Cap. 1 - Renesmee.
Não é porque sou metade vampira que vou dispensar um prato de batatas fritas. Nem no meu maior momento de insanidade. Meu pai estava fazendo batatas fritas com bacon (Já disse que meu pai é um ótimo cozinheiro?) enquanto eu e todo o time feminino da família Cullen fofocávamos na sala.
- Querida, eu acho que você tem que dar uma mudada no seu visual, tirar essa tinta do seu cabelo. Seu cabelo era tão bonito... - Nessa família ou em qualquer outra, avós em geral adoram criticar os netos. Mesmo que no meu caso, ela tenha congelado nos seus vinte e poucos anos.
- Mas eu achei que ficou tão legal... Diferente - O bom da Tia Alice, é que ela vai me defender até de cabeça raspada.
- Um prato de batata frita saindo pra Cullen mais linda do pai! - Salva pelo gongo.
- Pai, eu sou a única Cullen aqui que pode ser sua filha. - Eu disse num tom engraçado, fazendo todos rirem.
Depois daquele prato de batata com bacon, eu me estiquei no sofá pra assistir 'Os Simpsons' com tio Emmett. Acho que ele estava lá mais pra fazer companhia do que pra prestar atenção no desenho. Ele sempre dizia que gostava de ver coisas desse tipo comigo, porque ele ria da minha risada. Oh, como eu adoro ser a palhaça da um pouco irônica, só pra avisar.
Todo mundo tinha saído, menos tio Emmett, minha mãe e Rosalie. As duas estavam no andar de cima pintando quadros. Não sei o que aconteceu com essas duas, será que eu vou ter que ser sincera e dizer que elas não nasceram pra isso? O que me alivia é que não dou duas semanas pra Senhora Isabella Cullen desistir dessa idéia de ficar dando uma de Da Vinci. Agora tia Rosalie, eu realmente estou preocupada com ela. Logo ela entra pro livro dos recordes como a pessoa que mais pintou auto-retratos. Sério, tá virando vício. Vai ver ela tá sentindo falta do tio Emmett em ação. Nossa, eu não disse isso.
- Hey, Nessie - Tio Emmett se aproximou de mim no sofá, dando tapinhas nas minhas costas - O que você acha de fazer uma festa de aniversário surpresa pro seu pai?
- Não sei, da última vez que tentei, não deu certo, porque ele leu a mente do pessoal e descobriu antes de qualquer coisa - Fiz uma cara de decepcionada lembrando do fato.
-Ah, mas você era mais nova. Acho que consegue preparar melhor uma festa, não acha? Prometo te ajudar! - Emmett Cullen sempre cooperativo!
- Alguém falou em festa? - Minha mãe já estava na minha frente com sua melhor cara de ' eu amo festas com todo o meu coração'. Ironicamente, lógico.
- Mãe, por favor! Você nem precisa fazer muita coisa, é só viajar com o papai. Eu cuido disso! - Fiz minha melhor cara de cachorro abandonado...e funcionou!
- Ok, mas não fique me ligando, eu quero voltar na hora da festa, pra que seu pai tenha apenas que apagar as velinhas. Estamos entendidas? - Ela me mandou aquele olhar de 'estou no comando' e em seguida me abraçou.
- Agora, por favor, tentem não pensar no assunto, até meu pai estar muito longe daqui. Dessa vez tem que dar certo! - Eu disse toda empolgada. Sério, eu sempre quis fazer uma festa dessas pro meu pai. Mas era horrível ser pega no pulo. Tudo bem que ele não conseguia acessar minha mente às vezes. Mas quando conseguia, via até o que não podia ver. Odeio isso.
Eu estava sentada com Jacob perto do rio que passa perto da minha casa...e da casa do resto da minha família também. Esme deu a casa que eu moro pros meus pais logo depois que eu nasci e que minha mãe foi transformada.
- Jake, tudo que você precisa é não pensar na festa perto do meu pai. Vá se divertir com o Seth ou com Leah, ocupe sua mente com outras coisas. Vai ser fácil! - Dei um tapinha no peito dele e o abracei.
