Dada exatamente três horas depois do término de seu curso preparatório para o vestibular, Sakura seguia para sua casa. Seriam por volta de onze horas, razoavelmente tarde. Ela vagava pelas ruas pouco movimentadas, em direção de sua casa.
Estava cansada; tinha passado por alguns lugares antes de seguir para casa. Infelizmente não podia reclamar, todos os lugares que passara, comprara coisas para si.
Cortou caminho por uma viela escura. Não gostava de passar por lá, mas cortava uma boa caminhada. Olhando atentamente para tudo, seguiu em frente, receosa. A cada passo que dava, adentrava mais para a escuridão da viela. Realmente era assustador estar ali, ainda mais, sozinha.
Aos poucos, se aproximou da entrada da viela, hesitando ao passar por esta. Caminhou a passos rápidos, tentando encurtar ao máximo a distância entre ela e a saída. Faltando poucos dois metros para que a viela acabasse, ela escorregou em algo que havia no chão, caindo no chão.
Ao se recuperar do susto, se levantou, sentindo uma leve dor em sua mão esquerda, a olhando em seguida. Algo no chão havia cortado sua mão. Se apressou ainda mais para sair da viela, iria sair dali o mais rápido possível, e foi o que fez.
Já do lado de fora da viela, se distanciou um pouco da saída desta, e passou a examinar o corte que fizera. Não era profundo, mas alguns cacos de vidro ainda estavam fincados à sua mão, fazendo com que a dor aumentasse.
Tentando ignorar a dor, se apressou novamente, no intuito de chegar em casa o quanto antes.
Novamente iria cortar caminho, só que desta vez, por um bairro vazio. Andava a passos largos. Estava com dor e com medo. olhava para frente, como se estivesse prestes a chorar, até que viu um vulto correndo velozmente em sua direção. Só pode identificar o que era, depois que o tal 'vulto' já estava sobre si.
Caninos afiados eram vistos em uma face pálida e enraivecida. Uma expressão que realmente dava medo. Os olhos eram quase impossíveis de serem vistos, já que aquilo não parava de se debater, parecia querer devorar Sakura.
Num misto de medo e subita coragem, Sakura tendou deter o ser que a atacava. Mas aquile monstro parecia ser muito mais forte.
O monstro segurou seu pulso esquerdo, se aproximando do mesmo. Cheirou o sangue que ainda escorria pela mão de Sakura, passando a língua pelo ferimento.
Sakura sentiu ânsia ao vê-lo fazer aquilo, parando subitamente. O monstro olhou-a de esguela, e Sakura pôde ver seus orbes vermelhos. Ele mostrou os dentes, como se estivesse com raiva, e reparou-se para morder a mão de Sakura.
Ela fechou os olhos, esperando pela dor.
A dor não chegava. O peso do monstro desapareceu de repente, mas ainda podia ouviu rugidos vindos do monstro. 'O que aonteceu?' Se perguntou mentalmente.
Abriu os olhos e se deparou com uma visão ainda mais estranha. O monstro que a atacara estava sendo enforcado por um rapaz, de olhos tão vermelhos quando os do monstro.
O Rapaz proferiu algumas palavras e pousou seu dedo indicados nas têmporas do montro - que agora podia ver, tinha uma aparência humana também - assim que o rapaz terminou de proferir as tais palavras - provavelmente ditas em outra língua - o monstro desapareceu.
Ela o olhava com os olhos marejados e levemente arregalados. Ele se virou para Sakura, agora com os olhos cor ônix.
- Desculpe por esse transtorno - ele se aproximou - Prometo que não mais se repetirá - concluiu, oferecendo sua mão para Sakura.
Sakura ainda não havia se recuperado do ataque que levara, então, demorou para entendeu o que significava aquela mão à sua frente. O rapaz, entendendo sua confusão, ajuelhou-se na frente de Sakura, pegando sua mão esquerda.
Por reflexo, ou medo, Sakura puxou sua mão, mas esta foi segurada pelo rapaz, que a olhou fixamente, notando as lágrimas que passaram a cair livremente sobre o rosto de Sakura.
