Disclaimer: Naruto não me pertence, muito menos Neji e Hinata.
Aviso: UA, sem relações com a geografia do universo Naruto criada por Masashi Kishimoto – por mais que pareça que haja, não há!
Música:
Out Here On My Own – Irene Cara (FAME)
~Não faço a mínima ideia quem seja essa mulher, vi essa música em Glee. (rs)
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Gostaria de dizer também que essa fic havia sido feita de início para o Desafio NejiHina Anti-Clichê proposto por Tilim e FranHyuuga. Portanto, gostaria de dedicar essa fic a elas.
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— Prólogo —
De Princesa à Rainha
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O céu escureceu rápido naquele dia. As sombras da noite não chegaram sorrateiras como de costume, mas violentamente perceptíveis para todos os moradores. As árvores com suas folhas verdes instantaneamente tornaram-se cinzas e desapareciam na escuridão. As casas improvisadas dos aldeões tomavam aspectos tenebrosos e ficavam monocromáticas, sendo visíveis apenas pelas chaminés acesas. O castelo alto e tão imponente perdia suas cores plácidas que tivera na manhã e suas sombras jogadas ao chão adquiriam formas macabras e apavorantes, marcadas pelo vento que soprava como um sussurro de espíritos a caminho de recolher mais um para o lado deles.
"Está na hora", Neji disse com seriedade, olhando com seus olhos albinos para as primas que se abraçaram temerosas. "Vocês terão que ser fortes."
"Não..." Hanabi gemeu, espremida no colo da irmã que não conseguia conter as lágrimas impulsivas.
Ambas sabiam que uma vez próximo da morte, não tinha como despistá-la. Ela iria levá-lo. Era uma força sobre-humana, maior até que a força da natureza. Era o destino. O ponto final da vida. A primeira vez que isso acontecera, Hanabi era pequena demais para ainda guardar na memória, contudo, Hinata tinha idade suficiente para que o fato ocorrido voltasse em sua mente naquele exato momento de calamidade e reviver o sofrimento pelo qual só conseguira passar devido ao abraço de seu pai. Ela perdera a mãe. Agora a morte viera buscar seu pai que há muito estava doente. Nem toda riqueza do mundo pode comprar a permanência da vida e dessa perda Hinata não tinha como escapar.
O tempo de Hiashi estava no final e aquilo destruía seu coração de filha. Como tentativa de conforto, seus braços apertavam ainda mais o corpo delicado de Hanabi que possuía pouco mais de onze anos.
Era injusto! Hinata gritava na própria mente. Era injusto que seu pai partisse sem ver as filhas virarem mulheres e era injusto Hanabi e ela ficarem órfãs com tantas regalias de sua família poderosa. Como era irônica a vida! Tantos pobres contaminados pelas pestes mais fatais arrancavam forças para sobreviver e conseguiam!, enquanto os nobres ao mínimo vestígio da menor das enfermidades vinham a falecer.
O aperto em seu peito era agudo e perfurava sua alma, como se uma parte dela estivesse sendo rasgada por lobos selvagens. Seus instintos gritavam em seus ouvidos para abraçar sua irmãzinha o máximo de tempo que pudesse e que juntas poderiam passar por aquela barra, seriam invencíveis e uma seria suporte da outra. A pequena chorava em seu peito e tremia tanto que até a rudeza insensível de Neji parecia se tornar menor. A garota soluçava fortemente e as lágrimas desciam geladas pelas bochechas. O sofrimento dela sensibilizava até os guardas e os conselheiros que tinham o dever de se manter rígidos.
Hinata aceitou o lenço que o primo ofereceu e com carinho enxugava o choro da irmã, passando-o devagar nos cantos dos lindos olhos perolados que a pequena tinha. Hinata tirou a garota de seu colo, ajeitou o próprio vestido azul-claro e a sentou no banco, ajoelhando-se cuidadosamente aos pés de Hanabi, que passava os punhos pelas lágrimas que teimavam em cair. Hinata passou as mãos pelos próprios cabelos azulados e prendeu as madeixas rebeldes ao coque que as criadas fizeram. Fungou e, concentrando toda a força de vontade que tinha, obrigou-se a parar de chorar. Aproveitou o sucesso que teve e deu um pequeno e rápido sorriso para a irmã, acariciando os cabelos soltos escorridos castanho-escuros que tanto lembravam os de Neji.
