NA: Primeira Long-fic SB. Esta fic encontra-se em UA, daí, passa-se num outro universo onde não existe magia. Bellatrix é uma vampira que nunca conheceu Sirius Black. Esta fic é uma espécie de prenda para todos aqueles que gostam do shipper, mas principalmente para a Jay, que eu adoro, e para o pessoal do MM. ^^

Enjoy


SADISTIC


New York

6 de Abril de 2005



À medida que o céu era banhado pelos últimos raios púrpuras dos últimos minutos em que o Sol iluminava aquela metade da terra, várias pessoas movimentavam-se apressadas lá em baixo. Os táxis amarelos paravam nas bermas da estrada à espera da clientela habitual que regressava a casa depois de um longo dia de trabalho. Ouviam-se as buzinadelas habituais dos carros que por lá passavam, ou os gritos desesperados de uma ou outra mulherzinha que perdia o autocarro novamente. Havia homens de gabardine com as suas malas de couro e os chapéus-de-chuva pretos nas mãos, dirigindo-se a pé para casa, passando por um ou dois jovens de skate ou uma jovem apressada às compras. As boutiques começavam a fechar e as luzes de néon dos grandes cartazes começavam a acender e a colorir a grande maçã.

Esses últimos raios de sol eram também projectados pelos vidros dos arranha-céus gigantes que se faziam impor na grande cidade, enquanto o Sol se escondia prematuramente por detrás dos mesmos. As grandes sombras eram projectadas lá em baixo e, se não fosse pelas luzes vivas dos cartazes, as ruas tornar-se-iam mais escuras e perigosas para os que as percorriam vezes sem conta.

Dois vultos calcavam o cimento escuro de um desses edifícios, agora cobertos pelo negro da noite. Caminhavam com a agilidade comum de um mero mortal, mas cada passo que davam era ponderado e reflectido tão profundamente, e tão inconscientemente, como se o seu poder não fosse algo físico, mas sim, algo quase divino. O mais alto e encorpado fazia-se cobrir por uma túnica com um capuz e olhava o chão à sua frente. O vulto mais baixo e magro envergava uma túnica sem capuz. Os seus longos cabelos negros contrastavam com a palidez alva da sua face e com o rubro dos seus lábios. Os seus músculos contraiam-se ligeiramente, dando-lhe um ar desconfiado mas ao mesmo tempo leviano.

- Acreditas no destino, Bellatrix? – perguntou o mais alto com uma voz sedutora.

- Não. O destino é para os débeis. Acredito que eu sou o que quero ser. – comentou – E tu?

- Apenas na rotina. – disse, enquanto encaravam o frenesim nocturno da cidade – O destino não é mais do que isso. Um acumular de funções que, sem saberes muito bem como, és obrigado a repetir num período de tempo.

- Vais me dizer que fazemos parte dessa rotina, Lucius…

- Tudo é rotineiro, Bellatrix. – afirmou enquanto lhe olhava nos olhos pretos - Tudo.

- Não eu… Eu nunca.

- És obrigada a procurar alimentar-te de outros para subsistir. Procuras o seu sangue duas ou três vezes por semana…

- Isso é apenas algo que eu escolhi fazer. Não foi algo que me tivesse sido entregue nas mãos de cabeça livre. Digo-te mais…

Bellatrix subiu o muro que separava aquele espaço da rua tumultuosa. Inspirou selvaticamente soltando um riso prazeroso e louco.

- … é algo pelo qual eu era capaz de pagar.

Transpôs o muro e deixou-se ir ao sabor do vento.

- Mas tu pagaste, Bellatrix.

Pousou os pés levemente no chão do beco que estabelecia ligação directa com a rua. Largou o capuz num dos contentores ali colocados propositadamente e saiu do beco, cruzando a populaça inútil que seguia com a sua vida de sempre.

O cabelo negro tombava-lhe pelas costas e movia-se com uma fluidez pouco usual. O vestido roxo, que agora trazia, adelgaçava-lhe as curvas e tornava-a, de certa forma, mais poderosa. Os saltos pretos sulcavam o passeio de forma volátil, enquanto Bellatrix, de face erguida para os homens que não resistiam a aprecia-la, continuava o seu caminho.

Sabia muito bem para onde se dirigia. Conhecia já o caminho como se este não lhe ocultasse segredos nenhuns. A cerca de quinhentos metros da Times Square, numa das muitas ruas lotadas, erguia-se o bar onde Bellatrix costumava caçar.

Atreveu-se a aproximar do faustoso bar e a entrar pela larga porta de madeira. Pouco mais de vinte pessoas se encontravam no bar. Bellatrix sabia-o bem. Aliás, Bellatrix já esperava que assim fosse. Após as dez da noite o bar enchia, mas antes disso, apenas algumas pessoas paravam ali.

