Título: Masks Marked
Autora: Samantha Tiger Blackthorn
Beta: Yume Vy
Banda: the GazettE.
Casal: Aoi x Kai / Aoi + Uruha.
Classificação: NC-17
Gênero: Slash, Angust, Lemon, Romance, BDSM.
Tema musical: Every Day (Tema do Kai) e Take Me There (Tema do Aoi) – Rascal Flatts
Dedicatória: Para minha Amada Mestra Kaline, que me pediu com aquele jeitinho fofo e irresistível que ela tem de me chantagear... O que você me pede que eu não faço...
Resumo: "Isso não significa... Que você vai voltar àquele lugar! Você não pode!". Ao ouvir, sem querer, essas palavras, a curiosidade e a preocupação de Aoi se manifestaram. Naquele momento ele soube que um amigo precisava de ajuda, mas... Como ajudá-lo? E quais segredos... Poderá descobrir?
Disclaimer: Esses homens lindos e talentosos não me pertencem, o que é uma pena, então apenas tomo a liberdade e o atrevimento de me divertir com eles.
Avisos: Esta estória é Slash e contém Lemon: um romance entre dois homens e com sexo explícito. PORTANTO, SE NÃO GOSTA NÃO LEIA.
oOo
Masks Marked
You could've bowed out
gracefully
Você
poderia ter cedido à elegância
But
you didn't
Mas
você não fez
You
knew enough to know
Você
conhecia o suficiente para saber
To
leave well enough alone
Para
deixar sozinha o suficiente
But you wouldn't
Mas
você não iria
I
drive myself crazy
Eu
me portava como louco
Tryin'
to stay out of my own way
Tentando
ficar fora do meu próprio caminho
The
messes that I make
Os
erros que cometi
But
my secrets are so safe
Mas
meus segredos estão tão seguros
The
only one who gets me
A
única pessoa que fica comigo
Yeah,
you get me
Sim,
você fica comigo
It's
amazing to me
É incrível para mim
How every day
Como
todos os dias
Every
day, every day
A
cada dia, todos os dias
You
save my life
Você salva minha vida
oOo
Capítulo 01 – My Secrets
Aoi estendia o braço para abrir a porta encostada e estacou subitamente, a mão pousada na madeira, ao ouvir vozes dentro da sala. Era cedo ainda, mas já chegara para o ensaio. Ele não gostava de interromper as pessoas quando o assunto parecia importante, por isso pensava em dar meia volta quando a porta abriu uma fresta e uma pergunta o intrigou.
- Você... Terminou tudo...? – A voz familiar, mas ainda não identificada, soou pesarosa e gentil. – De novo? Mas... Por quê? Pensei que dessa vez estava tudo bem!
Demorou apenas um instante para ouvir a outra voz, essa identificada prontamente, respondendo num tom cansado... E então foi fácil reconhecer o interlocutor que falara até aquele momento.
- E estava tudo bem. Ele era bonito, alegre, inteligente... E me fazia rir com seu jeito brincalhão. – A risada de Kai soou forçada. – Apenas... Não era ele, entende?
- Por que não fala com ele? – Sugeriu suavemente.
- Não posso fazer isso, Myv! Não sei como ele vai reagir... E não é só por isso...
- Então... Será que você não podia tentar esquecer...?
- Como? Acha que já não tentei? Por mais que eu queira, não consigo esquecê-lo! Ele está presente todos os dias... É impossível não querê-lo se sempre o vejo à minha frente, tão lindo e desejável. – Kai parecia desanimado.
Aoi arregalou os olhos... – "Kai está apaixonado por... Um de nós??? Mas... Quem será?!" – O moreno escutava o desabafo e tentava ordenar os pensamentos.
- Eu fico na bateria, vendo ele ali, tocando, aqueles braços fortes... Todos os dias... Quase durante o ano todo... Nos ensaios... Nos shows... Além disso, ele já tem alguém... E está feliz!
"Braços fortes..." – Aoi refletia consigo mesmo qual deles seria o mais provável. – "Reita!!! Será que é o Reita...?" – Algo dentro de si o fez se sentir estranho. – "Claro que ele está feliz... Reita e Ruki se amam e... Entendo o Kai, não é à toa que está tão chateado..."
Aoi não imaginava que Kai pudesse estar se sentindo assim, uma vez que ele estava sempre alegre, de bom humor, bem disposto, sempre tinha um sorriso lindo na face, com aquelas covinhas adoráveis! É verdade que o baterista quase não falava de si, mas parecia estar muito bem, e mesmo quando os relacionamentos que tinha terminavam, era de maneira muito pacífica. Agora começava a notar que não era exatamente assim... Aquela tristeza, pungente e flagrante, fez com que uma sensação incômoda atingisse o coração do moreno, que sem perceber o que fazia se encostou à parede ouvindo a conversa.
- E você... Como você está? – Houve uma pausa significativa antes da resposta, o que afligiu o moreno.
- Estou daquele jeito que você sabe... – Ouviu um suspiro. – Eu sou um imenso e horrível vazio.
- Isso não significa... Que você vai voltar àquele lugar! – A voz de Miyavi estava carregada de indignação. – Você não pode!