- É bom mudarmos de assunto, Bella me disse que estaria aqui na hora do crepúsculo. Veja, - ele apontou pro horizonte - já vai começar.
E então ele me beijou levemente. Sério, é horrível saber que seu pai sabe das suas intimidades com seu namorado. Simplesmente constrangedor.
Não que eu tenha feito alguma coisa errada com Jake, mas o que eu temia chegaria logo.
Ficamos um tempo ali jogando conversa fora até meus pais chegarem. Ultimamente eu não estava caçando muito, estava almoçando mais em La Push com Jacob do que em casa.
- Hey, Jake - Minha mãe bagunçou os cabelos dele, rindo um pouco.
Eu sempre admirei a amizade deles. Jake além de tudo era muito meu amigo também. Mas eu queria alguém que fosse só meu amigo.
- Vocês se comportaram? - Meu pai perguntou divertido. Ainda não sei por que ele pergunta se ele pode verificar a verdade sem sacrifício.
- Lógico, pai! Juízo é meu nome do meio! - Ri um pouco enquanto ele vinha na minha direção me dando um longo abraço.
- Filha, Charlie está chateado com você. Faz uma semana que prometeu aparecer por lá e nem deu as caras. - Minha mãe disse séria. Não que ela estivesse brava, minha mãe nunca fica brava comigo.
- É que eu tenho andado muito ocupada, mas prometo que amanhã eu vou lá, sem falta.
Eu já estava entrando em casa quando ouvi os passos de Alice cada vez mais perto. Pelo seu jeito de andar, com certeza ela tinha planos para aquela noite. Tia Alice consegue ser bem previsível às vezes. O jeito que ela se aproximava com aquela vontade incontrolável de rir me fazia rir também.
- Olá, lobinho. Olá, sobrinha preferida da tia! - Ela me puxou para um abraço enquanto eu sufocava um pouco. Minha família às vezes esquece que sou meio humana. Eu percebi o olhar significativo que meu pai mandou pra ela. Pelo visto ela iria me convidar pra fazer alguma coisa que ele com certeza não deixaria.
- Por onde andou? Não te vi o dia todo! - Eu disse ignorando a cara do papai.
- Eu estava elaborando uns planos pra me divertir um pouco no final de semana. Então vim perguntar se você não quer ir comigo.
- Mas e o tio Jasper? Ele não vai junto? - Os dois eram tão grudados que eu estranhei que ela fosse viajar sem ele.
- Não, ele não gostou da minha idéia. - Ela encarou os pés.
- Mas o que a gente vai fazer? Pra onde nós vamos? - Eu odeio quando as pessoas dão meias informações, já disse isso?
- Relaxa, Nessie. Confia na titia aqui. - Ela me mandou seu melhor sorriso empolgado.
- Mas você já sabe se meus pais vão deixar?Sabe, a lei é perguntar pra eles antes de fazer alguma coisa. - Percebi mamãe trocar olhares com papai. Bom, sorte deles que eu até sou uma boa filha.
- Eu sou sua tia, Renesmee. Com lei ou sem lei, eu tenho o direito de te levar pra onde eu quero sem ter que pedir pro Edward e pra Bella. - Nossa, quanta confiança. Com certeza ela viu que os planos dela realmente dariam certo. E por tabela, meu pai também viu. Acho que é por isso que ele não parava de lançar olhares ameaçadores pra ela.
- Bom, eu realmente não sei o que dizer. - Tipo,Oi?
- Não diga nada, só me acompanhe! Prometo que no domingo à noite você estará aqui. - E então ela disse ao Jacob: - Nem vai dar tempo de você sentir saudade dela, para de fazer essa cara de cachorro abandonado.
- Mãe?Pai?Eu posso ir?
- Filha, eu não sei o que Alice tem em mente, mas seu pai com certeza sabe. Então, a decisão dele é a minha também. - Ela terminou de falar com um leve sorriso no rosto. Sabe, é muito difícil eu ver minha mãe brava... Mas quando ela fica, salve-se quem puder.