Mesmo à entrada da porta sentava-se um grupo de jovens estudantes, todos, à excepção de um, acompanhados pelas suas namoradas. O rapaz, tímido por sinal, levantou a cabeça quando Bellatrix passou. De facto, todos levantaram-se para apreciar a mulher. Dois jovensao balcão fumavam e soltavam longas nuvens de fumo enquanto conversavam sobre assuntos banais. Um pequeno grupo de três mulheres também se fazia notar ruidosamente. Tudo o resto eram homens que, acabando a hora de trabalhar, se dirigiam ao bar para uma bebida antes de chegarem a casa, ou até mesmo a velha rica que, cansada de andar às compras, tentava os bares e pubs em busca de um homem. Mas Bellatrix não. O seu objectivo era outro. Mais profundo e mais insaciável, mais perigoso, até. Encaminhou-se para o balcão, ignorando aqueles, que de entre os homens, a observavam com um ar carnal e perverso.

- O que deseja, madame? – perguntou o jovial bar tender que habitualmente a servia.

- Um whisky, puro-malte…

- … com duas pedras de gelo. – completou o jovem.

- Correcto. – anuiu, sorrindo ligeiramente.

O empregado virou costas e Bellatrix deixou cair os olhos enquanto apreciava as curvaturas do rapaz.

Um outro homem entrou no bar. Bella, no entanto, recusou-se a dar importância ao facto. Apenas ouvia os passos fortes e ligeiros do cliente, enquanto este tomava um lugar a alguns bancos do seu. Curiosa com aqueles passos místicos lançou-lhe um rápido olhar. O jovem era alto e belo. Os seus olhos claros faziam sobressair a pele alva e as suas linhas de rosto e a barba por fazer. Trazia um chapéu de abas aos quadrados na cabeça e uns óculos pretos que lhe assentavam bem no cimo da cana do nariz. A camisa branca estava por fora das calças e o colete preto estava desabotoado. Pediu uma cerveja à outra bar tender que atendia no estabelecimento e sorriu quando esta lhe deu mais conversa. A jovem, loira, debruçou-se sobre o balcão, realçando as formas voluptuosas do seu peito, assente sob uma camisa branca desabotoada cerca de um terço. Após servir o rapaz, a jovem debruçou-se ainda mais sobre o balcão, atirou o cabelo loiro para traz de forma promíscua e escrevinhou algo num guardanapo branco. Voltou-se e continuou a sua vida. O jovem, sorriu, amachucou o papel e atirou-o ao chão enquanto ela se encontrava de costas.

- Parece-me que acabaram de se fazer a si... – constatou Bellatrix, do seu lugar – e, parece-me também, que não está minimamente interessado – sublinhou, mirando o papel que se encontrava no chão.

O jovem olhou-a por uns momentos. Abriu a boca ligeiramente, e fechou-a passado alguns segundos. Bellatrix acendeu um cigarro suavemente e travou, fixando o seu olhar em frente. O rapaz dirigiu-se a ela e sentou-se ao seu lado.

- Não estou disponível. – disse, sorrindo.

- Sério? Interessante.

- Sirius Black – estendeu a mão e continuou a fitar a face de Bellatrix.

- Bellatrix – disse, aceitando a sua mão.

Os dois continuaram a olhar um para o outro, até Bellatrix virar-se de novo para o balcão e bebericar o seu whisky.

- Então, dia difícil no emprego. – constatou Sirius, apontando para o copo da bebida.

- Podemos dizer que sim.

- E o que é que a Bellatrix faz?

Sorriu, baixando a cara. Voltou a levantar a cara e soltou uma gargalhada divertida, voltando, em seguida, a fixar-se na cara do jovem.

- Bem… Sirius, para alguém que não está disponível disfarça muito bem.

Sirius olhou-a espantado.

- Mas porquê? Está à procura de alguém?

- Pode-se dizer que sim.

- Nesse caso, não a posso ajudar – disse, bebendo a sua bebida de um gole e dirigindo-se à porta – foi um prazer… Bellatrix.

"Na verdade, meu caro, foi muito mais do que isso." Pensou Bellatrix, com alguma perversidade na mente. Voltou à sua bebida e virou a cara para contemplar o ambiente, fixando-se no jovem solteiro que momentos antes tinha olhado para ela. Levantou-se e dirigiu-se ao rapaz indefeso, como um predador que não deixa nunca escapar a sua presa.


Tenciono postar a cada semana ao sábado. Os primeiros três capítulos estão prontos, mas vai depender da minha disponibilidade ma altura.

REVIEWS ^^