Avisos: Trinity Blood trata-se de uma obra de ficção de criação de Sunao Yoshida.
Fanáticos religiosos: aconselho a não ler, se o fizer não venha me incomodar com seus pensamentos. Eu estou escrevendo uma obra de ficção, isso não quer dizer que eu apoie ou acredite em tudo o que irá ler aqui.
Assuntos polêmicos: Se você não gosta de ler cenas pesadas com violência, sexo ou incesto, aqui também não é o lugar para você, ma fizer, mais uma vez peço para não me incomodar. Não vim fazer apologia a nada, só estou usando as ferramentas para o desenvolvimento desta história.
Alcool, linguagem imprópria, nudez parcial e total, sexo, spoilers, violência e estupro. São coisas que você vai encontrar ao longo desta série.
Estou dando estes avisos para o bem de todos e o bom convívio. Se resolveu ignorar isto, bem, não me culpe.
Se você está de acordo com tudo acima tenha uma boa leitura.
O som da chuva enchia o salão e quase se sobrepunha ao som da única voz a falar, o timbre alto do Cardeal Medici soava pouco mais alto do que aquele som. Olhou para a cadeira vazia a sua esquerda e fechou os olhos. Seu estado de espírito era talvez pior que o céu daquela manhã e a faixa negra em seu braço mostrava que ainda estava de luto. Por um segundo forçou-se a capturar a voz do Cardeal ao centro do salão e ao notar que eles ainda tratavam sobre a expansão do Departamento de Inquisição. Fosse outra época ela estaria também de pé discutindo com o irmão mais velho, porém mal tinha forças para revidar, mesmo sabendo que aquela tática era um prelúdio para declarar guerra aos Methuselah. Quando ouviu seu nome ser chamado novamente ela ergueu o rosto.
- Cardeal Sforza? - ouviu alguém chamá-la e então notou que toda a atenção estava voltada a ela.
- Perdoe-me. - disse se ajeitando ereta na cadeira.
- Concorda com as propostas de Cardeal Medici ou não esteve prestando atenção na nossa reunião. - D'Este falava olhando a filha bastarda de seu irmão.
- Sobre recrutar novos clérigos e treiná-los para seguir os propósitos da Inquisição? - ela estava absorta, porém podia prever cada passo de seu irmão. - Estou de acordo.
Quando ela disse isso todos os presentes, Cardeais e Arcebispos se entreolharam. Era sabido o quanto os dois viviam a discordar das medidas que propunham. E ela na verdade não ligava mais tanto para o que aconteceria, Alessandro não estava mais ali entre eles e ela só permanecia no Vaticano pois logo haveria o Conclave. Tudo o que ela precisava era um momento em seu castelo em Milão para ter de modo apropriado seu luto.
- Existe algo mais em pauta ou podemos discutir sobre o Conclave? - perguntou passando a mão nos longos cabelos claros.
O som de homens a discutir encheu o salão e ela esperou pacientemente.
- A questão é determinar se seguiremos as regras da Santa-sé ou se existe alguma missiva do falecido Pontífice indicando um novo Papa como ocorreu da última vez.
As vozes discutiam a questão levantada pelo Cardeal Borgia.
- Não existe nenhuma recomendação de Alessandro XVIII. - Medici declarou. - O Cardeal Decano¹ esteve cuidando desde o resgate do corpo do falecido Pontífice.
- Per Scrutinium²? - Borgia questionou e todos concordaram.
E assim que estava acertado a data ela se colocou de pé para deixar o local, precisava de uma aspirina para a dor de cabeça que começava.
- Duquesa de Milão. - ouviu novamente a voz de seu tio a chamar.
- Arcebispo.
- Há uma última coisa que gostaria de discutir.
Ergueu uma sobrancelha curiosa. Notou que a maioria dos presentes parecia ter a mesma reação que ela.
- Particularmente ou com todo o colegiado?
- Uma reunião extraordinária com o colegiado se me permitem.
Moveu a mão como se dependesse apenas dela a autorização e com isso voltou para sua cadeira ao lado direito de onde o Papa deveria se sentar. Esperaram os Arcebispos sobressalentes deixarem a sala restando apenas D'Este de pé entre os Cardeais que ali estavam.
- Dentro de dois dias teremos o Conclave para decidir quem será o novo Pontífice, porém algumas coisas me preocupam sobre os quatro principais elegíveis.
