Admirável Levi novo.
Ele é adorável, não acha?
Caí, exausto, e me aconcheguei nos braços do heichou. Fora uma noite particularmente difícil, visto que aproveitamos a ida do restante do grupo à cidade. Levi insistiu em praticar novas posições... Em novos lugares. E eu, como não sou bobo nem nada, prontamente sugeri algumas coisas estranhas e prazerosas, embora as mais criativas e deliciosas ideias tenham vindo da cabeça experiente do Levi.
Nesse momento ele saiu da cama tão bruscamente que eu quase caí.
- O que foi?
- Acho que... – Ele olhou para mim quase que com um pedido de desculpas. – Esqueci meu lenço em cima da mesa.
- Na verdade, ele deve estar no banheiro. Começamos lá, lembra? – Assentiu. – No restante dos cômodos nós estávamos... – Corei. – Estávamos nus... Heichou.
- Aliás, devemos lavar as escadas, o chão da biblioteca e o refeitório amanhã de manhã. Entendeu?
Fiz que sim com a cabeça.
- O que foi? – Resmungou com o meu súbito silencio.
- Nada. Só estava... Pensando.
- Ah é? – Arqueou uma sobrancelha como se realmente estivesse interessado. – Em que?
Boa pergunta. Em que mesmo estou pensando? Talvez seja só uma ideia... Mas não posso deixar de reparar no quão diferente o Levi está sendo depois que começamos a, hm, namorar.
O olhar dele mudou. Acho que é meio obvio que isso iria acontecer, mas não deixo de me sentir satisfeito. É muito gratificante ver algo a mais no olhar dele. Algo especial que só eu vejo. Assim como a também mudança em suas ações. Ele não chuta ou bate em mim quando me aproximo demais. Bem, isso vez ou outra acontece. Levi diz que é puro instinto e novamente lança aquele olhar de "estou arrependido, mas não muito". Isso é o suficiente para que eu ceda, muito embora a dor no estômago ou nos testículos seja realmente incômoda.
Entretanto, o que faz com que meu coração bata mais forte é justamente as pequenas demonstrações de carinho. Algo como estender a mão para me ajudar a levantar, perguntar se eu comi direito ou se estou inseguro com alguma coisa, ficar preocupado quando me atraso ou fico muito quieto, conversar comigo ou até mesmo ter um pouco de piedade e compaixão. Até um "oh... nada mal" que ele involuntariamente fala quando faço alguma coisa faz com que um sorriso brote em minha face. Em momentos como esse eu tenho certeza de que é nos braços desse homem que eu quero estar pelo resto da minha vida.
Nos braços desse Levi que se abriu para mim. O mesmo de antes, mas ainda assim renovado. Um Levi novo só meu.
- Eren, em que diabos estava pensando? – Tornou a indagar.
- Estava pensando no admirável Levi novo – ri, nem ao menos escolhendo as melhores palavras a se usar.
Então saiu esse termo estranho. "Admirável Levi novo", mas que combina perfeita e debilmente bem.
- Admirável Levi o quê?! – Perguntou como se eu tivesse falado uma obscenidade.
- Ele é adorável, não acha? – Apertei um pouco sua bochecha, depois depositando um beijinho em seus lábios e me deitando na cama, olhando na direção oposta a ele. – Boa noite, heichou.
- Moleque insolente! – Resmungou antes de se deitar.
Ri baixinho. Olha aí mais outra ação do "admirável Levi novo". O antigo nem teria me deixado apertar a face. Não teria nem me deixado dormir depois de comentários como estes!
Corei só de imaginar o que esse novo heichou deixará fazer com ele.
...
Já estou até vendo estrelas.
