Um Conto de Muitos Anos Atrás – Capítulo 1

Disclaimer 1: Os personagens que você reconhece não são meus. São da JKR. Os personagens que você não reconhece são da Star of the North.

Disclaimer 2: Nem a história é minha. É da Star of the North. Só estou traduzindo. Uma pessoa muito maravilhosa, que eu fiquei feliz de conhecer.

A.N.: O inglês que esta autora utiliza na história está em um nível bem avançado. Além de ser uma história maravilhosa, é um desafio que eu estou querendo superar. Espero não fracassar com esta tradução e que vocês gostem desta história tanto quanto eu.

Divirtam-se:)


Prólogo

"Na longa história do Mundo Mágico, que se estende desde o Início dos Tempos, existem dois bruxos e duas bruxas que para sempre serão renomados e celebrados em todo o mundo em todas as comunidades mágicas.

"Estes quatro são aqueles, que, contra todas as desigualdades e contra todos os bruxos mais poderosos de seu tempo, empenharam-se pela superioridade e a educação das crianças nas belas-artes da magia.

"Seus nomes estarão gravados por toda a eternidade nas páginas da história:

"Rowena Ravenclaw, de Glen,

"Helga Hufflepuff, de Caerwyn Valley,

"Godric Gryffindor, de Wild Moor,

"Salazar Slytherin, de Fen.

"Fundadores de Hogwarts, Escola de Magia e Bruxaria."

---Hogwarts, uma História; Autor Desconhecido.

Rowena limpou as mãos sujas no avental. Sua mãe viria procurá-la logo, por isso ela tinha que aproveitar ao máximo o pouco tempo livre que ela conseguia dispor.

Ela estava em pé, em cima de uma pedra em um riacho raso. O chão estava coberto por uma fina camada da neve do inverno que havia acabado de chegar, mas perto da borda da pedra, a lama da chuva do dia anterior estava profunda e pegajosa.

A garota de quinze anos levantou sua saia acima dos tornozelos, mordeu seu lábio inferior por um instante, ponderando se era realmente a coisa mais sábia a se fazer, então, respirou fundo e entrou no riacho congelado.

Tomara que você esteja lá, Helga, ou eu arrancarei sua cabeça por isso. Ela pensou.

Helga Hufflepuff morava em Caerwyn Valley, a algumas poucas milhas de distância da casa de Rowena na estreita ravina comumente referida como o Glen.

O Glen era muito longo e muito estreito, com uma vegetação bastante densa. Onde não estava cheio de árvores, havia uma coleção de prados verdejantes cortados por riachos pequenos e cristalinos. Ele se abria em Caerwyn Valley.

Caerwyn Valley era muito plano e tinha algumas poucas árvores. A maior parte de seus prados eram cultivados e transformados em campos férteis.

Helga vivia na aldeia de Culhwch. Tinha três irmãs mais velhas, dois irmãos mais velhos e um irmão caçula. Ela tinha uma natureza generosa e era bondosa com todos – pessoas e animais. Tinha longas madeixas douradas e olhos de um azul tão escuro que às vezes pareciam negros. Estava sempre alegre e despreocupada. Com freqüência Rowena se perguntava como uma pessoa podia ser tão feliz.

Principalmente alguém como Helga, que precisava esconder coisas de sua própria família. Ser descoberta significava apenas uma coisa: morte.

Quando ela era mais nova, Rowena tinha ciúmes da aparência de Helga. A outra garota era dois anos mais nova que ela, e ainda assim sempre parecia mais madura e bonita do que ela jamais poderia ser, ou assim pensava ela.

Agora, entretanto, ela chegou à conclusão que nem mesmo mágica poderia mudar seus cachos avermelhados e seus olhos cor de avelã.

Rowena tropeçou na raiz de uma árvore ao tentar sair do riacho, murmurando algumas pragas que ela aprendeu com comerciantes ambulantes que passavam por Culhwch. Sua mãe lavaria sua boca com sabão se ela ouvisse sua única filha falando desta maneira.

Como fui concordar em fazer isso? Ela pensou, com amargura, enquanto se curvava para ver se havia feito algum estrago. Satisfeita, ela olhou ao redor com cuidado, para ter certeza que não havia ninguém à vista, e tirou de dentro da manga larga de seu vestido uma vareta longa e fina feita de azevinho. Ela sussurrou algumas palavras bem escolhidas e seus sapatos molhados secaram instantaneamente.