- Eu preciso... Não consigo evitar...
- Mas da última vez você passou mal!!! – Miyavi soava preocupado. – Chegou a ficar com febre!
- Eu exagerei um pouquinho, mas... Mas tudo ficou bem depois. – E Kai se mostrava ansioso. – Eles acreditaram que eu estava com uma gripe forte e ficou tudo bem.
Aoi se lembrou da ocasião da qual eles falavam. Foi uma das poucas vezes que viu Kai adoentado... – "Mas se não era gripe, o que seria?" – Recordava-se do moreno ter ficado afastado quase uma semana. Foi um pouco depois da gravação de Nameless Liberty Six Gun's...
- Você teve foi sorte por eu não estar viajando e estar por perto para poder cuidar de você... – Miyavi estava indignado. – Quem iria fazer os curativos e te dar os remédios na hora certa se eu não estivesse aqui?
"Curativos?! Que curativos?" – Por um instante Aoi só ouviu o silêncio como resposta e esperou ansioso por uma explicação.
- Se você for... Vou contar para os rapazes. – Ouviu a ameaça de Miyavi e isso apenas o intrigou mais.
- Eu sei que você não faria isso, Myv... Você jamais trairia minha confiança... E eu sou imensamente agradecido por isso, por você ser meu amigo.
- Quando você vai? Logo vou viajar, tenho um show marcado... E se acontecer alguma coisa com você quando eu não estiver aqui?
- Não vai acontecer nada... Vou tomar cuidado, tá? – O som de passos foi ouvido nitidamente. – Vou ainda essa semana, talvez na quinta...
Aoi notou que os passos se tornavam cada vez mais audíveis, o que indicava que se aproximavam da porta. Caiu em si, percebendo que estava ouvindo uma conversa extremamente particular... E que ia ser pego se não se mexesse logo.
Tateou a parede, sentindo uma porta entreaberta logo ao lado e entrou por ela, fechando-a silenciosamente para então colar o ouvido nela, ficando atento até que as vozes desaparecessem. Soltou a respiração que nem notara que mantinha suspensa, fechando os olhos, ainda encostado à porta. Sentia-se envergonhado ouvindo a conversa dos outros, e ainda mais de um amigo... Isso era inadmissível!
Entreabriu a porta, espiando pela fresta, vendo que o corredor estava vazio. Saiu e entrou no primeiro banheiro que viu, lavando o rosto e molhando a nuca. Olhou-se no espelho, constrangido pela lembrança do que acabara de fazer... As palavras dos amigos ainda ecoavam em sua mente, e ele só tentava imaginar o que tinha acontecido com Kai que deixava Miyavi tão preocupado ao saber que ele voltaria lá...
"Mas... Lá onde...? Onde Kai teria ido e quer voltar... E que deixa o Myv tão apreensivo?"
- Eu vou descobrir... – Falou para seu reflexo, comprometendo-se consigo mesmo.
Saiu dali, indo até o andar do restaurante da PSC. Sentou-se em uma das mesas pedindo um café, recostando-se na cadeira quando o colocaram à sua frente, tomando-o distraidamente.
- Bom dia!
- Bom dia. – O moreno saiu dos seus devaneios e voltou seu olhar para quem tinha chegado, vendo Uruha sentando na cadeira ao lado, a face ainda mostrando sono, mas portando um pequeno sorriso nos lábios. – Tentando combater o mau-humor? – Sorriu ao amigo, sabendo que acordar cedo para ele era quase uma tragédia. – Chegou cedo hoje.
- Você fala como se o fato fosse uma aberração da natureza... – O loiro respondeu com seu humor ácido.
- Mas vindo de você é quase isso...
- Yuu!!! – Uruha respondeu indignado, mas riu logo em seguida. – Você sabe que eu detesto acordar cedo.
- Bom dia! – Kai chegou animado, sentando-se à mesa também, pedindo um chá.
- Olá! – Miyavi cumprimentou, parando ao lado e se apoiando no encosto da cadeira do amigo.
- Oi. – Os outros dois respondem em uníssono.
- Vocês chegaram cedo. – Kai sorriu, apoiando-se nos braços cruzados sobre a mesa. – Uruha... Estou impressionado! – Ele falou diretamente ao loiro, que lhe mostrou a língua, malcriado.
- Não é só você que se impressionou... – Aoi riu, ainda provocando o guitarrista mais novo, sem deixar de observar muito bem o líder que nem parecia o mesmo do desabafo, há meia hora.
Miyavi não se manifestou, apenas riu daquelas provocações de um com o outro, gostando do clima de intimidade e companheirismo que pairava entre eles. Era uma pena que isso não bastasse ao amigo e ele precisasse procurar outros subterfúgios...
O celular tocou em seu bolso e Miyavi se afastou alguns passos para atender. Falava com o chefe de produção de seu show, se voltando para a mesa ao som das risadas, sorrindo ao ver que Kai estava bem melhor, mas no fundo, ainda estava preocupado com o baterista. Aproximou-se novamente deles ao findar a ligação.
- Eu vou indo... Tenho algumas coisas para acertar antes de começar a turnê, a equipe está me esperando. – Bateu a mão de leve no ombro de Kai, se despedindo. – Qualquer coisa me liga, ok?
