Capitulo I

Namoro inesperado


- Len, você está bem?– perguntei preocupado, segurando-a em meus braços. Ela tinha se desequilibrado; me parecia um tanto pálida. Era estranho como eu me preocupava com ela, minha melhor e mais amada amiga. Só de pensar que ela podia estar doente, meu peito apertava.

- Estou.– ela respondeu, com a voz baixa, enquanto eu verificava cada pedaço de seu corpo para ver se estava tudo no lugar. – Foi só uma tontura.– disse, com um sorriso. Ah... aquele sorriso. Podia estar irritado, triste, mas era só vê-la sorrir daquele jeito que eu não me continha e sorria também. Para ser sincero, tinha medo do que ela me causava. Sim, medo. Sempre ficava acima de qualquer garota, no controle. Mas com ela era diferente, eu não precisava ter controle, não precisava de uma barreira entre nós. Podia ser eu mesmo.

- Então quer dizer que posso te levar para uma sala deserta e...– sorri, malicioso, fazendo um gesto convidativo com as mãos. Caso não saibam, esse é o meu jeito. E antes que me chamem de cafajeste e cachorro – bom, cachorro eu até sou, mas explico isso depois – eu me defendo com o seguinte argumento: tive uma infância conturbada.

- E me ensinar o que eu já sei?– ela disse em tom provocativo, aquele tom que só ela sabia empregar, a ponto de me deixar subindo pelas paredes. Ah... mas quem disse que Marlene não sabia que estava brincando com fogo? Ela sabia sim. E MUITO bem. – Sinto muito, meu bem.– falou, desvencilhando-se de meus braços, mesmo com a minha cara de protesto. Gostava de tocar em sua pele, e vamos dizer que era um tanto incomodo vê-la quebrar esse contato.

- Nem em seus sonhos mais pervertidos..– me aproximei, dando dois passos para frente sem tirar o sorrisinho maroto e caçador dos lábios. – Vai se divertir tanto.– segurei em sua cintura, colando nossos corpos.

- Não quero, obrigada. – respondeu, afiada. Opa! Olhei para ela, com um ar divertido e uma cara de choro. O que surtiu efeito, porque eu ganhei um beijo! – Ah, e Six, isso não foi um beijo, foi só um selinho.– informou, dando uma piscadela com o olho esquerdo e me empurrando sutilmente para trás. Esse apelido, Six, só ela que usa, ela o tinha inventado, ou nós dois juntos, não sei dizer.

*flashback*

Férias. Sempre tive uma dualidade com isso, amo e odeio ao mesmo tempo. Amo porque não preciso acordar cedo, fazer tarefas, cumprir detenções, mas sou obrigado a aturar meus pais, reuniões de família que eu não quero participar. Por isso, quanto menos eu fico em casa, melhor. E, pensando nisso que eu estava indo me encontrar com James no Beco Diagonal. Marcamos a sorveteria como ponto e encontro e eu estava uma hora adiantado. O que posso dizer? Minha mãe sabe gritar. Só avistei James, com seu inconfundível cabelo rebelde e óculos, depois do terceiro sorvete. Ele estava acompanhado da Marlene, sua prima. Posso dizer que eu e ela éramos amigos, mas não melhores amigos - ainda. – Bom dia, Sirius! – James me cumprimentou.

- Que demora! – reclamei, deixando minha terceira taça de sorvete no canto da mesa e me levantando para cumprimentá-lo. – Oi Marlene! – disse animado, com um aceno.

- James precisa de uma ajuda feminina e então vim junto. – justificou sua presença.

- É sempre bem-vinda. – respondi sincero. Não digo que seja como um dos marotos, mas ela era divertida o suficiente para participar das nossas tramoias. – Mas que ajuda feminina? – perguntei, voltando a olhar para James.

- Veja bem, queria comprar algo para a Lily, então...

- Lílian Evans?!

- Sim, Lílian Evans.

- A troco de que?

- A troco de nada, Sirius. – respondeu incomodado.

