Todos conheciam o humor da professora de história e matemática, mas havia dias que a presença da mulher era o suficiente para fazer muitos marmanjos ficarem com as pernas trêmulas. Ninguém sabia qual era o motivo por trás de tal intenção assassina, mas Sofia Sartor, como a aluna prodígio da instituição, resolveu que iria abrir uma investigação e achar alguma explicação plausível para tal problema. Afinal, a garota italiana já estava no último ano e nunca levantaria suspeitas da professora.
Apesar de ter a aparência de uma menina boba e inocente, Sofia era muito mais astuta que a grande maioria das mulheres com trinta anos ou mais. Foi por conta deste seu raciocínio lógico, que a veneziana montou todo o seu plano em um único final de semana, colocando-o em prática na manhã de segunda-feira, já que sempre chegava vinte minutos adiantada na escola por causa do conselho estudantil. Feliz e sorridente, Sofia saltitava pelos corredores ainda silenciosos da instituição, divertindo-se com as formas que a sua saia (o uniforme mais 'tradicional') fazia toda a vez que rodopiava ou dava pequenos saltos. A menina foi tornando-se mais silenciosa conforme se aproximava do escritório da dita professora. Não valia a pena correr o risco de piorar o estado de espírito da mulher mais assustadora da cidade inteira.
Sofia ajeitou o uniforme da melhor maneira possível, pois uma das poucas coisas que sabia sobre a mulher inglesa, era que está não suportava falta de disciplina. Com um último suspiro, a italiana bateu na porta de madeira branca com uma cruz vermelha no meio, e abaixo do símbolo religioso estava o nome que mais dava calafrios nos alunos atualmente: Mary Thorpe (ou Maria para os poucos alunos latinos que estudavam ali.). Com uma imensa coragem, a senhorita Sartor bateu três vezes na porta em questão,esperando que a professora estivesse com muito sono para estrangula-la naquela manhã.
A pessoa que apareceu na frente de Sofia não fazia jus a fama de perigosa, muito pelo contrário, Mary estava abatida e cansada, até mesmo doente na opinião da jovem ruiva. Seus cabelos sempre impecavelmente trançados estavam desbotados e sem brilho, embaixo dos olhos azuis acinzentados, olheiras escuras e profundas se destacavam sobre a pele pálida. Ela não parecia ser a "Víbora Britânica", mas sim uma mulher sem perspectivas na vida. A única coisa que parecia normal, eram as suas roupas formais, que sempre consistiam em uma saia até o joelho e uma blusa cobrindo os ombros. Mary Thorpe ainda era conhecida pela sua incrível carreira gospel, apesar de fazer anos que não cantava para mais ninguém. Sofia sentiu um aperto no peito ao ver a sua "mentora" naquele estado, aquela havia sido a figura feminina mais inspiradora na sua vida. A raiva descontrolada da professora parecia estar escondendo bem mais do que 'falta de sexo', como alguns babacas afirmavam. Antes que a mais nova pudesse abrir a boca, Mary encarou com muita intensidade sua aluna, a fazendo se sentir um pouco mais amuada desde o início da manhã.
"Aconteceu alguma coisa Sra. Sartor?" Apesar de ter praticamente criado a garota, Mary nunca deixava de ser formal com os seus alunos, apenas em momentos de raiva ela usava o primeiro nome.
"Bom dia Maria, como você está se sentindo hoje? Espero que tenha tido um ótimo café da manhã." Era muito complicado para a italiana largar dos hábitos da academia de moças na qual fora criada, mas ela invejava a mais velha, que conseguia ser direta sempre que queria, sem importar-se com o que os outros achariam sobre a sua educação.
"Eu ainda não tomei café e não, a minha manhã não estava sendo agradável e acabou de piorar, afinal, não fui avisada que as aulas começariam mais cedo hoje." A acidez na voz feminina não incomodou a mais nova que já tinha se acostumado com a língua afiada da docente. Sorrindo de maneira gentil e educada, a ruiva deu continuidade ao diálogo matutino.
