Antes de tudo, explicações, minha gente

Antes de tudo, explicações, minha gente! Vocês se perguntam: "ok, o que essa garota está fazendo? Nem terminou HPEATDCV e fica aí escrevendo outras fics? Deveria terminar as outras!". É, eu sei... mas há muito tempo que eu quero escrever uma fic da Lily (e dessa vez da original, e não da neta, como eu já escrevi). Como eu já disse, eu amo a personagem (faço cosplay dela, inclusive), e acho que ela tem muito a ser explorada. E preparem-se, essa história será mais uma daquelas longas e cansativas... mas, com certeza, terá o meu amor, como HPEATDCV. E me dedicarei muito a ela, podem ter certeza.

A história, eu não vou falar muito dela. O objetivo dessa fic é, antes de tudo, mostrar os lados bons e ruins de dona Lily Evans. Mostrar o quanto ela é importante na saga (ao contrário do que a Warner pensa), tudo que cercou a vida dessa menina. Terá elementos do sétimo livro (nem sei se posso mais chamar de spoiler, porque faz tanto tempo que lançou), mas terá elementos meus também. Também terá uma personagem da minha outra fic, a Mel (eu até poderia colocar o irmão que eu criei pro James, mas decidi ser um pouco mais fiel à história agora). Espero que gostem.

E por último, a minha beta: NETINHA MARY! Eu não poderia postar essa história sem passar pelas mãos talentosas dela. Mary, considere essa fic um presente adiantado de aniversário. Já que eu não poderei estar aí pra te abraçar como toda boa avó deve fazer, e nem tenho grana pra te dar um presente melhor. Mas é de coração, viu?

Sem mais delongas, vamos à história. E como sempre, quero reviews, hein?

Miss of Darkness

Lírio

Prólogo

Harry sentou-se pesadamente na sua imponente cadeira. Estava se perguntando por que só os aurores tinham o privilégio de terem cadeiras almofadadas, enquanto todos os outros do Ministério tinham que se sentar em cadeiras de madeira. Tinha que falar sobre isso com Shaklebolt, e depois: o senhor Weasley já estava com problemas sérios de coluna.

"Você está aéreo hoje, Harry." – um senhor de aproximadamente sessenta anos e cabelos grisalhos falou com alegria – "Pensando na morte do hipogrifo, hã?".

"Quase. Um hipogrifo é mais confortável do que muitas cadeiras por aí" – Harry viu o senhor olhar para ele, bem confuso – "Nada demais. Algum caso importante hoje?".

"Ah não. Isso anda uma chatice nos últimos tempos. Apenas delinqüentes de meia pataca, sabe? Os bons tempos já foram embora" – ele suspirou, cansado – "Mas você me parece bem atarefado nos últimos dias. Alguém interessante?".

"Acho que não. Mas nem me importo com isso" – Harry suspirou – "As crianças já me dão muito trabalho".

"Ah sim. Eles com certeza devem ter puxado o espírito Weasley da sua esposa. Lembro-me que o Arthur reclamava das crianças quando elas eram pequenas".

E Harry começou a ouvir as intermináveis histórias de Kevin Hoffman. Era um dos aurores mais antigos da seção, portanto o que tinha mais coisas para contar. E era algo que o senhor gostava bastante de fazer. Havia vezes em que ficava dias inteiros apenas contando os mais diversos casos, não só da Central de Aurores, mas do Ministério todo. No fundo, era divertido ouvir aquele que era um dos mais alegres aurores da Seção. Era bom para aliviar o ambiente pesado dali.

"Imagino que o mais velho seja o mais travesso, não? James, não é mesmo? Disseram que ele é um furacão".

"James puxou ao meu pai, eu acho" – Harry abaixou a cabeça, pensativo – "Ou então aos tios deles. Fred teria orgulho dele, se estivesse vivo".

"Você tem um grande passado de pessoas travessas na família, rapaz" – o senhor Kevin lhe deu um tapinha nas costas – "Sabe, eu me lembro um pouco do seu pai. Menino talentoso, obstinado, e muito divertido. Pena que não conversei muito com ele".

Harry já tinha ouvido as histórias que o senhor Hoffman tinha sobre seu pai. Eram poucas mesmo, já que os dois não tinham convivido por muito tempo. E, no geral, eram iguais a todas as outras que ele já tinha ouvido desde que entrara no Ministério. Sempre destacando a semelhança entre os dois. Nada de novo, como sempre.