- Pai? Posso? - Ele ainda estava com aquela cara. Ok, um pouco mais aliviado. Com certeza tia Alice estava convencendo-o mentalmente. Odeio quando me excluem de diálogos importantes como esse.
- Hum...você já comprou os ingressos, Alice? - Ela assentiu com a cabeça. - Então, Nessie, acho que pode. Mas não se esqueça de ter juízo, por você e por sua tia.
- Edward, eu quero saber onde Renesmee vai. - Minha mãe exigiu.
- Amor, posso contar depois que ela for? Alice quer fazer surpresa. - Meu pai a envolveu em um abraço.
- Nessie, me ligue todos os dias! - Jake veio em minha direção e se abaixou um pouco, afundando seu rosto no meu cabelo.
- Jacob Black, é só um final de semana! - Mesmo assim, eu sentiria muita falta daquele abraço quente.
Percebi meu pai contorcer os lábios com esse pensamento.
- Eu sei, mas promete que vai me ligar?Todos os dias? - Ele me encarou, preocupado.
- Lógico! Eu não consigo ficar um dia sequer sem ouvir sua voz, você sabe disso. - Eu dei um leve tapa em seu peito.
- Chega de melodrama, né? - Tia Alice disse, acabando com o momento novela mexicana. - Vá logo preparar suas malas!
- Mas eu preciso saber pelo menos o que colocar nelas, não acha?
Quando percebi já estava sendo empurrada casa adentro por ela e em pouco tempo fizemos minha mala. Tia Alice era incrivelmente mais rápida que eu. Quando chegamos na sala encontramos dois olhares curiosos nos encarando: Jacob e mamãe. E um olhar que parecia estar conformado: papai.
- Edward, pára de fazer essa cara! Eu não vou seqüestrar sua filha! - Era melhor ir logo antes que meu pai ficasse totalmente irritado e eu não fosse pra lugar nenhum.
- É que ela nunca viajou sem nós, Alice. Tente entender!
- Sabe, ás vezes eu acho que você precisa confiar mais na sua irmãzinha aqui. Além do que, eu já te mostrei tudo o que vai acontecer nesse fim de semana. - Ela bufou e começou a levar as duas malas pra fora.
Eu comecei a segui-la quando senti uma mão na minha cintura me puxando.
- Jake, por favor...não faz essa cara!
- Vai me ligar mesmo? - Ele me apertou num abraço.
- Eu já disse que vou! - Tentei esconder um sorriso.
- Jacob, dá pra você soltar minha filha?Tem mais gente querendo se despedir! - Ouvi minha mãe fingindo se irritar. Jake me soltou e eu corri pros braços da minha mãe.
- Se comporte, tenha juízo, não beba, não fique sem dormir e me ligue! - Isabella Cullen preocupada é o que há! Ela sempre acha que eu vou fazer as piores coisas do mundo.
- Nossa, mãe! Você não sabe a filha que tem, não? - Eu a encarei, rindo.
- Eu sei, mas não custa prevenir. - Ela me soltou e logo eu já estava nos braços do meu pai.
- Vai falar pra eu não me drogar? - O senso de humor do papai era sempre melhor que o da mamãe. Esse tipo de brincadeira eu só arriscava em fazer com ele.
- Eu confio em você, filha. - Ele me deu um beijo na testa e me soltou.
Fomos até a garagem até o chamativo Porsche amarelo. Dessa vez não tinha que me despedir de toda a família. Vovó e vovô estavam caçando com tio Jasper, tio Emmet e tia Rosalie estavam viajando, ou melhor, diziam que estavam em lua-de-mel. Coloquei as malas no porta-malas e entrei no carro encontrando tia Alice.
- E aí, preparada? - Ela disse toda empolgada.
- Acho que sim. - Terminei minha frase e ela pisou no acelerador com vontade.
Cap.2 - A viagem.
Acordei com o sol batendo no meu rosto. Pela intensidade do sol, parecia ser de manhã. Tia Alice cantava animadamente uma música agitada. À medida que eu ia acordando eu podia identificar que musica era: Toxic, Britney Spears. Ela estava tão entretida com a música que nem fez questão de se virar e falar: "Bom dia, Nessie?Dormiu bem?".
