Observação: Os trechos de músicas, são todos da banda The Fray, e a música também é a mesma, How to Save a Life.

N/A:Gostaria de agradecer muitas pessoas, sem as quais eu não teria chegado até aqui. A Jesse (Renata), por ter me ajudado no começo dessa fic, a Isa Por ter feito as capas mais lindas! E Claro a Náyara por ter sido a MELHOR BETA DO MUNDO INTEIRO! Com certeza sem a Nay, essa fic não teria saído 4 dias antes do prazo final! Por isso, também dedico essa fic para ela! ;)


"Where did I go wrong, I lost a friend

Somewhere along in the bitterness

And I would have stayed up with you all night

Had I known how to save a life"

The Fray - How To Save A Life

Hermione olhou em volta de seu pequeno apartamento pela última vez certificando-se que não esquecera nada. Ela não tinha exatamente certeza do porque estava fazendo aquilo. Mas achava que depois de 5 anos, já era hora de parar de fugir.

Preparada realmente, talvez ela não estivesse, mas Gina havia mandado inúmeras cartas pedindo que a amiga voltasse para ser sua madrinha de casamento e por mais que estivesse tentando em todas as respostas explicar a Gina o porquê havia "fugido", a ruiva parecia convencida que ela, Hermione, tinha como obrigação voltar para seu casamento.

E depois de muito relutar, lá estava ela de malas feitas, pronta para voltar.

Bem, pronta exatamente não era bem a palavra, mas...

Fechou a porta atrás de si, passando duas vezes a chave na tranca. Respirou fundo, pegou sua mala e seguiu para o elevador.


A "Mansão Malfoy" em Wiltshire estava lindamente decorada nesta manhã. Não que houvesse sido fácil, fazia exatamente uma semana que toda aquela estrutura estava sendo montada para o casamento de Draco Malfoy e Ginevra Weasley.

Uma coisa que o noivo havia praticamente exigido era que o lugar estivesse deslumbrantemente bem enfeitado e que esses enfeites fossem os mais caros, lógico.

E os pedidos do loiro haviam sido atendidos a altura.

Ainda bem que a propriedade Malfoy era grande o suficiente para o que tinha sido feito. O lugar do casamento era separado do lugar da festa, quase como opostos. E claro, embora os dois lugares tivessem sido decorados com as mesmas cores, branco, dourado e verde, a decoração em si era complemente diferente.

Hermione olhou a sua volta e não pode deixar de suspirar. O lugar estava maravilhoso, seria um casamento lindo.

-Hermione!-Gina gritou ao longe, correndo em direção a amiga. -Eu não acredito, não acredito que você está aqui!-Terminou abraçando-a.

-Bom, do jeito que você me ameaçou caso eu não viesse, achava difícil não vir. -Hermione disse sorrindo, abraçando a amiga de volta.

-Vamos entrar. Mamãe e Rony não vão acreditar quando te verem.

Rever a família Weasley tinha sido maravilhoso. Molly havia a abraçado tão forte, que ela havia perdido o ar dos pulmões, ficou dizendo o quanto era maravilhoso ela estar ali, assim como Arthur que também a recebeu calorosamente.

Agora Rony... bem Rony não foi exatamente... caloroso em sua recepção. O ruivo ainda estava magoado pelo fato da amiga não ter vindo para seu próprio casamento com Luna há quatro anos atrás.

Mas Hermione não havia comparecido, pois fazia apenas um ano que ela havia deixado a Inglaterra, o mundo mágico e tudo mais. Definitivamente, naquela época ela não estava preparada para voltar. Ela não estava preparada agora, quanto mais há quatro anos atrás.

-Rony no fundo entende você, Mione... -Gina dizia para amiga quando elas estavam no quarto da Mansão Malfoy, arrumando suas coisas.- mas talvez você tenha que dar um tempo a ele, afinal, era o casamento dele, e você não veio. E você era a melhor amiga dele...

-Eu sei disso, Gina... -Hermione falou enquanto pendurava as roupas que estavam em sua mala. -é só que... é complicado. Eu sabia que talvez nem todas as pessoas estariam exatamente felizes com a minha volta. Talvez seja uma boa chance de explicar o porquê exatamente eu desapareci por cinco anos.

Mas a verdade era que Hermione estava com medo. Se a reação de Rony foi aquela, não gostaria nem de imaginar a reação de Harry, por que o ruivo, antes de ir, ela conseguiu avisar e dizer que estava indo embora, mas com Harry... ela partiu sem nem deixar ao menos um bilhete.

-E Harry... você tem notícias dele? -Ela tentou parecer desinteressada.

-Claro que temos, ele sempre vai almoçar em casa, ou aparece para ver como as coisas estão... Claro que ele e Draco não se bicam muito até hoje, no fundo, eles não são mais inimigos, mas sempre que jogam quadribol, ele prefere meu irmão no seu time, que Harry. -Gina disse divertida. -Você pode imaginar isso?

-É algo que vai ficar para a história. -Hermione disse sorrindo. -E, tirando isso, o que Harry anda fazendo da vida?

-Ele é auror, como você deve saber.

-E como foi que ele... sabe, como ele lidou com essa coisa toda de eu ir embora e...

-Olha Hermione, eu não vou mentir. Por um bom tempo, ele ficou muito bravo. Bravo na verdade era pouco, ele ficou furioso. Você foi embora e se despediu da maioria das pessoas, mas não disse absolutamente nada para ele. Nem mesmo uma carta. Como você acha que ele se sentiu?

-Eu sei Gina, mas é que eu não conseguiria... -Mas a morena não terminou de falar, pois Gina a interrompeu.

-Eu entendo os seus motivos Hermione, e eu sei que eles têm fundamento. Em momento nenhum eu disse que você estava errada, mas você também precisa entender o lado dele.

Hermione assentiu ao que amiga disse, sentando-se na cama perto dela.

-E então?-Ela perguntou um pouco ansiosa. -E depois o que aconteceu?

-Bom, depois ele passou para a fase da mágoa, principalmente quando ele descobriu que você ainda me mandava cartas. Quer dizer então que você vai embora, se despede da maioria das pessoas, não fala com ele, e ainda pôr cima se corresponde comigo, e parece ter se "esquecido" dele? Ele conversava muito comigo e com Rony tentando entender exatamente o porquê você havia tomado aquela decisão. E por mais que nós tentássemos explicar, por mínimo que fosse a situação, ele não compreendia. Porque, veja bem, assim como Rony, você era a melhor amiga dele. Então, depois da raiva e da mágoa, ele simplesmente a ignora. Não faz perguntas, não fala de você e quando a gente fala, ele finge que não escutou, ou ele fica calado, ou ele muda de assunto. O que você precisa entender e levar em consideração antes de tentar falar com ele e tudo mais, é que SUA relação com ele era bem diferente da sua com Rony... Vocês estavam... bem... meio que juntos?

Juntos não era bem a definição. Na verdade nem Mione sabia dizer muito bem, em que pé eles estavam naquela época. Durante a guerra eles começaram a ficar? Dar uns beijos de vez em quando... Não, na verdade não era nada superficial assim também. Eles não tinham compromisso, não falavam em namoro nem nada, ficavam juntos no tempo livre, bem juntos... Aos olhos das outras pessoas, eles eram apenas amigos, quando todos viravam as costas, eles eram um casal. Um casal sem cobranças, sem compromissos e, claro, sem nunca tocar no assunto.

Não que ela não estivesse envolvida, ela estava, mas sempre teve a impressão que Harry estava mais.

-É Gina, eu sei que minha volta não seria fácil... Mas fugir para sempre não iria adiantar.

Gina deu um sorriso para a amiga, estava feliz por que apesar de tudo, ela havia vindo para seu casamento e tinha aceitado ser sua madrinha.

-Me conta de você, como vai o estudo para ser... médica que vocês chamam?-Gina perguntou animada. -Não é difícil estudar para isso em outra língua? Quero dizer, se você diz que é como estudar para ser Medi-bruxa...

Hermione havia se mudado para a Alemanha. Não sabia muito bem porque havia escolhido aquele país, quando percebeu, havia pegado um trem diretamente para lá, depois de uma temporada na França. Chegando a Berlim, ela havia decidido que aquele seria seu lugar. Não demorou muito até conseguir a papelada para poder estudar medicina numa faculdade trouxa.

