O ataque de Piandao!
Cap.01
Havia centenas de homens e mulheres vestidos com o uniforme verde dos soldados do reino da terra que avançava como se fosse um único corpo de uma enorme cobra perigosa. Um soldado estava muito próximo ao outro, quase tocavam o ombro aos companheiros do lado. Eles caminhavam sobre um pequeno caminho de terra. Ao lado existia mato alto e verde, que deixava as tropas apreensivas. No lado direito da tropa, havia um pequeno morro com árvores e mais matos altos. Ao lado direito uma grande ribanceira. O humor, por outro lado, era péssimo: os soldados gemiam de dor, reclamavam dos pés e enxugava o sangue de feridas recentes. Suas reclamações ecoavam pelo ar em volta deles. O cheiro era de homens após um grande combate, isso é, suor misturavam com o cheiro de sangue, fezes e urina.
Escondido por trás do mato, no flanco esquerdo da unidade, estava o esquadrão 12 da 2º grupo especial de ataque furtivo da infantaria do senhor do fogo. O esquadrão possuía bem menos gente, mas eram possuídos por homens mais preparados e mais animados. Entre eles, estava o ainda jovem Piandao.
Piandao vestia um elmo de ferro, mas sobre ele tinha galhos de árvore com folhas bem verdes, colocados de uma forma que era capaz de ocultar ou camuflar seu corpo. Sua roupa era uma armadura de quatros placas de metal preto, que protegia o tórax, porem por cima dela havia vários galhos de árvores caídas ajudando na camuflagem. Sendo segurada pela sua mão esquerda, sua espada de lâmina de metal bem prateada, que brilhava com os feixes da luz do sol que atravessava as folhas da copa da árvore.
- Eles estão completamente exaustos. Será fácil demais matar um grupo de soldados assim – comentou o jovem Piandao para o seu colega ao lado. Este também vestia o mesmo tipo de armadura e tinha mesma forma de camuflagem, mas não havia espada em suas mãos, apenas uma enorme vontade de atacar.
- Isso é o que os generais chamam de atacar um inimigo fraco – comentou o colega.
- Eu sei, eu sei. Mas a minha arte não foi feita para fatiar a carne de inimigos já condenados. Isso é até desestimulante. Eu sou um mestre no caminho da espada, não um carniceiro medíocre – comentou o mestre com a voz baixa em sussurros.
- Psiu, silêncio – disse uma voz perdidos por entre os soldados escondidos deitados no morro. Aquela voz era do general que comandava o grupo. Seu nome era Jeong Jeong.
Após mais alguns segundos de silêncio, a mesma voz que chamou a atenção de Piandao disse em um sussurro, mas como se gritasse para a tropa:
- Atenção, quando eu falar, todos devem atacar. Um, dois, três... ATACAR!
Neste momento, os soldados saíram debaixo da camuflagem, gritando como loucos, correndo barranco a baixo como selvagens, alguns com lanças e espadas, outros com chama ardendo em suas mãos. Piandao não gritou. Ele apenas desceu pelo caminho de terra e logo se aproximou à sua primeira vítima. O pobre soldado apenas teve tempo de arregalar os olhos quando a lâmina veloz rasgou a sua face.
Os ataques seguintes foram tão certeiros quanto os anteriores: Piandao estocou a ponta da espada na garganta de uma soldada, rasgando-lhe a pele; depois desceu como um machado, de cima para baixo, arrancando o ombro e o braço de outro soldado inimigo, manchando o uniforme verde de vermelho sangue; por fim, a espada dançou elegantemente em volta do corpo de seu proprietário, cortando a barriga de três vítimas em apenas um ataque. As entranhas deles começaram a escorrer para fora do corpo enquanto eles gemiam de dor no chão.
O massacre continuou cruelmente por alguns minutos, mas Piandao parou de atacar. No meio do combate, ele simplesmente limpou o rosto com a manga da camisa, retirando os vários fios de sangue escorrendo pela sua pele. Depois limpou a lâmina com o tecido verde e grosso de uma das vítimas morta, deitada debaixo de seu pé. Por fim, ficou apenas olhando um esquadrão inimigo sendo destruído sem nenhuma dificuldade.
- Puxa vida, que uso mais inútil da minha arte. O caminho da espada na qual eu aperfeiçoei não deveria ser utilizado como um simples moedor de carne – pensou Piandao, enquanto recolocava a espada na bainha.
Alguns segundos depois, pelas costas do mestre, a general de alta patente, com sua barba que crescia apenas no queixo, mas terminava a apenas alguns dedos depois, com a cicatriz deselegante no lado direito ao seu rosto, aproximava-se. Ele tinha o rosto muito contraído e parecia estar muito chateado, já que sua sobrancelha parecia um monte de tecido dobrado de tanto contraído e os lábios pareciam uma canoa invertida.