- Ok, não se preocupe... – Kai olhou para o rosto ansioso do amigo e colocou sua mão sobre a dele em seu ombro, assentindo.
Os três amigos o viram se afastar, os sentimentos dos três distintos entre si. Kai agradecido, Aoi preocupado e Uruha divertido. A conversa continuou animada ali na mesa por algum tempo, até o baterista olhar o relógio e notar que estavam em cima do horário do ensaio. Eles então se levantaram e o guitarrista moreno deixou alguns trocados pelo seu café e pelo chá dos amigos, mesmo sob o protesto dos dois. Desceram alguns andares para chegar à sala de ensaio destinada aos the GazettE, a encontrando ainda vazia.
Kai foi até a bateria, conferindo todos os instrumentos, pegando as baquetas, começando a aquecer. Aoi e Uruha ainda mantinham um diálogo leve, ambos abrindo os estojos dos seus instrumentos, ligando-os nos amplificadores para acertar a afinação, tocando escalas malucas, aquecendo enquanto os outros dois não chegavam para começarem o ensaio.
Uruha chegou perto do moreno, o empurrando com o ombro, rindo brincalhão, começando o solo de uma das músicas do repertório, como se estivesse a desafiá-lo. O moreno então o acompanhou, brincando... Jogando o corpo contra o dele, imitando o gesto feito pelo mais novo há poucos minutos. E foi a sua vez de iniciar uma melodia, para que o loiro o seguisse...
Kai sorriu ao vê-los, enquanto tocava a bateria, entrando na brincadeira, os olhos fascinados pousados no moreno à sua frente... Reparando em como seus dedos deslizavam pelas cordas e o corpo gingava de forma sensual, sendo seguido pelo loiro... E ele apenas permaneceu acompanhando os dois guitarristas.
Os três tocavam animados, apenas se distraindo, quando a porta se abriu e entraram os dois integrantes que faltavam, afobados. Eles continuaram, se divertindo enquanto Reita e Ruki se preparavam para começarem realmente, até o trecho que estavam tocando terminar, os instrumentos silenciando.
- Bom dia! – O bom humor de Kai e o seu sorriso eram contagiantes.
- Vocês estão atrasados... – Uruha não deixou de alfinetar, ainda mais por que geralmente era sempre ele o atrasado e Ruki não o perdoava. – Não vai dizer nada? Nem uma explicaçãozinha? – O loiro espicaçou um pouco mais.
O vocalista fez de conta que não ouviu. Reita olhou para ele, um sorrisinho discreto de satisfação nos lábios, afinando o baixo, sem dizer uma palavra... E Ruki continuou acertando o microfone, o rosto vermelho denunciando o quanto estava desconcertado.
- Foram só vinte minutos, Uruha... Não seja exagerado! – Aoi se manifestou, um sorriso malicioso se abrindo em seus lábios. – E pela cara do Reita e o tom vermelho do baixinho, os vinte minutos valeram muito a pena.
A risada de Kai ecoou pela sala, sendo acompanhada pelo riso baixo do baixista e do gesto obsceno que Ruki fez para os guitarristas.
- Se vocês terminaram as gracinhas, nós podemos começar... – Ruki falou sério, irritado com as provocações dos dois.
O ensaio foi exaustivo e extenso, parando apenas para o almoço por uma hora e deram por terminado o trabalho do dia só quando já era noite. Guardaram os instrumentos, se despedindo... Reita e Ruki saíram primeiro, juntos, logo sendo seguido por Kai que se despediu também com o rosto sério e o olhar distante, fazendo Aoi ficar pensativo, se lembrando do que ouviu horas antes, pela manhã.
- Hã...? – O moreno saiu dos devaneios com a voz de Uruha junto à sua orelha, sentindo os braços dele envolvendo sua cintura, encostando-se às suas costas.
- Perguntei se você vai até lá em casa hoje... – O loiro riu, intrigado com a distração de Aoi. – Onde você estava?
- Só pensando... – O moreno sorriu. – Eu vou sim, mas vou passar em casa antes.
- Ok, espero você lá. – Uruha saiu, acenando da porta, deixando Aoi sozinho e novamente pensativo, de costas para a porta. Estava tão imerso nos seus pensamentos que não notou Kai entrando e pegando a chave que esquecera ao lado da bateria.
oOo
A sala estava à meia luz, só o abajur na mesinha do canto ligado. Ao lado dele, no sofá, dois jovens se beijavam abraçados, os torsos nus, as camisetas jogadas pelo chão. Aoi se encontrava sentado e recostado, com o loiro em seu colo inclinado sobre si, as coxas deliciosas sob seus dedos ainda cobertas pelo tecido fino da bermuda confortável, uma de cada lado de seu corpo. As mãos do moreno deslizavam pelas coxas sexys, apertando o quadril, afagando a cintura, subindo um pouco mais e parando nas costas de Uruha, que mantinha os braços em volta de si. Até que os lábios se separaram, salpicando pequenos beijos pelo pescoço e ombro de um e de outro.
- Você está meio desligado... – Uruha descansou a cabeça no ombro de Aoi, os cabelos úmidos, os lábios inchados pelos beijos quase colados ao pescoço dele.