-Bom, fácil não é... Talvez eu tenha que estudar um pouco mais por causa da língua, mas eu acho que ainda assim é mais fácil do que estudar para medi-bruxa. Porque na medicina trouxa, nós não temos tantos feitiços e poções ou amuletos, sabe?

-E como é a Alemanha?

-Não sei... é diferente da Inglaterra, claro, mas eu gosto de lá. Depois de tantos anos, a gente acaba aprendendo. -Hermione terminou sorrindo.

Elas ficaram caladas alguns instantes, até que Gina voltou a falar.

-Então... você já sabe o que vai fazer?

-Como assim o que eu vou fazer? -Hermione perguntou confusa.

-Amanhã, quando você encontrar o Harry.

Hermione ficou calada pôr alguns instantes, não sabendo realmente o que responder.

Não que ela nunca tivesse pensado no assunto, tanto que algumas vezes até tentou escrever uma carta para Harry, mas todas as vezes, o pergaminho acabou sendo amassado e sendo jogado no lixo. O que ela tinha para dizer, não podia ser feito por carta.

-Não sei Gina... -Mione acabou respondendo depois de algum tempo calada. -Eu simplesmente terei que esperar a reação dele, para depois pensar no que eu vou fazer.


A noite, teve um grande jantar com a presença de toda a família Wesley e seus agregados, como sobrinhos e cunhadas. E claro, os dois únicos dois integrantes vivos da Família Malfoy, Draco e Narcisa. Lúcio, pôr ironia do destino, havia morrido pelas mãos de Voldemort.

Não que Narcisa tivesse ficado complemente feliz com o casamento. No começo ela não aceitava Gina, achava que Draco poderia se casar com alguém puro-sangue, mas que tivesse nome. Demorou alguns anos para que Narcisa finalmente aceitasse Gina. Não era de todo ruim, ela percebeu, apesar de tudo, a ruiva ainda era puro-sangue.

Ficou observando o clima da mesa. Apesar das rivalidades Grifinória x Sonserina e Wesley x Malfoy, estava um clima muito bom e feliz. Draco estava conversando com o Sr. Weasley há um bom tempo.

Não podia mentir e dizer que não havia ficado pelo menos um pouco aliviada ao ver que Harry não havia aparecido. Não que não quisesse revê-lo. Nossa, era o que mais queria, mas em compensação, sabia que o reencontro não seria nada fácil.

E foi pensando exatamente no que iria dizer para ele quando o visse, que ela foi dormir aquela noite.


Aquele dia havia amanhecido ensolarado. Hermione ficou feliz ao constatar isso, pois seria uma pena se estivesse nublado ou chovendo. Iria estragar toda a decoração e o casamento.

Achava que pôr se tratar da Família Malfoy, eles iriam preferir realizar o casamento a noite. Afinal, a noite as coisas sempre eram mais glamorosas. E glamour era algo que os Malfoy's gostavam...

Mas sabia que um casamento durante o dia, havia sido uma exigência de Gina. Já que pelo que se lembrava, a ruiva sempre havia sonhado com um casamento simples, durante o dia, de preferência na Toca.

Mas as palavras "casamento simples" e "Toca" não eram algo que combinassem com Draco e Narcisa Malfoy.

Olhou no relógio e percebeu que estava na hora de começar a se arrumar para a cerimônia.

A festa de casamento, na verdade era um "almoço de casamento". E para isso, a cerimônia seria realizada pela manhã, e Mione precisava correr para poder ficar pronta na hora.

Os casamentos bruxos não eram exatamente iguais aos dos trouxas. Quer dizer, havia algumas coisas em comum, como: padrinhos e madrinhas, um juiz que era chamado de ancião e uma festa.

Mas a cerimônia em si, era diferente. Os padrinhos e madrinhas geralmente usavam roupas iguais. Geralmente, pois essa regra era só seguida, se os noivos fossem de alguma família tradicional, como no caso dos Malfoy's.

O vestido que usaria estava pendurado na porta de seu guarda-roupa e ela sabia que provavelmente algum elfo o havia deixado ali enquanto tomava banho. Junto com ele, em cima de uma mesinha, estavam os acessórios.

Era uma veste bruxa de gala, verde claro, com um cinto dourado e presilhas douradas para a cabeça.

Sentou-se na frente da penteadeira que havia em seu quarto e começou a se arrumar. Uma hora depois, estava complemente pronta. Deu uma última olhada no espelho gigante que havia no quarto e abriu a porta para sair.

O saguão da Mansão, estava uma bagunça. Tinha gente andando para tudo que é lado, e Hermione sentiu-se ligeiramente perdida. Resolveu procurar alguém conhecido, rezando para não cruzar com Harry no meio do caminho.

Encontrou boa parte da família Weasley dentro da biblioteca. Ficou aliviada ao perceber que Harry não estava ali.

-Olá. -Hermione falou tímida.

-UAU!-Fred disse se aproximando dela. -Hermione... Por onde você andou?

-Sai pra lá Fred, eu vi primeiro!-Emendou Jorge.

Hermione deu um sorriso sem-graça. Não sabia muito bem como lidar com elogios.

-Nada mal mesmo!-Falou Rony com um sorriso, chegando perto da amiga.

Hermione percebeu que Rony estava mais receptivo hoje. E ela sabia que isso se dava, provavelmente, pôr uma longa conversa que Gina e Luna deveriam ter tido com ele.

-Obrigada Rony! Sempre gentil. -Hermione disse meio irônica.

-Ah! Você sabe que eu me esforço. -Rony respondeu.

Eles ficaram mais algum tempo ali, conversando. Hermione estava interessada no que Luna e Rony estavam fazendo e na gravidez da loira, e na linda menina loira sentada no colo do avô.

-Não preciso dizer que foi um choque para Rony quando contei a ele não é? Acho que ele só começou a se acostumar com a idéia de ser pai, agora... -Luna disse rindo.

Hermione olhou para a linda menininha, de três anos, com um vestido rosa, sentada no colo de Arthur. Era diferente o fato da menina não ter saído ruiva, mas a pequena tinha os olhos do pai e se chamava Ainsley. Nome escolhido por Luna, lógico.

-Ela é linda, Luna. -Disse Hermione observando a garotinha. -E puxou a você.

-Sim, ainda bem né? -Respondeu Luna marota.

Nisso, Molly entrou pela porta, vestida em suas vestes, também verdes, mas verde escuro e disse:

-Gina vai atrasar!

-Não diga! -Gui falou maroto. -Estamos num casamento trouxa, é isso? Malfoy vai ficar uma fera quando descobrir. Achei que ele não quisesse nada no casamento dele que lembrasse uma cerimônia trouxa.

-Bom, imagino que ele não vá se importar muito, pois também vai se atrasar. -respondeu a Sra. Weasley.

-Como?-Perguntou Jorge debochado.

-Ele também quer ser noiva? -Emendou Fred, usando o mesmo tom do irmão.

-Não é nada disso. -Molly falou. -É que houve um imprevisto com o pessoal contratado para o buffett, e ele estava tentando resolver o problema já que nem eu, nem Narcisa e muito menos Gina podíamos parar de nos arrumar para isso.

-E para que é que serve aquele coordenador de casamentos que ele contratou então? -perguntou Carlinhos.

-Poderiam ter me chamado para resolver o problema. Eu, acredito, fui o primeiro a ficar pronto! -Falou o Sr. Weasley.

Nessa altura, Hermione começou a se perguntar onde estaria Harry. E como se tivesse lido os pensamentos dela, Molly falou:

-Isso tudo não tem importância. Harry ainda não chegou também.

Eles ficaram ainda algum tempo ali na biblioteca, até que um elfo doméstico apareceu trazendo chá e biscoito para todos. Afinal, por causa da manhã movimentada, nenhum deles teve tempo de tomar café e, àquela altura, com certeza estavam com fome.

Hermione tentava não parecer nervosa, mas estava sendo difícil, pois ela estava muito ansiosa. Sabia que a reação de Harry não seria uma das melhores. Na verdade ela estava até se preparando para o fato de talvez Harry não lhe dirigir uma palavra sequer.