Naturalmente, Rowena Ravenclaw era uma bruxa. Ela vinha de uma longa linhagem de bruxas e bruxos. Esta era a razão de morar em um lugar tão isolado. Ninguém vivia no Glen – apenas alguns pastores de ovelhas e cabras e os Ravenclaws. Naqueles tempos, pertencer ao mundo mágico significava morte, o que também explicava por que Helga Hufflepuff tinha que manter segredo sobre seus talentos especiais.

A mãe de Rowena descobriu sobre a mágica de Helga em uma de suas poucas visitas à aldeia e imediatamente a colocou sob sua proteção. Sob o pretexto de desejar uma amiga para a filha, com freqüência ela convidava Helga para o ir ao Glen e, juntas, as duas garotas estudavam magia.

Com um suspiro, Rowena guardou novamente a varinha na manga de seu vestido e arrastou-se pelo chão enlameado. Mais cedo durante a manhã, a coruja de Helga, Afanen, surgiu com um bilhete pedindo para ela ir o mais depressa que pudesse ao local de encontro usual. Rowena sabia que era inútil tentar lembrar a amiga que caminhar até o vale no inverno não era uma boa experiência. Ela iria apenas encolher os ombros, em um gesto de indiferença.

O local de encontro "usual" era um grande carvalho logo na saída do Glen. No verão elas subiam até os galhos mais altos e faziam competições para atirar bolotas (e a desgraça se abateria sobre Rowena, se sua mãe algum dia descobrisse). Freqüentemente as duas eram repreendidas por transeuntes que por acidente eram atingidos por estas bolotas.

Entretanto, no inverno, era uma árvore muito melancólica, ficava pingando água sobre elas. E foi exatamente isso que ela fez em cima de Rowena naquele exato instante. Ela soltou uma longa série de maldições.

"Francamente, Raven! O que sua mão diria?" uma voz clara, tentando reprimir o riso, sem sucesso, perguntou.

Rowena se virou para responder Helga. "Minha mãe não vai saber disso, ou vai, Helga?"

A garota alegre de treze anos sorriu. "Claro que não, minha querida! Isso tiraria toda a graça de caçoar de você e jogar na sua cara por toda a eternidade."

"Você é má, Helga Hufflepuff." Rowena disse com amargura. "O que é tão importante para você me fazer vir até aqui do Glen logo após a primeira nevasca? E te aviso, é bom que seja um bom motivo, ou irei te enfeitiçar até Hades antes que possa dizer outra palavra."

"Ah, é muito bom, Raven! Eu juro!" Helga disse com entusiasmo. "Há Pessoas na aldeia!"

Qualquer que fosse a reação de Rowena que Helga esperava, com certeza não era isso. A garota mais velha ficou encarando a amiga, com sobrancelhas levantadas. "E? Sempre existem pessoas na aldeia, Helga – este é o significado de aldeia. Um lugar onde as pessoas vivem."

Helga sacudiu a cabeça. "Não aldeões, Raven! Não se faça de surda! Pessoas de verdade! Pessoas que vêem de longe. Aventureiros. Dois deles!"

"É isso? Foi por causa disso que eu me desloquei cinco milhas neste tempo horrível? Por causa disso eu tive minhas anáguas e saia molhadas? Por causa disso me arrisquei a ter um mês de confinamento em minha casa? Por viajantes?"

"Err... sim? Mas, Raven! Você tem que vir e vê-los! Eles são tão finos! Eles carregam espadas! E suas roupas! Tenho certeza que nunca viu nada mais fino! Bordados de ouro e esmeraldas e rubis e trabalhos artísticos e delicados em prata e veludo e seda e anéis e medalhões e –"

Rowena levantou a mão e Helga fechou a boca. "Chega! Tudo bem, Helga! Irei com você! Mas esta é a ultima vez! Entendeu?"

"Sim, Raven." Respondeu Helga, com acanhamento.

"E me promete que serás boa e nunca me incomodarás novamente com essas ninharias?"

"Sim, Raven."

"E nunca, jamais me chamar novamente logo após a primeira nevasca apenas por causa de viajantes?"

"Sim, Raven."

"Você jura?"

"Sim, Raven."

"Muito bem. Vamos."

Feliz, Helga a guiou até a aldeia.


