Os personagens de Naruto são da autoria de Masashi Kishimoto.
Essa estória trata-se de um one-shot sem fins lucrativos.
A traição do Sacrifício
Primeira parte.
"Todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros e que, para a maioria, é só um dia mais."
Saramago
Hinata estava sentada na quina de sua janela de sua nova casa, um dos primeiros edifícios a serem levantados na restauração da vila, sentia-se invadida por uma estranha paz oriunda de uma esperança que nunca se havia permitido ter completamente.
A guerra levava tanto de todos eles a ponto de ela não saber mais diferenciar a si de seus inimigos à medida que o número dos que matava se assimilava ao dos que perdia, perdendo aos poucos a cifra. Não é como se ela desacredita-se de sua luta, jamais passará por sua cabeça abandona-la, somente... como dizer?... ela deixara de acreditar que aqueles dispostos a matá-la e tirar-lhe tudo que amava fossem se quer minimamente diferentes de si. Amar não era difícil, tão pouco o era se entregar a dor de perder alguém que se ama, ora não e necessário perder a ninguém para saber disso, como não o é amputar uma mão para saber que ela fará falta, mas é preciso ter essa perda para compreender toda sua dimensão que não se equiparava, ao ser crer, nem a mais profunda imaginação do pior pessimista.
Seria, portanto, absurdo não encarar com naturalidade todo o ardor e o desespero que impelia os dois bandos ao desejarem se mutilarem; não poderia fingir que nos olhos de todos que a cercavam fossem adversários ou aliados residia algo mais primitivo e verdadeiro do que cumprir ordens ou qualquer tolo patriotismo: o desejo de sobreviver e de igual magnitude o de levar de volta para casa aqueles que estão ombro a ombro a você, almejo esse mais verdadeiro na hora da verdade do que os sonhos e ideais que alguns cultuam ou do entorpecimento daqueles que nem tentam entender as ordens vindas de cima.
Quando um se sacrifica ou luta não se pensa no que isso acarretará a si ou a quem machuca, não importa uma futura dor física ou moral, tudo que é real não passa da certeza que se não o fizer as conseqüências serão insuportáveis, por tal é que nunca pensou em buscar outro caminho, não se esse não fosse comum a todos a quem ela amasse.
A degeneração que levava as atrocidades às vezes até desnecessárias não fugiam de seu entendimento, a imundice da batalha parecia adentrar a mente de seus participantes os induzindo a uma loucura na maioria das vezes momentânea, que levava a luz o lado mais animal de sua natureza nublando simultaneamente a todo e qualquer sentido comum. Quantas vezes não lhe era impossível se reconhecer em suas memórias? No pior dos casos a insanidade não mais abandonava, viu assim com tristeza a transformação de muitos. As pessoas tornavam-se cada vez mais insensíveis e sadoquistas, geralmente ignorando como essas tentativas de fuga as autoflagelam.
Pelo menos era assim que via esses últimos quatro longos anos deste de que Madara declarara guerra às cinco grandes nações ninjas, mas não é como se ela fosse a dona da verdade.
Lembrava-se de como inicialmente julgaram que teriam "apenas" de enfrentarem a uma poderosíssima banda de terroristas munida de SETE bijus que ainda não poderiam usar, pelo menos não enquanto não pusessem as mãos nos restantes. Estavam então tão enganados, tão... mas pagaram o preço da "subestimação", pagaram alto, alto demais.
Akatsuki estava aliada a QUINCE outras pequenas nações, nove destas shinobis, a ignorância desse fato levou a primeira e maior perda da Aliança que concentrada na organização (Akatsuki) mobilizou um grande contingente das fronteiras a sua caça, o que contribuiu significativamente ao massacre que apesar de ser percebido antes de iniciado, não o foi cedo o suficiente para cobrir a enorme brecha que foi usada por seus vizinhos, que apesar da menor qualidade aumento ali significativamente sua superioridade numérica.
É bem verdade que a Aliança conseguiu outros aliados e que muitas das pequenas nações de ambos os lados bandearão de um para o outro, algumas muitas vezes (seja por sentirem-se traídos, por rinjas interna, por terem oferecidas maiores vantagens do outro lado ou outro motivo qualquer). A maioria dos inicialmente neutros não conseguiu manter muito tempo essa condição (seja por receber ataques de um dos lados, por ver a possibilidade de tirar alguma vantagem da situação, por serem usados como campo de batalha, por terem sido "confundidos" com os inimigos por provas plantadas pelos verdadeiros donos desse papel ou na maioria dos casos pela dificuldade de sobreviverem economicamente fora da proteção de um desses blocos). Porém nada compensou o ocorrido.