Fingi Dar uma tossida e finalmente ela se virou na minha direção e disse com um grande sorriso:
- Bom dia, Nessie! Dormiu bem?
- Dormi sim. Pode me dizer onde estamos? - Eu odeio me sentir no meio do nada.
- Desculpa, mas ainda não posso. Mas prometo que vai adorar a surpresa. - Por que ela tem que fazer tanto mistério?
- Ahm, tudo bem.
- Mas e aí, me diz, como vai o seu romance de novela mexicana com o Jacob? - Odeio quando ela fala isso. Será que ninguém pode ser muito romântico?
- Vai bem, vai bem.
- Não quero só saber se vai bem, Renesmee! Quero que me conte tudo! - Tia Alice estava tão empolgada que ela nem prestava muita atenção na estrada. Ainda bem que isso não era muito necessário.
- Mas contar o que? Não tem nada pra contar! - Eu ri um pouco desconfortável com o assunto.
- Vamos lá, seu pai nem está aqui pra ouvir nossa mente. - Sério, ninguém supera a cara que tia Alice faz quando está curiosa.
- Seja clara, o que realmente você quer saber?
- Esquece, depois a gente conversa. Seu pai vai ligar em um minuto. - Ela deu um suspiro desanimado.
Desliguei o rádio. Não que eu não goste da Britney, nada contra mesmo. Mas aquela música já estava irritando. Fiquei perdida em meus pensamentos por pouco tempo até meu celular começar a tocar e eu ver o nome do meu pai no visor.
- Nossa, eu faço tanta falta assim? - Eu disse entre uma risada.
- Nós estamos com saudades! - Certeza que está no viva-voz - Está tudo bem por aí?Como foram de viagem?
- Tá tudo bem, mas tudo que eu vejo é a estrada. Não sei pra onde estou indo e não sei se vai demorar. - Dei um suspiro. Ouvi minha mãe rir ao fundo.
- Você vai gostar, filha. Confie nesse pequeno ser irritante que está ao volante. - Ele terminou de falar e passou o telefone para mamãe.
- Meu amor!As horas não passam sem você aqui - Até parece que meus pais não estão aproveitando minha ausência. Finjo que acredito - Estou com saudade.
- Também, mãe. Mas logo eu volto, é só um final de semana - Fiz uma voz calma e sorri, como se ela pudesse ver.
- Tenho que desligar, estamos indo ver Charlie.
- Tudo bem, mande beijos pra ele. Posso me despedir do papai?
- Claro, filha. Tenha juízo e não apronte nada. - Por que toda mãe fala isso?Agora o telefone já estava nas mãos do meu pai que provavelmente falaria a mesma coisa.
- Se comporte e não esqueça de nos ligar. Jacob saiu daqui faz algumas horas, mandou dizer que te ama e que está com saudade. - Eu podia ver a cara que meu pai devia estar fazendo. Ele até que encarava bem a situação, mas pai é pai.
- Diga que eu amo ele e que também estou com saudade. Ah, e eu vou me comportar. - Disfarcei uma risada.
- Preciso ir, Bella está impaciente aqui do lado. - Ouvi mamãe mandar mais beijos e então desliguei.
- Eles nem mandaram um beijinho pra mim. - Ouvi tia Alice reclamar.
- É que mamãe estava com pressa. Não foi por mal, tia. - Dei meu melhor sorriso animador - Mas e aí, vai demorar?Porque eu preciso de um minuto humano. - sorrisinho de novo.
- Lembro quando sua mãe dizia isso - Ela batucava no volante.
- Ah sim, só que seu pai era a pessoa que mais escutava isso dela - Ela ria com a lembrança e voltou a ligar o rádio.
- Mas no meu caso seria um minuto meio humano - Nós duas rimos, de novo.
- Em menos de cinco minutos chegaremos a um posto de gasol...Mas que saco, Edward! Pára de ficar me ligando! - Quando percebi tia Alice já estava desligando o celular na cara do papai.
