Título: Canção.
Autora:Gih Kitsunesspblm
Shipper: Agouro/Firenze.
Classificação: Pg-13
Avisos: angst leve
Disclaimer: É da loira, você sabe bem disso.
Nota: Projeto 23 é o meu gigante presente pra Coy, são 23 fics/drabbles/art e tals.
Nota2: Musica "Sonhos roubados" de Maria Gadú.

Ele sabia que não podia controlar o outro, ele sabia disso tão plenamente quanto sabia amá-lo, mas não conseguia deixá-lo ir. Não era porque estivesse ainda bravo, ou porque sentia que podia magoá-lo, mas ele sabia que se o outro segusse seu próprio caminho, ele estaria só.

Eu não sei

onde eu deixei

ou se alguém veio roubar

aquele sonho que sonhei

já não sei onde andará

Prefiro nem dormir

me esquecer de sonhar

Cada vez que Firenze olhava para o céu e via ali um futuro diferente daquele que ele achava que deveria ser seguido, Agouro morria um pouco mais. Antes de tudo, eles tinham planos, sonhos seus, sonhos dele e eles deveriam seguir um único caminho.

eu quero

quero muito

quero agora

sem demora

o meu desejo

ninguém vai roubar

Não havia certezas do que Firenze queria, somente seu olhar vagando nas estrelas, procurando por um sinal, tentando provar que os outros centauros deviam segui-lo. Agouro entendia, mas não queria assentir. Ele queria Firenze só para si, queria provar que o amava, que só queria o bem.

Porque ele não queria que Firenze se machucasse com os homens desprezíveis, porque ele não queria que tudo o que construíram fosse danificado. Ele só queria uma paz eterna, o som da voz de Firenze, na canção deles.

Firenze observa as estrelas e observava Agouro. Ele via o amor, a raiva, a confusão, e mesmo o ódio. Ele sentia que era protegido, que era amado, mas ele queria mais do que se enterrar ali, muito mais.

Eu sou escravo de sonho

arca imensa armadilha

Ao meu caminho eu que faço

sou eu que traço essa trilha

A minha esperança eu invento

Sempre em movimento

Não tem parada pra mim

não tem nem lamento

é bom ficar ligada

a vida é tudo ou nada, e não tem talvez

vai pedalando a sua lucidez

vai nessa levada

e não vai ter uma outra vez

Ninguém vai me dizer

como devo me virar

Ele sabia que seu caminha não ia ser doce, que ele só poderia ajudar no mundo, se saísse da floresta e caminhasse pra além dela. Ele só esperava que Agouro percebesse que ele não estava deixando-o pra trás, mas que ele precisava fazer tudo o que estivesse ao seu alcance, porque era isso o que estava escrito nas estrelas para ele.

eu quero

quero muito

quero agora

sem demora

o meu desejo

ninguém vai roubar

Porque a escolha não era entre humanos e seu amor por Agouro, ou por seu povo, a escolha era entre o centauro que ele era e o centauro que Agouro sonhava. Ele não tinha como explicar, era um instinto dentro dele, o de fazer parte com mais do que sua comunidade, o desejo de ser um com toda a Terra, de ser um com todos seus irmãos.

Ele desejava que Agouro entendesse, por isso ele tinha se deitado com o outro aquela noite. Por isso ele tinha chorado em seus braços, por isso ele tinha amado-o e lhe dito tudo o que sentia.

Porque no dia seguinte ele tinha se levantado e sorrido, ele tinha corrido pela floresta e se libertado, tanto quanto uma canção se liberta da mente de um compositor, tanto quanto ele podia amar Agouro, tanto quanto o som da floresta enchia seus ouvidos.

Ele realmente esperava que tudo estivesse bem, quando ele voltasse, e não como menino, mas como adulto, reclamasse Agouro para sempre.