Não demorou muito e Molly voltou a entrar na biblioteca e anunciar:

-Bem, estamos prontos. Gina e Malfoy finalmente estão prontos e Harry já chegou. Então agora todo mundo aos seus postos e, por favor, lembrem-se do ensaio.

Hermione arregalou os olhos para Luna, assustada:

-Luna, eu não participei do ensaio! Que ensaio é esse? -Hermione falou meio apavorada com a idéia de estragar o casamento da amiga.

Luna riu da cara de assustada de Mione e respondeu:

-Calma, Mione não precisa se desesperar. É muito simples. Você já viu algum casamento bruxo antes?-Hermione assentiu com a cabeça. -Bem, não é muito difícil, a única coisa que você terá que fazer é entrar de braços dados com Harry.

Hermione quase riu com a última frase. A única coisa? Como se fosse ser a coisa mais fácil do mundo ver Harry. Se ela achava que conversar com ele seria difícil, imagina tocar nele!

-E além do mais, -Luna continuou. -Terá alguém dizendo o que terá que fazer e a hora, afinal de contas, eles tem um coordenador de casamento. Acho que Malfoy não deixaria o seu casamento virar um pandemônio.

Antes que Hermione pudesse perguntar quem seria o coordenador de casamento que Malfoy havia contratado, o mesmo adentrou na biblioteca. Hermione ficou ligeiramente surpresa ao perceber que ele, seria Colin Creevey. Na verdade quando o homem a sua frente abriu a boca então, aí sim ficou realmente surpresa.

-Muito bem, muito bem, por favor, por favor, isso, todos se aproximem. Bom, vamos ás últimas instruções, porque depois desse atraso todoooo, ter estragado todinho o meu roteiro, não sei se resta muita coisa a ser feita. -Colin falava num tom meio dramático e inconformado. E Hermione não pôde deixar de se perguntar quando essa transformação havia acontecido em Colin.- Pois bem, os músicos já estão posicionados, o ancião já chegou, o noivo e a noiva estão prontos, e Harry Potter também já resolveu dar o ar de sua graça. Então, quero que se lembrem dos nossos exaustivos ensaios e favor não esquecer as marcas e posições. E agradeceria se Fred e Jorge não utilizassem nenhum dos produtos de sua loja de logros, pois hoje é a cerimônia oficial, e não queremos que nada saia errado, certo? Afinal de contas é o casamento da sua irmã caçula, que está D-I-V-I-N-A por sinal, vocês vão ver, certo? Então, todo mundo para suas posições.

Hermione se aproximou do rapaz e falou:

-Hum... Colin? Bem, acho que deu para notar que eu não participei dos ensaios, e...

-Mas é claro que deu para notar. -Colin falou com uma voz entediada. -Eu disse para Gina que não era bom fazer um ensaio sem madrinha, mas ela insistiu que não havia como você vir da Alemanha só para isso, então... eu não pude fazer nada, embora tenha prejudicado bastante o meu trabalho, entende? Não há muito mistério. Agora você vai para a sala reservada para os padrinhos de Gina. Aí o Ancião irá fazer um pequeno discurso, muito pequeno mesmo, ele vai falar algo sobre o casal. Depois entra os pais do noivo, no caso do Malfoy, só a mãe e Severo Snape, e os pais da noiva. Depois os irmãos, e então entram os padrinhos. Sempre a ordem a ser seguida é do noivo primeiro, então, os padrinhos de Draco entram, e então entra você e Harry. Depois disso, você só vai ouvir mesmo a cerimônia, onde o ancião vai fazer um discurso sobre a importância do casamento e aquela coisa toda de amor e paixão, e, na hora do contrato você e Harry ajudam usando magia para selar a união. Viu? Nada muito complicado, então agradeceria se não se esquecesse e estragasse todo um trabalho que foi feito. Sim porque foi feito t-o-d-o um trabalho, e agora tudo tem que sair perfeito! É para isso que servem os ensaios...

-Ok, e onde é a sala onde eu tenho que aguardar? -Hermione perguntou com medo de esquecer tudo o que Colin havia dito.

-Ali querida, - Disse Colin indicando o caminho.- É a primeira porta a esquerda, vai ter o nome de Gina Weasley pregado na porta.

Hermione achou melhor não fazer mais perguntas, mesmo porque Collin não deu tempo, e já saiu gritando ordens para mais alguém.

Ela seguiu pelo corredor, até achar a porta, a qual Colin indicou. Parou na frente da mesma, respirando fundo. Havia chegado a hora.

Harry estava parado de costas para a porta. Ele usava uma veste de Gala verde escura. A gola estava levantada. Hermione não viu seu rosto, pois ele estava olhando o movimento pela janela.

Ela entrou no recinto, um tanto receosa, e Harry pareceu não notar sua presença, até ela dizer:

-Olá. -Sua voz saiu tão baixa, que ela ficou com medo que ele não houvesse escutado.

Harry virou-se para olhá-la. Ele estava muito sério, com a cara fechada. Estava com as mãos nos bolsos da calça, e olhou-a de cima à abaixo durante algum tempo e não disse nada, apenas voltando a sua posição original, de costas para ela.

Hermione gelou no lugar em que estava. Não que ela estivesse esperando alguma calorosa recepção cheia de abraços e beijos. Na verdade ela imaginou exatamente aquilo, que Harry não fosse lhe dirigir uma palavra que fosse.

Mas aquele olhar gélido que ele havia lançando a ela tinha feito efeito, pois ela realmente estava se sentindo muito pior agora. Pensou que por menor que fosse o tempo que eles tivessem que ficar juntos naquela sala, pareceriam horas.

-Soube que você se atrasou, está tudo bem? -Hermione perguntou, mas assim que terminou de falar a última palavra, já havia se arrependido. O máximo que ela iria conseguir dele era o silêncio, pelo jeito.

Mas para a sua surpresa, ele respondeu:

-Por que quer saber? -Seu tom era tão frio quanto o olhar. -Desde quando você se importa?

-Harry... -Hermione começou meio incerta. Mas ela não terminou de falar, pois ele foi mais rápido.

-Olha, eu não tive escolha... pois acredite, se eu tivesse, o último lugar que eu ia querer estar é aqui.-Harry falou secamente.

-Eu sei... -Hermione disse incerta. Não sabia muito bem o que dizer. O que Gina havia dito era realmente verdade. Ele parecia a ter excluído de sua vida permanentemente. - Mas achei que podíamos... não sei... afinal de contas é o casamento da Gina e não acho que algum problema que nós tenhamos, deva estragar o dia dela.

Harry deu uma risada seca e debochada antes de responder:

-Agora você se preocupa com o bem estar das outras pessoas?

Depois disso, Hermione não conseguiu dizer mais nada. No fundo ele tinha razão. Ela não havia pensando em nada disso quando tinha simplesmente anunciado que estava partindo para a Alemanha. Sem avisá-lo, deveria acrescentar.

Sentou-se numa cadeira, esperando para ser chamada. Enquanto isso, pôs-se a observar Harry. Ele estava diferente. Parecia mais alto que da última vez que o havia visto, embora ela tivesse consciência que isso fosse apenas a sua cabeça.

Mordeu o lábio inferior incerta do que fazer exatamente. Aquele silêncio mortal estava a matando. Mas também, não havia muita coisa a se fazer, certo? Percebeu que falar alguma coisa, não era a melhor idéia.

Então Colin entrou na sala, logo em seguida. Hermione não pôde deixar de se sentir aliviada.

-Muito bem vocês dois. -Ele entrou sendo seguido de sua assistente que ainda estava ajeitando sua capa. Aparentemente ele havia mudado de roupa. -O Ancião acabou de fazer um discurso sobre o casal. Agora preciso que todos se dirijam para a entrada, para que eu possa arrumá-los na ordem em que vocês entrarão.

Sem dizer uma palavra que fosse, Harry simplesmente saiu na frente deixando Hermione e Colin para trás.

Hermione demorou alguns segundos antes de se levantar. Respirou profundamente e seguiu pela porta que Harry havia acabado de sair.


