Capítulo 01 –

Sarah acordou com aquele cheiro pungente, aquele vapor bem debaixo de seu nariz. Ela foi subitamente tirada de um mundo de sonhos onde abraçava seu amante e ninguém podia separá-los. Imagine, pensar que ontem ele a havia pedido em casamento! Ela jamais tiraria aquele cristal multicolorido de seu anelar direito.

- Kabal... – ela disse, numa voz sonolenta – Você sabe que eu odeio café.

Ele riu, complacente e beijou-lhe a testa, dizendo:

- Eu sei. Mas o cheiro é forte o suficiente para acordá-la.

Ela deu um gemido de protesto e o puxou para a cama, fazendo-o derrubar a xícara de café. Mas isso não importava. Nada mais importava.

Os dois se abraçaram e rolaram na cama ávidos. Sarah apertou Kabal contra si e o prendeu entre suas pernas, enquanto ele a cobria de beijos famintos. Ela puxou os longos cabelos de Kabal e suas línguas se entrelaçaram numa fome louca.

- Querida... – ele tentava resistir, se desvencilhar – Vou me atrasar para o trabalho.

Ela deu um grunhido e o apertou ainda mais contra si.

- Mas você precisa mesmo ir hoje? Não vá! Fique comigo! Vamos comemorar nosso noivado.

Ele finalmente se desvencilhou do abraço e deu um beijo na ponta do nariz de Sarah.

- Desculpe, meu amor, mas preciso ir... – e ele riu – E você, danada, está usando minha camisa favorita. Agora vou me atrasar mais ainda, já que ela está toda amarrotada! Vamos, tire-a e jogue aqui pra mim!

Sarah riu, ajoelhando-se na cama e fitando Kabal. E ele a olhou, parecendo que agora que eram noivos, ela estava até um pouco... diferente. Seus olhos verdes adquiriram um brilho mais vivo. Seus cabelos pretos e lisos eram longos, e como ele adorava quando se misturavam aos dele! E aquelas sardas... Davam a ela um aspecto inocente. Ele teve vontade de se atirar novamente em seus braços e beijar para sempre aqueles lábios rosados e gordinhos.

- Nãããão... – ela rolou na cama, preguiçosamente – Eu não vou tirá-la, seu cheiro está nela. Vou ficar com ela para me lembrar de você enquanto estiver fora.

- Ora, Sarah... Não é como se eu não fosse mais voltar...

E ao pronunciar essas palavras, algo estranho pareceu pairar no ar. Ele e Sarah sentiram. Ela se levantou da cama, num pulo e segurou o pulso de Kabal:

- Não vá.

Ele a abraçou, bejou-lhe os cabelos e disse:

- Querida, está tudo bem. Venha, vamos tomar juntos um banho bem relaxante e só então eu vou para o trabalho. Não se preocupe, eu não levarei a camisa.