Disclaimer: Cavaleiros do Zodíaco não pertence a mim(se pertencesse, ia ser bem diferente).

Meu 2º fic publicado, é só uma história que surgiu na minha cabeça depois de ter assistido "Cavaleiros do Zodíaco – Prólogo do Céu". Recomendo que você tenha assistido o filme para entender melhor a história.

SPOILER

Aqui estou seguindo a teoria de muita gente que todos perderam suas lembranças, após o final do filme.

FIM DO SPOILER

Aproveitem!!

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Risco de Extinção

Lágrimas...

"Porque estou chorando?" Pensou o jovem, olhando o teto de seu quarto.

Deitado na cama, tentando dormir, sua mente vagava por suas lembranças.

Mais lágrimas...

"Para, por favor, para" ele pedia mentalmente, mas o seu corpo não obedecia, cada vez mais seu rosto ficava molhado, cada vez mais seu coração doía.

Levantou-se bruscamente. Arrastou-se até a janela e olhou para o céu: Sem estrelas, como sempre. Era um manto de trevas. Uma nova onda de dor assolou seu coração.

"Ainda não consegui superar a saudade. Por que será? Seria melhor eu nunca ter lembrado".

O garoto andava inquieto de um lado para o outro. Não conseguia mais ficar em seu quarto. Trocou seu pijama por uma roupa comum. Dirigiu-se lentamente até a escada que levava até a sala logo abaixo, andava em silêncio para não acordar os pais. Parou de andar. Mudou de idéia e resolveu ir para o quarto dos pais. Abriu a porta devagar, deixando apenas um filete de luz do corredor entrar no quarto, os dois dormiam tranqüilos.

Novas lágrimas...

Fechou a porta e desceu as escadas. Deixou um bilhete para os pais avisando que não demoraria, só para o caso deles acordarem e sentirem sua falta.

Andou pela rua deserta, passava pelas casas e todas elas pareciam sem vida. Os postes lançavam uma luz fraca e amarelada que mal iluminavam seu caminho. Não se importava com o escuro, não o temia. Finalmente chegou ao seu destino: o parque.

Sentou-se num dos bancos e pôs-se a pensar. Olhou ao redor, não havia ninguém. O vento balançava as folhas das árvores, fazendo com que o atrito das folhas, fosse o único som audível em toda a região. Ergueu seus olhos para o céu mais uma vez, a escuridão permanecia inalterada. Suspirou decepcionado. Quando baixou o olhar, avistou alguém do outro lado da praça. A pessoa andava devagar, sem um rumo definido. Por um momento pensou em chamá-la, parecia-lhe familiar, mas desistiu da idéia quando percebeu que ela agora caminhava em sua direção. Aguardou pacientemente enquanto a figura se tornava mais nítida e a primeira coisa que avistou com clareza foram os seus cabelos dourados. Logo viu que era um rapaz, não muito mais velho que ele, possuía um olhar triste e distante. Ele continuou a se aproximar e seus olhares se encontraram.

"Será que..." pensou na mesma hora.

- Está perdido? – Perguntou para o estranho quando este parou a alguns passos de distância.

Ele não respondeu imediatamente. Apenas ficou parado, possuía um olhar frio, porém não era ameaçador.

-Talvez – Respondeu ele finalmente.

-O que isso deveria significar?

-Porque está aqui garoto?- Disse o loiro ignorando a pergunta - Deveria estar em casa, com sua família feliz, na sua vida perfeita.

"Parece que está na mesma situação que eu estava" pensou Shun.

-Também tem uma vida perfeita?Com uma mãe e um pai carinhosos? Uma namorada quem sabe?

O loiro nada respondeu, desviou seu olhar e andou até o banco, sentando-se.

-Quem é você? – Foi esta sua resposta.

-Meu nome é Shun. E quem é você? – Perguntou sem muito interesse.

-Hyoga.

-Não esperava encontrar ninguém por aqui a essa hora, Hyoga.