- O que foi isso? - É, eu fiquei pasma.
- A super proteção do seu pai me irrita; ele vai ver quando voltar! - Ela bufou - Era só o que faltava, ficar atrapalhando de cinco em cinco minutos minha viagem super planejada com a minha sobrinha preferida!
- Tia, sou sua única sobrinha - Pequena observação.
- Que seja. - Melhor não discutir.
Depois de alguns segundos esperando dona Alice se acalmar eu resolvi falar alguma coisa que quebrasse aquele silêncio horroroso. - Posso trocar de CD? - Falei.
- Ah, claro. Que CD você trouxe? - O ruim de ser metade humana é que eu demoro um pouco mais pra perceber o que se passa ao meu redor. Como por exemplo, tia Alice revirando minha bolsa para ver se algum cd a agradava.
- Acho que eu não preciso responder, né? - Comecei a rir ao vê-la com três CDs na mão que não estava ocupada com o volante.
- The Maine, Madonna e Lily Allen - Ela analisava atentamente - Até que você tem um bom gosto musical.
- Obrigada. Eu ia trazer meu MP3 mas acabei esquecendo. - Memória humana é uma droga, a dica.
- Não se preocupe, logo nós vamos chegar e nem vamos precisar de qualquer CD ou MP3. Confie em mim - Ela piscou confiante. - Pronto, o posto é logo ali. Quer comprar alguma coisa pra comer?
- Não, eu só quero ir ao banheiro mesmo. - Não devia ter bebido nada normal antes de sair de casa. Renesmee burra. Antes que isso pareça estranho, é bom avisar que prefiro me xingar na terceira pessoa.
- Tudo bem - Ela já estava estacionando. Era incrível como o porsche chamava atenção naquele postinho de beira de estrada - Então eu espero aqui.
- Não vou demorar - Dei uma piscadinha e saí em direção ao banheiro que ficava ao lado da loja de conveniência.
Saí do banheiro super rápido e já estava caminhando para o carro quando ouvi alguém me chamando. Não demorou muito pra saber de onde vinha o som, reparei em um pálido garotinho com o rosto um pouco escondido no capuz da blusa de moletom que ele vestia. Logo o reconheci e dei meu melhor sorriso. Caminhei até o básico (ironicamente falando) carro preto em que ele estava encostado e disse:
- Alec! Tá perdido por aqui é? - Dei uma leve risada e me apoiei no carro junto a ele.
A minha amizade com Alec era até que bem forte; nós não nos víamos muito, mas nós conversávamos bastante pela Internet. A minha família não gostava muito de ver nossa amizade crescer mais e mais a cada dia. Meu pai sempre dizia: "Alec Volturi é perigoso, cuidado com ele.". Eu realmente não ligo muito pra isso, confio no Alec. Eu só não vou com a cara da irmã maligna dele.
- Olá, Volturi! Quanto tempo hein? - Tia Alice apareceu do nada e se juntou a nós.
- Faz tempo mesmo - Ele sorriu sem graça - Mas então, o que estão fazendo aqui?
- Será que posso falar sobre isso em particular com você? - Ela apontou para o porsche com uma expressão de quase ordem.
- Peraí, vocês estão pensando em me deixar aqui e me deixar por fora do assunto também é? - Cara de indignada.
- Claro, é eu te contar, não vai ser mais surpresa, não acha? - Ela disse impaciente. - Vamos, Alec. Serei rápida.
Depois de impacientes minutos chutando com raiva pedrinhas inocentes os dois resolveram dar o ar da graça. Pela cara deles parecia que eu não conseguiria tirar muitas informações importantes. Tudo que Alec me disse assim que voltou foi:
- Será que sua tia não quer me adotar? - E então ele começou a rir.
Eu nem perguntei nada porque o pouco de paciência que me restava iria embora logo se eu continuasse com isso.
- Nessie, Alec vai com a gente. - tia Alice caminhava normalmente em direção ao carro. Eu digo normalmente porque nunca, nem mesmo nos meus mais impossíveis sonhos ela iria viajar com Alec Volturi.
