(…)
"– Na verdade isso me dá algumas ideias – Magnus disse – Eu farei tudo que estiver ao meu alcance para ajudar, você sabe disso, certo, Alexander? Não pela Clave, mas por você.
– Eu sei. Alec permaneceu quieto por um momento. – É bom ouvir sua voz, mesmo quando você não pode ajudar – acrescentou, desligando o telefone abruptamente.
Magnus colocou o telefone próximo a si e sentou-se por um momento, o suficiente para ouvir sua respiração. Eu o estou perdendo, ele pensou, Eu não sei o porquê ou como, mas eu sei que estou."
ESTAVA TUDO ACABADO.
Aqueles haviam sido os dias – meses? – mais felizes na vida de Alec, mas havia acabado.
Nada dura para sempre.
Nada dura para sempre, ele pensou, com amargura, exceto seu namorado.
Seu "ex" namorado.
Porque fora impulsivo, descuidado, infantil, paranoico.
E pensar que Magnus o teria feito – teria desistido de sua imortalidade por ele, por ele.
Percebera que Magnus tinha razão, afinal: Ele era um idiota.
Aquele havia sido seu último beijo – um beijo triste, saudoso, regado à luz de bruxa.
Regado ao esquecimento.
Magnus o acusara de não ter confiança. Não havia confiado nele, tampouco – o nephilim sempre fora um livro aberto, o feiticeiro, cercado de todos os mais diferenciados segredos.
Quando se apaixonara não pensara em tal problemática, mas o fantasma da imortalidade estava ali, o tempo todo, assombrando-o sorrateiramente antes mesmo de Alec ter notado sua presença.
Ele o havia traído.
As palavras não pararam de flutuar em sua mente, acusatórias, predatórias – prontas para extrair toda energia que restara em sua alma.
Maldito mundo mágico, malditos seres do submundo. Malditos fossem aqueles olhos que brilhavam apenas ao encontro dos seus próprios; as felinas pupilas que dilatavam por completo, sugando toda cor dourado-esverdeada de sua íris quando experimentava o mais puro dos deleites.
Malditos fossem os lábios que o tocavam, ora como um roçar delicado de borboleta, ora o violavam com a urgência de um animal feroz.
Em seu quarto – em sua cama – no instituto, Alec curvou-se em uma bola, abraçando os joelhos, perdido em divagações. Perdido no passado.
Um passado que jamais seria seu outra vez.
Passado – era nisto que pensava sempre que estava com o amado – que um dia sucumbiria a efemeridade humana e seria apenas mais uma memória, uma lembrança.
Magnus em contrapartida continuaria ali, belo e jovial. Quiçá procurando uma nova vítima com os fatais olhos azuis e cabelos negros como ébano...
... Negros como os seus.
Embora o bruxo houvesse lhe dito que não.
"Você não é trivial, Alexander".
Queria acreditar nessas palavras. De forma genuína.
Queria acreditar que o momento em que Magnus decidira que o nephilim deveria ser somente mais uma peça do gigantesco quebra-cabeças que o permeava ao longo de 800 anos.
Oitocentos anos.
Uma fortaleza impenetrável.
Sabia que devia ter respeitado seu espaço, mas Camille – extraordinária Camille – lhe oferecera o passado numa bandeja de prata. Uma oferta tentadora demais para se ignorar.
Ah! Se ele soubesse...
Desde que se dera conta, não conseguia recordar de um único dia que não se encolhia em seu quarto – seu mundo – trancava-se para o exterior como forma de proteger o pouco de dignidade que lhe restava. Se é que ainda havia alguma dignidade em passar os dias como um borrão, lembrando do par de olhos felinos-ferozes, verde e dourados, o encarando de forma acusatória.
Jamais seria capaz de olvidar aquele momento – Magnus talvez pudesse, mas Alec, jamais poderia.
Imortalidade – ela estava ali, quando o pegava distraído resolvendo seus próprios assuntos, Alec o observara... E pensara em quão bonito era, quão único, no tanto de sorte possuíra por tê-lo ao seu lado.
Mas o monstro da imortalidade sempre o assustava, sempre o lembrava que não viveriam esse amor para sempre – tampouco o iriam viver "até que a morte os separasse"
Porque a morte o levaria de assalto, e Magnus continuaria ali, resplandecente.
O único momento em que parecia esquecer-se de todas as dificuldades daquele relacionamento era quando estavam juntos – mas juntos, do jeito que duas pessoas que se amam ficam juntos, até não haver espaço algum para ser preenchido entre seus corpos. Suas almas. Seus corações.
Quando pensamentos e coerência não eram mais requisitados e palavras não mais se faziam necessárias – era tudo uma confusão de gotas de suor e respirações apressadas – gemidos e murmúrios que vez ou outra escapavam de seus lábios quando já não podia suportar a febre que tomava conta de seu corpo quando se amavam daquela forma. Tão certa. Tão perfeita.
Alec sempre pensara que se havia algo melhor do que aquelas sensações, então o mundo teria de provar-lhe seu ponto.
Já não sabia qual fora a última noite em que dormira, afinal – realmente dormira. Sim, havia se desacostumado por completo com a solidão, o silêncio. Ainda sentia o cheiro de sândalo embriagando-o, as batidas de coração que por mais aceleradas que parecessem, sempre pareciam cadenciadas se comparadas às suas. A respiração calma que permeava os sonhos do bruxo ao seu lado, o braço longo e forte que por vezes descansava displicentemente sobre seu peito. E o sorriso bobo nos lábios quando – Alec desconfiava – os sonhos se voltavam a ele.
O término tão abrupto fora sua ruína – Alec tinha consciência disso.
A ruína de ambos.
Virou-se de lado, o vazio da pequena cama o encarando, o culpando, o julgando.
Sentiu a quente lágrima escorregar dos olhos muito azuis – a amargura que crescia sobre seu peito e o sufocava, borbulhava até sua garganta – deslizarem seu caminho pela bochecha rosada.
Ele o amava. Ele o amava, mas jamais o poderia perdoar pelo que fizera.
Aquele era, de fato, o fim.
Alec sabia que, para ele, não haveria outro.
Sabia que o havia perdido.
- Talvez para sempre.
We could've had it all
(You're gonna wish you never had met me)
Rolling in the deep
(Tears are gonna fall, rolling in the deep)
You had my heart inside of your hand
(You're gonna wish you never had met me)
And you played it to the beat.
Olha bem quem conseguiu escrever uma drabble! =u= ~
Vou avisando lindamente que quem não leu até o quinto livro, City of Lost Souls, não passe por aqui porque vai encontrar um MONTE de spoilers. Em sua maioria, desagradáveis.
Esses autores adoram destruir meus OTPs e meu coração. Eu shippei asunegi ´por seis anos - não virou cannon - eu shippo maglec a três. Eles terminam. Daora a vida.
Não tenho muito o que dizer, eu tô realmente muito, muito deprimida. Maglec mudou a minha vida de uma forma que eu não achava ser possível, e agora acabou. Feliz é que não estou né. QQ
Dedico essa ficlet à BITEMICH e isntcarol, unicas que entendem o sofrimento de shippar algo tão lindo e esse lindo se acabar.
BTW - o diálogo do começo é uma das cenas deletadas de cols. A tradução foi feita por mim então se você tiver visto e achar que não fez jus exatamente - mil perdões, minhas tentativas de tradução não são realmente o que se podem chamar de magníficas.
Sem mais delongas, aí vai a fic. Leiam, opinem, deixem reviews =u= ~
Magnus e Alec pertencem à Cassandra Clare e essa fanfic não possui fins lucrativos. etc.
