Disclaimer: Cavaleiros do Zodíaco e todos os personagens relacionados pertencem a Masami Kurumada.
Não temos nenhum lucro com as minhas fics.
VISÕES DO CORAÇÃO
por Luenoir e Nina Neviani
Capítulo INervosa. Estava muito nervosa. Como nunca se sentira. E diziam que ela era corajosa! Se vissem como as pequenas mãos suavam, mudariam de opinião rapidamente.
Respirou fundo. Diziam que acalmava, no entanto, não estava adiantando. Tentou se acalmar pensando que tudo daria certo. Havia dado até ali, não? Por que seria diferente agora? O mais difícil que era conseguir chegar até ali, ela conseguira. Seria simples: explicaria a sua situação para ele, ele ajudaria e tudo daria certo. E então a porta se abriu.
Um homem surgiu à porta. Ele era alto, mais alto do que imaginara. Forte, também mais forte do que imaginara. E belo. Muito mais belo do que ela poderia sequer imaginar.
– Sim?
Não estava ocorrendo do jeito que ela previra. Se ele dissesse: "em que posso ajudar" tornaria tudo mais fácil. Só que a vida não era fácil.
– Ah, o senhor não me conhece, mas eu preciso da sua ajuda.
Ele ergueu uma sobrancelha. Isso a decepcionou, pois o imaginara mais simpático. Bem mais simpático. Ela resolveu explicar-se melhor.
– Na verdade é uma longa história. Será o que o senhor pode me convidar para entrar?
Ele novamente nada disse, apenas deu passagem para a garota.
O apartamento dele, ela percebeu rapidamente, mostrava que ele tinha uma boa condição financeira. Uma ótima condição financeira, ela concluiu ao perceber os móveis caros e as belas obras de arte que enfeitavam o imóvel. Voltou sua atenção para o dono do apartamento. Acomodaram-se, e ele disse:
– Sou todo ouvidos.
Ela explicou o mais claramente que conseguiu a situação pela qual passava e ao final do discurso o homem a sua frente ainda parecia um pouco confuso.
– Desculpe-me senhorita...?
– Perdoe-me, sr. Suiyama. Chamo-me Shunrei Chang .
– Muito bem, srta. Chang. Pelo que eu entendi a senhorita...
– Você.
– Como?
– Chame-me de você.
– Certo. Você é a representante de um povoado distante cujo povo passa por apuros financeiros...
– E morais – ela o interrompeu novamente.
– Por apuros financeiros e morais porque sofre opressão de um homem. E este homem vai financiar e disputar um torneio de luta que acontecerá daqui a dois meses.
– Exato.
– E na luta final do torneiro os lutadores competirão até a morte. A senhorita, digo, você quer que eu participe desse torneio e vença esse homem. Em outras palavras, quer que eu mate-o?
– Sim e não.
Ele novamente ergueu a sobrancelha, o que a irritou um pouco.
– Sim, o senhor o mataria...
– Você.
– Sim, você o mataria mas seria tudo legal, pois estariam competindo.
– Bom, mas porque eu tenho que participar desse torneio? Ele não pode morrer pelas mãos de outra pessoa?
– Ele é muito forte.
Ele sorriu de maneira irônica.
– E o que lhe garante que sou eu quem vai matá-lo e não o contrário?
Ela, para surpresa dele, não hesitou nem por um instante antes de responder.
– Porque você é o homem mais forte que eu já ouvi falar.
Ele pensou antes de perguntar.
– Mais alguma coisa que eu deva saber?
Ela hesitou. Não gostava de contar o seu segredo para muitas pessoas.
– Não. Apenas, isso – respirou fundo e perguntou – Então, posso contar com sua ajuda.
– Não. – ele disse calmamente
Shunrei, por um momento não acreditou no que ouviu.
– Não?
– Não.
– Por quê?
– Por que a sua proposta não me agradou. E eu já me afastei das lutas.
Shunrei estava confusa, perplexa e arrasada. Levou os dedos às têmporas para tentar amenizar a dor de cabeça. O gesto não passou despercebido pelo lutador.
– Está tudo bem com você?
– Está tudo ótimo, tirando o fato de que o meu povo vai continuar sendo humilhado por um bom tempo. Eu fui muito tola imaginando que você me ajudaria! Talvez se eu oferecesse uma boa quantia em dinheiro a sua resposta fosse outra, não? Mas a única coisa que posso lhe oferecer é... é que você usaria o seu talento para ajudar quem realmente precisa. Fui uma tola. Até nunca mais, Shiryu Suiyama.
Shiryu ficou olhando a porta fechada. Ainda não acreditava que tinha sido chamado de mercenário na sua própria casa. Mercenário! Que abuso! A vontade que ele tinha era de ir atrás da tal Shunrei Chang e...
Na verdade não sabia o que faria. Não podia explicar o motivo pelo qual não aceitara a proposta dela. Fora justamente por isso que abandonara as lutas enquanto ainda tinha tempo. Tinha certeza de que não conseguiria ver pena nos olhos daqueles que o admiravam.
Olhos. Passou as mãos nos olhos, gesto que tornara-se comum nos últimos tempos.
Nos últimos tempos também descobrira aqueles que se diziam seus amigos não eram tão amigos assim. Ou melhor, eles gostavam de ser amigos do Shiryu, o ótimo lutador, não de Shiryu Suiyama. Algumas amigas ainda apareceram nesses dois meses que já estava afastado das lutas. Lembrou-se de Shunrei Chang. Ela era tão diferente das mulheres com quem convivia. Parecia mais delicada, mais verdadeira, mais natural... e ainda assim muito bonita.
Quando se deu conta de como estava analisando a srta. Chang, achou melhor mudar os rumos de seus pensamentos. Afinal, não podia achar interessante uma mulher que o chamara de mercenário! Mesmo que ela fosse encantadora.
Ele dissera não. Shunrei não conseguia acreditar. Jamais tinha se enganado. Por que esse engano fora ocorrer justo agora! Quando seu povo tinha uma chance de se livrar daquela humilhante dominação. Não conseguia acreditar que voltaria pra China sem ter conseguido realizar o que propusera. Alguns moradores do povoado tinham se reunido e conseguido juntar o dinheiro necessário para comprar as passagens para que ela pudesse ir até o Japão e convencer o lutador Shiryu Suiyama. E ela falhara. Não queria pensar que aquele fora um dinheiro perdido e faria muita falta a seu povo. Não queria pensar também que aquele dinheiro poderia pagar parte dos impostos e assim impediria que os moradores de Rozan sofressem mais humilhações do que já sofriam.
Maldito seja Shiryu Suiyama! Que só pensa em dinheiro! E que é tão lindo...
Não, não adiantava agora colocar a culpa no lutador e muito menos relembrar o quanto ele era bonito. Ela falhara e não tinha mais nada o que fazer no Japão. Voltaria para a China e junto com o seu sábio avô pensaria em alguma outra solução. Não se daria por vencida! Jamais!
Continua...
Nota das autoras:
Estamos adorando escrever essa fic, e esperamos que vocês estejam gostando também! Vocês podem nos dizer o que estão achando por meio dos reviews. Aliás, sem reviews não tem update do próximo capítulo. Falando nele, vejam o que ele terá:
No próximo capítulo:
– Vamos! Quem mais vai participar do torneio?
– Eu.
Nesse momento todas as atenções estavam voltadas para o recém-chegado. Shunrei, pela primeira vez na vida, pensou que seus olhos podiam estar lhe pregando uma peça.
– Quem é você?
– Shiryu Suiyama.
Abraço!
Até o próximo capítulo!
Luenoir e Nina Neviani