Aoi sorriu ao ouvir aquelas palavras na voz do loiro, fechando os olhos, a cabeça descansando no encosto do sofá, suspirando antes de falar.
- Desculpa, Uru... É que eu soube de algumas coisas que me deixaram intrigado e preocupado. Não consigo parar de pensar nisso.
- Está tudo bem, Aoi. – Afagou a nuca do moreno, carinhoso. – Quer conversar sobre isso? – Levantou a cabeça, fitando o rosto de olhos fechados, tirando a franja de sobre a face dele, fazendo com que o moreno olhasse para si.
- Não sei o que dizer. Pra falar a verdade, preciso fazer alguma coisa, mas ainda não sei o quê.
- Pode começar me dizendo o que aconteceu. – Uruha saiu do colo do moreno e se sentou ao seu lado, ficando de frente para ele.
- Eu não posso contar tudo, mas... – Sentiu as bochechas ficando quentes. – Descobri que um amigo meu está com problemas... Nem sei bem que problemas são esses, mas me sinto preocupado. – Aoi ajeitou o corpo no sofá, virando de frente para o loiro, o encarando.
- Ele não te disse?
- Ahn... Eu descobri... Por acaso... – Aoi falou desconcertado, baixando o olhar. – Mas algo me diz para tentar descobrir mais e fazer alguma coisa. – Olhou nos chocolates, desabafando, contando suas intenções, como se quisesse apoio para seus planos. – Estou pensando em segui-lo... E desvendar de uma vez o que está acontecendo. Talvez... Talvez assim eu saiba o que fazer para ajudar.
- Ele deve ser muito seu amigo... Isso não vai ser perigoso? – Uruha estava pensativo, raciocinando nos prós e contras desta situação. – Isso... Esse problema que o seu amigo está metido... Não é nada ilegal, é? – A voz do loiro saiu excitada pelo tom de mistério que envolvia o caso... – Nossa! Isso tá parecendo àquelas estórias de agente secreto... – Ia se empolgando cada vez mais, à medida que pensava no assunto. – Como aquele cara do cinema... O 007, James Bond...
- Uru! Isso é sério... Não surta! – Aoi se sentiu entre dois pólos distintos, não sabia se ficava bravo ou se ria do loiro. Afinal o tal amigo era mais próximo do que parecia... Estavam falando de Kai, mas Uruha não sabia disso e tentava apenas relaxar a tensão que o incomodava. – O que estou falando é de verdade, está acontecendo na vida real... – Falava suavemente, sabendo que o que ele disse não foi por mal. – Não deve ser nada ilegal, mas é sério mesmo assim e me preocupa bastante.
- Desculpa Yuu, eu não quis desmerecer o problema ou menosprezar a sua preocupação. – Uruha colocou a sua mão sobre a do moreno, demonstrando sinceridade. – Eu nem sei de quem estamos falando... É que eu nunca te vi assim, tão aflito. – Entrelaçou seus dedos com os dele, estreitando a sensação de apoio que desejava passar com esse gesto. – Mas eu sei que você vai saber o que fazer, e vai dar o melhor de si para ajudar quem quer que seja.
- Eu não estou sendo uma boa companhia, não é? – Aoi soltou da mão dele, começando a calçar a bota, procurando a camisa com o olhar. – Acho melhor eu ir embora, amanhã a gente se vê...
- De jeito nenhum. Você não vai ficar sozinho. – Uruha o segurou pelo braço, impedindo-o de se calçar. – Por que não fica aqui hoje?
- Kou... Eu já quebrei todo o clima... – Recostou-se de novo no sofá, um pequeno sorriso nos lábios. – Não quero incomodar ou entediar você.
- E quem tá preocupado com o clima? – O loiro pousou a mão no ombro do moreno. – Nós somos amigos há muito tempo. Podemos comer algo, conversar... E a cama é grande o suficiente para dois 'dormirem' nela, Yuu.
- Você é fantástico! – Aoi deslizou a mão pela franja loira, puxando de leve as pontas, numa doce carícia. – Está bem, se eu não vou te incomodar, eu fico.
- É claro que não vai incomodar! – Falou levemente indignado, levantando-se agitado e puxando Aoi pela mão. – Vem comigo. Você toma um banho pra relaxar e eu pego um moletom pra você usar, assim pode ficar mais à vontade. Enquanto isso, eu arrumo algo pra gente comer.
- Banho é bom... Uma roupa mais confortável também... – Sorriu serenamente. – Mas quanto a arrumar algo pra gente comer... – Levantou a sobrancelha, desconfiado. – Isso me preocupa.
- Seu bobo! – Deu um tapa no braço dele. – Tenho um refrigerante na geladeira e uma pizza de quatro queijos no freezer, é só colocar no forno! – Empurrou-o para dentro do banheiro.
- Então vamos sobreviver... – Murmurou em caçoada, com um largo sorriso nos lábios, ajustando a temperatura da água, antes de terminar de se despir. Entrou sob o chuveiro, fechando o Box, vendo a sombra do loiro deixando a toalha e roupas para ele sobre a pia do banheiro.
