Harry ainda estava se questionando se deveria mesmo continuar com o Torneio Tribuxo, afinal, ele não se inscrevera não é? Mas esse pensamento logo foi apagado de sua mente quando se lembrou do aviso de Dumbledore, de que aqueles cujo nome fora colocado no Cálice de Fogo, e foram selecionados, deviam participar obrigatoriamente das provas até o fim, sob uma pena que nem mesmo Harry sabia qual era, e nem ousava perguntar. Seus pensamentos vagavam enquanto andava pelos jardins fora do castelo, acabara de sair de uma aula de feitiços do Professor Flitwick em que nem sequer pudera conjurar um feitiço de invocação de chamas sem fazer com que fagulhas mal cheirosas saíssem de sua varinha, sem o menor sinal de uma chama sequer, tal era sua preocupação com a segunda prova do torneio. Lembrou-se de como conseguira roubar o ovo do dragão enorme graças à dica que conseguira de Hagrid. -Dragões! Quem iria imaginar... - sussurrou Harry consigo mesmo, por um momento pensando no que teria feito se não soubesse que a tarefa iria incluir um dragão, talvez nem passaria pela sua cabeça usar sua Firebolt com o Feitiço Convocatório. Chegou próximo do lago da escola, onde havia uma lula gigante em algum lugar das profundas águas cristalina e olhou seu reflexo nas águas escuras, viu um garoto de 14 anos encará-lo de volta, um olhar preocupado, como olhos verdes cintilantes, duas esmeraldas, o rosto magro, sem marcas aparentes, tirando pela sua cicatriz em forma de raio, que aparecia delicadamente por entre os cabelos de sua franja, todos negros e revoltos, crescendo em camadas para todas as direções. SPLASH! Sua atenção foi totalmente tomada por uma coluna de água que apareceu próxima do navio dos alunos da Durmstang, a coluna logo desceu, e no seu lugar uma cabeça apareceu, e Harry logo a reconheceu, as sobrancelhas grossas, o nariz ligeiramente torto devido a tantas batidas, os olhos negros e profundos com a água do lago, os cabelos curtos, mesmo molhados, espetavam para todos os lados, a água corria pelo seu rosto, sua barba por fazer, o aluno competidor e campeão de sua escola, famoso apanhador da equipe búlgara, Vítor Krum. Harry tirou sua atenção do aluno estrangeiro e voltou a pensar sobre sua segunda tarefa, e mais ainda na pessoa que lhe dera a pista... Cedrico Diggory. O que Cedrico estava querendo ao dar a Harry uma dica tão sem pé nem cabeça? Ir ao banheiro dos monitores? Levar o ovo? Ajudar a pensar? Só podia estar brincando com o garoto, lhe fazendo de idiota, ou lhe pregar uma peça... Harry logo afastou essa ideia da cabeça, talvez pelo fato de Diggory ser extremamente educado e bondoso, não combinaria com ele uma peça tão maldosa, na verdade, nada negativo combinava com Cedrico, o garoto de 17 anos, o mais popular e belo de toda Hogwarts, quem sabe? Seus olhos cinzentos e brilhantes, pele clara e limpa, cabelos escuros e lisos, que mesmo desgrenhados, no estilo que Cedrico fazia, ficavam lindos, pensou Harry. Mas o que será que Cedrico queria dizer com sua mensagem? Harry tentou imaginar tanto que resolveu imaginar Cedrico descobrindo algo no banheiro dos monitores, mas a imaginação de Harry era maldosa, já que a primeira imagem vindo á cabeça do garoto foi de Diggory retirando a camisa esportiva amarela e preta da Lufa Lufa, revelando um corpo magro, ligeiramente delineado, mamilos rosados, contrastando com a pele clara, pouquíssimos pelos curtos e claros no peito e abaixo do umbigo, ele parecia completamente cansado após um dia de aulas exaustivas, bagunçou os cabelos com uma das mãos e desatou o cinto, desabotoando as calças e puxando o zíper para baixo, de modo que Harry sentiu um frio na espinha apenas de imaginar o barulho, e o viu dobrar o joelhos, fazendo a calça cair ao chão, puxada pelas mãos fortes do garoto, que as jogava para longe. Por um segundo, Harry sentiu uma pulsação forte abaixo da cintura ao ver, em sua mente, o garoto alto, com os cabelos rebeldes andando em direção a uma banheira apenas de cuecas boxer, então colocando ambos os polegares dentro da cueca pelos lados, pronto para fazer um um movimento para baixo, uma voz despertou Harry de seu estranho pensamento erótico. -Ola, Hárry Potter - falou Krum com seu acentuado sotaque, enquanto chegava mais próximo do garoto que estava sentado muito próximo do lago, seus tênis quase