Ele era tão bonito! Sorriu para si mesmo, sentindo o vento frio em suas costas. Amava-o e não podia evitar. Adorava assar cada noite de insônia observando-o, enquanto seu peito subia e descia lentamente, o rosto tão calmo, os olhos cinzas tão arrogantes escondidos pelas pálpebras. Ele era tão bonito!
Era só disso que precisava para viver feliz e em paz. Quando perguntavam se não queria namorar, sorria e não respondia, os olhos cor de verão brilhando enigmáticos, sempre escondendo aquela verdade. Porque era uma verdade só sua e não precisava e nem queria compartilha-la. Era feliz amando e não estava realmente se preocupando se seu amor era correspondido.
Suspirou quando o viu acordar, piscando os olhos cinzas incontáveis vezes. Amava quando ele acordava daquele jeito, meio desnorteado, uma face encantadoramente inocente. Viu a sobrancelha de desenho bonito se erguer e sorriu. Sirius era a única pessoa que sabia que Remus tinha insônia. Insônia que começara como uma tortura, quando Remus não dormia tentando entender o que havia, por que tinha que ser uma aberração? Por que tinha que gostar de seu melhor amigo? Insônia que se tornara um prazer quando ele simplesmente parara de se perguntar e passara a aproveitar. Porque entendera que o amor não precisava de contestação, mas apenas de aceitação e contemplação.
- Mais uma noite sem dormir? - perguntou Sirius, sorrindo.
- Mais uma... - e Sirius parecia não entender porque Remus parecia sempre tão feliz por estar acordado. Uma pessoa de dezessete anos não podia viver a vida sem dormir e ainda manter o humor em padrões aceitáveis, podia? Bem, claro que Remus podia. O lobisomem mordeu o lábio inferior de leve e saiu do quarto sem fazer barulho, acenando para o outro, que voltara a se enroscar nas cobertas.
Quando chegou à lareira, ainda sorrindo, sentiu lágrimas queimarem seus olhos amarelados. E mesmo com o rosto molhado pelas lágrimas que não cessavam, continuava a sorrir, porque gostava de amar.
Pulou de susto, mas acalmou-se instantaneamente, reconhecendo o toque, a respiração, o cheiro. Podia senti-lo até no inferno. E foi a primeira vez que não tentou enxugar as lágrimas ou esconder-se. Não, apenas virou, pendendo a cabeça de leve, para poder admira-lo melhor.
- As pessoas acham que sou bobo, Moony - e um largo sorriso se abriu no rosto perfeito de Padfoot. - Mas eu não sou... nem um pouco.
E o beijou de maneira tão abrupta, tão repentina, que Moony demorou vários segundos para perceber que era o beijo tão sonhado e conseguir corresponder. O beijo era levemente salgado, tinha gosto de lágrimas, mas também tinha gosto de mel.
Afastaram-se. Remus o olhou longamente, tentando sorrir. Sirius parecia levemente constrangido, mas sorria abertamente, encarando a lareira.
- Por que estava chorando, Moony? - Remus não respondeu, o gosto de Sirius impregnando sua boca. Foi sua vez de toma-lo num beijo, os corações soando como bumbos. Estava tonto com todo aquele contato, sua boca macia, suas mãos fortes...
Abraçou os próprios braços para tentar para tentar proteger-se do frio. Mais uma noite de sua vida que não dormia. Voltou os olhos amarelados para o céu, e deu de cara com ele: Sirius, a estrela mais brilhante da constelação de Cão Maior. Sorriu, exultante, e imediatamente lágrimas começaram a rolar incessantemente. Amava-o e não podia evitar, mesmo depois de tanto tempo. Diferente de sua adolescência, no entanto, sabia que era amado de volta.
Sem tirar os olhos da estrela, jurou que limparia o nome de Sirius e encarando o céu firmemente, lembrou-se de como ele era bonito!
Lembrou-se de quanto o amava e do quanto era feliz por isso. E pela primeira vez desde que se lembrava, deitou em sua cama e dormiu, uma noite inteira.
Porque o amava, e mesmo sem saber se era correspondido, seria feliz por isso.
FIM
Notinha de rodapé: Beijinhos para Adri Potter que me contou que gosta desse shipper. Desculpem a enventual falta de qualidade e o tamanho reduzido. Por favor, não deixem de comentar!! XOXOXO