Helga sabia que Rowena odiava ficar na aldeia por longo tempo, mas ela havia decidido que este era um evento que não podia ser perdido. Viajantes de lugares distantes nunca iam a Culhwch. A aldeia era muito pequena e muito insignificante para pessoas de lugares estranhos visitarem-na.

E aqueles dois que chegaram no dia anterior... Helga estava certa quando disse a Rowena que ela nunca viu nada tão fino em sua vida.

Ambos mal pareciam ter chegado aos vinte anos. Ambos estavam acostumados a melhores acomodações que aquelas oferecidas na única hosperaria de Culhwch, The Bear Spear, mas fizeram o melhor que podiam com o que tinham.

O mais velho dos dois era alto e magro. Ele estava muito pálido e suas pálpebras estavam um pouco caídas, demonstrando exaustão. Os dois explicaram que isso era conseqüência de uma doença grave que o acometeu.

Ele tinha os cabelos pretos, longos e brilhantes, presos em um rabo de cavalo e olhos da mesma cor.

Basicamente, suas vestimentas eram verdes: um manto verde-escuro, uma túnica verde-mar, coberta por uma veste de veludo de um verde sombrio, um sobretudo verde claro e calças de um verde-esmeralda dentro de um par de botas de um curioso tom de verde-escuro, feitas do couro de alguma espécie estranha de animal.

Onde ele não tinha verde, tinha prata. Seu manto era ornado por fios de prata e preso por um broche de prata na forma de uma serpente. Sua túnica era presa por um cinto feito do mesmo material de suas botas e o fecho era formado por uma cabeça de serpente, também de prata. Dentro da túnica, ele guardava um colar de prata. Helga não tinha certeza, mas pensou que deveria ter um medalhão com forma de serpente.

Ele chegou a Culhwch montado em um grande cavalo cor de avelã e tinha, enrolada em seu braço, uma pequena serpente de estimação.

Seu companheiro era mais alto que ele, e mesmo tendo os ombros mais largos, conseguia parecer ser mais magro. Ele tinha uma cabeleira preta e sombra de barba no rosto. Seus olhos ardentes eram de um azul brilhante e tinha uma nefasta tendência a olhar as pessoas direto dentro dos olhos enquanto falava com elas – um hábito que desconcertava a muitos.

Enquanto seu amigo estava vestido em verde e prata, ele estava vestido em vermelho e ouro: sua túnica, longa, era vermelha, com brocados em ouro, em sua cintura tinha um cinto feito do mesmo couro que o cinto de seu amigo, a diferença era a cor, um laranja escuro, e o fecho tinha forma de um leão rugindo. Sua camisa era de um rosa pálido com punhos em ouro. As calças eram de um vermelho bem escuro e as botas feitas do mesmo couro laranja escuro. No cinto, estava pendurada uma poderosa espada prateada, a punho coberto de rubis enormes e brilhantes, a bainha era feita do mesmo couro laranja-escuro e tinha decorações feitas em ouro. Ele estava coberto por um manto de um escarlate bem escuro, preso na garganta por um grande broche, com a forma de um leão.

Seu cavalo era um enorme garanhão, cujos arreios eram feitos de veludo vermelho e a sela marchetada em ouro.

Helga nunca havia visto pessoas iguais a essas e queria dividir toda aquela emoção com sua melhor amiga.

"Aí esta você, Helga!" Chamou Alis. Alis era uma das amigas de Helga na aldeia e a que menos guardava ressentimentos em relação a Rowena. "Oh. Olá para você também, Rowena."

As garotas da aldeia não gostavam de Rowena. As roupas da garota estavam sempre gastas e os cabelos despenteados. Além do mais, ela praguejava muito e bebia cidra e cerveja como se fosse um homem. Uma vez ela socou uma garota chamada Gwyneth após esta garota chamá-la de vadia.

"Olá Alis. Você esteve me procurando?" respondeu Helga, tentando evitar a briga iminente, caso Rowena percebesse o tom de desdém na voz de Alis, coisa que certamente ela perceberia.

"Sim – todas nós estávamos. Eirian acabou de ir para a sua casa – você não a viu?"

"Não. Raven e eu acabamos de chegar de fora da aldeia."

"Ah, acho que isso explica tudo. Um momento – deixe-me chamar as outras. Hefina! Llwella! Mairwen! Gwyneth! Helga está aqui – e Rowena."

Jogando olhares sombrios na direção de Rowena, as quatro garotas chegaram lá em poucos segundos, logo se reunindo a elas Eirian – um pouco ofegante.