"Na verdade, eu sou a única aluna na escola agora. Vim mais cedo hoje para pedir a sua ajuda signora Maria. Posso entrar?" Com um suspiro alto, a morena abriu caminho para a outra entrar em seu pequeno escritório particular.
"Como posso ajudá-la nesta questão urgente Sofia?" O fato do primeiro estar sendo usado pela britânica apenas indicava a sua falta de disposição e paciência.
"Serei breve com a signora." Tomando fôlego para organizar as ideias e falar tudo de uma vez, a ruiva deu um pequeno suspiro ao dar-se conta que teria que resumir o que fazia na internet sem expor-se demais."Eu escrevo um blog feminista, e queria incrementar o meu conteúdo com histórias de mulheres… um pouco mais maduras do que o meu público normalmente seria, então eu pensei: Por que não com as minhas professoras? Então, o primeiro nome que me veio a mente foi o da senhora. O que acha?" O interesse de Marry pela proposta parecia ser igual a zero, mas a educadora nunca negaria tão rápido um pedido desses, Sofia era uma menina esforçada e dedicada, merecia algo a mais, além do mau humor causado por problemas pessoais.
"Sofia, a minha vida pessoal está uma bagunça no momento,então, tal vez se você esperar até Dezembro, eu posso ajudar em alguma coisa…" Os olhos azuis turquesa da italiana brilharam esperançosos, mas esse sentimento logo foi pisoteado pela outra mulher. "Isso não quer dizer que a minha vida será exposta na internet, pode esquecer o depoimento."
"Não vamos colocar o seu nome no depoimento, nós usamos abreviações ou apelidos, algumas vezes até mesmo mudamos." Se havia mais de uma pessoa envolvida no projeto, então deveria ser sério. Não era apenas uma pesquisa para inflamar o ego gigantesco da aluna prodígio, era algo importante.
"Então não é uma pesquisa solo apenas para o seu blog?" O rosto de Sofia ficou tão rubro quanto o seu cabelo. Ela teria que fazer uma ligação assim que chegasse em casa. "Sim! É um assunto tão sério, que a minha amiga jornalista Claudia Auditore irá me ajudar. Você pode falar o seu depoimento para ela se quiser." Esta era a desculpa perfeita para ir na casa da mais velha e ainda ver o seu irmão mais novo dela.
"Mas Claudia Auditore não é uma sexóloga, que foi presa por prostituição no ano passado? Além de alguns outros escândalos envolvendo livros eróticos?" Mary começava a preocupar-se com as companhias da jovem Sartor.
"Ela foi acusada e não condenada, e os livros foi por causa de um promotor moralista que mora em Boston." Sim, Haytham Kenway atacará novamente, ele estava ficando cada vez mais conservador com o passar do tempo. A Ordem não estava fazendo bem a sua cabeça. Mas por outro lado, ele foi o único que não a acusou de golpista ou falou mau pelas suas costas. Muito pelo contrário, o promotor até havia lhe ajudado bastante com Darim e sempre lembrava do aniversário de seu filho. Ele parecia ser um pouco traumatizado por isso, pois fora obrigado a ficar longe do próprio filho por vários e vários anos. Mary um dia, ainda queria conhecer Connor Kenway, a criança gerada por uma ativista do Green Peace com um promotor influente, que no início da carreira cuidava de casos de feminicidio. Esse garoto era alguém que valia a pena conhecer.
"Mary? Mary! A Terra está mandando sinal." A morena percebeu que acabou divagando sobre como estava a vida do seu velho amigo e de Ziio também, já que os dois viviam indo e vindo, ela nunca soube se estavam realmente divorciados ou tinham opiniões contrárias demais para conviverem juntos em harmonia. Existia apenas duas perguntas que a humanidade nunca conseguiria achar uma resposta concreta: Existe vida após a morte? E como funciona o relacionamento de Haytham Kenway e Ziio? "Será que dá pra você prestar atenção em mim por favor?"