- Deixa eu ver se entendi, você não está com raiva dele? - Que mulher bipolar.
- Não. - Ela sorriu e logo entrou no carro sendo seguida por Alec.
Em pouco tempo estávamos todos acomodados no discreto porsche. Comecei a pensar que podia ser essa série de acontecimentos quase impossíveis que colocaram aquela ruga de preocupação no rosto de mármore do papai.
- Você vai deixar seu carro aí é? - Perguntei lembrando da existência do carro preto também super simples.
- Vou. Por que? Tá pensando em voltar pra roubar é? - Ele mostrou seus dentes super brancos num grande sorriso.
- Idiota. - Bufei.
- Alec, você tem certeza que tem a idade que tem? - E lá estava novamente a voz irritada da tia Alice.
- Depende da intenção da pergunta. - Ele fingia se distrair mexendo no seu perfeito e liso cabelo.
- Porque quando você está junto com a Nessie você parece uma criança. - Sua expressão estava mais relaxada agora.
- Ah, ela me induz a fazer coisas idiotas. - Nossa, depois desse comentário eu me virei e dei um super tapa que eu nem sei onde acertou. O bom é que eu tenho um pouco da força do papai, o que fez ele mandar um "Você tem problema?" seguido de uma expressão de dor. Bem feito.
- Então eu vou passar meu fim de semana cuidando dos bebês - Sério, ainda acho tia Alice um pouco bipolar. Até pouco tempo atrás ela estava brava, não estava?E agora ela está rindo feito uma hiena como se nada tivesse acontecido.
- Hey Alice, Nessie ainda não ligou pro lobinho dela? - Ele me encarava através do espelho.
- Você tá querendo me irritar?Por que se você está, é melhor avisar logo. - Bati minhas mãos nas pernas, fazendo barulho. - Mas você me deu uma boa idéia, - Eu disse pegando meu celular - eu vou ligar pra ele.
Disquei tão rápido os números que eu já sabia de cor, e logo Jake já estava do outro lado da linha.
- Oi, amor! - Eu disse animada.
- Eu estou com saudade. - Eu podia ver a carinha comovente que ele estava fazendo. - Já chegaram a algum lugar? - Ele disse divertido.
- Não...Na verdade sim. Chegamos a um posto que tem um banheiro muito simpático - eu ri um pouco - E encontrei o Alec aqui!
- Ah, que legal. Manda um abraço pra ele - Senti uma pontada de descontentamento na frase. Mas eu sei que não é ciúme, tem muitas coisas que eu sei sobre o Alec que deixariam bem claro que somos só amigos. E o Jake sabe muito bem sobre tudo isso. Ele não ia muito com a cara do Alec pelo simples fato de ele ter nos visitado há uns anos pra matar toda a minha família e o pessoal que estava junto com a gente.
- Olha, acho que até a hora do almoço vamos chegar ao lugar te ligar quando eu chegar? - Falei no tom mais fofo possível. - Te amo, não esquece tá? - Fechei meus olhos imaginando como seria bom se Jacob tivesse vindo junto.
- Você sabe, se fosse pra te esquecer, seria só pra lembrar outra vez. - Ele respirou fundo. - Eu te amo demais.
Nos despedimos e então ouvi Jake desligar o telefone. Eu não sei porque, mas toda vez que a gente desliga o telefone me dá um aperto no coração.
- Credo, como vocês são melosos - Alec e seus comentários encantadores.
- Sabe o que eu acho, Alec? Você precisa arrumar uma namorada e parar de analisar o relacionamento dos outros. - Dez a zero pra tia Alice.
- Ugh, não quero isso agora não. Obrigado. - Ele me encarou, divertido.
- Você é um cara muito complicado. - Ela disse mais pra ela mesma do que pra ele. - Nessie, estaremos lá em meia hora. - Ela disse empolgada.
Peguei um CD da bolsa, ia colocar pra tocar quando Alec me interrompeu:
- Eu sou séculos mais velho que você e não fico carregando CD pra todo lado. Faça-me o favor, vai Nessie. - Passatempo preferido do Alec: tirar uma com a minha cara. - Aprenda com o mestre - Ele tirou um MP3 do bolso e plugou no rádio.