"Bem? O que vocês querem?" disse Rowena. Helga recuou um pouco ao ouvir o tom impaciente na voz da amiga. Rowena tinha mais tolerância às garotas da aldeia que elas tinham à ela.

"Não é nada com você, Ravencorvo." Gwyneth disse de forma maliciosa.

"É Ravenclaw, sua –" Rowena espumou.

"Gwyneth, por favor?" Helga implorou, sabendo que Rowena odiava quando faziam trocadilhos com o seu nome.

Resmungando, Gwyneth se moderou. Alis falou. "As Pessoas saíram de seus quartos não faz nem uma hora – nós achamos que você devia saber! Eles são tão adoráveis!" Ela falou arrebatadamente.

Pelo canto dos olhos, Helga pode ver Rowena virando os olhos. Talvez trazê-la até aqui não tenha sido uma boa idéia, afinal de contas, ela pensou.

"Vamos!" disse Alis excitada. "Vamos lá dar uma olhada! Nós só estávamos esperando por você!"

Com Alis liderando o grupo e Rowena na retaguarda, as oito garotas entraram em The Bear Spear.

Não era fora do comum encontrar meninas de doze anos na hospedaria da aldeia. O lugar era a única fonte de entretenimento na região e todos os cidadãos de Culhwch com freqüência iam até lá a procura de companhia.

As garotas escolheram uma mesa em um canto, onde podiam observar os dois viajantes almoçando na direção oposta.

Não demorou muito, entretanto, para os problemas começarem. As portas da hospedaria se abriram, e duas figuras entraram. Não havia dúvida de para onde eles estavam se dirigindo. Seus olhos estavam fixos nos viajantes, com exceção de um olhar furtivo jogado em direção a Helga.

A garota empalideceu e agarrou o braço de sua melhor amiga. Rowena também estava observando as duas figuras, que inflexivelmente se aproximavam dos dois homens. Ela, também, não tinha dúvidas das intenções deles.

Gunhild e Sigmund Hufflepuff queriam um marido para sua filha mais nova.


Godric Gryffindor balançou sua faca preguiçosamente e olhou para os restos de seu almoço. Ele e Salazar, seu melhor amigo, haviam feito uma longa viagem até agora e um longo caminho ainda os aguardava.

Seus olhos azuis se fixaram em Salazar, que ainda estava comendo. Era um bom sinal, que ele estivesse comendo. Sua doença o desgastou muito e sua recuperação estava sendo lenta demais para o gosto de Godric.

Salazar era três anos mais velho que ele, mas às vezes Godric sentia que era o contrário. Ele se via freqüentemente cuidando de Salazar e fazendo com que ele cuidasse um pouco de si mesmo.

Ele olhou ao seu redor e localizou o par vindo em direção a eles. "Nós temos companhia, Salazar" Ele sussurou, mal mexendo os lábios ao fazer isso.

Salazar baixou sua faca e limpou suas mãos cuidadosamente em um guardanapo que ele tirou do nada. "O que será que eles querem conosco?" disse ele, de uma forma brusca, sabendo muito bem que seja lá o que for que o casal quisesse, não seria bom para eles.

"Das duas uma." Godric respondeu, também de uma forma brusca. "Ou casamento com a filha deles ou tomar o filho deles como escudeiro."

"Casamento." Salazar disse imediatamente. "Eu vi a mulher olhando para aquele grupo de garotas sorridentes naquela mesa."

"Pelas barbas de Merlin! Exatamente o que não precisávamos nesta viagem."

"Silêncio, Godric. Qualquer um poderia ter te escutado."

"Desculpe, mamãe."

Salazar fez um som de aviso no fundo da garganta. Godric deu um sorriso para ele, mas então se virou para o casal com uma expressão de educação.

"Boa tarde, nobres senhores." O homem cumprimento e fez uma reverência. Sua esposa também de reverenciou.

"Boa tarde." Salazar, sendo o mais velho, cumprimentou, seguido por um pequeno aceno com a cabeça feito por Godric. "Como meu amigo e eu podemos ajudá-los?"

"Meu nome é Sigmund Hefflepuff, e esta é minha esposa, Gunhild. Temos uma pergunta a fazer para os dois nobres cavalheiros."

"Muito bem. Ouviremos seu pedido. Sou Salazar Slytherin, e este é meu amigo e companheiro, Godric Gryffindor."