Pensando bem, sempre que ouvia falar sobre os seus pais, muito era sobre o seu pai, e pouco sobre sua mãe. A última vez que vira, de fato, algo sobre ela, tinha sido nas lembranças que Snape deixara na Penseira. Depois disso, ouvia sempre algumas informações esporádicas, coisas que muitos consideravam até irrelevantes.

Seu pai havia deixado amigos para contar histórias. Sirius e Remus haviam se encarregado de contar muitas coisas sobre os Marotos, legado que Harry agora passava para o afilhado, Teddy. Mas e Lily? Será que existia alguma amiga dela por aí que soubesse mais sobre sua vida? Tirando Snape e os Marotos, nunca ouvira falar de algum outro amigo dela. Será que ela os tinha?

"Alô, Terra chamando Harry!" – o senhor Hoffman passava a mão na frente do rosto dele – "Ué, o que aconteceu com esse menino?".

"Diga-me, senhor Hoffman... o senhor conheceu minha mãe, certo?".

"Sua mãe? Bem, eu a vi algumas vezes aqui no Ministério, atrás do seu pai. Mulher muito bonita, inteligente, embora meio esquentada. Mas a vi poucas vezes... nunca conversei diretamente com ela, pra ser sincero".

"Sabe de alguém que a conheceu bem? Uma amiga, ou algo do gênero?".

O senhor Hoffman pareceu parar para pensar. Ficou muito tempo divagando em algum lugar da mente, o olhar bastante perdido. Harry chegou a pensar que ele não responderia à pergunta, mas ele começou a dizer:

"Quando sua mãe vinha falar com seu pai, ela também costumava passar no Departamento do Crouch, pra falar com uma garota em especial. Pode ser que ela fosse uma amiga de sua mãe".

"Uma garota em especial? E quem é? Ainda trabalha no mesmo lugar? Qual o nome dela?".

"Calma aí, rapaz, vamos com calma. Ela não trabalha aqui há muitos anos, e nem sei onde ela está agora. Mas o nome dela eu acho que posso dar. Você realmente quer essa informação?".

"E por que eu não ia querer? É da minha mãe que estamos falando".

"Ah, se você insiste... mas não conseguirei dar essa informação agora"

"Ué, e por que não?".

"Porque quero confirmar primeiro se ela está viva, oras. Há anos que ela se foi... é uma possibilidade" – ao ver Harry murchar, o velho senhor sorriu – "Não fique assim, Harry. Hoje mesmo eu te passo essa informação. Enquanto isso, aproveite que não temos nenhum caso e descanse. Agradeça que temos essas cadeiras almofadadas... ouvi dizer que Arthur Weasley está sofrendo de dores horríveis por causa das cadeiras que tem por aí".

--

"Melanie Linsp?" – Ginny olhava o papel onde a letra do senhor Hoffman estava – "Engraçado, esse sobrenome não me é estranho. Quem é, mais alguma curandeira especializada em gravidez?".

"Dessa vez não. Embora eu precise ver isso" – Harry olhou para o ventre da esposa, que ainda estava começando a crescer; não pôde deixar de sorrir – "Você deve conhecer o nome de outro lugar. Segundo o senhor Hoffman, era uma família bastante conhecida no mundo bruxo, mas que há muitos anos não deixa herdeiros".

"Ah sim, os Linsp. Ouvi dizer que a última descendente trabalhava com o Crouch... parece que hoje ela fica andando de país em país, por isso que não quis casar e ter filhos".

"Exatamente. E a preferência dela é a América" – Harry viu o olhar de Ginny ficar bravo – "Ué, o que foi?".

"Como é que você sabe tanto dessa mulher, hein senhor Potter? Por que tanto interesse nela?"

"Ah, Ginny, sem ataques de ciúme. James, larga isso aí, você pode se machucar" – O filho mais velho de Harry, James, tentava pegar a varinha da mãe, mas fora descoberto. Ao receber o aviso, fez cara feia, mas soltou a varinha – "Na verdade, eu tenho outro interesse nela. Um pouco relacionado com esse mocinho, por assim dizer".

"Com quem? Com o James?" – Ginny inclinou um pouco a cabeça, indicando confusão – "Ué, não sabia que teríamos babás".

"Não é babá, Ginny" – ele respirou, tentando buscar concentração – "Eu vou te explicar do começo... aí você vai entender".

