Tortura.
As paredes eram de cores neutras: branca ou cinzas. Havia uma espada e escudo postado em cima da cama feita de mármore especial e raro. Ali permaneciam dois travesseiros com fronhas brancas e uma coxa bege. Alguns pergaminhos abertos e amassados estavam ali em cima. Perto dali havia uma mesa longa cheia de livros, pergaminhos e mapas. O quarto era apenas iluminado por duas lamparinas.
Na cadeira sentava-se um jovem. Vestia uma túnica fina preta, uma calça de couro e calçava botas pretas. Seu cabelo castanho caia sobre sua testa cuidadosamente, estava um pouco pálido e a testa franzida preocupadamente. Seus olhos castanhos fitavam o pergaminho em suas mãos.
Logo depois de soltar um longo suspiro alguém bateu na porta. Ele hesitou e colocou sua espada na cintura, enquanto caminhava até a porta. Logo que a abriu viu um soldado vestido inteiramente de armadura e elmo. O soldado curvou-se para ele.
- Lord Eragon, fiquei espionando as pessoas capturadas por espectro Durza. Ele chegou ontem pela noite com uma elfa, que parece ser a embaixadora de sua raça e muito importante para os Varden. Durza a colocou na ultima e mais segura cela do castelo. – O soldado despejou informações para Eragon imediatamente.
- Um boato ocorreu que Durza viajou para Dras'leona para falar com o rei. Esse boato é verdadeiro? – Ele perguntou ao soldado fechando a porta atrás de si.
- Sim, Lord Eragon. Espectro Durza voltara em uma semana. Ele deixou o general do Urgals como o líder para impedir que a elfa tente fugir. – O soldado falou novamente. Eragon assentiu.
- Obrigado, Kull. Seus serviços têm de fato me surpreendendo, fique com minha palavra que sua família não será atingida com essa guerra. – Eragon prometeu-lhe. O soldado imediatamente suspirou de alivio e começou a encher Eragon de agradecimentos. Entretanto quando esse levantou a mão no sinal se silencio o soldado se curvou e retirou.
Eragon caminhou com passos largos e rápidos até o enorme porão do castelo, que havia sido construído exclusivamente para os prisioneiros, mas importantes e poderosos. Se antes ele estava preocupado, agora estava o dobro mais preocupado e extremamente nervoso.
Se Durza conseguira capturar a embaixadora do elfos, ele estava com sérios problemas. Pois o espectro ganharia mais um ponto com Galbatorix, fazendo com que ele ficasse com seu titulo em risco. Ele não se importava muito com a elfa, entretanto ser torturado tanto por Durza ou por Galbatorix era o dobro pior que a morte e extremamente desonroso.
Ele chegou ao porão que era fortemente protegido por dois enormes Urgals. Os dois levantaram a cabeça num gesto respeitoso e o permitiu passar. O porão era feito todo de mármore preto, havias centenas de portas conforme se andava pelo enorme corredor. Era um local arrepiante e horrível. Não conseguia ouvir nenhum barulho vindo de qualquer cela. Todas elas tinham apenas um buraco grande o suficiente para entrar ar, entretanto era magicamente enfeitiçado para que qualquer prisioneiro que soubesse a magia não conseguisse a usá-la. A não ser caso tivesse permissão do dono do castelo, Lord Eragon.
O corredor e as celas não tinham nenhum guarda, já que todas as celas eram magicamente trancada e praticamente impossíveis de serem abertas. Eragon andou todo o longo corredor, chegando até a ultima cela onde ficava no centro. Ele fechou os olhos e concentrou-se, um minuto depois a porta de ferro a sua frente estava aberta. Ele a empurrou.
A cela era como todas, totalmente feitos de ferro e mármore escuro, eram frias e arrepiantes. A única diferença dessa cela era que no centro havia uma quase cama de ferro, onde agora ocupava por uma mulher de cabelos negros e vestida como um homem. Ela parecia adormecida, seu rosto parecia suado. De fato qualquer estaria soando naquele local, o pouco ar que passava deixava qualquer prisioneiro com extremo calor.
Eragon hesitou por um longo momento e depois se aproximou logo em seguida começou a andar em circulo na cama de ferro. A elfa não se mexeu, tinha traços belos e finos como os de um gato. Ele a observou bem, sua respiração parecia calma, entretanto ele percebeu que estava um pouco mais acelerada do que o normal para uma pessoa dormindo.
- Sei que está acordada elfa. – Ele falou friamente para a mulher. Logo em seguida ela abriu os olhos e virou-se para encarar-lo. Seus olhos eram terrivelmente verde-esmeralda.
- Quem é você? – Ela perguntou. A sua voz era fraca, entretanto calma e perigosa. Mal parecia uma prisioneira. Ele a fitou.
- Quem é você elfa? – Ele falou frio e grosso. Ela ficou em silencio por um longo momento e Eragon percebeu que ela não iria falar. Ele pôs a mão sobre a barriga da elfa e murmurou um feitiço. – πόνος.