- Hei! Eu ouvi isso! – Disse Uruha, antes de sair e fechar a porta. – A pizza fica pronta em dez minutos! – Gritou do corredor.
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Aoi entrou na cozinha com os cabelos úmidos, vestindo moletom e camiseta, o cheiro delicioso tomando todo o ambiente, enquanto Uruha colocava faca, espátula, copos e guardanapos na mesa. O loiro já tinha se trocado e sorriu alegre ao ver ao moreno chegar, abrindo a geladeira e pegando o refrigerante, para então tirar a pizza do forno e servir uma porção para ambos.
A conversa fluiu leve e descontraída, passando por vários assuntos, enquanto eles jantavam com apetite. Ainda ficaram um tempo sentados à mesa, mesmo depois de terminarem de comer, apenas relaxando, rindo e relembrando fatos engraçados ocorridos nas turnês. Ajeitaram a cozinha juntos e foram para o quarto, deitando-se lado a lado, assistindo um pouco de televisão, comentando uma coisa ou outra.
- A que horas o Kai marcou o ensaio mesmo? – Por um momento o silêncio...
Aoi olhou ao seu lado vendo o amigo de olhos fechados, recostado à cabeceira, com o corpo estendido na cama e sem demora baixou o volume da TV, ouvindo um leve ressonar. Sorriu, tirando os travesseiros a mais, deixando apenas um para que o loiro ficasse mais confortável e desligou a televisão. Fechou os olhos, tentando conciliar o sono, virando na cama com cuidado para não acordar o amigo, até conseguir colocar o corpo numa posição mais confortável e adormecer... Mas não conseguiu dormir por mais de três horas.
Acordou de madrugada quando ainda estava escuro e pegou o relógio ao lado da cama, recolocando-o no pulso, o mostrador marcando cinco horas da manhã. Virou o rosto ao sentir um leve movimento ao seu lado, vendo o loiro descoberto, encolhido junto de si, as mãos por baixo do travesseiro, suspirando profundamente durante o sono.
Cobriu-o com o lençol e colocou mais um travesseiro sob a própria cabeça, ficando com o tronco mais erguido, mantendo os olhos fechados, mas a mente trabalhando, voltando ao diálogo da manhã anterior, fazendo conjecturas sobre o que descobrira.
oOo
Já raiava o dia, quando Uruha despertou lentamente, sentindo um leve movimento no colchão, o fazendo se lembrar que não estava sozinho. Abriu os olhos embaçados pelo sono, divisando a silhueta diante de si, fitando o moreno deitado de costas com o tronco apoiado nos travesseiros, o braço sob a cabeça, o pensamento distante e o olhar perdido na janela, admirando o céu que amanhecia.
Pensou que definitivamente algo sério estava acontecendo, porque Aoi não parecia em seu estado normal. Sabia que existiam detalhes que o moreno não lhe contou... Como o nome do tal amigo, por exemplo, e que tinha feito isso talvez por conhecê-lo e Aoi queria preservar-lhe a privacidade.
- Bom dia... – Tocou os dedos no braço de Aoi, chamando a atenção deste para si. – Você conseguiu dormir um pouco ou passou a noite em claro? – Virou-se na cama e se espreguiçou, sentando-se em seguida.
- Bom dia, Kou. – Desviou o olhar para o loiro, fitando os chocolates ainda sonolentos. – Depois que você apagou, demorei a conciliar o sono, mas dormi um pouco sim. Umas três horas...
- Está pensando em quê? – Levantou-se, saindo do quarto, indo para o banheiro cuidar da higiene matinal.
- Em fazer um café para nós... – Falou em voz alta, vendo-o sair pela porta. – Não arrisco a pedir isso pra você.
A risada do loiro ecoou pelo apartamento e logo o cheiro gostoso do café fresco invadiu o ambiente, a refeição matinal sendo partilhada pelos dois amigos com alegria e camaradagem, antes de irem para a PSC, para mais um dia de ensaio.
oOo
O jovem moreno abriu a porta e entrou em casa, jogando a maldita chave do carro sobre a mesinha da sala, deixando o corpo cair sobre o sofá. Fechou os olhos relembrando a cena em câmera lenta... A intimidade cúmplice dos dois, aquele abraço carinhoso e as palavras dengosas sopradas ao ouvido... Por mais que quisesse que o Aoi fosse feliz, mesmo que com Uruha, vê-los assim doía demais.
- Por que fui esquecer essa chave lá!? – Gemeu desalentado, o braço cobrindo os olhos. – Era só pra me machucar mais? – Sentia-se moído pelo longo dia de ensaio e ficara ainda pior depois dele.
Aqueles dias tinham sido melancólicos... Havia terminado um namoro de novo e ficou deprimido... Então aquela vontade insana vinha e ele não conseguia resistir ao apelo de sua alma, de seu corpo, e sempre acabava cedendo. Levantou-se devagar, pensando em tomar um banho para relaxar a tensão do dia, e depois fazer um sanduíche e um suco para si. Estava cansado demais, até para cozinhar...
Entrou no banheiro já com um moletom, camiseta e uma boxer nas mãos, colocando tudo na bancada da pia. Despiu-se e abriu o chuveiro, temperando a água, entrando sob a ducha morna para molhar os cabelos e o corpo dolorido, concentrando-se apenas em relaxar.
