Notas da autora: Gente, meu primeiro fic de ShakaxMu, q emocionante! XD Agora, deixando de drama barato e começando a melação de cueca de fato, pra quem não sabe, esse fic foi escrito única e exclusivamente em comemoração ao aniversário da Srta. Arietide, que é com certeza uma das pessoas mais especiais e fodas q eu já conheci! Não sei se conseguirei corresponder as expectativas dela, mas vou tentar. Tenho uma dificuldade bizonha em escrever em português (eu geralmente escrevo fics em inglês), mas estou me esforçando pra fazer o meu melhor, porque essa garota merece tudo e muito mais. Caso não concordem com a minha caracterização dos dois, podem puxar minha orelha, eu admito que pra mim é muito difícil entrar na pele deles, e estou sim, tendo algumas dúvidas. No mais, fico por aqui e espero que se divirtam. E sim, farei vocês esperarem pela continuação *risada maléfica*. Eu ia escrever uma one-shot, aí eu decidi que dividir a história em dois capítulos seria melhor, mas agora eu já estou achando que daqui a pouco eu vou aumentar essa conta em mais um, então... =P E agora eu vou parar de tagarelar senão daqui a pouco até o Shaka vai perder a paciência comigo...
Agradecimentos: Eu sou muito cara-de-pau por pedir à Arietide pra betar o fic de aniversário dela, mas acho que ela ficou feliz porque foi a primeira pessoa a lê-lo, então... Acho que dessa vez é só. ^^
Disclaimers: Bem que eu queria todos os Dourados só pra mim, mas duvido que o Kurumada seja generoso e dê algum deles pra uma pervertida como eu. Isso significa que não, não estou recebendo um #$&% pelas coisas que eu escrevo aqui... =P
~o~o~
Era noite. Uma brisa suave soprava do leste e a lua cheia cintilava com um halo dourado ao seu redor, iluminando o céu e a terra abaixo. No mais perfeito silêncio um cosmo curioso e distraído observava de longe, intrigado por uma cena que já vira inúmeras vezes, mas não conseguia deixar de sentir-se perturbado pela mesma.
Envolto pelas colunas de mármore de um dos templos sagrados do Santuário de Athena, um corpo em pose de lótus permanecia imóvel, impassível, desprovido de qualquer sinal de vitalidade. A respiração não era mais ouvida. O calor do corpo era quase imperceptível. O batimento cardíaco não se pronunciava mais.
Quem quer que se aproximasse da sexta casa, a casa de Virgem, e que não conhecesse seu guardião, acreditaria piamente estar diante da mais perfeita estátua de toda a Grécia. Vestido com sua proteção sagrada, parecia uma escultura, criada com tanto cuidado que jurariam ter sido dotada dos mais perfeitos tons de pele e dourado pelos próprios deuses. Ou talvez, quem sabe, até para fazer pouco deles.
O homem mais próximo de Deus.
Simples e complexo. Inatingível?
Quem sabe, se por ser tão próximo de Deus, já não tivesse então perdido a própria humanidade e alçado-se a patamares superiores, além de qualquer esperança de ser alcançado por todos os outros meros mortais?
A vigília noturna continuava, imperturbável. O questionamento surgido em um momento qualquer daquela manhã havia se repetido incessantemente em sua cabeça durante o decorrer do dia. Sem obter resposta, se voltava para tarefas corriqueiras, retornando ao seu posto de observador secreto pouco tempo depois sem sequer notar. Seu temperamento agitado, embora há muito houvesse sido domado através de treinos exaustivos que por vezes beiravam a tortura mental, permanecia inquieto com a natureza de sua indagação e demandava uma solução. Mas a razão exigia discrição e seu espírito fora lapidado cuidadosamente para que a ela obedecesse, e não aos seus instintos primais e revoltos.
Tal rotina já havia sido estabelecida há algum tempo, sem que ambas as partes envolvidas tivessem dado conta do fato. Ou, se sabiam, esforçavam-se para ignorar que um interesse mútuo havia surgido entre tão furtivos momentos, pairando como névoa entre a distância que havia da casa de Áries até a casa de Virgem.
O ariano dirigiu-se ao pequeno espaço destinado a refeições e começou a preparar chá. Separou primeiro um copo, depois pensou melhor, e pôs outro na diminuta mesa de madeira. Dentre as opções disponíveis de ervas, escolheu uma em particular e sorriu, inconsciente do reflexo. Seus olhos vagavam pelo espaço, temporariamente sem foco. "Algo grande acontecerá esta noite", pensou. E voltou-se à tarefa a que se propusera anteriormente.
~o~o~
Já há algum tempo Shaka havia percebido a impressão psíquica do cosmo de Mu aquecendo-o suavemente. Muito embora já houvesse aprendido a ignorar as intempéries da natureza que eram comuns na época de inverno em que se encontravam, a sensação de estar sendo envolto em energia tão elevada e protetora preenchia-o de calor e tranquilidade de forma que há muito já não sentia.