Estavam todos no grande saguão oval da entrada da mansão Malfoy. Colin já havia arrumado a maioria das pessoas. Narcisa estava, em seu belo vestido verde, ao lado de Snape, parada a frente de uma grande fila. Logo atrás dela estavam os pais de Gina. Em seguida, estavam todos os membros da família Weasley, os irmãos e suas respectivas esposas. Então, Zabini e Parkison, os padrinhos de Draco e, finalmente, Harry e Hermione.

Mione parou incerta ao lado de Harry, que fez questão de fingir que não havia ninguém ao seu lado. Ela mal havia tido tempo de se colocar em seu lugar, e pôde ouvir sons de muitos violinos tocando a música de entrada.

Narcisa, estava acompanhada de Snape como primeiros da fila. Severo Snape, como padrinho de Draco, estava fazendo o papel de "pai", uma vez que Lúcio havia morrido. Algumas colunas de fofocas, gostavam de fazer pequenos e sutis comentários, sobre um possível caso entre a viúva dos Malfoy's, e o ex-professor de poções... Talvez hoje fosse o dia de confirmar essa dúvida e claro, fazer a festa dessas colunas.

Hermione pôde perceber que Narcisa na verdade não caminhava. O seu longo vestido verde tinha uma calda que dava a impressão dela estar flutuando pelo tapete, também verde, que a levava ao altar.

Depois de um determinado momento, Colin fez um sinal, e o Sr. e Sra. Weasley também começaram a entrar.

E assim um pôr um, todos tomaram sua posições na cerimônia. Quando ia chegando mais perto da porta, percebeu que os parentes da noiva tinham lugares especiais no altar. Cadeiras foram colocadas nas laterais, onde eles deveriam se sentar. Do lado de Draco, não havia cadeiras, a não ser as mais a frente onde, Hermione deduziu, os padrinhos deveriam se sentar. Ela não estranhou o fato de Draco não Ter muitos parentes, afinal, quase todos haviam morrido na guerra, e os que permaneciam vivos estavam presos, como a tia de Draco, Belatrix.

Quando restavam apenas dois casais para entrar, Harry finalmente olhou para Hermione. Ela prendeu a respiração, pois, pela primeira vez desde que o viu, ele olhou profundamente nos olhos dela.

Ela pode ver a intensidade que havia naquele olhar. O olhar em si, não queria dizer muita coisa. Mas Hermione pôde ver muita coisa nos olhos verde-esmeralda do homem ao seu lado.

Parecia que haviam perdido seu brilho, por mais que a claridade se refletisse neles. Não que isso fosse estranho, Hermione percebia que, dia a dia, os olhos de Harry perdiam o brilho durante a guerra. Mas hoje... hoje era complemente diferente. Ela via mágoa refletida neles, com um pouco de raiva.

Hermione sempre soube como Harry se sentia, apenas olhando nos olhos dele. Ela sabia quando ele estava feliz, cansado, melancólico, preocupado... Era como se ela pudesse ler seus pensamentos, apenas dessa forma. E hoje, pela primeira vez na sua vida, ela sabia que era a causadora daqueles sentimentos. E se sentiu ainda pior.

Sempre achou que, quando tivesse a oportunidade de explicar para Harry, o porquê exatamente havia partido, por pior que fosse a reação dele quando a visse, sabia que no fundo ele iria a entender. Mas ela havia cometido um erro terrível, nesse seu pré-julgamento. Havia sido egoísta. Havia pensado somente no que ELA precisava, no que ELA achava. Tinha se esquecido que as outras pessoas também tinham sentimentos e que também ficavam magoadas por suas atitudes. Porque o que estava vendo nos olhos de Harry... havia passado tanto tempo preocupada com a raiva que ele poderia sentir, que havia se esquecido da mágoa. E a mágoa era algo milhões de vezes pior que a raiva.

Sem dizer uma só palavra, ele levantou o braço e olhou para ela, como se dissesse que estava na hora de eles representarem seu papel de bons padrinhos.

Hesitante, Hermione levantou seu próprio braço e entrelaçou no dele. Sentiu-se tremer com o toque. Fechou os olhos abaixando a cabeça, como se isso fosse ajudar a ela se controlar.

Levantou a cabeça e olhou mais uma vez para o homem ao seu lado. Dessa vez seus olhos se encheram de lágrimas e ela teve que desviar o olhar.

Colin fez o sinal e eles entraram. Hermione olhou para todos os convidados e viu muitos deles sorrindo para eles. Olhou para o altar e Molly Weasley sustentava um largo sorriso, como se estivesse muito feliz ao vê-la com Harry. Tentou esboçar um sorriso também.

Harry havia largado seu braço antes mesmo que eles chegassem de fato ao altar. Eles se sentaram nas duas cadeiras reservadas a eles e olharam para a grande porta, pela qual haviam entrado, e que agora se encontrava fechada.

A música parou. E seguido de alguns segundos de silêncio, Hermione pôde ouvir agora, outra melodia preencher o lugar.

Olhou para o altar e percebeu que Draco Malfoy não estava parado ali, como era o costume das cerimônias trouxas. Antes mesmo que pudesse tentar achá-lo em qualquer outro lugar que fosse, as portas da mansão Malfoy abriram novamente, e então, ela pôde ver onde o loiro estava.

Draco Malfoy estava, parado, em suas belas vestes bruxas, verde escuros, e haviam vários detalhes dourados nela. Hermione não pode deixar de achar que todo esse verde estava começando a ficar estranho. Estava com medo de ver Gina entrando em um belo vestido de noiva verde também.

Diferente de sua mãe, não sorria, ao entrar. Na verdade ele estava desempenhando bem o seu papel de noivo, e toda a tradição que vinha com aquela cerimônia.

Quando chegou ao altar, Draco parou. Então os violinistas enceraram a música, começando outra logo em seguida. Hermione reconheceu como a marcha nupcial, embora essa melodia fosse muito diferente da tradicional música de casamento trouxa. Ela parecia mais grave e, de certo modo, mais pomposa.

Então as portas da mansão Malfoy abriram-se, pelo que Hermione esperava que fosse a última vez. Ela teve que prender o fôlego.

Parada, a porta, sorrindo para todos estava Ginevra Weasley. Lindamente vestida num vestido... vermelho.

Logicamente, Hermione estranhou. Havia sim visto um ou dois casamentos bruxos na vida, mas a maior parte de suas lembranças sobre matrimônios vinha de cerimônia trouxas, onde noivas entravam juntamente com seus pais, em belos vestidos brancos, perolados, e tinha buquês e daminhas de honra, entrando com vestidos muito parecido com os das noivas... Hermione mesmo, quando tinha 7 anos, havia sido dama de honra do casamento de sua tia, irmã de sua mãe.

Mas um vestido... vermelho? Não que Gina não estivesse linda, na verdade ela estava maravilhosa. Seu vestido era composto de um corpete tomara que caia, em um tecido brilhoso, com luvas que iam até os cotovelos e uma saia bufante de tule. Havia muitos detalhes em dourado em deu vestido, na saia principalmente. Em seu pescoço, ao invés de um colar, havia uma espécie de corrente em detalhes lindos que prendiam de um dos lados de seu corpete. Seu cabelo estava preso em um maravilhoso coque, onde tinham alguns fios que estavam soltos pelo seu rosto. No coque, também havia várias pequenas presilhas douradas.

Sua mente, rapidamente, lembrou-se de uma das aulas de história da magia no quinto ano, e pôde lembrar-se claramente das palavras do professor Binns sobre casamentos bruxos: "No início da Idade Média, onde as relações bruxos/trouxas eram mais abertas e pacíficas, era comum as mulheres se casarem de vermelho. Essa cor, simbolizava "sangue-novo" para a continuação da família. As famílias mais abastadas, também usavam muito dourado em seus casamentos, pois simbolizava riqueza. Então, veio a Igreja católica, e a inquisição, e as relações bruxos/trouxas ficaram abaladas. Os trouxas, passaram a se casar de branco, que simbolizava a pureza. Mas os bruxos mantiveram as tradições, e os casamentos ainda são realizados quase da mesma forma que naquele período, e os vestidos das noivas, permanecem, em sua maioria, vermelhos..."