"Principalmente um de vocês".

Os dois permaneceram quietos, não se olhavam.

-Você é diferente. Todos aqui amam a perfeição de suas existências. Você parece não estar contente com isso – Falou Hyoga.

Shun deu um risada falsa.

-Estrelas – Respondeu Shun apontando para o céu – Porque elas nunca brilham?

Hyoga ergueu uma sobrancelha com desdém.

-Elas não existem. Você já está muito velho para acreditar em contos de fadas.

-Então o que é isso? – Perguntou Shun puxando uma corrente do pescoço; pendurado nela, um pingente em forma de estrela.

-Um pingente tolo que alguém fez para manter os contos de fadas vivos, para poder se sentir melhor, não queria esquecer a infância.

-Será mesmo? – Falou secamente – Você realmente acredita nisso?

Hyoga não respondeu.

"Quem é esse cara?" pensou o loiro.

-Imaginei – Falou Shun triunfante – Nunca te vi antes, mas parece que sei um pouco sobre você. Pelo sotaque creio que você seja russo, o que faz aqui?

-Não é de sua conta. Você diz que sabe alguma coisa sobre mim? Você não passa de um estranho qualquer cheio de opiniões. Não sei nem porque estou falando com você.

-Mentiroso. Eu sei por que você está falando comigo. Você também vê, não é?

-Não sei do que está falando.

-Quando vai parar de mentir?

-Quando você parar de me fazer perguntas.

Shun não pode deixar de rir.

"Ele não mudou tanto assim. Mas isso já está indo longe de mais, não posso por tudo a perder".

-Só porque você viveu num país gelado, não quer dizer que você tenha que ser assim também. De qualquer forma eu já vou embora – Disse Shun levantando-se do banco.

-Férias – Disse Hyoga rapidamente – Por isso estou aqui no Japão.

"Eu não quero que ele vá embora" Pensou Hyoga "Quem é esse cara? Ele é diferente de tudo que já vi".

-Fizemos algum progresso – Falou Shun sentando-se de novo – Mas ainda não me respondeu se você vê.

-Você quer dizer esse brilho fraco que envolve você?

-Também. Eu vejo esse brilho vindo de você, assim como você o vê em mim.

-O que afinal é isso? Por causa desse brilho eu fui atraído até esse parque, até você. Talvez eu esteja sonhando – Concluiu Hyoga pensativo.

-Talvez o mundo todo seja um sonho – Falou Shun misterioso – Se agente acordar ele pode simplesmente desaparecer.

-Você é estranho.

Os dois ficaram em silêncio. Shun retirou de seu pescoço a corrente e olhou para a estrela.

-Todo seu – Leu a inscrição em voz baixa depois de um tempo.

-O que isso significa? Você pertence a alguém? – Falou Hyoga irônico.

"Cansei disso, já está na hora de despertá-lo. Só espero que eles não estejam prestando atenção".

Shun levantou-se do banco e erguer para o alto seu pendente. Hyoga acompanhou o movimento e observou aquela "estrela". Naquela altura, ela parecia pertencer ao céu. O pingente emanou um brilho rosa e rapidamente vieram imagens em sua cabeça:

Várias constelações de estrelas no céu...uma garota de cabelo roxo...um mulher loira envolta por flores...um cisne...e aquele garoto sorrindo feliz para ele. Milhões de lembranças surgiram em sua memória, ficou tonto, achou que o mundo estava fugindo sob seus pés. Com esforço olhou para o garoto a sua frente.

-Agora você vê? – Perguntou Shun com lágrimas escorrendo pelos olhos.

Hyoga levantou-se com dificuldade, parecia que toda sua força tinha sido drenada. Ergueu a mão em direção ao rosto do outro e limpou as lágrimas.

-Você sabe que eu odeio ver você chorar, Shun - Disse Hyoga com um leve sorriso triste.

Shun abraçou Hyoga com força, apoiando a cabeça no ombro dele. O loiro abraçou-o de volta, acariciando o cabelo esverdeado do outro.