A elfa soltou um grito de dor e agonia. Eragon suspirou, ele sabia exatamente o quanto o feitiço doía, fora usada já contra ele. Ele encontrou seus olhos verdes, estavam cheios de agonia e dor e, parecia implorar para que ele a matasse. A elfa desviou os olhos.
- Ο πόνος τελειώνει. – Ele murmurou novamente fazendo com que a dor cessasse. A respiração dela estava pesada, ela engoliu em seco e olhou novamente para ele. – Qual é o seu nome?
- Arya. – Ela respondeu. A voz estava mais fraca agora, diferente da primeira vez não havia calma nem perigo, e sim medo e pavor. Ela estava suando mais ainda.
- Então Arya, eu sou Lord Eragon. Veja bem: Durza precisou fazer uma viagem rápida para falar com o rei, enquanto isso eu cuidarei de você. Entendido? Alguma objeção? – Ele falou a ela debochando da elfa e se divertindo. Ela ficou vermelha de raiva. Seus olhos demonstravam agora ódio enquanto ele sorria divertido e provocativo.
Ele acariciou o rosto da elfa ainda sorrindo, ela tentou mover a cabeça para desviar, mas não conseguiu. Ele riu baixinho, mas sabia que ela escutava sua risada. Ele começou a descer a mão devagar, passando por seus lábios, queixo, pescoço... E chegando aos seios onde ele contornou com o dedo. Ela estremeceu, ele olhou em seus olhos e viu novamente o medo tomar-la.
Eragon percebeu que ela ainda não estava distraída, não tanto como ele precisava e queria. Abaixou mais a mão chegando um pouco a baixo de seu umbigo. Ele engoliu em seco, agora parecia distraída. Fatal, no minuto seguinte ele já conseguira entrar na mente dela.
Antes que ela pudesse se tocar do que ouve e controlas suas emoções – ou tentar, já que Eragon possuía o domínio pela sua mente – ele viu o medo, pavor e a dor que a preenchia. De fato ela estava apavorada.
- Nunca foi torturada elfa? – Ele perguntou para ela voltando a andar em circulo na cama de ferro. Ela não respondeu, entretanto ele sabia perfeitamente a resposta. – Eu também não. Mas eu já torturei, acredite é bem mais divertido. – Ele riu friamente enquanto ela engoliu em seco.
- Você é patético. – Ela falou, a voz falhou um pouco nas palavras. Eragon levantou uma sobrancelha e sorriu friamente.
- Sou? Bá isso não importa. Se quiser alguma vez atingir-me elfa, fale algo menos "popular". – Ela não respondeu apenas fitava o teto acima. – πόνος.
Ela não gritou dessa vez, ele percebeu que ela já estava preparada para isso. Entretanto ele viu seus olhos se contorcer de dor. Ele cessou a dor e invadiu memórias dela.
A elfa na cidade dos elfos, junto a uma mulher quase tão parecida como ela, entretanto mais velha.
Ela abraçado com um elfo amigavelmente, ambos rindo. Ao lado deles havia outro elfo que gargalhava.
Um homem elegante sorrindo e abraçando Arya. Ambos tinham lagrimas nos olhos e logo depois a imagem se dissolveu dando a mostrar outra imagem: o mesmo homem morto.
Ele não viu mais nada, pois a elfa com a pouca vontade que tinha ela conseguiu o expulsar de sua mente. Lagrimas estavam em seus olhos agora e escorriam no rosto. Ele a olhou, sabia que a ultima imagem para ela fora a pior. Ele invadiu novamente a mente dele e agora sabendo seu ponto fraco, atacou todas as memórias em que o pai dela estava.
- Por favor, pare, por favor. – Ela gritou implorando. Ele parou e a encarou com um sorriso cruel nos lábios. Ela chorava, lagrimas doces e cristalinas desciam pela sua bochecha.
Eragon limpou as lagrimas do seu rosto, agora num gesto gentil o que surpreendeu tanto ele, tanto ela. Ele virou-se e caminhou para a porta de ferro da cela, abriu-a e viu o general dos Urgals ali. O general levantou o pescoço em gesto de respeito e lealdade assim como os outros de sua raça fizeram.
- Lord Eragon, me informaram que você veio até essa cela. A prisioneira é nova, a capturamos a poucas horas. Durza mandou uma mensagem para ti alguns minutos, informando que precisara ficar mais de uma semana no Império e precisa que você consiga informações da elfa. – O general informou-o.
Eragon levantou a sobrancelha e deu um sorriso cruel. Ele agradeceu mentalmente pelo fato de Durza ter que ficar mais de uma semana com Galbatorix, queria ter a oportunidade de ter mais tempo com a elfa. Entretanto ele precisava agora terminar de responder e ler os pergaminhos.
- General preciso fazer algumas coisas importantes, volto assim que der e então iniciarei o interrogatório. Não deixe que ninguém a toque. – Eragon falou, o general assentiu. O humano voltou-se para a elfa que o olhava com receio, ele acariciou o rosto dela e sorrio. – Volto em breve. Slytha.