Por mais que parecesse perfeitamente normal, uma noiva estar vestindo um vestido vermelho para as pessoas ali presentes, Hermione não pôde deixar de imaginar, o que sua avó paterna pensaria sobre um vestido de noiva vermelho. Ela era bem conservadora, para tal idéia.

Pelo canto dos olhos viu a reação de Draco ao ver sua noiva. Ela abriu um largo sorriso, ao ver que ele estava encantado com Gina. Por motivos diferentes do dela, mas ainda sim, estava encantado.

Gina caminhou ao som da música com passos marcados. Quando chegou ao meio do corredor, parou e então Draco foi ao encontro dela. Fazia parte da tradição, o noivo "ir buscar" sua noiva, eram os últimos passos como "noivos" e pessoas "solteiras", para começarem a caminhar como casados.

Assim que Draco chegou ao encontro de Gina, uma nova música começou a ser tocada. Hermione percebeu, que os Malfoy's estavam seguindo a risca essa tradição de casamento bruxo. Ela também podia perceber que todos os rituais pareciam estar sendo cumpridos a risca.

Quando chegaram ao altar, o ancião começou a fazer seu discurso sobre a importância do amor e seus mistérios, e como manter um casamento longo e feliz. Nisso Hermione percebeu que não era muito diferente das cerimônias trouxas, a maioria dos padres, bispos ou pastores falava sobre a mesma coisa. Mas havia coisas, que Hermione não havia sido avisada por Colin, foi o que realmente acontecia na cerimônia. Não era apenas, fazer um feitiço de união. Essa era meramente a sua parte naquele ritual, pois ele compreendia muito mais que isso.

Depois do discurso do ancião, o mesmo, preparou três cálices com poções. A do meio, maior de todas, e dourada, era a taça que Draco e Gina iriam compartilhar, as duas taças da ponta, eram prateadas e bem menores. O Ancião, então, chamou os pais dos noivos.

O Sr. e a Sra. Weasley, foram para o lado de sua filha, assim como Narcisa, que se postou ao lado de seu filho. Depois com varinhas em mãos, os três murmuraram o feitiço sobre os cálices, para simbolizar a "benção", os três tomaram o conteúdo dos cálices. Os pais de Gina, divino o mesmo cálice, assim como Draco e Gina.

Então, o ancião murmurou o feitiço que ligava agora Draco e Gina. Uma fina linha azul. Então, ele requisitou a presença dos padrinhos.

Hermione levantou-se incerta, olhou para trás, e pôde ver que a Sra. Weasley e Luna lhe dirigiam olhares encorajados. Olhou para os convidados, e então se dirigiu para o lado de Gina.

Harry estava parado ao seu lado e agia como se ela não estivesse ali.

-Agora- falou o ancião. -Peço para que os padrinhos entrelacem as mãos.

Hermione congelou ao ouvir isso. Achou que sua parte naquele ritual todo era apenas selar a união com um feitiço. Não sabia que teria aquela parte de entrelaçar mãos.

Olhou para Harry ao seu lado, ele a olhou de volta. Novamente aquele olhar penetrante. Ela sabia que de alguma forma, por mais que o homem ao seu lado não quisesse transparecer isso, a cada olhar daqueles que ele a dirigia, na verdade, era uma forma de buscar respostas.

Hermione decidiu então que iria esperar ele tomar a iniciativa, sabia que não haveria como, evitar aquele contato, mas ela estava na defensiva desde que chegou um dia antes, então, ela ia continuar assim, até achar uma brecha, por menor que ela fosse, mostrando que ele iria deixá-la explicar o que havia acontecido.

Harry, por fim, acabou erguendo sua mão até a dela. Quando entrelaçaram os dedos, Hermione ergueu o olhar para ele. De novo aquele olhar. Aquele olhar apagado e frio, sentiu isso em sua mão também.

-Apontem suas varinhas para os cálices. -Hermione ouviu a voz do ancião, e quebrou o contato visual com Harry. -E digam siglilare.

Todos fizeram conforme pedido, então, o ancião voltou a falar:

-Agora, apontem suas varinhas para o casal e digam: unionum.

Como foi mandado, Hermione fez. Viu uma fina linha branca sair de sua varinha e atingir o casal. Permaneceu assim alguns segundo até ouvir pela última vez a voz do ancião:

-Podem tomar o líquido do cálice.

Hermione, ainda com as mãos entrelaçadas às mãos frias de Harry, observou quando ele pegou o cálice e tomou um gole. Depois, passou o cálice para ela, e Hermione fez o mesmo.

Hermione observou o líquido escarlate e espesso, levou-o até a boca. Soltou um gemido de surpresa ao perceber que o gosto era amargo. Na verdade um amargo meio azedo. Ela se lembrava que essa poção deveria representar o amor. Com certeza o amor de Draco e Gina não era amargo, muito menos azedo. Aquele sabor, vinha de suas impressões sobre o amor?

Entregou o cálice novamente para o ancião, e então, o mesmo deu a ordem para que eles voltassem a se sentar.

Harry olhou uma última vez para ela e então para as mãos deles. Ela pôde sentir um leve aperto, muito sutil da parte dele, e então, ele simplesmente se desvencilhou dela, e voltou a se sentar.

Depois disso, a cerimônia havia, praticamente acabado. O Ancião fez as considerações finais e então, finalmente, Draco e Gina, agora, eram oficialmente casados.


A festa não demorou muito para acontecer, praticamente todos já estavam em seus lugares. Hermione demorou um pouco mais, pois ficou conversando com a Sra. Weasley.

Chegando ao local da mansão onde aconteceria a festa, Hermione viu a mesma assistente, que mais cedo estava arrumando as vestes de Colin enquanto ainda estavam esperando a cerimônia começar, vir correndo em sua direção.

-Srta. Granger? -Uma moça baixinha, usando óculos falou. - Queira me seguir, por gentileza, para que eu possa levá-la a sua mesa?

-Ahn... eu tenho um lugar marcado? -Hermione perguntou incerta.

-Claro. -A mulher respondeu arrumando os óculos no rosto. -Era uma festa com R.S.V.P.. Não recebemos a sua confirmação, mas a Srta. Weasl... quero dizer, a Sra. Malfoy confirmou sua presença, uma vez que era madrinha.

Hermione deu um sorriso sem-graça, mas seguiu a mulher a sua frente. Logo paralisou ao ver onde era o seu lugar...

Aparentemente, havia uma mesa reservada, apenas para os pais do noivo e da noiva, os noivos, e... os padrinhos.

Hermione não pode deixar de pensar que talvez o mundo estivesse conspirando contra ela. Parecia que por mais que ela ou Harry quisessem evitar um ao outro, hoje era o dia de estarem se esbarrando em todo o lugar.

Caminhou até a mesa e procurou a plaquinha com seu nome. Sentou-se e ficou ligeiramente perdida. Sentados ali, até agora, só estavam Narcisa, Zabini e Parkison. Por mais horrível que pudesse parecer, Hermione preferia estar sentada ali com aquelas pessoas, do que sozinha com Harry.

Para seu alívio, logo chegaram os noivos. Gina sentou-se ao seu lado, com um largo sorriso no rosto.

-Gina!-Hermione exclamou.

-Graças a Merlin eu consegui chegar até aqui. -Gina disse sentando-se ao lado da amiga, tomando água do copo que estava a sua frente. -É exatamente por esse motivo que eu sempre quis um casamento discreto, só para os mais chegados na Toca. Você tem idéia de quanto tempo eu demorei a chegar até aqui e quantas pessoas, que eu não faço a mínima noção de quem sejam, me pararam?

Hermione riu antes de falar:

-Gina, é seu casamento. Hoje você é a pessoa mais importante do mundo e a mais linda também, devo acrescentar. É natural que as pessoas queriam dizer isso para você, além é claro de lhe desejar sorte.

-Eu sei Hermione. Uma coisa é ouvir todas essas coisas de pessoas que conheço, e não esperar que meu marido... -Ela enfatizou o marido, olhando para Draco ao seu lado conversando com mais alguém. - me diga quem são essas pessoas desconhecidas, as quais eu provavelmente, se encontrar na rua amanhã não irei cumprimentar, porque eu não faço noção de quem elas sejam.