molhados pela água. Era extremamente estranha essa situação, era a primeira vez que Krum falava com Harry, antes apenas lhe lançava olhares carrancudos, que depois veio perceber que era apenas seu olhar normal. Na verdade, diferente de quase toda a escola, Harry não tinha toda aquela admiração por Krum, talvez porque também fosse um bom apanhador, ou porque Rony o prestigiava o suficiente pelos dois, ás vezes parecia que Rony queria devorar Krum, pelo jeito que encarava a figurinha do astro em seu quarto, de noite. De qualquer forma, Harry não podia negar que Krum tinha um estranho atrativo rústico, talvez fosse pelo corpo bem trabalhado, pelo rosto de mau, ou como ele mesmo chegou a pensar, um jeito de "macho" que ainda não havia visto em Hogwarts. -Ah, oi Krum - respondeu o garoto que não sabia se ficava feliz ou triste por ter sido interrompido em seus pensamentos. Harry ainda não tinha certeza do que sentia... Desde criança, nunca se sentiu atraído fisicamente por garotas, elas sempre lhe pareceram tão indiferentes, assim como o resto da escola, é claro, menos o garoto Marcos. O único a quem Harry já pode chamar de amigo, era um garoto de pele morena, cabelos revoltos como os dele, olhos escuros mas brilhantes e vívidos, foi seu amigo quando tinha oito anos, sempre ajudava Harry a fugir quando Duda e os amigos valentões queriam lhe perseguir, corria como ninguém, até que em um dia muita coisa mudou. Após a aula de educação física, os garotos estavam indo para o recreio, Marcos comprou a Harry um sanduíche, os Dursley nunca lhe davam dinheiro, e os dois foram comer no pátio da escola onde havia um pequeno parque para as crianças, com árvores e um grande barranco de barro, que dava para uma grossa floresta preservada, mas nenhuma criança tivera coragem de subir, ou melhor, nenhuma conseguira. Nesse dia, Duda estava decidido a bater em Harry e em Marcos com seus punhos gordos e grandes, correndo atrás deles como uma bola de carne, e os dois, encurralados, de alguma maneira que Harry nunca pode entender, subiram o morro, deixando um furioso Duda para trás, com seus amigos maldosos tentando subir o morro, sem sucesso. Os dois garotos ficaram lá em cima rindo das tentativas inúteis dos garotos de subirem, tentando cravar as unhas no barro que cedia e apenas deixava suas camisas bem passadas e arrumadas imundas, quando uma chuva torrencial, sem aviso nenhum, caiu sobre a escola, e viram Duda se afastar, com um sorriso maldoso, parecendo que juntara dois mais dois, se o barro estivesse molhado, não conseguiriam descer sem escorregar e se machucarem feio. A chuva castigava os garotos do alto do morro, quando Marcos resolveu que deviam se abrigar em um dos arbustos que tinha lá em cima, cheio de folhas e denso, nem a chuva nem o vento podiam alcançá-los, e esperariam a chuva passar, e Harry, que sempre fora uma criança miúda, agora tremia de frio, e a imagem dos tios com ódio ao ver como melara suas vestes com barro lhe fez tremer de medo, com os olhos marejando, quando de repente, sentiu um puxão em seu ombro e costas, era Marcos, que lhe puxara para perto, Harry quase deitado por cima do amigo, que estava sentado, sentindo o calor de seu corpo, ainda espantado com o movimento súbito, era extremamente confortável, pelo menos era o mais confortável na situação em que estava. -Não precisa ficar com medo, Harry, eu vou ficar aqui e te esquentar, ok? - disse Marcos, calmamente e com um sorriso no rosto sujo de barro ao estender os braços pelo corpo de Harry e lhe dar um abraço que esquentou o garoto ainda mais do que o calor que o fez corar. -V-você não precisa - indagou Harry, que ainda tremia de frio, mas tentando se desvencilhar dos braços do amigo, com vergonha de parecer tão frágil. -Precisa sim - respondeu Marcos com outro sorriso juvenil, agora puxando Harry mais para perto, sua bochecha quente encostando na de Harry, o peito dos dois, sentindo o coração um do outro, as pernas enroscadas sem querer, os braços de Harry o apoiavam no chão para não cair sobre seu amigo, enquanto que os de Marcos seguravam Harry para passar o máximo de calor. Ao tentar virar o rosto para retrucar que não era criança, seu lábios esbarraram nos de Marcos, que se surpreendeu por um instante, logo depois lançando outro sorriso de moleque, agora um pouco envergonhado, tocou