Definições
O sol que se punha, mesclando as gamas de cores; esquadrinhava ambos os homens. Ambos parecidos, semelhantes.
Os olhos escarlates de um registravam todas as características - detalhadamente, do atual detetive. A conversa há muito extinguida, criando toques silenciosos e mudos. Eram raras as exceções em que Beyond apreciava a mudez – talvez em momentos como aqueles, em que palavras não se tornam totalmente úteis.
A árvore dava apoio às costas, enquanto o colo carregava a cabeça de L, que com serenidade, olhava a copa amarelo-ouro. Outono.
Deixou as pálpebras cerrarem, ao sentir a ponta dos dedos de B deslizarem pelo rosto. Contornava os traços de L, os traços que sempre quis pra si, traços que eram seus. A mente mandou recordações do dia anterior – no qual Roger havia lhe chamado a atenção, por ter feito uma criança chorar - e de imediato, resolveu quebrar o silencio que fora mantido por incessantes minutos.
"Grande detetive, o que é amor?"
O escuro dos olhos de L tomou toda a atenção. O ar que correu nos pulmões, se fez audível. Parecia decifrar a expressão de Beyond Birthday, analisando aquela pergunta com minúcia; uma pergunta tola.
Tornou a fechar os olhos, referindo à resposta como se fosse a coisa mais óbvia e inútil.
"Viva afeição que nos impele para o objeto dos nossos desejos."
B permaneceu calado alguns instantes, repassando a resposta. Era uma resposta de dicionário, sem dúvidas, uma simples resposta decorada. E o que mais?
E mais nada. Uma resposta fria, escrita em um papel, e dita por alguém que não fazia menção de vir-la sentir algum dia. A mente bailou outra questão.
"E amor cativo?"
"Possessão."
L respondeu prontamente.
"Não."
B declarou sorrindo, fazendo com que o detetive abrisse as esferas opacas; havia respondido corretamente – aonde o rapaz com o dom de ver a morte, tencionava chegar?
"É amor também, L."
Mais uma vez encarou o seu reflexo, antes de fechar os olhos novamente.
Havia escurecido.
X
Nota: Um drabble inocente.
