Primeiras Vezes
Você me beijou pela primeira vez no corredor, na frente de todos os seus amigos. Sua barba estava malfeita e me incomodou um pouco. Você tinha gosto de chiclete e músicas alegres. Cheirava a preguiça e sabonete.
O tapa que eu te dei marcou seu rosto por alguns minutos só. Seu beijo me deixou marcada por dias.
Aposto que você nem pensou em como me deixaria perturbada. Ou pior, era exatamente essa sua intenção.
"Por quê?", era a pergunta que eu me fazia antes de dormir e assim que abria meus olhos de manhã.
Sinceramente, eu não importava se você tivesse me beijado por tédio, vontade, nem por causa de uma aposta qualquer. Minha pergunta era sobre mim mesma, na verdade. "Por que meu coração não se acalma? Por que o cheiro dele parece estar me seguindo?"
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Você me olhou de verdade pela primeira vez naquela aula de História da Magia. Talvez você pense que eu não reparei, já que eu olhava pela janela, né? Bom, não se esqueça que dava pra ver o reflexo pela janela. Ainda bem.
Até então você me vira com os mesmos olhos de quem repara na placa de uma rua ou no vendedor da Floreios e Borrões. Admita, eu era ninguém pra você. Ou pior, eu era exatamente igual aos outros.
Não tenho como dizer o que você sentiu naquele momento, é claro. Eu sei que seus olhos aumentaram de tamanho e, rapidamente, suas bochechas ficaram vermelhas. Você parecia tão novo e eu tão velha, madura e poderosa. Poderosa, entende, eu tinha "poderes" sobre você.
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Você me amou, pela primeira vez, porque chovia. Parece engraçado dizer isso, eu sei. Mas foi bem isso, não foi? A gente já tinha feito o tal trabalho sobre animagos, que a gente teria que entregar no primeiro dia do sexto ano, ou seja lá o que for e eu ia voltar para casa. Chovia tanto que eu não pude sair e fiquei com você nos eu quarto por horas.
E quando o sol surgiu novamente e podíamos ouvir apenas aquela música antiga dos Rolling Stones tocando, eu já não me importava tanto assim com a chuva. Você me abraçou e eu pensei que podia ficar lá pra sempre.
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Você disse "eu te amo" precisamente três meses e quatro dias depois de termos começado a namorar. Eu já lhe havia dito isso, uma vez, mas quando as palavras vieram da sua boca elas me pareceram tão mais bonitas.
Nunca te disse isso, mas eu havia treinado horas paras que o meu "eu te amo" saísse com efeito. Seria sexy, independente e amoroso. Exatamente como você as falara. E o que mais me irrita é que você nem deve ter treinado!
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Você me abandonou sem mais nem menos. A cama estava vazia de manhã e nem seu perfume me acompanhava. Acho que Paolo Nutini tocava, mas eu não lembro de ter deixado o rádio tocando. Deve ter sido você.
Será que você percebeu tudo o que você levou quando saiu pela porta? Além do seu casaco de couro e de seus livros antigos e também das cartas que você havia me mandado... Não sei dizer se você levou um sentimento de culpa, mas espero que sim, talvez ele possa fazer companhia para o outro coração que você levou: o meu.
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A/N: É tão antigo isso aqui. Eu encontrei no meio de umas coisas velhas e pensei "por que não?!". Pra variar, não tem um personagem sobre quem me baseei. Mas podem ser tantos... A escolha é sua.
Rveiew?