- Pensei que fosse só um amor platônico, não que... – cortei minha frase no meio, dica do olhar indiscreto que Marlene me lançava e um sinal para que eu parasse de falar.

- Vai me ajudar ou não? – James perguntou, contrariado.

- Vamos escolher algo que faça ela querer beijar o chão que você pisa, meu amigo! – disse animado, puxando ele pelo pescoço e bagunçando, mais ainda, o seu cabelo.

Marlene sorriu para mim. – Então rapazes, vamos às compras!

- Vai dar mais de um presente para ela? – perguntei ao James.

- Ele vai dar só um, o plural diz respeito aos presentes que ele vai me dar. – sorriu marota. – Ele e você, Sr. Black. - Olhei para James e ele apenas deu de ombros e seguiu uma Marlene que já começava a caminhar no meio do Beco Diagonal. – Muito bem, onde encontramos uma loja estranha, antiga e com coisas bonitas? – nos perguntou.

- Por que estranha? – foi James que perguntou dessa vez.

- Lily é especial, não é? Então você tem que dar algo único para ela, e isso só vai ter em uma loja estranho. – Marlene até que tinha razão – acho -, seria algo que a Evans poderia se derreter. E se ajudasse o meu amigo melhor ainda.

Não sabia exatamente qual loja estávamos procurando ou onde ela ficava, mas pelo menos se estranho era um requisito sabia onde procurar. - Por aqui! – apontei para um beco, e, em pouco tempo, estávamos andando por corredores tortos, nos afastando da rua principal do Beco Diagonal. Marlene enganchou o braço em mim e em James e caminhamos a procura de alguma loja que nos chamasse a atenção.

Achamos uma loja com ar de antiga, na vitrine tinha alguns livros, cadernos, caixinhas de joia, e coisas estranhas. Parecia promissora. Entramos e logo fomos atendidos por uma velhinha simpática. Marlene explicou que queriamos um presente especial para uma amiga especial e acho que a senhora entendeu a deixa. Disse que tinha exatamente o que procurávamos. Pediu que aguardássemos alguns minutos e saiu por uma porta no fundo da loja.

Enquanto esperávamos James e eu ficamos parados ao lado do balcão, já Marlene começou a perambular pela loja, até parar em uma estante de livros. Vi ela puxar um com capa de couro preta, sem nenhuma indicação de título, apenas um desenho na capa. Como que pressentindo algo, a senhora surgiu dos fundos. – Seis. - Marlene nos olhou como que dizendo que aquela velha era uma louca. - Seis, menina. – continuou, como se isso explicasse tudo.

- Como?

- As seis pontas, o Selo de Salomão. – explicou, apontando para a estrela desenhada na capa.

- Hm. – Marlene murmurou, passando a mão pela capa do livro.

- Você vai entender. – a senhora deu uma longa olhada para ela e depois para mim. Levantei os braços, já me declarando inocente de qualquer que fosse a acusação. Marlene riu. A senhora balançou a cabeça, meio contrariada, meio sorrindo e entregou uma caixinha a James.

Ele abriu e olhou para nós e depois para a senhora. – Um anel? – ele, e nós, esperávamos algo mais especial.

- Esse é o anel de Claddagh. – informou, sorrindo para James. Como não demonstramos saber do que ela estava falando ela continuou. – Um jovem chamado Richard Joyce, da pequena Vila Claddagh, na Irlanda, encontrou seu amor em uma linda jovem, mas a fim de merecê-la ele deixou sua terra para tentar fazer fortuna nas Índias Ocidentais. Porém, seu navio foi capturado por piratas e Richard foi vendido como escravo a um rei mouro. Por muitos anos em serviço ao rei o jovem aperfeiçoou a arte de fazer joias, fazendo obras primas, e, quando foi negociada a liberdade dos escravos o mouro, não querendo que Richard fosse embora, ofereceu ao jovem a mão de sua filha e um generoso dote. Mas Richard recusou, pois seu coração ainda estava na Irlanda. Voltando para sua terra natal ele descobriu que sua amada tinha permanecido fiel a ele todo o tempo e, em tributo ao seu amor, ele criou o anel de Claddagh. – Ela tirou o anel da caixinha. – As duas mãos representam a sua amizade, a coroa significa sua lealdade e o coração simboliza o amor verdadeiro. – A senhora devolveu o anel para a caixinha e fechou a mão de James nela. – Quando for a hora, entregue isto a ela.