Ficaram assim por algum tempo, o próprio Hyoga chorava. Quando os dois se acalmaram, afastaram-se um pouco, mas sem se largarem.

-Quer dizer que toda minha vida é uma farsa? – Falou Hyoga tristemente.

-A minha também é. Todas as nossas lembranças foram apagadas ao que parece.

-Mas como isso é possível? A última coisa que me lembro é de Seya desferindo um golpe contra aquele deus.

-Não fale sobre os deuses Hyoga. Não temos muito tempo, por favor, fique quieto enquanto te explico a história.

Hyoga começou a falar, mas silenciou-se com o olhar de Shun.

-Os deuses estão nos punindo por termos desafiado a vontade deles. Nos separaram, apagaram nossas lembranças e modificaram nossas vidas. Nesse mundo eu tenho pais, mas não tenho irmão. Eu fui salvo dessa ilusão graças a isso.

Shun mostrou a Hyoga o seu pendente mais uma vez.

-O poder de Hades ainda reside aqui, há alguns meses o cosmo dele me envolveu e me fez lembrar de toda a verdade. Desde então eu venho procurando os antigos cavaleiros, mas os deuses estão nos vigiando e se descobrirem, vão me dar um castigo e dessa vez não será apenas esquecer minhas lembranças.

Hyoga arregalou os olhos surpresos, segurou o outro pelo braço e levou-o para debaixo de uma árvore, olhando para todos os lados.

-Calma Hyoga.

-Calma nada, você está correndo um grande risco.

-E você acha que essa árvore vai nos proteger?

-Desde quando você se tornou tão sério e sarcástico? – Falou Hyoga levemente magoado.

Shun corou e seus olhos perderam um pouco do brilho.

-Desculpe Hyoga, minha personalidade ficou um pouco alterada. O "Shun" dessa vida é meio arrogante, quando eu recuperei a memória tive que continuar a agir assim para os deuses não desconfiarem. Mas não se preocupe com os todos poderosos, a primeira hora depois da meia noite é a hora do mal; o poder de Hades está protegendo agente.

-Eu não quero ser protegido por aquele ser perverso. Por que ele está nos ajudando?

Shun abaixou a cabeça.

-Ele está contra os deuses, então quer atrapalhar os planos deles.

-O inimigo do meu inimigo é meu amigo?

-Sim – Respondeu Shun triste – Eu não queria aceitar a ajuda de alguém assim, mas se queria ver Athena, meu irmão, você e os outros; seria necessário recorrer estes métodos.

Hyoga refletiu sobre o que Shun dissera, podia imaginar o sofrimento que Shun havia passado durante todo esse tempo sem a companhia dos amigos, tendo que se aliar ao mal e ainda desafiar os deuses sozinho. Tomando uma decisão e agindo por impulso, ele levantou o rosto de Shun, com uma mão, encarando os olhos verdes lacrimosos do amigo e beijou-o. Um beijo nem longo, nem curto; apenas um leve roçar de lábios.

Shun olhou confuso para Hyoga, que também estava um pouco confuso.

-Desculpe – Falou Hyoga corando bruscamente – Eu não sei o que deu em mim, simplesmente odeio quando você fica triste Shun, eu pensei que fazendo isso ia te animar e...

-Foi só por isso que você me beijou?Para me animar? – Falou Shun magoado cortando a fala do outro.

Hyoga olhou fundo nos olhos de Shun, não via raiva, repulsa ou qualquer sinal de rejeição. Sorriu ao ver que Shun não estava bravo por ele ter o beijado, mas sim por ele achar que foi um beijo por pena.

-Você não se importa de eu ter te beijado?

-Claro que não.

Hyoga imediatamente segurou Shun pela cintura e empurrou-o contra a árvore, não deu chance dele esboçar reação, pois beijou-o ardentemente.Um beijo cheio de desejo, um beijo cheio de saudade. Shun foi pego desprevenido, mas logo entregou-se a situação, enlaçando o pescoço de Hyoga, querendo sentir mais o corpo dele.