Harry contou sobre a conversa que teve com o senhor Hoffman, a menção sobre James, a citação de seu falecido pai e também a conclusão sobre Lily. Disse que o senhor Hoffman havia mencionado a tal amiga da mãe, e ficou curioso por saber quem ela era, por isso que o auror havia dado essas informações, conseguidas com o próprio Shacklebolt.

"Ah sim... então por isso você está interessado nela" – Ginny encarou o marido – "Mas por que isso agora, Harry? Por que essa curiosidade tão repentina sobre sua mãe? Achei que você estivesse satisfeito com as lembranças de Snape, afinal nunca mais voltou a esse assunto".

"Minha mãe sempre foi um mistério, Ginny. E acho que nunca me esqueci disso, só... me acomodei. Mas depois do que eu ouvi do senhor Hoffman... não sei, a curiosidade voltou, e quando ele mencionou essa mulher, aí sim não consegui sossegar".

"Entendo. Mas bem, o que você vai fazer? Pelo que eu estou lendo aqui, essa mulher está no Chile agora".

"Bem, o jeito vai ser ir atrás dela, não é mesmo?"

"Atrás dela? No Chile?".

"Exatamente. Não é lá que ela está? Então é pra lá que eu vou?".

"Como assim 'é pra lá eu que vou? ' – Ginny se levantou, toda exasperada – "E a Central? Os seus casos?".

"Eu já falei com o Shacklebolt, e ele me liberou pelo tempo que eu precisasse. Além disso, quase não tenho casos ultimamente. Os outros podem cobrir minha falta".

"Pois muito bem" – ela apontou o dedo pra ele – "Pelo visto o trabalho não importa. E Al, saia daí, já disse para não mexer nas agulhas de crochê" – um garoto de mais ou menos um ano (que mais parecia uma miniatura de Harry) olhou para Ginny e, murcho, saiu de perto do novelo de lã onde as agulhas faziam um casaco - "Mas você se esquece de uma coisa".

"O quê?".

"Estou grávida, Harry. GRÁ-VI-DA. Não te preocupa esse pequeno fato?".

"Ah Ginny... não é você quem diz que grávida pode fazer tudo, até mesmo jogar quadribol? Então, é a hora de você me provar isso. Além disso, a Hermione ficará com você o tempo todo. Qualquer coisa, é só chamá-la".

"Mas... mas..." – Ginny tentava argumentar, mas se calou quando Harry a abraçou.

"Eu sei que é repentino, e que você se preocupa. Mas não fique assim: eu voltarei logo" – ele olhou nos olhos castanhos dela – "É mais forte do que eu, Ginny. Eu também mereço isso".

"Eu sei... mas é que foi tudo tão de repente. Você chega, fala que vai pro Chile procurar uma desconhecida e você quer que eu pense o quê? E eu ainda lembro como você ficou quando viu as lembranças do Snape... durante muito tempo, você lembrou aqueles fatos. Até batizou nosso filho de Albus Severus! Eu só não quero ver você sofrendo, Harry. Será que é bom você saber sobre a sua mãe?".

"Eu só vou descobrir isso se tentar, não é mesmo?" – ele beijou o pescoço dela – "Mas enquanto eu não vou, podemos aproveitar pra nos despedirmos, não acha?".

"Com esses seus filhos? Impossível" – ela tentou parecer séria, mas já estava se rendendo aos carinhos do marido.

"Podemos colocar eles pra dormir. Acho que ainda tenho um pouco de poção do sono aí".

"HARRY!" – ela tentou bater nele, mas ele segurou seu braço e começou a beijá-lo – "Você não tem jeito mesmo".

Eles já estavam se rendendo ao desejo quando ouviram uma explosão vinda da cozinha. Rapidamente eles se separaram e empunharam suas varinhas. Quer dizer, Harry empunhou. A de Ginny havia sumido.

"Mas ela estava aqui agora há mesmo. A não ser que...".

Os dois se entreolharam:

"James."

--

Harry olhou pela primeira vez o céu chileno. Estava meio frio, principalmente porque o inverno começava a chegar à região. Era estranho sair do calor insuportável do verão londrino e sentir o frio chileno.

"Mas pelo menos eu estou aqui" – pensou, sentindo o vento gelado cortar o rosto – "Pena que estou sozinho... Hermione viria bem a calhar agora. Não sei uma palavra em espanhol".

A amiga até tinha se oferecido para ajudá-lo a se virar no Chile, mas como ela também estava grávida, Harry preferiu que ela ficasse na Inglaterra mesmo. Além de ser arriscado, Hermione ficava bem mais rabugenta grávida. É, foi melhor ela não ter vindo.