-Gina! Que maldade!-Hermione falou rindo do jeito da amiga falar.

-Não é maldade, é realidade! Eu realmente não faço noção de quem essas pessoas sejam, e não vai ser hoje, em poucos minutos de conversa que eu irei fazer!

-Achei que tivesse acostumada Gina. Afinal, faz o que? Três anos que está com Malfoy? Achei que tivesse acostumada com toda essa coisa de conhecer pessoas e círculo social...

-Sim, não é isso... é que, toda essa cordialidade é cansativa!-Gina falou contrariada.

Elas tiveram que parar de conversar, pois Draco queria apresentar alguém para a esposa. Hermione viu a interação da ruiva com os desconhecidos e sorriu. Ela realmente deveria amar Malfoy para estar fazendo tudo aquilo.

Olhou em volta em busca de mais alguém conhecido, mas se houvesse alguém, estaria perdido no meio daquele bando de gente desconhecida.

Hermione sabia que Draco, agora, tinha uma empresa. Talvez por isso precisasse de uma vida social e alianças, mas não era de se estranhar, Malfoy era um sonserino, e como um bom sonserino, ele tinha que se preocupar com essas coisas.

Viu alguns conhecidos, aqui ou ali, mas ninguém que valesse a pena levantar para cumprimentar.

Então seus olhos foram para um pequeno bar, perto da mesa de petiscos. Harry estava parado ali, com um copo na mão, conversando com Rony animadamente. Não podia dizer qual exatamente era o assunto, mas, deveria ser engraçadíssimo, pois Rony gesticulava bastante e Harry parecia rir sem parar.

-Então, como andam as coisas entre você e ele?-Gina falou, percebendo para onde a morena estava olhando.

Mione suspirou antes de responder:

-Não sei Gina... Não deu para conversar com ele ainda, mas também duvido que eu consiga...

-Está tão ruim assim? -Gina perguntou olhando para Harry.

-Sim. Na verdade um pouco pior, já que ele não fala comigo e parece fingir que eu não existo.

-Bom, eu disse para você que seria difícil... Ele realmente ficou sentido pelo jeito que você foi embora, Mione.

-É... agora eu sei o quanto ele ficou sentido. Eu queria que ele soubesse que não é isso, seja lá o que ele esteja pensando... É que eu apenas... precisava ir. Achei que ele me conhecia e saberia que eu nunca faria uma coisa dessas sem ter um bom motivo. -Hermione falou triste. De todas as pessoas no mundo bruxo, ela sempre achou que Harry era aquela que a conhecia melhor.

-O que você pretende fazer?

-Não sei Gina... eu sabia que seria difícil, mas eu ainda não pensei numa forma de chegar nele.

-Seja lá o que você for fazer, é melhor fazer hoje! -Gina falou tomando um gole de água.

-Por quê?

-Porque amanhã ele vai viajar. Tirou férias e vai para alguma ilha paradisíaca. E vai amanhã.

"Que ótimo!" Pensou Hermione. Então isso queria dizer que ela tinha apenas algumas horas para convencer Harry que ele deveria ouvir o que tinha para dizer? Era uma missão praticamente impossível!

E se mostrou ser mesmo. Harry evitou o máximo que pôde sentar-se a mesa reservada a ele. Circulou por todos os lugares conversando com gente aqui e ali. Era estranho ver Harry, socializando. Sempre achou que esse era um tipo de coisas que Harry não faria. Talvez por toda aquela coisa de "salvador do mundo mágico".

Viu Harry interagindo com Rony e Ainsley. Harry segurava a pequena garotinha no colo e, com a varinha, fazia vários bichinhos diferentes, como girafas e leões, que andavam em volta da menina, a qual dava gostosas gargalhadas. Com Rony, Harry tinha longas conversas com muitas risadas. Isso fez com que ela ficasse com inveja. Ela queria ter aquilo de novo... Queria sentar, conversar e rir também, como eles faziam antigamente.

Mas sabia que havia perdido esse direito, quando foi embora há cinco anos atrás, sem dar maiores explicações, ou manter contato com eles. Seus dois amigos tinham, simplesmente, superado isso, aprenderam a se virar sem ela e, para a tristeza de Hermione, estavam se saindo muito bem nisso.

Então ela percebeu, como um raio caindo em sua cabeça, que ela queria aquilo tudo novamente. Ela queria estar ali, rindo, conversando e se divertindo com eles. Queria poder fazer parte da vida deles novamente e queria que eles fizessem parte da sua, como era antigamente. Ficara escondida e sofrendo por tempo demais.

Foi então, que de repente, Colin se aproximou dela e disse:

-Muito bem Hermione, preciso que vá para a pista de dança agora.

-Como?!-Hermione perguntou assustada. O que Colin queria que ela fosse fazer na pista de dança?

-Pista de dança, ali da frente, meu bem! E vamos logo, já estamos atrasados.

-Mas o que eu vou fazer na pista de dança?

-O que as pessoas fazem numa pista de dança, querida? -Colin fala entediado. - Elas dançam e, você era a bruxa mais inteligente de Hogwarts na minha época... -Ele terminou se afastando, fazendo um gesto com a mão, apontando a pista.

Foi quando Hermione chegou próxima a pista de dança, que ela entendeu. Era a hora da Valsa. Os noivos, pais e padrinhos iriam dançar uma valsa juntos, uma música INTEIRA... Junto a Harry.

Não pôde deixar de lançar um olhar meio desesperado para Gina. Havia se esquecido complemente da valsa, mas a culpa não era dela. Apenas não se lembrava dessa parte da valsa, porque, bem, ela só fora a dois casamentos bruxos, durante toda sua vida e, aquela parte nunca lhe pareceu importante, a não ser agora.

Ficou parada na beira da pista de dança, incerta do que fazer exatamente. Então, surgindo praticamente de lugar algum, viu Harry parar ao seu lado. Não teve coragem de olhar para ele, embora quisesse muito. Aquele olhar magoado doía profundamente na sua alma.

Colin tomou sua posição no centro da pista e anunciou os pais da noiva e Narcisa, que iria dançar, assim como na cerimônia, com Snape, e finalmente os padrinhos.

Ao ouvir seu nome, Harry imediatamente colocou sua mão esquerda nas costas e levantou sua mão direita para Hermione colocar a sua em cima. Eles tomaram lugar na pista de dança, esperando. Colin, finalmente, anunciou os noivos, que tomaram lugar ao centro da pista.

Então, mais uma vez, violinos começaram a tocar e Harry imediatamente puxou Hermione, eles começaram a valsar.

Não é preciso dizer que tanto Hermione, quanto Harry evitaram de se olhar durante quase toda a dança.

Depois do baile de Inverno, no quarto ano, Hermione não havia mais o visto dançar, mas também não houve oportunidades depois daquele ano, e durante a guerra, as pessoas não saíam dançando por aí. Mas que ele estava melhor, isso era visível. Não estava um dançarino profissional, mas não estava o fiasco que foi no baile do torneio tribruxo. Ele havia entendido a premissa de toda a dança: "O Homem conduz a mulher". Era exatamente isso que ele estava fazendo, ele estava conduzido Hermione. A mão de Harry apoiava firmemente as costas dela e eles deslizavam pelo salão.

Para os que estudaram com eles em Hogwarts e alguns curiosos, talvez eles chamassem mais atenção que os próprios noivos. Sejam para as pessoas que soubessem da história do sumiço repentino de Hermione, ou para as pessoas que gostavam de acompanhar as fofocas do "Eleito".

Finalizada a música, outras pessoas entraram na pista de dança e começaram a dançar. Harry soltou-a assim que a pista começou a se encher, se afastou sem mais uma vez não dizer uma só palavra, deixando a sensação de vazio.

Hermione olhou em volta para as pessoas dançando, ligeiramente perdida. Mais uma vez sozinha. Bem, ela estava colhendo o que plantou, certo?

Olhou para Gina e Draco dançando lindamente e felizes da vida pelo salão. Dançavam como se só existissem eles, por mais que houvessem muitos flashs sendo disparado em direção a eles, fotógrafos contratados por Draco, alguns do Profeta e algumas revistas. Hermione não pode deixar de pensar se teria aquilo um dia... se alguém um dia iria olhá-la com tanto amor, carinho e dedicação, como Draco olhava para Gina. Algum dia teria aquele amor?