novamente os lábios no de Harry, sentindo a troca de calor que acontecia entre seus rostos, Harry sentiu o calor molhado de uma língua, timidamente saindo da boca de Marcos, encostando na ponta da língua de Harry, que apenas a permitiu entrar, as mãos de Marcos agora atravessando as costas pequenas de Harry, sentindo seu corpo. Apenas Harry soube o resto que aconteceu naquele dia chuvoso, mas caloroso, ouviu muito da diretora no fim das aula, por ter as vestes sujas de barro, e algumas manchinhas brancas que ele nunca pode explicar, foi talvez seu dia mais feliz, no entanto, Marcos foi transferido no final do ano, logo quando estavam mais amigos do que nunca, pois seu pai arrumara um emprego em outro país... Ficara sozinho novamente, mas com uma dúvida, gostara mesmo de Marcos? Amava-o mais do que a um amigo? Isto lhe parecia muito errado, ainda mais quando pensava no que seu pai pensaria disso se fosse vivo, será que aceitaria? -Hárry - a voz de Krum mais uma vez o despertara de pensamentos distantes. - pensando ainda na terrceira prrova? - Krum tinha um sotaque estranho para os "r" que Harry achava engraçado. Ah, sim, eu estava aqui pensando sobre o que fazer com esse ovo... Acho que não é bom você tomar banho aí no lago, tem uma lula gigante, e também está muito frio, vai acabar pegando um resfriado. Ah, então você está prreocupado comigo? - disse Krum com um sorriso de canto de boca. Harry sentiu seu rosto todo corar tanto com a resposta inesperada quanto com o sorriso que tinha um traço de malícia e divertimento, algo que não combinava com a seriedade de Krum. -C-Claro que não! É só que... Harry não conseguiu terminar de falar pois o jovem búlgaro, que estava antes apenas agachado na borda do lago, agora se levantara, mostrando seu físico para Harry, que corou ainda mais. O corpo de Krum era ao mesmo tempo normal e estonteante, levemente corpulento mas muito bem definido, com rasos pelos no peitoral que desciam para a barriga e mais abaixo se escondiam em uma sunga justa preta com uma faixa vermelha no lado esquerdo, um volume descansava ali, as pernas torneadas e com pelos lisos e curtos seguiam aos pés grandes. -Posso sentarr? - perguntou Krum já se sentando ao lado de Harry, balançando com as mãos os cabelos curtos e negros. -Aham... -Já tem uma ideia do que poder ser o segrredo do ovo? -Seu inglês é horrível, sabia? - disse Harry, levantando uma sobrancelha ao ouvir o erro. -Sim, eu sei - respondeu Krum com o mesmo sorriso de canto de boca - E você saber que é muito mal educado? -Eu? Por que? - indignou-se o garoto. - Me disse parra sair da água mas ainda assim vou pegarr um rresfriado. Harry pareceu murmurar alguma coisa e tirou sua grossa capa preta do corpo e jogou por cima de Krum, que retribuiu com um sorriso animado para o garoto, agora com os olhos tentando não encontrar os de Krum, olhando para o outro lado, segurando os joelhos com as mãos. -Eu sabia que você erra um garroto gentil, parrece mais com seu porrte de garoto pequeno e magrro, com rrosto de criança. As pessoas costummam achar que eu serr bruto e rruim pelo meu tamanho e como eu ando. -Hum... -Você ajudou o outro garoto na prrova, não é? -Como você sabe? - Harry disse rapidamente virando os olhos surpresos para o garoto que agora fitava o céu. -O dirretor Karkaroff achou isso, disse que estavam trrabalhando juntos por Hog-arts, eu meio que sabia, você parrece legal. - comentou sem olhar para Harry. -Ah... Você também... Harry sentiu um calor e uma sensação estranha na mão, mas não precisou olhar para saber o que era; Krum pousara sua mão, na verdade seus dedos, sobre os do garoto, que num movimento reflexivo, puxou a mão de volta. -Confie no que o seu amigo dizerr. -Ahn? - deixou sair um som inaudível. -Eu já havia descoberrto o segredo, e estava passando quando ele lhe deu aquela dica, posso te dizer, confie nele. - e se levantou, deixando cair de suas costas a capa preta ligeiramente molhada. Harry o viu andar de volta para o lago, agora admirando os ombros largos de Viktor, com poucos pelos nas costas descendo para uma cintura reta que terminava na sunga preta, com dois volumes salientes. Harry ficou vermelho quando, do nada, Krum olhou para trás e o viu o analisando de cima a baixo, e com o mesmo sorriso de canto de boca falou baixinho - aprroveite o banho, Hárry.