Disclaimer: Draco e Pansy não me pertencem, e não ganho nada os usando e fazendo o que quero com eles! até dramadramadramadrama.
N/A: eu tenho um pouco de vergonha em postar essa fic, porque, mesmo que tudo o que eu escrevo é insanamente íntimo, essa é especialmente clara e crua. gosto dela mesmo assim.
Do you want to go to the seaside?
I'm not trying to say that everybody wants to go
But I fell in love on the seaside
Seaside - The Kooks
seaside
Ela cheirava a sal e protetor solar. Salgada, muito mais salgada do que doce. Ela cheirava a praia, aquela combinação estranha de mar, sol e perfumes indefinidos. Mas nela faltava o sol, pois sua pele era branca, tão branca que poderia se passar uma folha de papel e perder-se entre a neve. Seus cabelos, eles não poderiam ganhar mais mechas loiras, não mais do que todos aqueles fios cor do sol. Os olhos dela eram águas escuras, nas quais eu jamais me permitira mergulhar. O cheiro salgado e seus olhos, eu quase posso ver o mar, suas ondas quebrando e quebrando. Talvez o mar à noite. Ela tinha tanto do mar, mas jamais o havia visto.
Em seu rosto, seus traços, ela me lembrava a água do mar. Sempre a mesma, constante, previsível, sempre as ondas, como você e você, sempre. Mas o mar, por dentro, tem seus segredos e revoltas, é diferente e irreverente, inconstante e não se tem muita certeza do que há dentro dele. Eu não sei o que há dentro dela, ela é o que eu vejo, mas não sinto.
Seu braço, jogado ao lado do meu, dedos enlaçados, o seu calor que me é estranho, mesmo com o sol contra os nossos rostos. Na brancura da sua face, só vejo os seus olhos. Seus cílios, negros de plástico, me hipnotizam em seu movimento. Eu não pude desviar meus olhos.
O vento brinca com os seus cabelos, trazendo-os mais perto de mim. O vento balança os seus brincos, gotas de metal vazado, um estranho reflexo do rio à pedra que foi jogada em sua superfície, que se encontram com um barulho peculiar e familiar, um barulho que me traz um sorriso idiota, porque me deixa alegre mesmo que eu não consiga lembrar onde o ouvi antes.
Ela sorri de volta, mesmo que o sorriso não seja para ela. O contentamento, a alegria que ela sempre entregou sem desejar de volta. Eu sabia que ela era o cúmulo do egoísmo, mas eu nunca o via. O egoísmo que Parkinson demonstrava nunca era comigo.
Orgulho, o veneno em minhas veias. E nas dela.
Ela suspira, então deita sua cabeça mais perto de mim, encaixando-a no meu ombro como uma peça de quebra-cabeças. Sua respiração é salgada contra o meu pescoço. "Draco."
"O quê?"
"O que você vê em mim?"
"Agora?"
"É."
"Os seus olhos."
Então ela os fecha, e os cílios balançam feito os de uma boneca.
"E o que você sente?"
"Nada."
Ela não abre os olhos para chorar. Ela não precisa. Lágrimas salgadas caem na grama verde de qualquer jeito.
"Eu espero. Sempre esperei. E ela jamais precisou te esperar."
"Eu sei. Sinto..."
"Você acabou de dizer que não sente nada."
"Eu sei."
"Por que não?"
"Porque se eu não sentir nada, nada vai me sentir."
"É mentira."
"É?"
"Eu te sinto. Não é por que você acha que não existe que os outros também achem que você não existe."
Eu ri, mesmo sabendo que era verdade e que eu não deveria rir. Então a beijei.
"Você não devia fazer isso."
"Por quê?"
"Quantos corações é possível se ter?"
"Apenas um."
"Então você só pode dar seu coração para uma pessoa. Você só pode amar uma pessoa. Então você só tem um coração que deu para ela, e você não me ama."
"Não."
"Não?"
"Eu dei meu coração para você. Eu não a amo."
"Se eu disser que te amo agora vai soar ridículo. É ridículo, e não vale a pena porque você vai me trocar por ela de qualquer jeito."
Os cílios escuros de uma boneca de plástico barato. O tilintar. O cheiro. O mar. O mar nos olhos dela, o mar dos olhos dela.