Decidiu-se, enfim, por sair da pista de dança. Viu Rony e Harry parados em um canto, e resolveu que estava na hora parar de fugir, como se não tivesse feito nada demais, e tentar uma aproximação. Havia decidido que independente da reação de Harry, e ele gostando ou não, ele iria ouvi-la. Iria explicar o porquê havia simplesmente sumido, iria ter aquela amizade de volta, não importando o que tivesse que fazer para recuperá-la.

Rony e Harry estavam conversando, quando Hermione se aproximou.

-Olá! -Ela disse o mais casual possível. -Sobre o que estão conversando?

Rony parou imediatamente de falar e olhava dela para Harry, complemente sem saber o que fazer. Mas sabia que fosse lá, o que fizesse, ele teria que ser o primeiro a falar. Senão, ficaria um silêncio constrangedor por muito tempo.

-Nada interessante. Na verdade estávamos falando sobre as férias de Harry... -Rony acabou dizendo receoso.

Harry lançou um olhar feio ao amigo, como se não quisesse que Hermione soubesse sobre as férias dele.

-Pois é, -Hermione disse neutra.- Gina estava comentando que você iria para uma ilha paradisíaca, nas férias.

-Harry gosta de surfar... -Mas seja lá o que Rony estava pensando em dizer, não disse, pois sua voz morreu ao ver o olhar de Harry.

-É eu gosto. -Harry falou profundamente sério. - Desculpe, mas eu tenho que ir. -terminou se retirando.

Rony ficou extremamente constrangido com a cena e achou que deveria falar alguma coisa.

-Mione...

-Não precisa Rony. -Ela falou dando um sorriso fraco. -Eu sei que ele não quer falar comigo e a culpa é toda minha.

-Bem, então... -Rony falou meio incerto. -Acho que ele não estaria assim se você tivesse falado com ele antes de ir embora.

-Eu sei... acredite, eu sei.-Hermione disse dando um sorriso sincero.

-Afinal de contas, por que, você foi embora? Você não disse exatamente, apenas disse que estava indo embora.

-Um dia, você e todo mundo vão saber, Ron. Só não acho que hoje seja o dia mais apropriado para contar a minha história, afinal, é um dia feliz, é o casamento de sua irmã. E a propósito, só para que você saiba, não é que eu não gostaria de ter vindo no seu casamento... Eu gostaria e muito, é que apenas, não pude... não era a hora de voltar ainda.

-Eu sei disso. -Rony falou, dessa vez, abrindo um largo sorriso para a amiga. - Luna e Gina me explicaram tudo isso. Eu sei que, quando partiu, tinha um bom motivo, Mione.

-Gostaria que seu amigo pensasse da mesma forma... -Hermione falou, olhando para Harry que agora conversava com Fred e Jorge.

-E ele, no fundo, também sabe disso, Hermione. O problema nunca foi você ter fugido da guerra. O problema de Harry é que você simplesmente não falou com ele antes de ir embora. Ele acha que talvez não fosse importante o suficiente para merecer uma despedida.

"Não fosse importante o suficiente?" Hermione riu desse pensamento. Talvez ele fosse o mais importante.

Hermione nunca soube até que ponto, Rony sabia do relacionamento que ela e Harry tinham durante a guerra. Lógico que o amigo não era idiota e desconfiava de alguma coisa, mas não sabia se Harry havia confirmado para ele as suspeitas ou não.

-É, eu também sei disso. Mas agora as coisas vão ser diferentes... -Hermione disse dando um sorriso enigmático. -Venha Rony, vamos ver sua irmã cortar o bolo.


O bolo de casamento não era exatamente uma tradição bruxa. Na idade média, também existiam bolos de casamentos, mas eles eram completamente diferentes dos bolos de hoje em dia. Era mais um pão de ló. Algo doce para ser comido depois do "banquete".

Draco e Gina haviam discutido muito sobre ter ou não ter um bolo de casamento. O loiro havia sido complemente contra, preferia ter qualquer outro tipo de doce, que não fosse o bolo, pois bolos de casamentos era tradição trouxa agora, por mais que não fosse há séculos atrás e, ele não queria nada que lembrasse uma cerimônia trouxa e isso iria significar que eles não teriam bolo no casamento, muito menos aqueles bonequinhos idiotas que os trouxas adoravam por em cima das várias camadas de bolo.

Mas talvez, Draco tenha escolhido uma péssima hora para dizer aquilo para Gina. Dizer que a mulher não podia fazer ou ter alguma coisa, por qualquer que seja essa coisa, quando ela está de TPM, não é, definitivamente, algo aconselhável.

E Draco percebeu isso no momento em que uma Gina, complemente nervosa e chorosa, saiu gritando pelos aposentos da mansão Malfoy dizendo que ele era um insensível e que não estava respeitando nenhuma das vontades dela, que aquele casamento para ele era apenas mais um evento social, aonde ele iria apenas exibir seu dinheiro, fama, fazer alianças e negócios, e ele não se importava com o que ela queria, e muito menos com o que ela sentia.

Malfoy suspirou, a ruiva saiu de seu escritório na Mansão Malfoy batendo a porta. Por que mulheres tinham que ser tão temperamentais? Sem ter muita escolha, saiu de seu escritório, a procura de sua noiva. Encontrou sua mãe no corredor, que, ao ouvir os gritos, tinha ido ver qual era o problema.

-O que aconteceu dessa vez? -Narcisa perguntou com uma voz tediosa ao filho.

-Nada mãe, é besteira. Eu disse que não teríamos um bolo de casamento e Gina ficou um pouco nervosa.

-Um pouco nervosa? -Narcisa falou levantando uma sobrancelha. - Imagino o que ela não faz quando estiver realmente nervosa. Talvez goste de quebrar algumas coisas... Devo me preocupar com a porcelana, Draco?-terminou com um sorriso sarcástico.

Draco lançou um olhar frio à mãe e, sem responder, seguiu para as escadas que levavam ao andar superior. Mas antes que Draco pudesse subir as escadas, sua mãe disse novamente:

-Será que não deveríamos adiar esse casamento? Porque se continuarem a brigar dessa forma por cada detalhe que discordarem, imagino como serão quando estiverem casados.

-Mamãe. -Draco disse parando nos primeiros degraus da escada com uma mão no corrimão. - Vamos fazer da seguinte maneira: Eu não me meto no seu relacionamento com meu estimado padrinho e você não se mete no meu com Gina, que tal? Pois, julgando como Severo foi embora de casa ontem, você não tem muita moral para dizer como se deve levar um relacionamento. -Draco terminou cínico.

Narcisa mais uma vez não respondeu ao filho, apenas deu um sorriso superior.

Contrariado, Draco subiu as escadas em direção ao seu quarto, que era onde ele sabia que Gina estaria.

E foi deitada, como se tivesse se jogado na cama, que Draco encontrou a noiva. Seus cabelos ruivos espalhados, fazendo contraste aos lençóis pretos de seda que havia na cama.

-Vá embora! -Gina falou chorosa.

-Gina... por favor.- Draco falou com uma voz cansada.

-Vai embora, Draco, eu não quero falar com você.

-Um bolo de casamento é tão importante assim?- Draco perguntou indignado. Ele não via onde é que estava o problema.

-Não é apenas o bolo! -Agora Gina olhava para ele. Seu rosto estava banhando de lágrimas e seus olhos muito vermelhos. -É que tudo que eu digo que quero, você e sua mãe arranjam um jeito de dizer que não pode ser feito! Não é apropriado!-Gina disse a última frase, imitando a voz de Narcisa. -Nada que eu quero é apropriado. Eu só queria um casamento simples, na Toca, ou em qualquer outro lugar, só para família e amigos mais chegados. Eu não conheço mais da metade das pessoas que estão na lista de convidados! -Gina terminou voltando seu rosto para os lençóis, chorando copiosamente

-Gina... -Draco começou incerto do que dizer. Sabia que se dissesse a coisa errada, o inferno subiria a terra. Não era divertido, deixar a ruiva brava. - achei que tivesse explicado a você o porquê não podemos ter um casamento simples. Alguém na minha posição, simplesmente não pode querer um casamento assim. Você sabia que, infelizmente, querendo ou não, eu tenho uma posição a manter, e festas e eventos sociais são algo que eu preciso ir e fazer, afinal de contas nós começamos a sair depois de um desses eventos.

