Deeply – Mary/Matthew

Eu esqueci seu rosto.

É estranho notar como eu quis isso por tanto tempo e, agora, sinto falta. Sinto falta de seus olhos incrivelmente azuis, de sua pele clara, de seu sorriso singelo, de seus cabelos dourados...

Eu sinto sua falta.

É uma vergonha. Eu sou uma vergonha.

Eu odeio este sentimento e, ainda, não consigo deixá-lo ir embora.

Eu não consigo mais voltar para a Lady Mary antiga, fria, calculista, sem coração... A Mary que não chorava. A Mary que não lamentava. A que nunca possuiu qualquer sentimento puro no coração. Que apenas sonhava em achar um casamento que fosse conveniente para a família.

E achei. Achei alguém. Estou noiva.

Matthew também. Sua noiva, Lavínia, é a garota perfeita pra ele.

Ela é doce, terna e é realmente uma ótima lady. Mas, acima disso tudo, ela o ama demais.

Ela é tudo o que eu não sou. Ela é tudo o que eu nunca poderei ser.

Eu deveria estar feliz.

Minha família está feliz.

Sinto que estou presa nessa bolha de felicidade e alegria. Mas eu sou aquele pontinho negro que estraga as linhas multicoloridas na bolha transparente. E não sei como mudar isso.

Eu me apaixonei e me arruinei.

Arruinei todo um plano de uma vida com apenas um olhar, com apenas um beijo inocente.

Matthew sobreviveu ao nosso curto e condenado relacionamento.

Mas eu... Eu morro um pouco mais a cada dia que passa.

O amor nunca importou de verdade para mim. Nunca liguei, sempre o desprezei.

E, talvez, deve ser por isso que agora ele dói tão... profundamente.