Saindo do aeroporto (e quem diria que ele voltaria a usar alguma tecnologia trouxa? Bem, ele tinha pressa... avião era mais rápido. Difícil foi segurar o senhor Weasley no aeroporto de Londres, ele simplesmente queria entrar na pista dos aviões de tão empolgado), ele ficou procurando alguém que pudesse ajudá-lo. Shacklebolt havia dito que mandaria alguém do Ministério da Magia do Chile para buscá-lo, assim como para levá-lo até Melanie. Viu alguém com uma placa escrita "Potter, Harry". Uma mulher baixinha, de aproximadamente trinta anos, os cabelos negros presos em um rabo de cavalo. Sorria abertamente, enquanto empunhava a plaquinha. Devia ser com ele mesmo.

"Com licença" – ele se aproximou da mulher com a placa – "Por acaso, você é a enviada do Ministério?".

"Eu mesma! Inezita Marquez" – ela tinha uma voz doce, lenta, quase de uma moça. Era bem estranho – "E você deve ser Harry Potter, não é mesmo?".

"Eu mesmo. Prazer em conhecê-la".

"O prazer é meu" – ela baixou a placa, e sorriu para o garoto – "Achei que você fosse mais velho. Sabe, quando recebi a mensagem do Ministro, ele me disse que alguém muito importante viria... achei que fosse um bruxo velho e caquético".

"Você achou?" – Harry estranhou que ela não soubesse quem ele era, geralmente as pessoas sabiam – "Ele disse quem eu era?".

"Não, ele só disse que era alguém importante. E bem, você deve ser mesmo... tão novo e tão respeitado. É algo notável".

Harry ficou pasmo. Era a primeira vez que via uma bruxa que não sabia quem ele era. Deveria ir para o Chile mais vezes.

"Sabe, na verdade eu nem deveria estar aqui" – ela continuou falando, enquanto os dois esperavam um táxi – "Mas como sou a única que sabia falar inglês no setor todo, me mandaram. Além disso, não são todos que se dão bem com os trouxas. E como você vinha de avião, precisavam de alguém que sabia o que era um táxi".

"Pelo visto, você sabe bastante disso".

"Eu sou nascida trouxa. E mesmo depois que eu entrei pra escola de magia, continuei com algumas atividades da minha vida trouxa, como a escola de inglês. Foi bom, de certa forma. Me ajuda bastante no ministério".

"Acho que sei como é. Minha amiga Hermione também é assim. Sua experiência com trouxas a ajuda bastante às vezes".

"É bom mesmo. A senhorita Melanie diz que eu sou bastante útil" – Harry endureceu ao ouvir o nome de Melanie, e Inezita percebeu – "Algum problema?".

"Essa senhorita Melanie... por acaso é Melanie Linsp?".

"Sim. Então é com ela que você quer falar? O Ministro não quis dizer".

"Você a conhece?".

"Eu trabalho com ela" – ela olhou para Harry – "Se me permite perguntar, o que você precisa falar com a dona Melanie?".

"Ela tem algumas informações que eu preciso. Você pode me apresentá-la?".

"Bem, isso depende. Melanie só vê as pessoas que ela quer ver, e isso quase nunca acontece. Sabe, é uma pessoa bem fechada" – Inezita deu sinal para um táxi parar – "Mas nunca se sabe, não é mesmo? Assim que chegarmos ao Ministério, eu falo com ela. Mas já aviso: você pode voltar de mãos abanando".

"É assim tão difícil falar com ela?".

"Como eu disse, ela é uma pessoa meio fechada. Não gosta de falar muito, e quase sempre só fala com pessoas se for realmente necessário. Mas me disseram que você é importante... quem sabe ela não te atende?".

Harry passou todo o caminho até o Ministério da Magia do Chile quieto. Shacklebolt já havia avisado que Melanie poderia não falar com ele. Desde que saíra da Inglaterra, ela quase não dava sinal de vida. Seria ela mesmo amiga de sua mãe, desse jeito? Bom, já estava ali. Tinha que ir em frente agora.

Em poucos minutos, eles já estavam no Ministério. Inezita pediu para o taxista parar em uma rua sem saída, quase desabitada. Só havia um sobrado amarelo ali, bem velho e com as paredes desgastadas.

"É aqui?".