- Eu não sou da idade da pedra, eu só esqueci meu MP3. - Eu disse impaciente.
- Calma, não se irrite. Vou colocar sua música preferida pra tocar. - Percebi tia Alice mandando um olhar ameaçador pra ele, mas resolvi ignorar.
Fiquei ali ouvindo "I must be dreaming" até o 'lá' da tia Alice chegar.
Cap.3 - Surpresas.
E realmente depois de meia hora eu estava na frente de um hotel cinco estrelas numa cidade que eu não sabia o nome. Já estava perto da hora do almoço e parece que ninguém tinha se ligado que eu precisava comer. Mais do que depressa eu coloquei uma mão no rosto de Alec e outra no de Alice, mostrando um prato de macarronada. Comecei a rir com a cara que eles fizeram, vampiros não curtem muito a idéia de comer.
-Eu não entendo, se você pode beber sangue como todos os normais fazem por que você ainda insiste em comer? - Alec perguntou intrigado. Ou pra se fazer de bobo (ele adora fazer isso).
- Porque eu não sou "normal", eu sou estranha, lembra? - Ri ironicamente.
- Peguem suas malas e vão entrando, não temos muito tempo - Tia Alice carregava suas malas para o carrinho de carregar malas que eu não sei o nome.
Fizemos o mesmo e logo chegamos à recepção do hotel. Tivemos que esperar uns segundos para a recepcionista se recuperar do deslumbre que Alec causava nela (e em todas as outras funcionárias que estavam por perto) e nos atender. Com as chaves nas mãos fomos para nossos respectivos quartos nos arrumar para ir a algum lugar que eu não estava me contendo de curiosidade para saber onde era.
Eu estava saindo do banho quando tia Alice começou a bater na porta do banheiro e gritar:
- Vamos logo, se não vamos chegar atrasada!
- Eu já to indo, Alice. - É legal chamar minha tia pelo nome às vezes, assim não caio na rotina.
- Eu e Alec vamos te esperar lá embaixo, tá? - Consegui ouvir a porta se fechando assim que ela acabou de falar.
Escolhi um jeans básico e uma camiseta baby look estampada com o rosto da Lily Allen. Coloquei meu All Star, arrumei meu cabelo e já estava pronta. Eu estava tão ansiosa que o elevador parecia mais devagar que o normal.
Cheguei na recepção e encontrei tia Alice e Alec me esperando num sofá vermelho perto da porta.
- Cara, que camiseta legal! - O Alec paga pau pras minhas roupas, fato. - Onde comprou?
- Ah, eu ganhei da Renée no natal do ano passado. - Aquele em que ela ficou assustada ao ver meus pais sem rugas e eu aparentando 18 anos sendo que eu tinha sete.
- Nessie, está pronta? - Alice bateu animadamente as mãos.
- É, acho que sim. - Dei um leve sorriso.
Seguimos para o carro e em menos de dez minutos estávamos na porta de uma casa de show bem que alguém que ainda não era sucesso mundial tocaria ali.O lugar não era muito sofisticado, mas parecia bem acolhedor. . A ficha estava começando a cair. Alguém por quem eu morreria estaria ali dentro. Controle-se, Renesmee.
Só fui perceber que estava de boca aberta contemplando um enorme pôster anunciando a atração da noite quando fui cutucada delicadamente por Alec que me encarava animado com seus olhos vermelhos..
- Vo-vo-cê sa-sa-bia? - Sim, eu estava gaguejando.
- Lógico!Ou você achou que eu viria à toa pra cá? - Ele começou a rir.
- Querida, é bom descermos para ver o show desde o começo, não acha? - Alice sorriu simpática.
Bom, deixa eu explicar. Eu sou fanática por uma banda da Geórgia chamada Esme. Gosto por dois motivos: O primeiro é porque eles levam o nome da minha avó; o segundo é porque o som é bom mesmo. Mas quando eu ia imaginar que eles tocariam numa cidade esquecida por todos chamada Eureka?