James parecia perdido em seus pensamentos. Troquei um olhar confuso com Marlene. – Ele faz alguma coisa? – arrisquei perguntar.

- Vão ver. – ela nos deu um sorriso misterioso, com os olhos risonhos. Saímos da loja nem alguns depois, James com seu anel bem guardado no bolso e uma caixa de música encantada na sacola e Marlene com o livro estranho.

Voltamos para o Beco Diagonal, não interessante relatar que nos perdemos um pouco. Resolvemos descansar na sorveteria em que tínhamos nos encontrado, depois de fazermos uma expedição em algumas lojas para presentes para todos. Sentamos e deixamos as compras na cadeira vazia. Acabou que tínhamos muitos amigos para lembrar. – Agora vou atrás do de vocês! – exclamou James, animado. Marlene não conseguiu perguntar o que ele ia comprar, James já tinha sumido na rua. Contrariada e dando de ombros ela pegou a sacola que tinha o livro trouxa e começou a folhear.

Estava cansado de sorvetes hoje e James tinha razão: tinha presentes para comprar também, incluindo e dele e da Marlene. – Vou ali na loja de artigos para Quadribol e já venho. – avisei a ela, que apenas acenou com a mão, mantendo os olhos no livro. Voltei algum tempo depois, com quatro pacotes. Marlene estava tomando um sorvete sem pressa, o livro estava descansando em cima da mesa. – Já terminou? – perguntei me sentando. – James ainda não voltou?

- Ainda não, mas já li bastante coisa, é bem pequeno, tem mais gravuras do que letras. – explicou sorrindo. Gostava do sorriso dela, sempre gostei. – E não, nosso querido James deve estar perdido em alguma loja, ele já deve ter comprado presentes para a Lily por uns bons cinco anos! – exclamou divertida.

- E para você...

Fui interrompido por um homem muito estranho, e com cara de louco, diga-se de passagem, que parou ao lado da nossa mesa e apontou paro o livro e para nós. – Azar, muito muito azar! – Marlene arregalou os olhos, olhando para mim e indicando as sacolas. – Seis! Azar!– o homem levantou as mãos, como se tivesse voando, deu uma última olhada no livro e saiu correndo.

Ficamos nos olhando por algum tempo até que não aguentamos e começamos a rir. Decidimos ir atrás de James depois de algum tempo, a demora estava começando a ficar preocupante. Colocamos todos os pacotes e sacolas dentro do meu bolso, com ajuda de mágica, obviamente e iniciamos a missão de busca. Nem bem saímos da sorveteria Marlene tropeçou em alguma coisa. Ela se levantou antes que eu pudesse ajudar. – Está tudo bem?

Ela olhou para a mancha preta em sua saia e depois para mim. – Alguém me empurrou. – disse brava, alisando a saia e resmungando alguma coisa. Achei graça e segui ela pela rua principal. Passamos duas lojas e Marlene parou. Olhei para ela sem entender. Ela também não entendeu e tentou andar novamente, no que eu ouvi um barulho de tecido rasgando. A saia dela tinha enroscado em um aviso de uma loja. Marlene olhou para mim apavorada e eu não sabia o que fazer. – Seu casaco, Sirius, me dá seu casaco, anda! – pediu, com a mão direita estendida, enquanto a outra tentava segurar a saia no lugar.

Fiz o que ela pediu e ela improvisou uma saia amarrando meu casaco na cintura. – Mais para frente tem a

Madame Malkin. – disse na tentativa de dizer que estava tudo bem, mas tão logo terminei de falar duas crianças passaram correndo por nós, levando Marlene ao chão no caminho, de novo.

Dessa vez eu ajudei ela a levantar. – Machucou? – perguntei. Marlene soltou minha mão depois de se levantar e fechou os olhos, travando a mandíbula. Ainda bem que eu não era alvo do furacão McKinnon.