"Nobres senhores, nossa filha mais nova está em idade de casamento, mas devido a certos infortúnios não conseguimos encontrar para ela um marido apropriado." Disse Sigmund. "Ela é uma garota bem educada, e sabe costurar, fazer belos bordados, tosquiar lã, tecer, ordenhar vacas, apurar couro, fazer queijo e manteiga, cuidar de animais, cuidar da casa –"

O discurso foi cortado quando Salazar levantou a mão. "Com todo o respeito, Mestre Hufflepuff, meu companheiro e eu não estamos aqui à procura de uma esposa."

"O senhor já está comprometido a uma dama, Lorde Slytherin?" Gunhild perguntou diretamente. Godric pôde perceber que esta mulher estava acostumada a ter tudo o que quisesse.

Salazar, com razão, ficou sem palavras. "Não, Madame Hufflepuff. Não estou comprometido a nenhuma garota, mas –"

"Então, que mal faria ter Helga como sua esposa?"

Godric agradeceu a Merlin o fato de as atenções na mulher não estarem voltadas para ele. Ela estava encurralando Salazar sem piedade.

"Apenas venham vê-la, meus senhores." Implorou Sigmund. "Posso trazê-la aqui em um minuto!"

Salazar olhou para Godric com desespero e fez com a boca "Faça alguma coisa!"

Ele suspirou e se curvou em direção ao casal Hufflepuff. "Muito bem," Ele disse, notando com pesar que as atenções de madame estavam sendo voltadas para ele agora. "Tragam-na aqui. Nós daremos uma olhada. Mas fique ciente, madame, que não prometemos nada. Nós estamos no meio de uma longa e perigosa jornada e não podemos garantir o nosso retorno."

"Helga!" Gunhild levantou a voz. "Venha até aqui neste minuto!"

Godric observou o canto onde as garotas estavam sentadas. Haviam oito delas lá – todas entre as idades de doze e dezesseis anos. Ele viu um movimento relutante nas sombras ao redor da mesa. Alguém estava murmurando com urgência e um tanto de desespero na voz. Alguém respondeu de maneira brusca e foi cortada pelo mesmo murmúrio urgente. Finalmente algum tipo de decisão foi tomada, e duas das oito garotas levantaram-se e se aproximaram lentamente, uma delas agarrando o braço da outra, em uma óbvia demonstração de medo.

"Helga!" Gunhild sibilou. "Quando eu digo para vir aqui imediatamente, eu quero dizer imediatamente! E eu disse que você podia trazer uma amiga? Não me lembro de ter dito!"

A garota chamada Helga parecia a ponto de chorar com a repreensão da mãe, apertando com mais força ainda o braço da outra garota.

"Esta é nossa filha, nobres senhores. Seu nome é Helga e tem treze anos. Ela sabe costurar, fazer belos bordados –"

"Sim, sim, já sabemos." Salazar disse com impaciência, encobrindo o estrangulado 'Treze' de Godric.

Assim que ganhou novamente a compostura, Godric observou melhor as duas garotas em frente a eles.

A que se chamava Helga, a quem os pais desejavam casar, era muito bonita – isso ela podia dizer com certeza, mas toda a beleza que ela possuía estava agora escondida atrás do olhar de absoluto medo em seus olhos escuros. A maneira como sua mão apertava o braço da amiga era evidência o bastante do horror que ela tinha à idéia de casamento.

Por outro lado, sua amiga...

Helga fora criada como uma mulher do campo deveria ser. Suas roupas eram de um apuro impecável e estavam passadas e decoradas. Ela era tudo o que sua amiga não era.

As roupas da outra garota estavam bem gastas e davam a impressão de serem do tipo de segunda mão. Seus sapatos (apareciam debaixo da saia curta de seu vestido – coisa muito pouco feminina) foram feitos para durar, não para serem exibidos.

Na juba selvagem de cabelos avermelhados haviam gravetos e folhas. Havia uma marca de lama seca na sua bochecha.

Entretanto, foram os olhos que chamaram sua atenção. Eles estavam apertados e pareciam dizer a ele com toda a fibra de sua existência: Como se atreve a assustar minha amiga?

Ele não havia percebido que estava olhando fixamente para ela, até que a voz de Salazar o trouxe de volta à realidade.

"Agora que vocês fizeram a garota se mostrar para nós, mande-a embora antes que ela desmaie aqui."