- Huuummmm... – Deixou que a força da água massageasse seu pescoço e os ombros, enquanto as lembranças de seu último namorado vinham-lhe a mente, reforçando a sensação de solidão.
Ainda podia ouvir sua voz sussurrada em seu ouvido, as risadas divertidas e as brincadeiras que tornavam seu dia mais alegre. Podia sentir seus braços apertando sua cintura, o tórax encostado às suas costas, bem como os beijos cálidos em seus ombros... As brincadeiras quando vinham pro chuveiro juntos...
Suspirou sentindo um aperto no peito, inconformado com a sua vida sempre solitária, mas não conseguia fazer diferente... O medo de que acontecimentos passados se repetissem era forte em si. Mesmo sua família, antigos amigos que sabiam dos fatos e Miyavi lhe dizendo que não era culpado de nada, as imagens em sua memória ainda eram vívidas demais. Ensaboou a pele, cuidando de si, recordando-se da única vez que vira seu ex-namorado chorar, quando se despedira com um beijo, lhe pedindo para se cuidar do jeito que ele procurara fazer e...
- Que saudade sinto de você, Tadashi... – Murmurou melancólico.
Mesmo ele não sendo o amor da sua vida, era tão bom tê-lo consigo... Seus dias e noites eram mais alegres, iluminados, e sentira demais ter que terminar tudo. Mas seria pior se o magoasse e não se perdoaria por isso. Entrou debaixo do chuveiro, enxaguando os cabelos negros e o corpo, deixando que a água levasse o cansaço e as preocupações junto com a espuma ralo abaixo. Não adiantava mais lamentar, já estava feito e suas razões eram justas, era o certo e o sensato mesmo que fosse difícil.
Colocou-se sobre o tapete felpudo à frente do box, as gotículas de água escorrendo por sua pele, enquanto a toalha percorria seu corpo, secando os cabelos, livrando-os do excesso de água. Vestiu a boxer e a roupa confortável, levando a toalha para estender no varal e as roupas para o cesto, mantendo a rotina do seu dia a dia.
Entrou na cozinha, abrindo a geladeira, tirando de lá vários ingredientes para fazer um sanduíche para si... Sorriu se lembrando do quanto Tadashi adorava sanduíches, em especial um com pão sírio, presunto de peru, alface, tomate, queijo... Beirute! Era o seu preferido. Ainda tinha esses ingredientes na geladeira... Riu deliciado se recordando do quanto ele era cosmopolita¹. Gostava de dizer que era cidadão do mundo, e tinha que ser mesmo, a vida como modelo internacional não era fácil e muito menos previsível.
Graças a isso esse namoro tinha durado um pouco mais. Tadashi entendia que ele precisava se ausentar por longos períodos, afinal o modelo também fazia isso. Falavam-se sempre pelo celular e quando recebia uma folga nada o impedia de pegar um avião e ir ao seu encontro... Assistia aos shows da coxia², curtia cada música, e depois iam juntos para o hotel... Mesmo que fosse apenas para dormirem agarradinhos. Montou o sanduíche e abriu um suco, enchendo um copo alto e levou tudo pra sala na bandeja. Ligou a televisão e colocou um filme pra assistir...
Levantou do sofá horas mais tarde, no meio da madrugada, percebendo que havia dormido depois de comer e nem assistira o filme todo. Levou a bandeja com o prato e o copo vazios para a cozinha e foi para a cama sonhar... Pelo menos nos sonhos estava tudo bem e ele era feliz com quem amava.
oOo
Os dias foram se sucedendo, ensaios e compromissos sendo cumpridos pela banda. Todos continuavam agindo do mesmo jeito de sempre e Aoi não conseguia notar nenhuma alteração no comportamento de Kai... Era o mesmo sorriso, a mesma competência, o mesmo jeito leve, cordial e alegre de tratar os companheiros.
Aoi não percebia que na ânsia de observar o comportamento dos companheiros, o seu havia se modificado sensivelmente. Ruki ainda não falara nada, já que não havia motivo para questionar o moreno por causa de apenas alguns olhares e que este não olhava só para seu namorado, mas para todos eles. Uruha, que estava a par das preocupações do moreno, entendia a sua perturbação.
Mas o guitarrista mais velho não conseguia evitar de observar o baterista com mais cuidado... Com mais atenção. Virava-se mais constantemente para trás, olhando mais vezes para os companheiros, em especial para Kai e Reita, sem perceber que além de Uruha, Ruki acompanhava atento o seu comportamento, notando os seus olhares para o baixista, mordido pela desconfiança e pelo ciúme.
A banda ensaiava, com Ruki cantando apaixonadamente e executando os fanservices como sempre. De vez em quando notava Aoi tocando virado para a bateria... E o problema era que isso vinha se repetindo demais durante aqueles dias... As olhadas em direção ao seu namorado se tornando mais longas do que o normal e o baixinho não estava gostando nada disso.