- Não se preocupe, não vou te machucar - tornou a pegar a mão dela, desta vez, sem ser interrompido por Sakura.
Ele pousou uma das mãos sobre o ferimento de Sakura, e passou a dizer mais algumas palavras em uma língua desconhecida, aos poucos, fazendo com que o ferimento de Sakura se curasse.
- Está pronto - avisou, se levantando.
Quando estava prestes a virar as costas, Sakura o chamou, tão baixo que foi quase imossível que ela mesma escutasse - Espera... - ele se virou - Você...quem é?
- Acredite, é melhor que não saiba - virou-se.
- Me diga pelo menos...seu nome - pediu, ainda sussurando.
- Uchiha Sasuke.
- E-Eu sou, Haruno Sakura.
- Prazer, Sakura - finalizou, sumindo em seguida.
Sakura ficou parada sobre a calçada, ainda tentando absorver o que havia acontecido com ela. Aos poucos, se levantando, e voltando a seguir o caminho de casa, perdida em pensamentos. Será que esse encontro foi apenas coincidência? E quem era aquele rapaz, de feições tão bonitas?
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Sakura corria para terminar de se arrumar. Já eram sete e quarenta, e sua aula começava às oito.
Na noite anterior, demorou cerca de uma hora para conseguir dormir, lembrando do que acontecera com ela antes de chegar em casa. Estava com medo por pensar que aquilo poderia acontecer novamente - apesar de Sasuke lhe ter garantido que isso não se repetiria - sentia-se insegura.
Terminando de se arrumar, Sakura saiu em direção de sua escola, situada a alguns quarteirões dali.
Não demorou muito para que avistasse os portões de sua escola, que estavam prestes a fechar. Adentrou-os e correu em direção de sua sala, afoita. Chegou a tempo.
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Absorta em pensamentos, Sakura olhava o céu. Não podia negar, estava confusa demais, e essa confusão, sabia, não iria acabar tão cedo.
Sentiu seus olhos pesarem, brevemente, e deixou-se levar pela sono que sentia, cruzando os braços sobre a mesa, e pousando o queixo sobre os braços, adormecendo em seguida.
Olhos vermelhos? Quem era? Sakura seguia em direção do dono dos olhos escarlate, que estava escondido pelas sombras, apenas sendo visto pelo brilho de seus peculiares olhos.
- Sasuke? - perguntou, receosa.
Ela se aproximou mais, podendo aos poucos ver quem estava ali. Era...aquele monstro. Ele a olhava como se fosse atacá-la a qualquer momento, mostrando os dentes e rugindo baixo.
Sakura tentou correr, mas sua pernas não a obedeciam. Deu um passo para trás, e essa foi a deixa para que o monstro tornasse a atacá-la. Em um pulo, ele estava sobre ela, novamente.
Era seu fim?
Sakura acordou atordoada, sendo chacoalhada por sua colega, Hinata, que a chamou para lancharem.
- Sakura, você está bem? - perguntou, visivelmente preocupada.
- Sim...sim, estou.
- Vamos? - indicou-lhe a porta da sala, já vazia.
- Está bem - concordou, Sakura, seguindo Hinata até a porta.
~//~
No término das aulas, Sakura dirigiu-se até um parque próximo de seu curso pré-vestibular, e se sentou na grama, pegando um caderno e uma caneta, já que estava sozinha ali, poderia adiantar algumas lições pendentes. Anotou algumas coisas referentes à sua lição e ao seu término, passou a desenhar algo na contracapa do caderno, pensativa.
- Será que...aquilo era um vampiro? - se perguntou, dando-se conta do que desenhara.
Uma pequena estrela, com Sasuke escrito no centro. Fitou o desenho por um tempo, balançando a cabeça negativamente, em seguida.
- Não...vampiros não existem - murmurou.
- Então, presumo que tenha uma explicação mais plausível para definir aquilo que a atacou ontem - Sakura se sobressaltou, olhando para os lados, amedrontada.
Quando conseguiu achar o dono da voz, se deparou com o que mais temia, o monstro que a atacara. Ele parecia mais calmo, mais...humano, mas mesmo assim, Sakura ficara com medo, se levantando de onde estava.
