Itens: – Pôr do Sol, Shipper Fannon (com bônus)
Escrita para o I Challenge Mulheres - FCHP.

Como se Lolita.

Os olhos dilatados, como os de uma criança que acaba de se assustar. A boca entreaberta numa espécie de sorriso sorrateiro, a expressão perversamente infantil a combinar com as fitas no pescoço e os laços no vestido que não escondia completamente suas apelativas curvas de mulher.

Por outro lado, o rubro de seus lábios era apelativo. O fulgor de sua face, as curvas do seu corpo e a intensidade do seu olhar. Tudo em Pansy naquele momento o atraía em demasia inexplicável.

Não se sabia se criança ou mulher
Entre Ofélia e Lolita.*

A garota girou o cigarro entre seus dedos lentamente, expondo a marca de batom em sua extremidade, espalhando fumaça pelo ambiente como se destilasse propositalmente seu veneno.

Como se letal e atraente.
Como se o descaso.

O reflexo alaranjado que penetrava o cômodo pela janela proveniente dos últimos raios de sol refletia em seus olhos acastanhados e afiados como foices a invadir-lhe a alma. Draco sentia-se inibido por aquelas íris e pelo seu poder.
Até o próprio sol parecia pôr-se por entre as árvores a esconder-se de seu efeito devastador.

Arquitetando com cuidado
Seu brinquedo de encaixe.

Pansy Parkinson: A ingênua, enganada, traída.
Draco Malfoy: O indiferente. O comensal.
As duas extremidades de um dos maiores clichês amorosos seguindo exatamente o destino que lhes foi imposto, não fosse pela presença do desejo de vingança a inebriar o lado mais violentamente subestimado.

Desistir e reclamar
Dilacerar e possuir

Pansy o tinha como um objeto absolutamente em seu poder.
Um Draco encantado deixava-se devorar pela sua pele, seu corpo, mesmo que sua mente fosse distante da razão enquanto ela ditava um jogo perigoso.

- Diga se me ama – Ela impôs com uma inocência que não condizia com a ocasião ou as algemas no braço do rapaz deitado à sua frente.
- Acima de tudo – Foram suas ultimas palavras.

Como se a Rainha imperando o tabuleiro
Impõe regras e desaba

E quando o céu tornou-se breu trazendo consigo a chuva que derramava-se pela janela, seu cigarro já era arma incendiando não só as cortinas, mas tudo que estivera ali para aquele fim.

E mesmo que houvesse escapatória, seu amor já era fogo.

- Nunca minta para mim – Ela deixou escapar como se uma lamentação, enquanto em seus olhos o deleite da vingança se dissipava aos poucos como a fumaça que escapava pelas brechas.

E no penso entre o céu e o inferno
Lamuriada pelo resquício de amor
A criança do infortúnio
Tinha em si o legado da morte.

N/A: * Respectivamente personagens de Shakespeare e Vladimir Nabokov, que foram usadas no contexto para designar sentimento de posse e sedução infantil.

Drabble mesclada com poema, ambos de minha autoria. Curtinha, sim, mas acredito que disse tudo que precisava dizer.
Espero, realmente, que tenham gostado.
Reviews deixam qualquer autor feliz, não se esqueçam disso! *-*