Estava ali em meditação já há vários meses e não se importava com o isolamento ou a privação a que se submetia. O que sentia falta era algo muito mais simples e impensável por aqueles que o admiravam ou temiam.
Guardava poucas recordações de sua infância além do sofrimento que havia testemunhado na Índia antes de receber a graça de ser um dos Santos de Athena. Uma delas era um apreço singelo por um prazer relativamente mundano, que até o mais comum dos mortais poderia desfrutar. E que somente um dentre todos os Santos de Ouro sabia como aplacar a vontade de obtê-lo.
Estavam em tempos de aparente calmaria. E, apesar de saber que a mesma duraria pouco, decidiu que uma ou duas horas de interrupção de sua meditação não a afetariam irremediavelmente.
Levantou-se vagarosamente da posição em que se encontrava, dando tempo para que seu corpo se acostumasse novamente aos movimentos. Mesmo quando sob ataque, raramente exercia flexões musculares maiores que o girar de um pulso ou o dobrar de um dedo. Se algo o obrigasse a fazer mais do que isso, a adrenalina e seu cosmo se encarregariam de mandar as mensagens necessárias a todas as suas células obtendo a resposta imediata e necessária. Quando não era o caso, tinha como ritual sentir cada parte do seu corpo se estendendo e mexendo, quase como se quisesse tomar consciência da totalidade de seu ser físico. Despiu-se de seu traje dourado por considerar inapropriado e desnecessário para o que estava prestes a fazer.
Sob a luz do orbe prateado que dominava a expansão celeste noturna, caminhou até a entrada de seu próprio templo e desceu as escadas lentamente. Passou por Leão, Câncer e Gêmeos. Sentiu Aldebaran eternamente em guarda à porta de seu templo, antes que este o desejasse boa noite em um tom de voz mais intrigado do que surpreso. E desceu enfim os últimos degraus até a saída da casa de Áries, onde o cosmo que o observava por tanto tempo o aguardava agitado e aparentemente ansioso.
Um cheiro deliciosamente doce foi recebido pelos seus sentidos com um leve curvar do canto esquerdo de seus lábios, que lembrava vagamente o princípio de um tímido sorriso. Entrou na casa de Áries sem hesitação e seguiu o aroma até a sua fonte. Desceu os degraus de mármore que levavam ao subsolo do templo, o tempo todo sentindo a presença do lêmure ariano.
A iluminação no salão residencial era escassa, quase inexistente. Não fazia diferença para ele, embora indagasse se não faria falta ao outro. O ambiente estava levemente aquecido e acolhedor, em contraste com o frio úmido e penetrante que varria o andar superior. Em um canto, sentado a uma pequena mesa de madeira, encontrava-se Mu, pego no exato minuto em que levava aos lábios um delicado copo de porcelana. Em cima da mesa encontrava-se um pequeno bule, também de porcelana, do qual escapava uma fumaça ligeiramente esbranquiçada, denunciando a temperatura elevada do seu conteúdo. Uma peça gêmea à que Mu segurava repousava preenchida com um líquido de coloração âmbar esperando em frente a outra cadeira da mesa.
– Imaginei que você viria. Antes que você diga alguma coisa, é o seu favorito, da colheita de junho. Poupe-me o trabalho de convidá-lo e sente-se logo antes que esfrie. – A voz imponente, porém suave, do Santo de Áries preenchia o aposento, ecoando nas paredes nuas, limpas de qualquer decoração. Shaka acomodou-se no frágil assento, agradecendo em silêncio pela bebida e tomando o primeiro gole.
– Você adoçou.
Mu o respondeu sorrindo, sem sequer dignar-se a levantar o olhar. Era facilmente perceptível o tom jocoso em sua voz.
– Não gostou? Faça você mesmo. Faça melhor.
– Suas palavras transformam o ato de preparar uma simples beberagem em uma disposição épica. – Agora Shaka sorria abertamente, ainda de olhos cerrados, mas postura mais relaxada e recostado suavemente na cadeira.
– Qualquer atividade culinária é uma disposição épica para você, Shaka. Não sei onde você estaria sem a minha presença no Santuário.
– Meditando e dedicando-me a responder questões de caráter mais urgente.
Mu olhou para o Santo de Virgem, parando momentaneamente a borda do copo nos lábios antes de tomar o último gole. Depositou o recipiente na mesa e apoiou os cotovelos na mesma, o queixo deitado nos nós dos dedos entrelaçados e voltados para baixo.
– Que perguntas têm o perturbado tanto ultimamente, Shaka, a ponto de esconder-se dia e noite em meditação dentro de seu templo?
Era mais do que simples curiosidade. Talvez até preocupação. O fato era que as atitudes do virginiano desconcertavam Mu. Era adepto de meditação, como todos em Jamir, mas não por meses a fio como o outro fazia. Seu corpo ainda necessitava de sustento, mas aparentemente, o de Shaka não mais.
– Seria possível que Mu da Casa de Áries, o ferreiro de Athena e herdeiro do legado de Jamir, ainda não tenha percebido a agitação do cosmo universal? – Shaka falava sério, a voz isenta de flexão ou emoção, muito embora o sarcasmo não necessitasse nem de um nem de outro para ser notado nas palavras ácidas do "homem mais próximo de Deus".
