Bittesweet Obsession
Twilight Minds


"Doce! Esse deveria ser o gosto de uma paixão. Doce e ao mesmo tempo ardente. Mas os obstáculos da vida fazem com que nos tornemos pessoas mais cautelosas, e muitas vezes mais protetoras com quem amamos. Proteção essa que pode se tornar uma obsessão. Até que ponto o amor pode ser nocivo para uma pessoa?
Seth, um vampiro secular marcado pelo sofrimento de uma perda dolorosa, se apaixona por Persephone Marshall, humana. Mas seus traumas e sua personalidade fazem com que ele se torne obsessivo e que seu mundo gire em torno dela. O que ele não imagina é que Elliot, seu inimigo a mais de um século aparecerá em seu caminho e fará de tudo para evitar que ele destrua mais uma vida de forma tão mesquinha."


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Festa no Dormitório Harkness

Dia 26/06 às 19:00

Traga a sua bebida!

Esses panfletos coloridos estavam espalhados por toda a universidade e não havia uma alma viva que não estivesse falando sobre isso há dias. Seria a última grande festa do verão e a despedida de alguns que já estavam se formando. Peguei um deles e o encarei pensativa. Em três anos que estudava em Yale nunca havia me permitido ir a uma festa dessas... O curso de medicina me ocupava todo o tempo. Quem sabe esse não era o momento de me permitir um pouco, afinal, as provas já tinham terminado e não havia mais preocupações imediatas. Talvez eu pudesse me dar uma noite de folga!

Quando contei isso para Jullie e Susan, minhas colegas de quarto, elas pareceram não levar muita fé que eu iria mesmo e não posso culpá-las por isso. Todas as vezes que me chamavam para alguma coisa, eu arranjava uma desculpa para ficar estudando no quarto, e dessa vez era EU quem as estava convidando para ir a essa festa.

Tem certeza que você está bem? – Susan ainda não havia se recuperado da surpresa.

Nunca estive melhor! – respondi sem pestanejar.

Ah... O.k.; então nós vamos! Não é, Susan? Jullie parecia estar mais preocupada era com a possibilidade de que eu pudesse mudar de idéia.

Sorri para as duas. Fazia tanto tempo desde a última festa a que eu tinha ido que não sabia mais o que esperar. Além do mais, nunca tinha comparecido a uma festa de faculdade. A última festa que me lembrava de ter ido havia sido meu baile de formatura do ensino médio. Eu sentia que iria me arrepender amargamente se não tivesse aproveitado um pouquinho que fosse essas festas e ir a uma delas não significava que eu estava relaxando.

Meus pais haviam me criado sempre com aquele senso de responsabilidade exacerbado, mas eu mesma reconhecia que exagerava às vezes. Claro que convencer as duas havia sido a parte mais fácil, mas eu não tinha um senso muito bom do que realmente era legal para se usar numa festa dessas... Quer dizer, eu nunca ia a lugares assim! Deveria usar uma roupa mais chique? Uma coisa mais despojada? Algo sensual? Fui para o quarto pensando nisso e abri o guarda-roupa; a visão que tive foi completamente desanimadora. Não havia nada que valesse a pena usar numa ocasião tão especial assim... Gente, eu estava finalmente me misturando! Isso merecia uma comemoração e usar as roupas que eu usava no dia a dia não me faria encarar isso com toda a grandeza que o momento poderia oferecer.

Voltei para a sala-comum onde elas estavam; eu possuía um olhar desolado e preocupado. Eu tinha mesmo que agradecer por ter as duas como amigas; elas apenas observaram minha feição e prontamente me ajudaram a me ajeitar. Jullie acabou me convencendo a usar um tomara que caia vermelho. Ele não era exatamente chique; tinha um ar esporte que parecia ser o ideal para usar numa festa dessas. Eu não posso dizer que estava confortável, ainda mais usando uma sandália preta de salto alto, aquilo devia ter uns 15 centímetros! Depois de pedir ajuda para as duas, eu comecei a me sentir uma bonequinha de luxo. Elas prenderam meus cabelos num rabo de cavalo, me fizeram colocar o vestido e a sandália – isso depois de fazer milhares (olha o exagero) de trocas – e depois veio a maquiagem. Quando me vi no espelho, eu não me reconhecia... Aquela definitivamente não era eu! Mas eu amei o resultado. Essa é uma das horas em que você realmente se sente bonita. Eu precisava começar a me arrumar um pouquinho mais...

Quando saímos do dormitório, todos os olhares passavam por nós três, já que as outras duas estavam tão ou mais deslumbrantes do que eu. Jullie com uma blusinha preta cheia de brilho e uma calça jeans super colada e Susie com um vestido bege. Era a primeira vez que eu não me sentia um patinho feio perto das duas. Eu admito que estava animadíssima. Sabia também que provavelmente eu me sentiria um peixe fora d'água quando chegássemos lá, mas se eu não fizesse essas coisas de vez em quando nunca iria me enturmar com ninguém. Talvez isso fosse um pouco tarde, já que depois das férias eu estaria começando o quarto ano de Medicina, mas nunca era realmente tarde para se mudar as coisas, ainda mais coisas assim!

Conforme nos aproximávamos a música ia ficando mais alta e dava para ver de longe que o lugar estava bem movimentado. As pessoas vinham de todas as direções do Campus; era uma festa aberta a todos e não só para alguns grupinhos. É... Eu realmente poderia gostar disso. Tudo bem que eu não estava nem um pouco acostumada com aquele barulho alto; no entanto, eu poderia suportar!

Entramos e não havia muito espaço para andar, já que muitas pessoas se acumulavam na entrada; a sala estava lotada e num instante já havia me perdido de Susie e Jullie, que conheciam praticamente todos que estavam lá. Acabei sozinha no meio de um monte de estranhos, olhando tudo. Comecei a andar em busca das meninas e encontrei por fim um jardim onde não havia muitas pessoas; o que era bom, já que estava começando a me sentir sufocada.

O lugar estava propenso aos casais e alguns já estavam se amassando sem o menor pudor em um ou outro banco debaixo das sombras das árvores que os ocultavam. Sentei-me num dos bancos que estavam vazios; a sandália estava começando a fazer meus pés doerem. Eu não estava realmente incomodada, afinal, tinha sido bom vir à festa. Sentada ali, descalça e massageando os pés, eu não esperava que alguém me notasse. Quando percebi, no entanto, havia um rapaz extremamente gato perto de mim, me olhando. Senti o rosto corar e se estivesse claro o suficiente provavelmente eu estaria da cor do vestido. Coloquei rapidamente a sandália nos pés e me recompus, olhando-o diretamente nos olhos. Não consegui decifrar a cor deles. Ele tinha uma beleza completamente incomum, a tez clara, parecia que nunca tomava sol; alguma coisa no olhar dele parecia mostrar que já havia passado por muitas coisas. Os cabelos curtos e alinhados davam a ele um ar mais jovem do que o olhar demonstrava. Suspirei. Não havia como não ficar deslumbrada com o ar hipnótico que a figura passava.