"Escute", olhou firme para a irmã mais nova. "quero que vá lá dentro e se despeça de nosso pai. Quero que diga a ele o quanto o ama e o abrace, agradeça a ele por tudo..." Sua voz vacilou e o choro ameaçou irromper de novo. Hinata levou o lenço aos olhos e fungou mais uma vez. "Por tudo o que ele fez por nós duas"
Hanabi chorava em silêncio, mas acenou com a cabeça. O queixo de Hinata tremeu e ela pôs ambas as mãos no rosto delicado da irmã, olhando para aquela garotinha que agora ela via como uma herança que seus pais deixaram para ela. O bem mais precioso deles.
"Vem cá!" Hinata chamou.
Com aquele abraço, Hinata queria passar toda a proteção que ela sabia que sua irmã necessitava naquele momento difícil para elas. Tinha que mostrar que acontecesse o que pudesse acontecer... "Estarei sempre contigo" sussurrou no ouvido dela, enquanto beijava a bochecha gelada e sentia o aperto dos braços delicados de Hanabi. "Você nunca estará sozinha, estarei ao seu lado quando precisar. Eu prometo, tudo vai ficar bem"
Hinata afastou um pouco a menina de si para olhá-la melhor. Ela era tão linda, mesmo com os olhos inchados e o vestido verde-escuro amassado. Tudo nela lembrava o pai; os olhos, os cabelos, até a postura.
"Eu amo tanto você..." Hinata declarou num sopro. "Agora se despeça do papai."
Hanabi concordou com a cabeça sem conseguir mencionar uma palavra, estremecendo em momentos antes de dar as costas para a irmã e seguir para os aposentos do pai, acompanhada de um dos guardas.
Hinata se levantou repousando a mão que apertava o lenço rendado sobre o peito, as sobrancelhas inclinadas para cima, franzindo o cenho em tristeza e preocupação. Como as coisas seriam difíceis a partir daquele momento. E seriam mais para ela, a responsabilidade de seu sangue pesava em suas veias e, ainda que quisesse, não poderia fugir de seu destino. Se estava preparada, ela ainda não poderia dizer. O medo crescia dentro de si como uma chama, uma chama gelada, que à mínima aproximação já a fazia se arrepiar e suar frio. Ela tinha apenas dezoito anos! Por que era tudo tão injusto?
"Sei que está atordoada." A voz rígida e o hálito tentador de Neji a atingiram de repente quando ela não esperava e inevitavelmente tremeu com o susto.
O belo homem estava ao seu lado, um passo atrás como sempre ficava. Os olhos álgidos a desmistificavam – Hinata sabia o quanto aquele olhar tinha o poder de lê-la; era um livro aberto para o primo, acessível demais para aquelas luas sábias. Podia tentar se fazer de forte para tranqüilizar a jovem irmã, mas mentir para aquele que a conhecia tão bem era perda de tempo.
"Ah, Neji..." chorou manhosa, se aconchegando ao peito do homem que a acolheu sem pestanejar, envolvendo praticamente todo o corpo delicado da prima com os braços fortes.
Hinata soluçou em seu pescoço, fazendo o moreno estremecer por dentro com aquela pequena convulsão. Afagou as costas da garota, levantando um pouco o próprio queixo. Hinata mergulhou no perfume natural dos cabelos extremamente lisos e compridos de Neji, esfregando o nariz no peito dele enquanto tentava inutilmente secar as lágrimas. Ambos fecharam os olhos, envolvidos pela essência do outro e amaldiçoando o quanto pareciam ser complementares. Hinata girou um pouco o corpo, querendo mais daquela sensação de conforto que o primo lhe dava; precisava tanto daquilo! As bochechas da jovem ficaram escarlates por sua própria ousadia, mas seu espírito se acalmou por ser bem recebida pelo homem.
"Não precisa se preocupar." O som rouco e baixo como um mero ruído da noite ecoou bem próximo aos seus ouvidos. "Você pode contar comigo, vou sempre cuidar de você."
Aquelas palavras tão próximas daquelas ditas por ela mesma a deixaram aliviada de um jeito que Hinata não sabia explicar. Eram mais verdadeiras que as suas, ela sabia, e a força na voz de Neji chegou profundo em seu interior. Contudo, temia poder ter aquele sentimento de que tudo ficaria bem quando ninguém podia saber se as coisas iriam realmente dar certo. Precisava de mais do que palavras amigas para se agarrar. Estava em um quarto escuro, sem paredes, sem chão e o teto a comprimia, estava a ponto de ser esmagada.