Não obstante esses fatos somados com as inúmeras fusões e separações dos governos levaram a que fosse cada vez mais difícil haver confiança e unidade independente do bando. A desolação entrava cada vez mais no coração de cada um, sempre o que havia separado aliados e inimigos nesse mundo violento havia sido a conveniência, mas essa linha tênue que de divisão que às vezes precisava ser ultrapassada dissolveu-se em algum momento, agora aqueles por quem um seria capaz de dar a vida hoje virava facilmente seu carrasco ou alvo amanhã e o inverso se dava na mesma facilidade. Mesmo os amigos e a família, os que um sempre poderia contar, eram levados pela morte dia a dia.
Os paises que miraculosamente continuarão sem partido não eram imunes ao desenrolar da Quarta Grande Guerra Mundial oculta que apesar da curta duração já ostentava o título da pior e mais abrangente de todas.
Fato que só veio a se consolidar com o desenvolvimento pela Organização (denominação que com o tempo passou a abranger não só Akatsuki mais também seus aliados) de um kinjutsu que permitia a esta invocar parcialmente o poder dos demônios que detinham, a falha era compensada pela impossibilidade de serem selados durante a execução do jutsu já que na realidade os monstros continuavam selados na Estatua de Nove Olhos, assim não poderiam ser re-selados. Para a sorte da aliança os bijus não estão, digamos, muito felizes ao estarem sendo controlados por "humanos patéticos" o que os levavam a atacarem os seus invocadores, infelizmente eles muito menos estava afim de se aliarem com os inimigos de seus inimigos ou de no mínimo de diferenciarem uns dos outros, o que ocasionava que destruíssem tudo a torto e a direita, sem contar que eram poucos os guerreiros capazes de usar tal técnica e desses um número ainda menor que se disponibilizava a usá-la.
O novo defeito foi contornado quando a tarefa virou de exclusividade Uchiha, especificamente de Uchiha Sasuke. A Hyuga desconfiava que deveria haver um motivo para que Madara nunca o executa-se mesmo quanto participava nas disputas, alguma conseqüência que ele não estaria disposto a pagar.
Não é difícil imaginar que a Aliança tentaria tomaria medidas contra essa situação, em vão, tudo foi inútil e por um momento tudo parecia perdido.
Tudo parecia simplesmente reduzir-se a dor.
O acaso, contudo, pareceu tomar partido e um dos ataques destruiu a prisão na qual estava retido Uzumaki Naruto por desobediência, ele não havia aceitado a ordem de manter-se longe da ação enquanto os seus morriam fora dos limites daquela ilha. Se fechasse os olhos ainda poderia sentir a imensa revolta que a invadiu então e não só a ela, ainda por cima pelo arresto ter se dado à traição, ato autorizado pela própria Hokage, já que aquele então adolescente era demais poderoso para que as coisas se dessem de outro modo.
Nossa menina jamais esqueceria, ela tinha certeza, mesmo que vivesse mil anos que na beira da dizimação da cidade de Gosague no Reino da Água ela uma das poucas ainda de pé viu surgir a sua frente um herói que naquele momento levanta-se para dar os primeiros passos em direção a virar a maior lenda que pisaria sobre a terra.
O menino zorro mostrou naquele dia uma força inacreditável, era capaz de desfazer aquele perigoso Kinjutsu ao suprimir o chakra do monstro invocado com o seu próprio, seus oponentes caíram rapidamente ante sua determinação e aquele lugar seria palco para a segunda mais épica luta das diversas que se deram e se seguiriam entre Uchiha Sasuke e Uzumaki Naruto. A partir daquele dia os Kages mudarão de opinião, não só em relação a ele mais também a Killer Bee (igualmente capaz de suprir o jutsu e de equiparável poder), o menino da profecia passou a ter um papel vital na guerra, ele estava em todos os lados sem descanso levando mais do que sua força que apesar de enorme se equiparava a de outras lendas, ele levava algo que o mundo julgava perdido, após seis meses do inicio da guerra surgia no mundo o Demônio da Esperança.
Porém aquela pequena mulher seria única a compartilhar toda a verdade daquele homem, aquele que muitos esqueceriam se tratar de um humano como outro qualquer.
"Se tens um coração de ferro, bom proveito.
O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia."
Saramago
Continua...