-Eu sei disso, Draco. -Agora ela olhava para ele mais uma vez. -Eu sabia exatamente onde eu estava me metendo quando aceitei me casar com você. Eu apenas queria que as coisas também fossem um pouco do meu jeito.

-E elas podem ser, com tanto que possamos seguir as tradições e a etiqueta... -Draco começou a falar e viu que foi um erro. Gina voltou a chorar e a enterrar seu rosto nos lençóis. -Gina você está exagerando. Eu e minha mãe sempre discutimos os detalhes do casamento com você, e...

-Discutiram? -Agora Gina havia elevado sua voz. -Realmente Draco, você, sua mãe e aquele coordenador de casamento que contratou, discutem os preparativos na minha frente, escolhendo cores, porcelana, cristais, mas só! As coisas que eu disse, ninguém levou em consideração, como por exemplo, qual o problema de meu vestido ao invés de ser vermelho, não poder ser lilás? Vocês pensam em tradição, quando, por exemplo, eu poderia ser diferente e lançar moda. Já pensou se as noivas da sociedade bruxa resolvessem se casar de lilás? Lançaríamos tendência, quer mais poder que isso?

-Minha mãe e Colin falaram que você havia amado seu vestido. E ele é vermelho. -Draco falou sem entender o problema com o vestido.

-Eu gostei mesmo do vestido, ele é lindo, mas eu seria mais feliz se pudesse me casar de lilás. Sabe o que dá vontade de fazer Draco? De no último momento, antes de entrar, transfigurar a cor do meu vestido. E entrar de lilás. -Agora ela estava nervosa, embora ainda falasse alto.

Draco ficou ligeiramente com medo do que ela acabara de falar. Ele sabia que a ruiva a sua frente era bem capaz de fazer isso.

-Gina, até sua mãe foi contra a idéia do vestido lilás. Ela sempre sonhou em ver sua filha entrando e se casando de vermelho, como ela fez, como a mãe dela fez, como a avó dela fez. -Draco falou meio contrariado.

-O problema não é o vestido! Já disse. -Gina falou, voltando a chorar.

-Ok, então, você quer um bolo de casamento. Podemos pensar na idéia de um bolo de casamento, se isso te deixar feliz. -Draco falou vencido. Era melhor um bolo de casamento, do que um vestido de noiva lilás, o loiro pensou. - Mas eu não entendo, porque você encanou na idéia do bolo.

-Uma vez eu fui num casamento trouxa. -Ao falar isso, Draco fez uma careta. E Gina voltou a ficar nervosa. - Tá vendo? Você nem ao menos me deixou terminar de falar e já está achando que eu quero colocar coisas trouxas no SEU casamento.

-Me desculpe. -Draco falou assustado com a acusação. - E não é MEU casamento, é NOSSO casamento. Continue. -Ele falou, sentando-se na cama, perto dela.

-E, então, -Gina disse se sentando na cama.- na hora da festa, eu vi aquele bolo lindo, com várias camadas, todo branco e em cima tinha dois bonequinhos representando o noivo e a noiva. -Gina percebeu que Draco estava se controlando para não fazer caras e bocas, então, resolveu acrescentar. - Eu achei tão fofo, aqueles bonequinhos em cima do bolo, sabe? Então, quando você me pediu em casamento e começamos a preparar a festa, eu sabia que jamais aceitaria a idéia. Então, eu pensei que podíamos ter um bolo de casamento sem bonequinhos, mas com alguma coisa que representasse eu e você, sabe? Qualquer coisa.

Draco ponderou por um momento. Realmente, a idéia de casamento dos sonhos de Gina, não tinha absolutamente nada do que ele estava fazendo. Talvez, se a deixasse feliz, um bolo de casamento, sem bonequinhos, não fosse ser de todo ruim.

-Ok... -Draco disse, puxando Gina para perto dele. -Nós podemos ter um bolo de casamento. - Imediatamente Draco viu Gina abrir um largo sorriso. - MAS... -Draco achou melhor fazer a ressalva. -Nada de bonequinhos trouxas em cima dele. Se quiser colocar alguma coisa para representar a gente também não vejo problema, contanto que não sejam bonecos.

Gina não disse nada apenas se pendurou no pescoço do loiro, fazendo-o cair deitado na cama. Ela deu um beijo profundo nele.

E então, lá estavam eles, num canto do jardim, especialmente arrumado para que eles cortassem o tão famigerado, bolo de casamento. Antes que o bolo chegasse, Draco puxou Gina para si e disse:

-Ei, ruiva, -Draco gostava de chamar Gina de ruiva, quando eles estavam sozinhos. -Obrigado por tudo. Por aturar todas essas pessoas que não conhece e, ter sido simpática e cordial com todos eles. Eu sei que você não gosta tanto de toda essa badalação, mas você se saiu fantástica.

-Não foi tão difícil. E afinal de contas eu vou ter que me acostumar, não é mesmo? Pois parece que essa festa, será a primeira de muitas. -Gina respondeu com largo sorriso.

Draco sorriu de volta e falou:

-Eu amo você. Muito mais do que imagina e muito mais do que eu transpareço às vezes.

-Eu sei... Eu também amo você.

E então eles se beijaram. Ficaram um bom tempo nisso, pois não perceberam quando o bolo chegou, sendo colocado na frente deles.

Quando eles pararam de se beijar e Gina pôde ver o bolo em sua frente, soltou uma exclamação de supressa.

A sua frente, estava um bolo branco, lindamente decorado, e no topo deles, ao invés das imagens que Gina havia escolhido para representá-los, havia dois bonequinhos. Uma menininha ruiva e um menininho loiro. Os dois bonequinhos mais meigos e fofos que Gina já havia visto. E eles haviam sido enfeitiçados, pois se movimentavam, ora se beijando, ora se abraçando.

Os olhos de Gina, imediatamente encheram-se de lágrimas. Foi a melhor surpresa que ele poderia ter pensado para agradá-la, durante o casamento.

-Draco! -Gina não conseguiu fazer mais nada, a não ser beijar o homem a sua frente.

E o loiro sorriu com a reação da, agora esposa. Não havia sido fácil achar os bonequinhos perfeitos, mas depois de muita procura, pelo jeito, ele havia sido bem sucedido.

Eles se separaram e cortaram o bolo. E quando tirou o primeiro pedaço, Gina ofereceu para ele dizendo:

-Na alegria e na tristeza? -Ela falou debochada.

-Ok. -Draco respondeu fazendo uma careta.- Eu te dei um bolo mais tradicional trouxa que eu encontrei! Chega de rituais trouxas.


Já estava escurecendo, a festa ainda estava acontecendo, com uma grande parte dos convidados ainda se divertindo.

Hermione se sentia cansada, mas feliz pela amiga. Ela parecia muito mais feliz, depois de cortar o bolo.

Estava sentada na mesa que havia sido reservada para ela, quando Gina sentou-se ao seu lado.

-Nossa eu estou exausta. -Gina disse tomando água num copo.-Não sei porque existe noite de núpcias. Do jeito que é cansativo a festa, acho que isso deveria ser reservado para o dia seguinte.

Hermione riu. Então, resolveu fazer a pergunta que estava tentando saber como conseguiria.

-Gina, por um acaso, você saberia me dizer, para onde exatamente, Harry vai viajar amanhã?

-Sei, ele vai para Ibiza, na Espanha. Por quê?

-Por nada... -Mione falou de uma forma enigmática. -Talvez eu faça uma viagem para Espanha, também.


N/A2: Não deveria ter postado isso, aliás, sim, eu não deveria ter começado nada que não fosse Luz e Sombra gente, acredite, EU SEI!

Mas é que faz anos que eu queria MUITO ganhar um chall e eu FINALMENTE consegui!

Então, depois de terminar o Challenge James e Narcissa do 3 V eu vou voltar a escrever as fics paradas e NUNCA mais me meter nessas coisas! Prometo!

CONTINUA

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