"T-tenho medo, Neji!", confessou quase inaudível. "Tenho medo de não ser capaz..."
"Você é capaz!" A determinação quase fazia a garota querer sorrir.
Ela choramingou, se afastando de seu peito. "Você é melhor que eu! Deveria ser você a..."
Neji a olhou impávido.
"Está errada. É de você que eles precisam." Ele apontou para a janela, a única daquele aposento. "É de você que eles esperam conforto e proteção, Hinata. Só você pode dar isso a eles."
Hinata virou abruptamente de costas para Neji e andou a passos rápidos pelo assoalho. O coque ameaçando se desfazer novamente e o vestido que quase era pisado. A jovem andava de um lado a outro em pleno estado de nervos. Ela que era sempre altamente controlada e elegante agora balbuciava em uma dança desesperada, com as mãos na testa, tentando achar uma solução para conseguir se convencer que tudo poderia ficar bem.
Neji, talvez pela primeira vez em vida, estava surpreso. Era, obviamente, muita pressão para alguém tão jovem, entretanto, Hinata sempre soubera domesticar as emoções que a acometiam. Respeitava o momento doloroso pelo qual ela estava passando e, mais do que ninguém, a compreendia – perdera os pais também. Hinata não era tão forte quanto ele, Neji sabia, mas tinha total convicção que ela poderia ser. Os anos de reclusão e continência não eram um bom início, porém, a necessidade fazia as pessoas se transformarem e a prima estava fazendo aquilo de forma errada. Descontrole não era a melhor solução.
"Eu não-" A frase morreu em sua boca quando Hinata finalmente parou e olhou para o rapaz. "Eu não posso lidar com isso, Neji—é muita responsabilidade."
Neji se aproximou com passos bem marcados e segurou a mão dela com as suas, olhando fundo nos olhos perolados.
"Sim, você pode."
Uma das mãos masculinas segurou delicadamente o lindo rosto de Hinata e com o polegar limpou uma lágrima que caía assustada. Era extasiante a beleza daquela jovem e Neji tinha que se conter todos os dias para não passar dos limites auto-impostos. Hinata fechou os olhos e suspirou, alheia ao que se passava na mente impenetrável do primo.
"Pare de chorar." O tom imperativo era ameno quando o Hyuuga voltou a falar. "Não quer que Hanabi volte aqui e a encontre nesse estado—vai pensar que tudo que disse para ela não se passou de mentiras."
Hinata sorriu sem abrir os olhos. "Não, não quero."
"É assim que deve ficar", comentou na seriedade de sempre, "sorrindo"
"Hinata-sama!" Antes do chamado do guarda, os dois primos já estavam a uma distância considerável um do outro. "Seu pai quer vê-la."
Hinata acenou com a cabeça. "Onde está minha irmã?"
"Hanabi-sama está muito emotiva e foi lavar o rosto."
"É claro..." Hinata riu. Se fosse um dia normal e Hanabi soubesse que aquele guarda a chamara de emotiva, ela o levaria à guilhotina antes que ele pudesse lhe pedir as devidas desculpas.
Com um último olhar de despedida em Neji, Hinata acompanhou o guarda.
Hiashi Hyuuga estava em estado deplorável, parecia ter vivido o dobro da idade que realmente tinha. As rugas que demarcaram durante anos a expressão severa do pai de Hinata e Hanabi se multiplicaram cruelmente e o corpo nitidamente fraco era uma ironia ridícula do poder que aquele homem tinha. A pessoa que Hinata via definhar na cama, no leito de morte, não lembrava em absolutamente nada do que aquele homem fora. Aquilo agredia tanto o coração da jovem Hyuuga que ela teve vontade de sair correndo ao mesmo tempo em que pisara naquele aposento e tal imagem poluiu sua alma. Mas não pôde; aquele era seu pai.
"Papai!" chorou dolorida, correndo até a beirada da cama e segurando-lhe a mão.
"Onde estão seus modos?—Não aprendeu nada durante todos esses anos?" O mesmo tom severo. Embora a voz tivesse apenas fragmentos da força de antes. O velho Hyuuga quase não tinha voz, o som saia em um fio e a respiração forçada só piorava a compreensão de suas palavras. Contudo, Hinata estava atenta.
"Desculpa..."
"Você terá que cuidar da sua irmã, Hinata."
Hinata balançou compulsivamente a cabeça com as lágrimas escorrendo e seu queixo tremendo. "Sim—sim, vou cuidar dela tão bem quanto o senhor cuidou de mim!"