"Me perdoe Sofia, eu estava divagando sobre o padrinho do meu filho." Neste instante, a boca da estudante fez um "O" perfeito. Ninguém jamais desconfiaria que em algum momento da história, nasceria um homem corajoso o suficiente para não só conseguir achar atraente o jeito azedo da inglesa, como também, possivelmente dar uma cantada nela e os dois saírem para se divertir juntos. E o sexo? Como aconteceria? Maria era um exemplo de mulher cristã que só fazia sexo para reprodução. E ela não era viúva a mais de vinte anos? Naquele exato instante, o universo parou de fazer sentido para Sofia Sartor.
Sem conseguir conter a boca ou acalmar os pensamentos conflitantes, a filha de Veneza acabou soltando um comentário muito indelicado. "Oh Mio Dio! Quem foi o herói que conseguiu realizar tal proeza?" Quando as palavras terminaram de sair da sua boca, a mais nova já estava se arrependendo de tê-las pronunciado. Mary não era conhecida por sua imensa paciência, muito menos tolerância. Sofia já estava vendo a sua vida passar diante dos seus olhos quando a professora de História e Matemática virou a cabeça em sua direção.
"O que você está querendo insinuar Sofia Sartor?" Todos os seus pelos cor de fogo levantaram em um único arrepio, a voz da morena fez uma gota de suor frio escorregar por sua coluna vertebral. Mary poderia estar passando por um mau momento em sua vida, mas nunca deixaria de ser assustadora. Os lábios finos da adolescente permaneceram fechados, como se tivessem sido costurados. Era melhor não tentar atiçar ainda mais a cobra. "Para a sua informação, a heroína nesta história sou eu! Criar um filho sozinha e ainda ter que aguentar julgamentos de pessoas inconvenientes. Sem falar os meses que acabei ficando sem poder ver o meu filho, por causa do idiota arrogante que ele chama de pai. Não tenho culpa se o imbecil traiu a noiva comigo, eu nem o conhecia direito na época." O desabafo foi tão espontâneo, que a jornalista mirim estava em choque. Que existiam babacas no mundo, Sofia não poderia negar, mas imaginar que um homem poderia chegar a esse nível, era quase colar um adesivo de Machista Mor na testa. Até as mulheres mais empoderadas poderiam cair nessas ciladas de vez em quando, mas colher os frutos de uma união assim deveria destruir qualquer uma.
"Sinto muito maestra, não foi a minha intenção ser indelicada. Estou apenas chocada com tal notícia, nós alunas da turma especial, ficaremos honrados em saber que temos um novo mascote." Por um breve instante, as bochechas pálidas da inglesa pareciam ter ganhado um tom avermelhado, porém, ela logo virou o rosto. Com ainda mais vontade de levar a sua mentira adiante, a herdeira Sartor abriu um sorriso discreto e formulou um discurso indireto, mas bem eficiente para persuadir a outra. "Com o nosso blog, nós poderíamos expor o babaca para o resto do mundo!" Diferente do esperado, Maria não mudou a expressão facial, na verdade, ela parecia estar ganhando o ar de cansada novamente.
"O pai do meu filho não precisa de ajuda para passar vergonha mundialmente, ele já faz isso sozinho."
"Então é famoso? Tipo um cantor ou um ator de Hollywood?" Socialmente, a mulher que lia romances açucarados e assistia novelas era vista como uma menina com complexo de princesa e amor perfeito. Um esteriótipo que jamais se encaixaria na italiana, pois desde muito nova, os homens sempre se mostraram decepcionantes. Mas que a história da educadora em questão parecia cada vez mais com uma novela dramática, ninguém poderia negar.
"Quem dera que fosse ocidental, pelo menos, seria mais fácil para o nosso filho lidar com o choque cultural." A vontade de sentar e anotar as falas da professora eram gigantescas, mas como uma verdadeira signora da sua idade, a ruiva apenas apertou um pouco as mãos juntas na tentativa de saciar o desejo de agarrar seu celular e gravar um áudio.
"Ele é asiático então? Nunca pensei que esse fosse o seu tipo de homem. Não que eu tenha algum problema com asiáticos em questão, mas sinceramente maestra, a signora é bem maior que a maioria deles" O risinho um pouco debochado foi inevitável. Sofia não conseguia pensar na imagem da Lady Thorpe sentando no colo de algum Idol. Era bem mais fácil pensar que ela era transsexual que não havia feito a cirurgia e por isso acabou engravidando outra mulher. Mas é claro que esta teoria ficaria guardada a sete chaves na cabeça de fios ruivos, Sofia poderia ser louca, mas não era burra.