"Aqui mesmo. Tinha que ser algo bem chulo, pra ninguém desconfiar. Pelo que ouvi dizer, tentaram imitar o Ministério de Londres, mas não deu muito certo. Aqui é muito alto pra isso" – ela abriu o portão de metal – "Mas não se preocupe. Lá dentro é bem melhor".

Os dois entraram no pequeno jardim mal cuidado que levava até a porta principal. Ao abrir a porta, Harry viu a magnitude do Ministério chileno. O salão era todo feito em mogno, como naquelas mansões das montanhas. Tinha várias lareiras de pedras brutas, que serviam como portais da Rede de Flu. Era bem menor do que a sede de Londres, mas era bem mais aconchegante.

"Você poderia esperar aqui no salão, Harry?" – Inezita disse, enquanto fazia a identificação dos dois no balcão de entrada – "Preciso avisar Melanie que você está aqui".

"Tudo bem. Onde posso me sentar?".

"Lá no fundo, onde tem uns bancos de madeira. Ah, precisamos de cadeiras almofadadas, como aquelas dos hospitais trouxas. Lá em Londres deve ter, não é mesmo?".

"Bem... depende da seção" – Harry lembrou que ainda tinha que falar sobre essa questão das cadeiras com Shacklebolt. O senhor Weasley só piorava.

Ele se sentou num dos bancos e ficou esperando por uma boa meia hora. Ficou observando o movimento das pessoas e o Ministério em si. Estava estranhando muito como estava passando despercebido por ali. A sua fama não havia chegado à América, mesmo porque ela não havia participado muito na luta contra Voldemort. Talvez por isso ele fosse tão desconhecido assim.

E isso era bom. Nunca havia se sentido tão livre e tão ele mesmo. Assim, seria muito melhor saber sobre sua mãe. Se a tal Melanie quisesse falar com ele, é claro.

"Senhor Harry?" – Inezita cutucava o homem incessantemente – "Ei, senhor Harry".

"Hã? Oi! Desculpe-me, estava no mundo da lua".

"Percebe-se" – ela riu, se divertindo com a situação – "Acabei de falar com a senhorita Melanie. Demorou, mas consegui convencê-la a falar com você. Assim que disse o seu nome, ela aceitou. Meio a contragosto, mas aceitou. O senhor deve ser importante mesmo".

"Ela aceitou? Vai falar comigo?".

"Agora mesmo. Vamos, me acompanhe".

Os dois começaram a subir as escadas de madeira, até chegarem ao segundo andar. Inezita levou Harry até o fundo do corredor, onde uma porta de carvalho grande e escura estava fechada. Estava escrito "No entre".

"Está escrito 'não entre' em espanhol" – Inezita traduziu, ao ver a cara confusa de Harry – "Eu disse que ela é isolada"

"Você acha que ela irá querer responder às minhas perguntas?".

"Não sei. Ela aceitou falar com você, então ela deve estar aberta à conversa. Mesmo assim, vá com calma. Ela pode se irritar" – ela sorriu para ele – "Boa sorte, Harry"

"Você não vai entrar?".

"Ah não! Pelo visto isso é algo particular" – ela piscou para ele – "Tomara que você consiga o que quer".

Ela saiu andando pelo corredor, falando com todos que encontrava. Era uma moça simpática e divertida. Rony ia gostar de conhecê-la.

Ele suspirou fundo, criando coragem de entrar na sala. Primeiro, bateu na porta, esperando uma autorização para entrar. Como ela não veio, ele abriu a porta e entrou devagar.

"Com licença" – ele quase sussurrou essas palavras – "A senhorita Linsp está?".

"Sou eu mesma" – uma mulher de cabelos cacheados, de um tom bem castanho, respondeu. Percebia-se que ela já não era nova, devia ter quase cinqüenta anos. As mãos já estavam meio enrugadas, e o cabelo possuía alguns fios grisalhos. Estava de costas – "Então você é Harry Potter?".

"Eu sou. Pelo visto, você é a única que sabem quem eu sou".

"Você não é famoso no mundo todo, senhor Harry Potter. Aqui as coisas funcionam de maneira bem diferente" – e então ela se virou para ele. Harry ficou surpreso com os intensos olhos castanhos dela. Eram tão profundos que pareciam ver a alma de Harry. Como se lessem todos os seus pensamentos – "Como sempre me disseram, igual ao James em aparência. Mas os olhos de Lily, sem sombra de dúvidas. Quantas vezes você já ouviu isso, hein?".

"Perdi a conta, na verdade" – Harry começou a se sentir incomodado com o olhar dela – "Pelo visto, essa descrição é bem comum".