- Que mar de sangue desnecessário, que coisa horrível – a voz era agressiva, com tom ríspido.
O mestre das espadas se virou para o general e falou, enquanto andava em sua direção, desviando o pé do corpo de uma soldada inimiga que havia sido decapitada:
- Para o senhor do fogo e para a nação, isso seria considerado uma grande vitória.
Jeong Jeong encarou o soldado de espada embainhada. O combate quase estava no fim. Ainda era ouvido grito de desespero e de dor antes da morte. Então, ao apontar com o dedo indicador para o corpo da soldada decapitada no chão, ele comentou:
- Isso é uma vitória? Eu não sei onde isso é uma vitória. Cada vez mais tenho vontade de fugir do exército, de viajar pelo mundo.
O general continuou a andar, avançando na direção do fim do caminho de terra. Ele desviava suas pisadas do mar verde e vermelho que os corpos dos soldados do reino da terra e do seu sangue faziam.
- Nunca ninguém se arriscou com sucesso deserdar o exército antes. Juro que se Jeong Jeong assim o fizer, eu o copio – comentou o soldado.
O grupo voltou do campo de batalha para as barracas escondidas sobre o topo de um morro. Era um lugar aberto, completamente limpo e os raios do sol batiam com ferocidade. As barracas eram de pano vermelho, mas havia galhos de árvores sobre elas. Muitos soldados se cumprimentavam com o sucesso da empreitada. Piandao, por outro lado, percebeu a aproximação de uma pessoa que não o agradava muito.
O soldado Shaon era um rapaz de cabelo escuro, olhos castanhos, rosto bonito e com traços de nobreza, e mãos compridas. Seus olhos castanhos emitiam um ar esnobe quando, já que era comum o ver olhando por sobre o seu nariz fino e delicado. Apesar da aparência elegante, sua voz era estridente, muito ruim de ser ouvido.
- Fiquei sabendo que o jovem Piandao não teve a sua famosa habilidade com a espada destacada em combate. Fiquei pensando, o que seria ter acontecido com "o mestre".
Piandao se calou e permaneceu imóvel, apenas fintando o chato de Shaon com a visão firme.
- Parece que algum dobrador de terra lhe arrancou a língua enquanto estava no combate. O que foi, a verdade dói? – continuou a provocação o jovem arrogante, enquanto aproximava o rosto ao do dele, como se encarasse um leão de savana.
Depois de alguns minutos, Piandao sentia o cabo de couro da espada em sua bainha tocando a pele de sua mão, pronto para agir em caso de emergência. O homem da espada respondeu calmamente, sem respiração alterada, com o coração batendo na velocidade calma:
- É que, se eu não fizer absolutamente nada mais na vida, não tirar minha espada da bainha, já terei acumulado mais vitória do que você na sua vida inteira.
Setes soldados da nação do fogo que ali passavam começaram a gritar, como se eles caçoassem da resposta. Shaon começou a tremer um pedaço do lábio superior direito em raiva. Seus olhos ardiam. De suas mãos, duas bolas de fogos foram conjuradas. Elas brilhavam e ameaçava.
Como resposta Piandao retirou meia espada da bainha com um forte puxão. Ele encarou nos olhos do adversário e disse com a voz levemente alterada, mas com um sorriso disfarçado no rosto:
- É melhor você não fazer o que suas entranhas está querendo fazer. Antes mesmo de mexer seus braços, suas duas mãos estariam cortadas.
Durou um minuto o impasse, mas o dobrador desistiu: as chamas de suas mãos se apagaram e ele cruzou o braço, enquanto seu rosto voltava a ser esnobe. Por fim disse, com a voz ainda irada, quase vomitando sangue de seu estômago, mas lutando para não transparecer sua raiva:
- Um dia, caro Piandao, você sentirá remorso por ofensas a minha pessoa.
De manhã seguinte, o jovem espadachim estava dormindo confortavelmente debaixo da sua tenda com mais dois soldados. Ele tinha os olhos fechados e as suas duas mãos debaixo de sua cabeça. Seu corpo era coberto por um cobertor de pele de coelho. Ao fundo, saindo do estado do sono, ele pode ouvir a conversa dos soldados que ali estavam:
- Sim, parece ser verdade. Jeong Jeong abandonou o cargo!
- Quem disse isso?
- É o que estão falando por ai!
- Eu não acredito!
- Então o general é nosso inimigo?
- Quem abandona o exército é caçado como um traído!
O mestre das espadas, que agora estava acordado, mas continuou fingindo que dormia, perdia em seus pensamentos:
- Ótimo, agora eu tenho mais um empurrão para me tirar daqui. Como eu prometi, se o meu general abandonasse isso, eu também faria isso. É o que farei.
Desta forma, alguns dias depois, sozinho, carregando alguns suprimentos, cantil de água, alguns mapas e a sua velha espada, o novo andarilho partiu pelo mundo em busca de conhecimento.