Mas a gota d'água foi pegar o olhar ostensivo do moreno sobre Reita. O vocalista arfou, engasgando com a própria saliva, sendo acometido por um acesso de tosse que quase o fez perder o fôlego. Reita tirou o baixo do ombro, correndo a acudir o pequeno que estava vermelho e ofegante, saindo da sala para buscar um copo de água para ele. Uruha apoiava as costas de Ruki, guiando-o para que se sentasse, murmurando palavras que o acalmassem.
- Calma, respira devagar... O Reita já vai trazer a água. – Uruha esfregava a mão nas costas de Ruki, sentado ao lado dele no sofá, tentando acalmá-lo para amainar o ataque. – O que houve? O que provocou essa tosse?
- Eu te disse... – Ruki murmurou rouco, respirando com mais vagar. – Eu peguei o... O safado olhando... Pro Rei de novo...
- Que é isso, Taka... – Uruha falava baixinho, olhando para o moreno que os observava, preocupado com Ruki. – O Aoi não faria isso... É só impressão sua...
- Eu tenho olhos! E você devia... Se preocupar... Afinal... Estão juntos...
- Taka... Esse seu ciúme vai acabar te causando problemas... – O loiro o repreendeu com veemência. – Você não falou essa bobagem pro Akira, falou?
- Ainda não... – Ruki fixava no moreno o olhar raivoso e ciumento.
- E nem vai falar! – Olhou bravo para ele. – Isso é coisa do seu temperamento possessivo!
- Mas se eu pegar... O filho da mãe... Olhando pra ele... Daquele jeito... Outra vez... – Uruha segurou os braços de Ruki com força, o impedindo de avançar, mantendo-o sentado ao seu lado.
- Pára com isso! – Olhou para a porta, ficando aliviado ao ver o baixista entrando com uma jarra de água e um copo. – Reita vem vindo aí, e não vai gostar de ouvir essa tolice.
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Era hora do almoço e todos haviam acabado de comer e saboreado o café. Reita e Ruki saíram para o terraço no andar do restaurante para fumar, Kai tinha descido, tentando resolver alguns problemas junto a equipe dos stafs e Uruha ficou à mesa, sentado ao lado de Aoi para tentar falar com ele.
- Yuu... – Chamou, conseguindo a atenção do moreno para si. – Você tá a fim do Reita? – Uruha foi direto ao ponto, sem meias palavras.
- O quê? Claro que não! – Aoi respondeu entre surpreso e indignado. – De onde tirou essa idéia absurda?
- A idéia não é minha, é do Ruki... – O loiro sorriu afável. – Eu sugiro que você pare de dar aquelas olhadas penetrantes para o Reita durante os ensaios... O chibi é ciumento, você sabe.
- Olhares penetrantes?! – Sobrara apenas a indignação em Aoi. – Kouyou, eu só... Ahhhh! Deixa pra lá... – Cruzou os braços, totalmente irritado, o olhar indignado preso aos chocolates. – Eu não dou olhares penetrantes coisa nenhuma! Ainda mais pro Reita! Diga pro baixinho não pensar besteira.
O loiro levantou-se rindo, segurando o moreno pelo pulso, descruzando os braços dele e o puxando pelos corredores... Logo eles desceram pelo elevador e entraram na sala onde os outros já esperavam para recomeçarem o ensaio, o que se deu em seguida. E Aoi tomou todo cuidado para não melindrar o humor do vocalista de novo.
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Aoi foi o primeiro a sair depois da reunião que aconteceu ao final do ensaio, quando o líder se deu por satisfeito com o resultado, alegando que estava morto e que não via a hora de chegar em casa e aterrissar em sua cama. Na verdade o moreno saiu com o carro do estacionamento da produtora para ficar estacionado na rua, perto da saída... Esperando que os outros partissem. Melhor dizendo, esperando que Kai saísse.
Viu quando Reita saiu dirigindo o carro do vocalista, bem como o momento em que Uruha partiu com sua moto... E depois ficou um bom tempo esperando, coisa de meia hora, até ver o carro do baterista saindo devagar...
Aoi deu a partida, saindo do meio fio com o cuidado de deixar que o carro que seguia tomasse uma dianteira de quase um quarteirão antes que o seu entrasse em movimento. Com vagar foi chegando mais perto até ficar a uma distância de alguns metros apenas, seguindo-o de perto até uma rua pouco movimentada, onde o comércio já estava fechado, vendo quando Kai estacionou.
Parou o carro no começo do quarteirão a alguma distância do outro, para que Kai não desconfiasse e nem o visse. Estava atento quando o baterista desceu do veículo, vestido com um sobretudo negro e longo, com a gola levantada, escondendo o pescoço. Notou ainda, quando ele passou sob o poste de luz... E não sem surpresa, notou que Yutaka usava uma máscara, também negra, que cobria mais da metade da face, desde a testa até o nariz e as maçãs do rosto, deixando apenas a boca e o queixo de fora, bem como os olhos brilhantes em destaque.
Ficou no carro até que Kai atravessasse a rua e chegasse ao seu destino... Um edifício de três andares, com a fachada sem recuo na cor azul marinho com alguns detalhes em vinho, todos os vidros das janelas que davam para a calçada estavam pintados de preto, tendo uma entrada discreta, apenas uma porta ao fim de três degraus. Esperou que ele entrasse e saiu do carro, atravessando a rua e caminhando até chegar à porta de madeira entalhada que estava destrancada.