– É isso mesmo? Eu o aceito em meu templo, ofereço minha hospitalidade, e ainda tenta ofender minha percepção com sua língua ferina? Acreditava ser você mais... Santo... do que isso, Shaka. – Mu serviu-se de mais chá e ofereceu o bule na direção do outro, o peso de suas palavras suspenso no ar como a peça de porcelana.
A troca de farpas mútua era comum e até frequente entre os dois. Encaravam como um esporte, e jamais sentiam-se ofendidos. Mas o comentário do ariano provocou o arquear de uma sobrancelha no rosto outrora plácido de Shaka.
– O que exatamente você está questionando ao meu respeito, Mu? Ou melhor, qual é o seu objetivo ao me observar continuamente como tem feito nos últimos meses? Acredito que não tenha o intuito... Atrevimento... de negar.
Mu não teria em momento algum esperado que o virginiano deixasse de notar o que vinha fazendo. Porém, da forma como Shaka perguntou a respeito, pareceu estar incomodado com o fato. Sem saber como reagir, o Santo de Áries serviu novamente a Shaka e levantou-se, colocando mais água para ferver destinada a um segundo serviço. Usou os poucos segundos da ação para se recompor e voltou a sentar-se, retomando o copo em mãos com um sorriso, tentando disfarçar o desconforto.
– E o que eu teria para negar, Shaka? Ou melhor, o que eu teria para esconder de você que fosse necessária uma negação para tentar escapar ao seu poder de dedução?
Shaka terminou de beber o conteúdo de seu copo e fez menção de levantar, inclinando a cabeça para frente e afastando a cadeira da mesa.
– Se não tem mais nada a dizer, então agradeço-lhe a hospitalidade e o chá e me retiro. Voltarei a minha meditação que o perturba tanto. Se dedicasse ao menos algum tempo todos os dias para a prática, talvez a ideia não lhe fosse tão incômoda.
– O que sabe de meus hábitos, Virgem? Absolutamente nada. Não ouse questionar minha dedicação ao meu crescimento pessoal. – A discussão elevara-se a outro patamar, o semblante usualmente tranquilo de Mu alterado. Havia sido um engano interessar-se pelo Santo de Virgem. Ele estava sim, acima dos mortais que o cercavam. Mas não de uma maneira boa. Ou ao menos, assim o parecia. Como um homem tão próximo de Deus poderia ser tão cheio de soberba como Shaka? Que era talvez um dos mais poderosos Santos de Athena, absolutamente, isto estava fora de questão. Mas agora Mu possuía quase certeza de como seu comentário anterior teria sido apropriado. Shaka não era tão santo como acreditavam.
Orgulhoso, arrogante, pedante, impaciente quando contrariado, e oras, quem poderia imaginar, com um sério problema de falta de educação ao tratar com aquele que o recebera tão amavelmente.
Bom, talvez não tão amavelmente quanto poderia. Mas não vinha ao caso agora. Estava irritado. E Mu de Áries irritado não era algo com que as pessoas gostassem de se deparar durante o dia. Ou durante qualquer outra hora.
– Esqueceu-se como é ser humano, Shaka? Não se alimenta mais, não dorme mais, passa o dia todo travado na mesma posição... Ainda está entre nós ou o que vejo na minha frente é só uma casca desprovida de emoção e vida, e seu espírito verdadeiro já se encontra ao lado de Buddha? – Respirou fundo, fechou os olhos e pressionou o alto do nariz entre a ponta dos dedos indicadores, os olhos cerrados e a cabeça doendo com a excitação do momento – Não se cansa da solidão? Como consegue carregar sozinho o peso de tanta responsabilidade? Não conseguiria dividir conosco, seus irmãos de armas?
Para Mu, o choque que recebeu após dizer tais palavras foi com certeza o maior de sua vida até então. Uma onde de energia bruta o atingiu e à frágil mesa onde estava sentado ainda, quebrando o móvel e os utensílios de porcelana no topo. Foi jogado contra a parede com violência pela força invisível, a cadeira partindo-se em estilhaços de madeira. Havia sido pego de surpresa, não esperava tal reação do virginiano.
Shaka havia aberto seus olhos. E encarava o Santo de Áries estatelado no chão com uma expressão indecifrável no rosto.
N/A: Ih, gente... O bicho vai pegar... Ganha um doce quem adivinhar porque o Shaka tá fumegando desse jeito. XD
E sim, aos curiosos de plantão, vai ter lemon. Quer dizer, espero que eu não trave na hora de escrever a parte de lemon. XD E de novo, Happy Birthday pra Arietide. Com ela estalando o chicote no meu lombo (não duvidem dela, gente, ela é capaz de tudo pra ver o final disso), eu acho que termino o fic antes do fim do mês. Torçam pra ela não arrancar meu couro antes disso. Escrever sem pele nas costas não deve ser muito divertido. XD