"Eu não gosto dela" – ela deu um discreto sorriso – "Sabe, senhor Potter... sempre tive certa curiosidade em conhecê-lo. Não pra ver sua aparência, mas pra ver com qual personalidade você se parecia. Será que o senhor possui o enorme ego de James, ou será generoso e esquentado como a Lily?".

"Então você realmente os conheceu" – Harry se sentiu emocionado – "Era verdade, você foi amiga da minha mãe".

"Eu imaginei que você quisesse me ver por isso" – Melanie suspirou e pegou um copo cheio do que Harry reconheceu como uísque de fogo – "Achei que você viria antes, sabe? Confesso que já estava impaciente. Pensei por alguns anos que você não tivesse curiosidade sobre os seus pais".

"Eu sempre tive. Mais sobre a minha mãe. Eu nunca soube de alguma amiga dela que me pudesse falar sobre isso".

"Falar sobre Lily... engraçado isso" – Melanie tomou um gole do uísque de fogo – "Você não poderia ter me pedido algo mais difícil. Lily era tão complexa, tão viva... poderia ficar dias aqui".

"Eu não me importo" – Harry falou decidido – "Se for pra saber de minha mãe, fico até um ano".

Melanie voltou a encarar Harry fixamente. Dessa vez, ela parecia não só ler sua alma, mas também parecia analisar. Deu um leve sorriso depois de alguns segundos:

"Você não tem só os olhos de sua mãe, sabe?" – ela tomou outro gole de uísque de fogo, esvaziando o copo dessa vez – "Está bem. Vou contar tudo que sei sobre ela. Mas não se espante se eu me emocionar de vez em quando... sabe, Lily e eu éramos muito amigas. Você vai perceber isso".

"Era isso mesmo que eu estava procurando" – Harry sorriu – "Por favor, me fale mais da minha mãe".

"Certo" – ela indicou uma cadeira – "Melhor você se sentar. Ficaremos um bom tempo aqui. Uísque de fogo?".

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Notas: e aí está o começo de mais uma fan fic. Bem, como eu disse anteriormente, essa tem um valor muito especial para mim. E acho que é por isso que estou tão empolgada em escrevê-la. Mais do que o normal, diga-se de passagem.

Enfim, a história, em si, ainda não começou. Como o título diz, isso é só o prólogo, que eu quis escrever para dar uma melhor apresentação da Melanie (que tive que mudar um pouco para colocá-la aqui, mesmo sendo a mesma personagem da minha outra fic) e também do que será apresentado. Durante toda a história, o ponto principal será a Lily, o que significa que, provavelmente, outros personagens (incluindo o James) ficarão como uma espécie de "coadjuvantes". Mas não será uma história de flashbacks (pelo menos eu acho que não). A técnica que usarei, na verdade, já foi utilizada em uma outra fic, a "Imortal" (da autora LeBeau´s – aliás, excelente fic, que eu recomendo). Queria pedir desculpas à autora por "roubar" a técnica dela assim, mas me pareceu a melhor para ser usada aqui. A única diferença é que, durante alguns momentos, voltaremos a Harry e Melanie. Mas vocês saberão como isso acontecerá. Por enquanto, basta saber que a história acontecerá como ela realmente aconteceu, e não como Melanie conta a Harry. Isso servirá apenas como pano de fundo.

Bem, eu não sei se fui muito clara com essa explicação... isso vocês, provavelmente, só entenderão melhor quando lerem os próximos capítulos. Espero que realmente gostem da fic. Ela é de coração.

Mais uma vez, queria agradecer a Mary por ter betado pra mim. Querida, obrigada mesmo. Eu não poderia ter pedido uma beta melhor. Você é realmente talentosa.

Aos que lêem a minha outra fic, ela também está sendo postada (finalmente) hoje. Desculpem pela demora. O ano passado não foi o melhor para escrever. Foi ótimo, mas me deu pouco tempo pra minha maior paixão.

Ah, só pra terminar... acho que vocês perceberam a minha insistência com o negócio das cadeiras, não é mesmo? Leiam isso como um protesto contra as cadeiras da UNESP. Sério, as que a gente usa nas salas de Jornalismo são PÉSSIMAS. Eu ainda me pergunto porque só Engenharia pode ter cadeiras boas. E depois eu fico com problema nas costas e ninguém sabe por quê.

E sem mais, fico por aqui. Beijos a todos e nos vemos na próxima.