Abriu-a e entrou em um pequeno hall, discretamente iluminado pela luz de um spot, com outra porta, ladeada por um vaso grande com algumas plantas de um lado e do outro um segurança, muito bem vestido, de terno preto. Aproximou-se, chegando a estender a mão para a maçaneta, quando o empregado deu um passo à frente, dirigindo-se a si educadamente.
- Perdão, Senhor. – O homem falou baixo e cortês, se inclinando respeitosamente. – É um Club Privé. É preciso de uma identificação de sócio para permitir a entrada.
- Compreendo. – Aoi deu um passo atrás. – E o que é preciso para ser sócio?
- A indicação de um dos sócios ou uma entrevista pessoal com o dono do estabelecimento. – O segurança explicou educadamente.
- Como faço para marcar uma entrevista com esse senhor?
- O senhor deve deixar um cartão pessoal e... – O homem parou de falar por um instante, atento às ordens que recebia pelo ponto eletrônico em seu ouvido. – Desculpe a interrupção. No seu caso não vai ser preciso, Werner-san vai recebê-lo. Por aqui, por favor.
Aoi se surpreendeu ao ouvir aquelas palavras. Viu uma porta lateral oculta, logo atrás do segurança, se entreabrir com o suave ruído de um clic e o homem deu um passo para o lado, empurrando-a para dar-lhe passagem.
- O nosso gerente vai acompanhá-lo.
O homem se curvou diante de Aoi, guiando-o pelo corredor que levava à ala privada do estabelecimento, até o escritório. Parou diante da porta e deu uma leve batida, abrindo-a e dando passagem pra o guitarrista que entrou, olhando a redor com interesse.
O lugar não era muito grande, o ambiente tinha uma iluminação suave provida pelas sancas em torno da sala e as paredes possuíam um tom creme. Uma mesa grande de vidro fumê continha um monitor de cristal líquido e um teclado, bem como algumas pastas abertas. A parede que ficava logo atrás era pintada de lilás, adornada por um quadro de Renoir... Em um canto havia um jogo de sofás confortáveis, com uma mesinha de café ao lado e do outro, uma de canto com um abajur e um vaso de flores.
Quando o moreno entrou, um homem levantou-se detrás da escrivaninha e veio em sua direção. Loiro, alto, cabelos lisos presos à nuca num rabo de cavalo, os olhos azuis levemente amendoados indicando que tinha uma descendência oriental, se curvando num cumprimento formal e também lhe estendendo a mão logo depois, mais à vontade, à moda ocidental.
- Muito prazer, Werner Toshihiko, proprietário da casa. Você é Aoi-san, guitarrista da banda the GazettE, certo?
- Sim. Shiroyama Yuu ou Aoi, e o prazer é todo meu, Werner-san.
- Eu sabia! – Exclamou entusiasmado. – Tinha certeza que o tinha reconhecido... – Parou de falar, reparando no olhar interrogativo do moreno. – Desculpe, é que vejo a imagem da câmera de segurança no meu monitor. – Sorriu agradável. – E quando o vi, reconheci de pronto... Sou fã da banda.
- É uma surpresa agradável saber disso. – Aoi sentiu o rosto esquentar de satisfação. – Mas por que quis me receber?
- Geralmente os próprios sócios indicam pessoas conhecidas, ou pessoas que ficam sabendo deixam um cartão pessoal e eu decido se concedo uma entrevista ou não. – Caminhou até o jogo de sofás, convidando-o a se sentar, ambos se acomodando ali.
- E por que me concedeu esta entrevista? – Aoi indagou, curioso a esse respeito.
- No seu caso, eu o reconheci e pedi que o segurança o encaminhasse até aqui. Você se interessou em se associar ao meu clube e isso chamou minha atenção. – Esclareceu resumidamente. – Por acaso sabe do que se trata...? Como soube dele?
- Bem, ouvi um amigo falar do lugar, mas não tenho certeza do que se trata... – Encarou-o francamente. – Como prezo demais essa pessoa, pensei que talvez fosse me interessar.
- Herrschaft... É um Club Privé BDSM... – Falou de supetão, prestando atenção à reação do guitarrista, que arregalou levemente os olhos, disfarçando a surpresa da melhor forma possível. Sorriu, pensando nos motivos que o levaram até ali. – Ainda lhe interessa nos conhecer?
Continua...
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¹ - Cosmopolita: aquele que se porta como cidadão do mundo, freqüentando especialmente as grandes cidades e capitais mundiais; aquele que faz muitas viagens, adaptando-se rapidamente ao modo de vida dos locais por onde passa.
² – Coxia: nos teatros, espaço situado entre o palco e as paredes adjacentes a este, que não é visto pelo público e onde os atores aguardam a hora de entrar em cena e/ou onde ficam aqueles que realizam trabalhos de infra-estrutura de palco; bastidores
Então Mestra Linda, Adorada, Idolatrada, Salve Salve! Espero que tenha gostado desta história feita especialmente pra você! Com todos os pedidos que você me fez: Aoi seme, lindo e gostoso, com o Kai uke, também lindo e fofo, e ALGEMASSSSSS!!!
