Eternal Wait
"I hear your silent cry lost in the rainy night, no reason to live for; one reason to die for"
.:o:.
Fazia frio. E o frio que fazia, não era a friagem que a carne conforta; era cortante. Cortava como o aço das facas talhantes das carnificinas. Chovia. As gotas de chuva eram peso sobre o corpo inerte e ensangüentado daquele que se acostara em certa árvore. A noite despertava seus temores.
O sangue escorrendo-lhe da ferida aberta tingia o solo pardo e a farda esverdeada. A garganta seca, a respiração fraca, os batimentos imperceptíveis, convidavam-no ao sono eterno da carne. Maroto, o vento obrigou-o a cerrar os olhos. Escorreu-lhe pela face suja, uma lágrima quente, que logo caiu sobre o solo, misturando-se a massa encarnada sob o corpo moribundo do soldado.
Um suspiro silencioso, sua última prece; 'Deuses traiçoeiros, que o mesmo sangue que mancha a terra, lave suas almas. Que meu espírito não se perca na imensidão da agonia. Oh, anjos! Acudam minha pobre alma afogada no desespero...'
Explosão. Tiros. Gritos. Aos poucos, os ouvidos do combatente adormeciam e todo aquele pandemônio tornava-se distante. A serenidade da letargia eterna se aproximava do soldado das madeixas alaranjadas. Um sorriso derrotado estampou-se nos lábios finos e esfolados.
Em fração de segundo, certo alguém encapuzado rasgou a farda do soldado agonizante, despindo-lhe o peito. Mordeu-lhe rapidamente a carne dormente do pescoço do mesmo e sugou-lhe o sangue, fazendo-o arregalar os olhos, até então semicerrados. Sorveu-lhe o sangue até certo ponto. Sentou-se sobre as pernas dobradas, retirou o capuz, revelando seus cabelos arroxeados e seus olhos claros. Perfurou o próprio pulso, oferecendo seu sangue ao soldado. Seus olhos alcançaram na farda manchada o nome "Nagato Pein". Sorriu. Passados alguns instantes, a vampira recolheu o corpo ainda sonolento de Pein e desapareceu numa nuvem azulada.
.:o:.
O ambiente era de escuridão. Exceto por uma janela, onde uma silhueta era desenhada pela fraca iluminação da lua.
Aos poucos ele despertava. Apalpou-se por inteiro, não acreditando estar vivo. As mãos escorregaram pelas longas madeixas alaranjadas. 'Eu fiquei tanto tempo em coma assim que meus cabelos cresceram tanto?' pensou ele, ao lembrar-se do seu visual anterior.
Sentiu sede. Contudo, a sede que apertou-lhe, não era uma sede comum. Levou uma das mãos à garganta. Sentou-se. Avistou a silhueta na janela.
Voltando-se para Pein, a dona da silhueta caminhou até ele.
"Pensei que não acordaria mais, Pein." A voz da vampira ecoou suave pelos ouvidos de Pein.
"Quem é você? Onde estamos?" pensou em perguntá-la como sabia seu nome. Porém seria uma pergunta óbvia de se fazer, uma vez que seu nome estava bordado na farda.
"Me chamo Konan. E estamos em minha casa." Respondeu calmamente.
" Mas..." tentou ele. Logo, calou-se. Tentou raciocinar. Um silêncio mortal invadiu o ambiente. Pein levantou-se. Tinha consciência do que realmente havia acontecido. Sabia que ela era uma vampira; e sabia também, que ele havia se tornado um.
'Não há mais o que temer.' Concluiu ele.
"Vamos caçar. Você ainda tem muito a me ensinar." Disse ele, arrancando um sorriso da bela vampira.
.:o:.
N/A: Primeira PeinKonan :D, espero reviews.-.