Eu desci do carro totalmente fora de mim. A ficha demorou mas caiu...e quando caiu percebi que minhas mãos tremiam. Não sei por quanto tempo tia Alice ficou segurando os convites na minha frente, na esperança que eu me tocasse e pegasse-os logo. Eu só caí na realidade quando Alec me deu um "leve" cutucão e um sorriso de orelha a orelha. Ah, eu esqueci de falar que foi o Alec que me apresentou o motivo de estar aqui hoje. Quando a Esme estava começando ele me mandou umas músicas dizendo que os caras eram bons. Comecei a ouvir, ouvir, ouvir até não poder mais viver sem.
Tudo parecia um pouco surreal, todos nós já estávamos lá dentro. Eu prestava atenção na romântica letra que era tocada pela banda de abertura, isso me deu saudade do Jacob. Peguei meu celular, comecei a discar os tão conhecidos números mas fui impedida de terminar. Alec, em questão de segundos, pegou-o de mim e guardou o aparelho em seu bolso.
- Nessie, esquece o cachorrinho pelo menos por um dia vai! - Ele sorriu - Aproveita o show, relaxa. - Ele mostrou a língua, divertido.
- Aproveito se você parar de chamar o Jake de cachorrinho. Quantas vezes eu vou ter que falar que eu não gosto disso? - Tentei fazer cara de brava.
- Hey, crianças, Esme já vai entrar no palco - Alice riu com o duplo sentido da frase. Com certeza ela imaginou vovó subindo ao palco para fazer alguma apresentaçãém ri com a impossível situação.
Não que eu tenha ido a muitos shows na minha vida, mas esse foi realmente o melhor que eu fui até hoje e acho que nenhuma banda vai conseguir me fazer mudar de idéia.
Depois de uma hora e meia de muita música, surtos, gritos, perda de voz e o meu cabelo todo despenteado, Alice disse que estava na hora de ir embora. Lógico que eu não concordei, queria tirar pelo menos uma foto com os caras. Joguei uma chantagem no Alec que também estava louco pra tirar uma foto com a Esme. Deu certo, ele topou na hora.
Depois de enfrentar a multidão, nós voltamos até tia Alice com sorrisos enormes. Ela não demonstrava impaciência, pelo contrário, ela estava muito feliz por mim. Já disse que eu tenho sorte de ter uma tia assim? Sério, ela é a melhor tia e amiga que alguém pode ter.
- E então, podemos ir? - Ela passou seu braço envolta do meu pescoço.
- Ir pra onde? Voltar pra Forks? Hoje? - Eu perguntei espantada. Por mais que tia Alice fizesse o caminho de volta em bem menos tempo que o esperado para um humano, eu não queria pegar estrada.
- Vocês podem ficar no hotel e voltar amanhã. Suas coisas já estão lá. - Alec nos lembrou.
- Você decide, Nessie. - Ela sorriu pra mim.
- Bom, então acho melhor ir embora logo que o sol nascer, tudo bem pra vocês?
- Desde que vocês não esqueçam de passar pegar meu carro. - Alec riu.
- Eu não te disse que eu vou passar lá pra roubar? - Tentei fazer a pior cara possível. Os dois riram comigo.
Seguimos para o hotel, onde eu comprei um cheese bacon e um copão de coca cola. Alice ficou ali comigo e Alec foi caçar pobres pessoas sem sorte.
- Sério, pode subir. -Insisti - Eu vou esperar o Alec. - Sorri para ela.
- Nessie, por mais que eu tenha visto que deu tudo certo, não quero que você fique se arriscando com um Volturi. - Ela disse, sincera.
- Eu sei, tia. Mas o Alec tá mudado, confie em mim. - Sorri de novo, mas dessa vez era pra passar confiança nas minhas palavras.
- Ok, estarei lá em cima. - Ela passou a mão no meu cabelo - qualquer coisa é só me chamar. - Tia Alice se despediu de mim e seguiu graciosamente em direção ao elevador.
