CAP 1 Recordações da Infância

Spinner's End era mais uma das várias ruas que cercavam o bairro operário de Saint George na cidade de Manchester,uma grande chaminé de uma fábrica de tecidos soltava uma fumaça imponente – Perto dali crianças a maioria filhas dos operários brincavam nas imediações algumas iam teimosamente para a beira de um córrego poluído cheio de mato alto e lixo, naquela tarde de verão um casal de garotos corria a beira do córrego brincando no que parecia ser uma "caça ao tesouro", os dois aparentavam ter aproximadamente dez anos – Uma menina bem morena de aspecto latino,cabelos cacheados olhos cor de mel e vestida em roupas muito simples mexia numas garrafas velhas quando de repente gritou.

Olha! Essa é grande vem cá!. – O garoto que estava com ela foi ao seu encontro, ele era muito pálido,magro tinha cabelos muito negros que batiam nos ombros e nariz adunco ele chegou perto da garota e falou.

Realmente é grande e bonita né?. – A menina concordou e falou.

A gente junta pra nossa coleção – De repente a garota ficou triste e falou. – Tomara que seu pai não jogue fora como ele fez da outra vez né?. – O menino respondeu com firmeza.

Ele não vai jogar...Eu guardei as garrafas que sobraram em outro lugar!. – O menino pegou a garrafa e depois perguntou. - Amelie? Se o seu pai ganhar mesmo na loteria ele...ele vai mudar daqui?. – Amelie olhou triste e respondeu.

Sim! É o que ele e mamãe querem, meu pai quer voltar pra Austrália...ahhh! Sevvie se o seu pai não fosse tão monstro...eu pedia pra você vir comigo - Amelie fez uma pequena pausa e falou. – Vem vamos ver se você me pega?. – O garoto saiu correndo atrás da amiga e quando saíram da beira do córrego uma turma começou a caçoar deles.

Olha lá a Joãzinho! E o Gasparzinho! Hahahahahaha!. – Os apelidos eram assim porque Amelie não gostava de brincar com bonecas e Severo era chamado de Gasparzinho por causa de sua pele pálida de aparência fantasmagórica – Uma turma de dez moleques começou a mostrar a língua para os dois e a fazer caretas - Amelie se aproximou de um garoto loiro, forte que aparentava ter doze anos e que parecia ser o líder dos mais novos quando falou.

Eu não tenho medo de você Kevin! Seu idiota!. – O menino pegou Amelie pelo pescoço de repente a mão do garoto começou a ficar roxa e fumegante. – Kevin largou Amelie no chão e gritou.

Sua bruxa imunda! Você é filha do demônio! Aberração da natureza!. – As meninas da rua apenas olhavam assustadas quando o amigo de Amelie foi defender a garota e gritou.

CALA A BOCA! Ninguém fala dela assim! É melhor não se meter com a gente! Moleque idiota!. – Kevin e os outros foram se dispersando quando um moleque ruivo e magro falou.

A gente vai denunciar vocês pro Juizado de Menores...Vocês nunca mais vão voltar pra casa. – Os dois nem ligaram, Amelie abriu a velha porta de madeira de sua casa entrou lá e se deparou com a mãe uma mulher de aparentemente trinta e seis anos morena mais morena que Amelie, ela estava passando roupa na sala apertada, do outro lado da sala perto do corredor que ia para a cozinha as irmãs gêmeas de Amelie brincavam de rabiscar papéis velhos. – A mãe dela vê ela e o amigo chegarem e fala num sotaque espanhol de modo reprovador.

Amelie! Severo! Yo já fale pra vocês não ficarem na beira del córrego...lá é cheio de lixo e doença!. – A mãe da garota fez uma pausa e falou no mesmo tom bravo. – Lave las manos e vá me ayudar a preparar a janta!. – Amelie e Severo subiram foram ao banheiro para lavar o rosto e as mãos desceram correndo fazendo barulho pela escada e a mãe de Amelie mais uma vez falou. – Vai jantar aqui Severo?. – O garoto apenas afirmou com a cabeça quando a mãe de Amelie começou a falar. – Pobre garoto! Se tu padres quisessem dar usted pra mim...eu ia cuidar bem de usted eu e Ernest daríamos um jeito...Afinal donde cabem cinco pode caber mais un. – Amelie e Severo foram para cozinha, ela pegou uma panela do armário e passou para Severo encher de água – O garoto colocou a panela no fogo enquanto Amelie pegava uns legumes com aspecto de xepa1 começou a descasca-los e ao mesmo tempo cantarolava uma música que ela e Severo tinham inventado.

Vamos voar na vassoura até chegar na Lua

Dizer olá São Jorge como vai?

E depois olhar o sol a três quilômetros...

Severo completou cantando.

Parecendo um grande farol

Essa é a aventura de dois bruxos malucos

Nas suas aventuras pelo espaço e pelo mundo...

Assim que Amelie, ajudada por Severo terminou de preparar a janta o pai de Amelie havia chegado da fábrica e falou ao fundo.

Parece que o cheiro do rango tá bom!. – O pai da garota foi até a cozinha viu ela e Severo arrumando a pequena mesa pra janta,o homem era magro,loiro aparentava ter uns quarenta e cinco anos chegou perto da filha e lhe fez carinhos na cabeça em seguida fez o mesmo com Severo e falou para os dois. – Depois do jantar tenho uma novidade pra vocês!.

1 Xepa – Resto de legumes,verduras e frutas da feira