Medici estreitou os olhos encarando o homem a sua frente, ele era tão ardiloso quanto a atual Duquesa de Milão, talvez pior por ser capaz de qualquer coisa.
- E qual seria o problema D'Este?
- Medici, sabemos que desde seus primórdios a Igreja Católica é regida exclusivamente por homens.
Então este era o problema. Catherina revirou os olhos, mesmo anos depois que fora indicada para compor o colégio cardinialício, sendo a primeira mulher a exercer grande cargo no clero ela era atacada com histórias antiquadas e machismo.
- Acha que lhe cabe o direito de indicar quem é mais indicado? - ela ficou de pé. - Coloque-se em seu lugar Arcebispo!
- Minha sobrinha, não me entenda mal, a questão é mais abrangente. Estaria apto o povo a ter uma mulher solteira como líder?
Francesco di Medici notou que apenas uma única pessoa concordar com o Arcebispo e certamente aquilo não passou despercebido por sua irmã. Catherina tinha novamente os olhos faiscando, muito diferente da forma que começara aquela reunião.
- E o que propõe? - questionou ignorando o olhar afiado que ela lhe dera.
- Acredito ser melhor para todos que Catherina se case, ainda existe muita malevolência no mundo e não queremos que nossa amada Duquesa de Milão seja desacreditada.
Antonio Borgia se levantou.
- Pensamento um tanto retrógrado não concordam? - moveu as mãos continuando com sua fala macia. - A Cardeal Sforza se mostrou mais do que capaz de cuidar da Santa-Sé. Prova disso é a eficácia da AX.
- Lembram-se que passamos por um longo período de ameaças e descredibilidade quando Gregory XXX a indicou para o colegiado? Houve a necessidade de um pronunciamento em sua defesa. - D'Este lembrou-lhes. - A Duquesa de Milão ficou reclusa para sua própria segurança por um longo tempo. E não podemos ter o mesmo luxo se ela for eleita.
Francesco recostou-se na cadeira pensativo, ali havia mais do que o zelo de um tio preocupado, porque D'Este era tudo, menos caridoso. E ele havia de admitir, as chances de Catherina ser eleita eram extremamente altas. Ela tinha a simpatia oitenta por cento dos atuais Cardeais. Sabia que mesmo alguns renunciariam o direito eto em benefício dela. E ele poderia tirar vantagem disso, se ela se casasse metade desta simpatia perderia o efeito.
Olhou para a mulher ao seu lado. A Duquesa de Milão não tinha a alcunha de ser a mulher mais bonita do mundo atoa. Ela tinha algo que atraía os olhares e sendo a única mulher no Colegiado, muitos dos Clérigos cediam aos seus encantos. Uma vez casada ela teria um dono e o desejo e lascívia perderia para a boa moral.
- Minha irmã. - ele começou a olhando. O incomodava pensar que outro homem a tomaria. - O que acha desta alegação.
- Inconcebível! - ela disse ficando de pé. - Eu jamais aceitaria isso e não a nada que possa fazer para que eu mude de idéia.
Ela puxou a capa vermelha e saiu com os saltos ecoando. Francesco sorriu, poderia arrumar um jeito de obrigá-la. Olhou os outros Cardeais saindo e se aproximou de seu tio colocando a mão no ombro dele.
- Precisamos conversar. - ele sabia que havia algo por trás daquela interferência e queria descobrir como poderia usá-lo a fim de conseguir o que queria.
Ameno dori me - Ameniza minha dor (latim)
Conclave - (à chave) é uma votação secreta entre Cardeais para a escolha do novo Pontífice.
Cardeal Decano¹ - Ou Carmelengo. Em resumo, O Cardeal Decano é escolhido por outros membros do Colegiado. Este é o responsável por comprovar oficialmente a morte do Papa. E é também ele que assume a liderança da igreja enquanto Vacante (vaga/sem papa).
Per Scrutinium² - Por votação (latim) É a atual maneira que se elege um novo Papa, porém existem outras duas modalidades, se eu as abordar explicarei.
Qualquer dúvida extra deixe-me saber que eu lhe explicarei.
Essa fic dá um trabalho pois há a necessidade de muita pesquisa, portanto se gostou me deixe saber.
Até a próxima.
