–Te amo. Com todas as letras, palavras e pronúncias. Em todas as línguas e sotaques. Em todos os sentidos e jeitos. Com todas as circunstâncias e motivos. Simplesmente, amo-te.-

"Não importa quantas vezes o sol nasça..."

Os cabelos rosas balançavam com o vento à medida que a menina corria. Longos até ao fim das costas atados com uma fita azul que combinava com a mala também azul. Os calções de ganga curtos, a t-shirt cinzenta e o casaco branco com riscas azuis e os ténis pareciam terem sido escolhidos adequadamente levando em conta o clima ao contrario da menina que estava ofegante.

"Não importa quantas vezes a lua deite-se..."

A mão esquerda segurava a mala enquanto a moça tentava não diminuir a velocidade. Os olhos docemente dourados como mel mudavam constantemente o olhar entre o relógio e o destino à sua frente: a paragem de autocarro. Faltava-lhe 1 minuto para a hora destinada, a hora de chegada do veículo. Atrasada, rezava para chegar a tempo. Ainda mirava esperançosa para trás implorando a Deus para que o autocarro chegasse um pouco mais tarde e por sorte foi o que aconteceu.

"Não importa quantas vezes as estrelas iluminem-se..."

Mal entrou no bem-recebido veículo, dirigiu-se ao 1º assento vazio ao lado da janela que encontrou e ocupou-o. Fechando os olhos e ,embalando-se com a música através dos auriculares ligados ao telemóvel, em menos de 1 minuto havia adormecido. A paragem que desejava era a última por isso teria ainda algum tempo para descansar então não faria mal dormir um bocadinho.

"Não importa quantas vezes o céu mude de cor..."

– Última Paragem - Cemitério De Tóquio

A voz grave do motorista foi o suficiente para acordar a rapariga do seu sonho e despertá-la. A viagem havia demorado 1 hora mas para ela havia sido apenas alguns minutos. havia sido apenas algumas recordações.

– Finalmente cheguei. - Pela primeira vez havia falado desde que havia saído de casa. Talvez por causa do sentimento de nostalgia, talvez por causa do sentimento de memórias do passado já tomavam-lhe conta sem que se apercebesse. - É sempre a mesma coisa. - O tom se voz saía sempre igual. Triste, solitário e magoado.

"Não importa quantas vezes a terra gire..."

A menina até andava de olhos fechados por entre as velhas e novas sepulturas juntas e soltas, separadas e amontadas. Parecia conhecê-lo como a palma da sua mão Não parava por nada. Continuava a andar até chegar mais fundo, ao seu destino.

– Há quanto tempo, Pai. - Sussurrou já com lágrimas nos olhos em frente a uma sepultura.

"...Tudo continua na mesma."

–Quando eu digo que te amo, não digo por força do hábito. Eu falo isso para te lembrar que você é a melhor coisa que aconteceu em minha vida-