Aqueles olhos sombrios que tanto aterrorizaram sua infância a olharam pela primeira vez com carinho e uma lágrima solitária desceu pelo rosto cinzento. Um sorriso com dentes podres foi dado, um sorriso verdadeiro e uma risada seca, porém feliz, ecoou por todo o aposento antes dele começar a tossir.
Hinata franziu as sobrancelhas e comprimiu os olhos inchados que já estavam avermelhados.
"Sempre pensei que você me odiasse..." Hinata soluçou alto com a feição desesperada, a boca se abriu e se fechou duas vezes. Sua mente não era tão ágil e em um momento como aquele ficava difícil pensar com coerência. Por que seu pai pensava isso? "É claro que você tinha razão, eu sempre fui um pai terrível..."
A jovem depositou um beijo carinhoso na testa de seu pai.
"Não diga uma coisa dessas!" sussurrou suplicante, "Amo o senhor, sempre amei."
Hiashi aumentou o sorriso, o que parecia ser perigoso para os lábios secos e rachados.
"Também te amo, filha."
O silêncio se instaurou no quarto, enquanto pai e filha se livravam de todas as desavenças do passado em nome da última chance de mostrarem o amor que um sentia pelo outro. Palavras eram desnecessárias.
"Hinata, sei que deve estar pensando que tudo isso é injusto." A Hyuuga desviou os olhos, fungando no próprio ombro. Hiashi puxou ar sofregamente e continuou, "Mas espero que entenda—não agora, e sim daqui alguns anos; quando finalmente souber o que representa tudo isso."
Hinata concordou, fungando novamente.
"Agora, tem algo que eu preciso lhe dizer..."
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Sometimes I wonder
(Às vezes eu me pergunto)
Where I've been
(Onde eu estive)
Who I am, do I fit in?
(Quem eu sou, eu me enquadro?)
Make-believing is hard alone
(Fazer de conta é difícil sozinha)
Out here on my own
(Aqui fora por minha própria conta)
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Hinata caminhava imponente pelo corredor. Os olhos não vertiam nenhuma lágrima, estavam completamente secos, apesar de inchados. A postura firme e o queixo erguido, revelando seu belo rosto que antes estava totalmente abatido. O olhar seguro e os passos fortes que faziam ecos no castelo. Seus cabelos impecavelmente presos em um coque por um pente incrustado de safiras e o vestido azul-claro que modelava seu corpo como merecia, realçando sua beleza. O lenço de outrora ainda estava seguro em uma das mãos, a única testemunha das palavras de seu pai.
Caminhou até onde estavam Neji e Hanabi e encontrou com eles todos os membros dos Hyuuga. Os murmúrios que antes repercutiam no ambiente cessaram com sua presença, então pronunciou sem gaguejar:
"O rei está morto."
Hanabi encontrou um ponto no chão e ficou olhando para ele por um longo tempo, impedindo as lágrimas de voltarem. Neji colocou as mãos em seus pequenos ombros. Hinata respirou fundo e continuou:
"Eu sou a nova rainha."
Neji olhou para ela. Ele não conseguia mais decifrá-la. Como ela podia ter mudado tanto em tão pouco tempo? Passara bastante tempo com o pai, mas o que ele teria dito a ela?
Junto com a família e os guardas, Neji reverenciou a rainha.
—Oi, gente!
~Gostaram?
Desculpe, qualquer coisa. n.n
Espero que tenham gostado tanto quanto eu de ter escrito. *-*
—Pois bem, esse é meu novo projeto, a ideia me pegou quando eu estava escrevendo uma One para o Desafio NejiHina Anti-Clichê (Tilim e FranHyuuga) e não consegui calar a voz irritante que ficava berrando no meu ouvido "faz uma long, faz uma long!" e então eu decidi por fim fazer mesmo uma Long... X)
O Hyuugacest estará marcado em cada capítulo—provavelmente. Enfoque maior em Neji e Hinata, mas com participações mais do que especiais de Gaara e Hanabi, principalmente.
Quê mais eu posso dizer?
Brigas. Casamentos. Irmãs vadias. Príncipes. Princesas. Reis e Rainhas. Sexo. Incesto.
~para não dar mais revelações.
O resto depende de vocês, meus caros! ;)
~Reviews~
(Esperando que vocês, sobretudo, apreciem)
Dark Sonne.
Beijos!