"Não falei que o sujeito em questão era japonês ou chinês, o Oriente é bem maior que isso." A veneziana nunca foi muito habilidosa com matérias de humanas, na verdade, a sua nota mais baixa em toda a sua vida foi em Geografia. O que era muito irônico por um lado, já que com apenas 18 anos, ela já tinha morado em quase todos os continentes.
"Por favor, não me diga que o pai do seu filho é aquele guru indiano esquisitão, que parece uma fusão de papai Noel com Pedo Bear." Por um breve momento, Maria teve uma vontade imensa de bater a sua própria cabeça contra a madeira da mesa. Chegava a ser cômico ouvir a menina mais inteligente da escola inteira falar uma asneira dessa. Como professora, Mary não conseguia decidir se começava a escrever a sua carta de demissão agora ou depois.
"E você ainda diz que morou na Turquia." O olhar de estranhamento que a jovem lhe deu era de certa forma compreensível. Como uma mulher, que logo no início da adolescência foi um fenómeno no mundo gospel e depois se alistou nas forças armadas para combater o ISIS em uma "Cruzada Indireta", poderia pensar em se relacionar com um homem que não era ocidental e muito menos cristão. O pensamento em si era loucura, mas a prova do crime estava vivo a quatro anos.
"Você se envolveu com um ÁRABE?" O choque inicial era muito comum nessas ocasiões, mas o que continuava a deixar incomodada a européia, era a forma como as pessoas de maneira geral pronunciavam a palavra "árabe", em tom pejorativo na imensa maioria das vezes. Pior ainda, quando pensavam que ele talvez fosse muçulmano.
"Sim, algum problema com isso?"
"Não, nenhum. Só estou um pouco choca...digo, surpresa." Sofia parecia estar tentando montar um quebra cabeça mental muito complicado, uma tarefa quase tão complexa quanto entender Platão na aula de filosofia. Sua cabeça parecia ter explodido depois disso. "Em todos esses anos, nunca tinha ouvido falar que uma mulher ocidental tivesse dado o golpe da barriga e saído por cima." Graças aos reflexos do bully, Sofia conseguiu desviar de um livro antes deste atingir a sua cabeça em cheio.
"Olha aqui Sofia Sartor, você nunca mais insinue que eu dei o golpe da barriga naquele desgraçado arrogante!" Encolhida contra a porta, a pequena ruiva de seios grandes tentou pensar em uma resposta rápida o suficiente para conseguir manter a sua linda cabeça no lugar.
"Mas eu não estava tentando ofendê-la. Na verdade, foi totalmente o contrário." Mary parecia confusa com tal argumento, na concepção da protestante, era inconcebível que uma menina tivesse respeito por uma mulher que cometeu tal ato. "Quer dizer, eu, Sofia Sartor como pessoa, nem tentaria dormir com um homem assim, muito menos se fosse rico ainda. É um mundo totalmente diferente do meu, quase um universo paralelo. Admiro uma mulher que consegue burlar as suas convenções sociais e consiga se entregar desse jeito, mesmo que apenas por uma noite." Alguém parecia finalmente entender um pouco do sentimento de Mary. A culpa por tal pecado a corria por dentro todos os dias. Robert ainda estaria vivo se não tivesse sido tão teimosa. "Maria? Maria?" Pela primeira vez na manhã, Mary ficou aliviada com a interrupção da aluna, seus pensamentos estavam tomando um rumo perigoso. Essas últimas semanas pareciam anteceder ao apocalipse, pois o nervosismo e ansiedade da morena aumentavam a cada dia que passava. Maldito seja Kadar, que em sua última visita insistiu em dizer que o seu "primo" ainda não havia esquecido da "Feiticeira Má" e este havia sido o motivo do término com Adha. Altair não tinha conseguido seguir em frente. Os dois anos que passaram juntos como aliados obrigados tinham feito uma imensa diferença em sua vida, logo a sua antiga noiva não conseguia mais encontrar seu lugar ao lado dele como antes. O homem sírio havia mudado muito durante aqueles dois anos. A visita formal dele na Inglaterra, só parecia comprovar tal pesadelo de Mary. A sua última esperança era que o casal mais caótico do mundo Árabe fizesse as pazes, ela não queria ser o consolo de um bilionário metido. Se Deus existisse, ele a livraria disso.