- Você deve estar se perguntando: "Será que esse monstro vai me devorar?" - se aproximou dela, fazendo-a recuar - Bom, receio que isso possa acontecer mesmo - Sakura arregalou os olhos - Mas devo te confessar que nunca fui de atacar humanos dessa forma, só que, desde ontem, reparei...seu sangue tem um cheiro delicioso - ele sorriu, adquirindo a mesma face faminta da noite anterior.
- Por favor, não... - Sakura sussurrou, suplicando.
O 'monstro' novamente seguia em sua direção. Desta vez, Sakura não pôde nem piscar, ele já viera para cima dela. Mas, antes que o 'monstro' pudesse lhe morder, Sakura o empurrou, fazendo apenas com que ele se afastasse alguns centímetros.
- Kyosuke! - uma voz familiar disse, parando o tal 'monstro' que tentava morder Sakura.
- Uchiha-sama - disse entre dentes.
- Afaste-se dela - ordenou.
- Afaste-se você, Uchiha! Ela é minha presa! - gritou, raivoso.
Sasuke estreitou os olhos, o olhando com visível raiva - Vejo que esqueceu-se de quem sou.
- Talvez - desafiou.
Sasuke olhou nos olhos de Kyosuke por uns instantes, fazendo com que Kyosuke apenas arregalasse os olhos, caindo desfalecido no chão, de repente.
Sakura, assim que fora solta pelo, agora conhecido como Kyosuke, correu por entre as árvores do parque, já sentindo um enorme medo tomar conta de si. Mas, antes que chegasse até a saída do parque, foi interceptada por Sasuke, que aparecera de repente em sua frente, dentre as árvores.
- Fique...fique longe de mim! - ela gritou, angustiada. Sasuke apenas a fitava, inexpressivo.
- Peço que me perdoe. Jurei que isso nunca mais te aconteceria, mas falhei - ele parecia realmente mal em ver que não cumpriu com o que prometera.
Sakura caiu de joelhos, fechando os olhos, e desmanchando-se em lágrimas - Por favor, faça parar. Eu não quero mais passar por isso! Eu estou com medo! - gritou.
Uma mão deveras gelada pousou sobre o rosto de Sakura, que abriu os olhos subitamente. Sasuke a olhava com uma expressão, um tanto...melancólica. Ele se aproximou rapidamente do rosto de Sakura, depositando um suave beijo sobre seus lábios, sussurrando um 'desculpe', e desaparecendo em seguida.
Sakura foi pega de surpresa pelo repentino beijo de Sasuke. Estava tão perplexa que demorou alguns minutos até se recompor. Ele, a beijara? E de repente sume?
Sem forças, Sakura desmaiou sobre a grama.
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O teto pintado de um rosa claro, foi a primeira visão de Sakura, após acordar de seu desmaio. Mas...ela não estava no parque? Sentou-se bruscamente, sentindo em consequência, uma forte dor de cabeça, tornando a deitar.
Examinou o local que estava. Seu quarto, aparentemente. Olhou sobre sua escrivaninha, encontrando seus materiais deixados no local em que o tal Kyozuke a atacou, no parque.
Tentou sentar-se novamente, e se esticou para pegar seus materiais. Verificou se tudo estava lá, achando tudo em seu devido lugar. Pegou se caderno, que antes estava a fazer sua lição do curso pré-vestibular, e recordou-se do que acontecera. Fora atakada por Kyosuke; salva por Sasuke, e beijada pelo mesmo. Sentiu sua face corar.
Folheou o caderno, desanimada, recordando de tudo o que acontecera. Só que uma coisa a fez parar de virar as páginas e arregalar os olhos, curiosa. Sasuke havia escrito-lhe um bilhete.
"Espero que me perdoe pelo que ocorreu com Kyosuke, e pelo meu atrevimento ao beijar-te.
Uchiha Sasuke"
Sakura observou a bela caligrafia de Sasuke, relendo varias vezes a parte "...meu atrevimentos ao beijar-te.", sentindo-se estranhamente envergonhada ao lê-las.
Bem no fundo, queria muito encontrar-se com Sasuke novamente.
Continua...