Traduzida em: 05 de novembro de 2017

Autor: TolkienGirl

Tradutora: Harmonia Bloom


O ar está congelante. Por Deus, ele deveria consertar esse ar-condicionado. Steve puxa as mangas de sua blusa, cobrindo as mãos, e batuca o volante.

Todos eles vinham como num pequeno nó – Mike, Eleven, Lucas, Max, Will, Dustin – mas, num segundo, o nó desmanchou, em fragmentos. Steve acredita que só ele consegue ver essa falha geológica. Mike e Eleven, de mãos dadas. Lucas e Max, ombro a ombro. Will atrás, esperando Jonathan, provavelmente.

Steve não quer pensar em quem Jonathan provavelmente está esperando.

Dustin parece um pouco perdido por um segundo. Ele está inconstante, deslocando o peso de seu corpo de um pé para o outro. Seu cabelo é como um auréola agora, e Steve acha que isso provavelmente caia melhor no garoto.

Então Dustin vê o carro de Steve, e sorri daquele jeito infantil.

"Hey, parceiro", Steve diz. "Se divertiu?"

Nancy vem para fora com Jonathan. Steve dirige para longe, sem olhar para trás.

"Foi bem legal", Dustin fala. "O ponche estava incrível. Havia suco de abacaxi nele. E tocaram algumas coisas boas".

Steve cutuca o garoto com o cotovelo. "E as moças?".

Dustin fica com o olhar sonhador, e parece que ele vai dizer algo, e então não diz. Ele mastiga o lábio inferior por um momento. "Eu acho que meu jogo precisa melhorar um pouquinho ainda".

"Você foi mais longe do que eu, na sua idade".

"Sério?", Dustin parecia esperançoso.

"Nah. Mas você está chegando lá". Ser Steven Harrington não era sempre bom, mas Steve acredita que Dustin provavelmente precisa dessa ilusão.

"Ainda assim, eu consegui dançar com uma garota". Ainda num tom cuidadoso, que Steve percebe em campo, mas ao menos o garoto parece feliz.

"O que eu disse, parceiro? O que eu disse? Você é demais".

Dustin se acomoda no assento. Suas covinhas estão aparecendo. Steve se lembra daquele sentimento, estar no topo do mundo. O problema é que esse sentimento quase sempre envolvia Nancy. Ele dispensa aquela memória. Deus, ele não era muito exigente, não é? Andando por aí com crianças do oitavo ano e choramingando por alguém que esmagou seu coração com mãos pequenininhas.

Bom, a primeira parte não era tão ruim.

"Obrigado de novo", Dustin diz, pulando para fora do carro. O garoto vai precisar fazer algo diferente com o cabelo algum dia, mas isso pode esperar. "Foi incrível, Steve. Você é incrível".

"Eu tento", Steve fala, com seu melhor estilo indiferente. E de novo, praticamente tudo o que Steve faz impressiona Dustin por alguma razão, então ele não se esforça muito. Talvez porque seja de mais ajuda do que deveria ser, esses pequenos sorrisos infantis que diziam para Steve que ele ainda era um herói.

Talvez.

"Minha mãe quer que você venha jantar", Dustin anuncia. "Se-se você quiser. Para agradecer pela ajuda. No último mês e tal".

"O que ela acha que eu fiz?".

"Espantou uns valentões".

Valentões, demodogs. Claro. "Mesma coisa", Steve diz. É fácil arrancar um sorriso quando se trata de Dustin. Aquele garoto era puro otimismo, mesmo quando estava triste.

"Então você vem?".

Steve finge pensar por um momento, para que Dustin pareça que vai explodir ou algo assim.

"Contanto que não haja mais monstros no seu porão", ele concorda, por fim. Então, ele dá partida no carro e sai como um jato dali.