"Perdão Sofia, estou ficando muito avoada ultimamente." A estrangeira nem parecia ter ouvido uma palavra sequer. Ela parecia estar mais interessada nos devaneios da educadora.
"Você disse Altair? Altaïr Ibn-La'Ahad?" Desta vez, quem sentiu uma gota de suor frio descer pela coluna foi a professora. Não dava nem pra imaginar que uma garota que vivia com a cabeça nas nuvens prestasse tanta atenção nos pequenos detalhes.
"Foi impressão sua!Nem faço idéia de quem seja." A mais velha daria um braço para que esta mentira virasse realidade.
"Falou sim! Eu ouvi! Sou louca mas não burra. Ninguém diz o nome do semi dono de Dubai e da falecida Alepo em vão." Tempo para estudar um pouco mais de geografia não tinha, mas pra ficar lendo fofocas sobre pessoas "importantes" ela tinha.
"Jesus Cristo Sofia, o que você quer de mim? Uma confirmação? Uma fofoca inédita do bastardo que sangra petróleo? Ou uma confissão sobre um plano maluco de separar Altair e Adha para ficar com ele, como uma boa vilã de novela mexicana?" A ruiva esperava um sim para todas essas perguntas, por que todas as peças pareciam encaixar-se perfeitamente no enredo do seu novo romance.
"Só tenho duas dúvidas urgentes: Como você sabe que o filho é dele? Quero dizer, não que eu esteja duvidando da sua santa palavra, mas estou realmente curiosa para saber como esse problema todo se desenrolou." A cabeça de Mary já estava latejando de dor só com a possibilidade de contar tudo o que havia acontecido naqueles dois anos inteiros. Mas a pior pergunta ainda estava por vir. "Altair transa bem ou é só fama?" Ai estava o grande exemplo de como seriam os jornalistas no futuro.
"Saia da minha sala Sofia." Aquela discussão já tinha extrapolado barreiras demais. Mary já não tinha mais idade pra ficar gastando saliva com conversas inúteis.
"Calma Maria, eu estava apenas brincando!" Claro que era mentira, seria maravilhoso vender esta notícia para algum tabloide inglês ou revista de fofoca americana. Afinal, quem não queria colocar em xeque habilidades tão lendárias? Seria um escândalo maravilhoso.
"Seu limite de falar bobagens para mim já esgotou hoje, então é bom manter a boca fechada sobre o meu filho e a sua infeliz figura paterna. E lembre-se: A sua língua será a primeira coisa que irei arrancar se esta notícia vazar." A ruiva mal teve tempo de contra argumentar alguma coisa, pois a inglesa já estava abrindo a porta e a enxotando de seu escritório. Antes de ter a porta batida na sua cara, Sofia implorou chorosa para a sua mentora:
"Per favore Maria, colabore com o nosso blog, sua história pode ajudar milhares de outras mulheres!" A porta foi fechada bruscamente, obrigando a estudante dar um passo para trás. A manhã poderia ter acabado da pior maneira possível se a blogueira investigativa tivesse simplesmente virado as costas e ido embora, mas como toda boa vilã tem um minúsculo pedaço do coração ainda não congelado, Mary não seria a exceção da regra.
"Me procure no final da tarde para saber a resposta." Aquilo poderia significar uma vitória já. Como dizia a sua professora de educação física: Ganha quem tem mais resistência e persistência.
Mas, Sofia Sartor não fazia ideia que seria a próxima vítima do desaparecimento em massa de meninas, se o namorado da sua inimiga de bancada não tivesse resistência e persistência para finalmente encontrar o culpado pelos crimes. Ézio nem fazia ideia que a vida da pequena ruiva estava em suas mãos.