Depois de alguns minutos eles afastaram os rostos para recuperarem o fôlego.

-Esperei muito tempo por isso – Confessou Shun com o rosto rosado.

-Eu talvez tenha esperado o mesmo tempo que você, só não sabia dos meus sentimentos adormecidos no meu coração.

Os dois voltaram a se beijar, até que Hyoga interrompeu o beijo rapidamente.

-Acabei de me dar conta de uma coisa – Falou ele meio angustiado.

-O que foi? – Perguntou Shun preocupado.

-Eu tenho 16 anos. Perdi 2 anos de minha vida real neste lugar.

-Estamos na mesma situação, já faz dois anos depois daquela batalha, dois longos anos. Mas, pensando bem, essa vida não é tão ruim assim, pelo menos não mais – Falou o mais novo docemente, deixando sua cabeça repousar no ombro de Hyoga.

O loiro abraçou-o mais forte enquanto sentia aquele corpo agarrado ao seu, precisando de conforto.

-Mas tudo não passa de uma ilusão – Falou baixo.

-Eu sei – Disse Shun – Agente não pode viver aqui para sempre.

-O que vamos fazer? Lutar? – Hyoga afastou Shun um pouco para poder olhar nos olhos dele.

-Sim – Disse Shun com determinação – Por todos. Lutaremos como verdadeiros cavaleiros de Athena, protegendo esse mundo, não importa quem seja o inimigo.

-É você mesmo? – Falou Hyoga num tom brincalhão – Nunca imaginei o dia que Shun iria querer lutar. Parece que sua temporada neste lugar mudou você um pouco.

-E eu nunca imaginei o dia que eu estaria em seus braços desse jeito.

Os dois deram uma risada boba. Quando pararam, olharam apaixonados um para o outro. De repente Shun fez uma cara preocupada.

-O que foi? – Perguntou Hyoga.

-Que horas são?

-São meia noite e cinqüenta – Disse Hyoga conferindo no seu relógio de pulso.

-Nosso tempo está se esgotando, preciso voltar para casa e você devia fazer o mesmo. A proteção só vai durar mais 10 minutos.

-Mais o que nós vamos fazer para lutar contra os deuses.

-Agente decide isso amanhã, será que você pode voltar aqui no mesmo horário?Ou mais cedo se você puder.

Hyoga concordou com a cabeça.

-Ótimo, precisamos correr. Até amanhã.

Shun se afastou rápido, Hyoga deu as costas para o amigo.

"Tudo isso é tão estranhamente novo. Na frente dele preciso manter a calma, mas estou realmente assustado com tudo isso" pensava Hyoga enquanto andava "O que vai acontecer daqui para frente. Mamãe...me ajuda"

O garoto loiro sentiu uma mão tocar-lhe o ombro, fazendo-o parar . Virou-se e foi surpreendido por Shun beijando-o intensamente. Ele respondeu ao beijo rapidamente, mas Shun não deixou aquilo prosseguir.

-Continuamos amanhã – Sussurrou ele.

Shun correu e Hyoga voltou a seguir seu caminho. Ambos se sentiam mais leves e sabiam que o amanhã traria promessas de um futuro melhor.

"Talvez agora as coisas fiquem mais fáceis" Pensou Shun.

"Com ele ao meu lado, tudo vai dar certo" Pensou Hyoga.

Nenhum dos dois reparou que acima deles, o céu já não estava tão escuro, algumas estrelas começaram a brilhar.

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E então?O que acharam? Espero que tenham gostado, ainda não sei se terá continuação ou não, depende das revisões.Vocês é que decidem, vou deixar a fic como completa, mas poderei mudar isso para escrever mais alguns capítulos.

Fic dedicado a comunidade "Hyoga x Shun Yaoi" por possuir muitos escritores interessados em manter esse casal vivo.