente. Só Voldemort para pensar em algo tão repugnante, vil, malévolo. Não tenho palavras suficientes no meu vocabulário para descrever aquele demônio. Preciso pensar no que fazer daqui pra frente, em como ajudar Draco e procurar os responsáveis por isso. Preciso saber o que aconteceu para ele chegar a esse estado. Imagino o que ele pode ter passado esse tempo todo e me sinto enojado... Estávamos juntos havia algum tempo, dormimos juntos algumas vezes, sim, mas ainda não tínhamos passado dos beijos, carícias mais intensas ou dos toques íntimos. E durante esse tempo, além de torturado ele foi forçado... Violado! No corpo, na mente e na alma! Oh, quando eu pegar quem o fez sofrer assim, quem o deixou desse jeito... Sou capaz de matar! – Ainda não acreditava no que tinham feito, tinha ganas de assassino, uma raiva intensa o gelava por dentro. Mas não queria pensar nisso, agora era hora de concentrar-se em Draco, na recuperação dele. E tudo que estivesse ao seu alcance, sua influência no Ministério e no mundo bruxo, sua fortuna, seu tempo, sua vida, qualquer coisa, iria ser usado para o conforto e o bem estar de Draco.
- Eu juro meu amor, que vou fazer tudo para trazer você de volta. – Passou o braço por trás do pescoço, sustentando-o nos braços, trazendo-o de encontro a seu peito, abraçando-o. Lágrimas caíram de seus olhos, emocionado por poder tê-lo junto a si novamente. Beijou-lhe a boca com ternura, ajeitou-o sobre os travesseiros e com um beijo em suas mãos, deixou-o em seu sono de recuperação.
Já era noite quando aparatou em Hogsmead. Eram poucos minutos de caminhada até a escola. Estava apreensivo, sabia que a conversa não seria fácil, convencer certo Mestre de Poções quase sempre irredutível menos ainda...
oOo
Harry passava a mão pelos cabelos, bagunçando-os ainda mais, já não sabia o que dizer para convencer Severus a ajudá-lo.
- POTTER! – Severus chamou mais uma vez o ex-aluno mais cabeça dura que já tivera. Já estava chamando pela terceira vez, era irritante a capacidade que o ex-grifinório tinha de se desligar. – Você sabe o que está prestes a fazer? Está certo que você sempre teve uma compulsão para quebrar as regras, sempre agiu temerariamente, mas agora está passando dos limites! – Severus estava muito irado. O tempo passava, mas Grifinórios eram sempre Grifinórios, impulsivos e passionais. – Isso é loucura, não posso compactuar com isso!