Salazar nunca foi uma pessoa com muito tato quando estava aborrecido. Ambos ficaram observando o casal Hufflepuff dispensar a filha.

"Bem?" Gunhild demandou, quando a garota mal saíra do alcance da voz.

"Sua filha é realmente um bom partido, não tenha dúvidas, madame," Salazar disse calmamente, sua mão acariciando a cabeça da pequena serpente. "Mas como estávamos dizendo, não estamos aqui à procura de uma noiva, estamos apenas de passagem."

"Mas você vai considerar a proposta?" Ela pressionou.

"Sim, sim, nós vamos. Venha, Godric. Temos uma longa jormada à frente. Com certeza a veremos novamente, madame, senhor. Tenham ambos um bom dia."


Salazar estava grato pelo fato de Godric não começar seu discurso inflamado antes de eles chegarem na segurança seus aposentos. Já era ruim o bastante ele ouvir isso – e não podia nem imaginar a reação dos Hufflepuffs, se eles ouvissem a linguagem colorida seu companheiro.

"Treze? Treze! Quem eles pensam que somos? Papa-anjos! Eles são um par de criaturas dementes! Eles querem alguém com vinte anos casando com o bebê deles? Que espécie de pais fariam uma coisa dessas! Que espécie de –"

"Paz, Godric!" Ele suspirou. "Esta não é nossa sociedade. Quantas vezes eu devo lembrá-lo? Nós temos vidas muito mais longas e por isso podemos permitir que nossas filhas se casem com mais idade – eles não podem. E mesmo em nossa sociedade a maior parte das pessoas não têm as suas idéias progressivas."

"Sim, mas treze!"

"Quieto. Além do mais – eu vi o seu olhar. Você se interessou pela amiga dela, não?"

"A selvagem? Ela parecia um tanto deslocada – era por isso que eu a estava observando. Exatamente o oposto desta Helga. E além do mais – ela não deve ser mais velha que treze anos e ela não faz parte dos nossos – isso faz com que ela esteja fora dos limites."

"A mim parece que você está procurando por justificativas, meu amigo." Salazar sorriu, deleitando-se em caçoar de Godric.

"Me deixe em paz, Salazar. Daqui vamos nos mover mais para o oeste?" Godric perguntou apressadamente. Salazar poderia jurar que o viu enrubescer.

"Norte. Vamos para casa."

"O que! Mas e a missão?"

"Olhe pela janela."

Ele observou enquanto Godric se voltava para a janela. As venezianas estavam abertas e revelavam uma coruja amarelo-escura flutuando lá fora. Godric gemeu e caminhou até a janela para receber a mensagem amarrada na perna da coruja.

"Bem?" Salazar disse. "Eu estava errado? Ou eles não estão nos dando ordens para voltar?"

Godric fez uma careta e leu em voz alta: "Lordes Slytherin e Gryffindor,

"Por meio desta, vocês estão sendo convocados para comparecer ao Conselho dos Warlocks. Abandonem tudo – inclusive sua missão, e voltem.

"Esperamos sua chegada o mais tardar na véspera do Solstício de Inverno."

"Só isso?" Salazar estava surpreso. "Eles não nos deram a razão? Ninguém assinou a ordem? Nada?"

"Eu não disse isso." Godric disse de forma grosseira. Isso fez com que Salazar ficasse preocupado. Normalmente, Godric era uma pessoa alegre – de pavio curto – mas, de qualquer maneira, alegre. Godric continuou. "Está assinada por Lorde Ambrosius. Candidato ao cargo de líder do Conselho."

"Aquele que se diz ser descendente de Merlin?"

"Exatamente. O próprio. A fraude em forma de ser humano. Temos que voltar para o brejo, meu amigo."

Salazar suspirou. Ele sabia o quanto Godric detestava os pântanos e charcos que haviam em casa. "Não podemos fazer nada, Godric. Temos que nos submeter às vontades do Conselho."

"Com certeza."


A.N.: Ufa! Onze páginas! Acho que é a maior tradução que eu fiz até agora! E tudo com uma mão só! Um trabalho de mais de 8 horas que vocês vão ler em 10 minutos. )
Só faltam 8 dias para eu tirar o gesso! Eeeee!
Me digam o que vocês acham, cliquem no botãozinho roxo! Suas palavras me motivam a continuar e fazem com que o sofrimento com a minha mão seja suportável! ;)