- Não, vamos logo ver roupas novas antes que eu perca as velhas. – disse, me indicando o caminho.

Saimos da loja de roupas, agora com Marlene de saia e blusa nova. Acho que agora nem estávamos mais procurando o James, devíamos ir embora antes que mais alguma coisa antecesse com ela. Tarde demais. Só vi uma morena tropeçando na escada, deixando um dos saltos do sapato no caminho.

Marlene caminhou na minha frente, batendo o pé. Podia até ver a fumaça saindo dela de tão brava que estava. Vi quando um dos lojistas jogou um balde de água da janela, mas era tarde demais para avisar, fiquei com a mão no ar. A água foi bem na cabeça dela, molhando o cabelo, o rosto e a roupa nova. Ela olhou para cima e xingou o lojista, que logo sumiu da janela, depois olhou para mim incrédula. – Só podem estar de brincadeira! – exclamou, tirando o excesso de água dos olhos. - Hoje não está sendo o meu dia. – disse desanimada. Mas eu não respondi nada, por algum motivo que ainda não sei explicar ela estava linda daquele jeito, cabelo molhado, rosto corado, roupa pingando. – Já é a... - Ela pareceu notar que eu a olhava diferente, parou de falar e ficou parada no lugar.

Dei um passo para frente e depois mais outro, sem tirar os olhos dela. Mas, quando Marlene foi dar um passo também, ela escorregou no chão molhado, mas desta vez me levando junto quando tentei segurá-la. – Ow Merlin! É a sexta vez hoje! – exclamou, deitada em cima de mim. Eu estava no chão, com as costas na calçada, para a felicidade da Marlene, que provavelmente teria levado um belo tombo, a julgar pela parte dolorida, molhada e gelada que eu sentia na minha costela. Meu rosto estava a centímetros do dela e aquela mesma hipnose de antes tinha voltado.

Sorri maroto para ela e a beijei. – Esse seis dá muito, muito azar.

Ela sorriu de volta para mim. – Six. Dá sim.

- Six? Gostei!

- Six?

- Acabou de me chamar de Six.

- Fica como apelido, então?

- Diante das circunstâncias, sim. – soltei uma risada.

- Six então. – ela sorriu de novo, mas seus olhos tinham algo a mais, como se fosse um segredo só dela.

*flashback*

Não disse que o apelido fazia sentido, só que tínhamos inventado ele. Ou melhor, para mim faz sentido. É uma boa lembrança. Depois do sexto acidente conseguimos encontrar James e voltar para casa sem mais nenhum imprevisto, para a felicidade da Marlene. Mas só por precaução mantive minha mão na cintura dela o tempo todo. Depois disso ela passou a me chamar de Six de vez em quando e eu confesso que acho divertido.

O que dizer. Ela não é de mais? É por isso que nós dois damos certo. Ei! Nós dois no sentido.. ou melhor.. não no sentido "namorados" de ser. Só para deixar bem claro. Porque Sirius Black – é, esse é o meu nome – não namora, e muito menos Marlene Mckinnon. Ou pelo menos era o que eu achava até certa tarde no campo de Quadribol.


- Hey Pad!– James gritou, me chamando. Ultimamente ele tinha uma missão de extrema prioridade: convencer Lílian Evans a sair com ele. Tenho que admitir que estava sendo persistente e – arrisco a dizer – que em dois dias ele finalmente atingiria seu objetivo. Porque eu digo isso? Porque Lily estava sentada na arquibancada, ao lado de Lene, olhando que nem boba para o Prongs ali. – Já chamou a Sophia para a festa de amanhã? Ou preferiu a Grace? – perguntou, ainda sem desviar o olhar da ruiva. Verdade, eu esqueci de mencionar. Nós, os marotos, daríamos uma festa na torre da Grifinória, mais precisamente na sala dos monitores. O que foi um feito e tanto, porque o Remo se recusava a fazer parte disso. Mas como nosso Monny é – acima de tudo – um dos marotos, ele logo teve que concordar. E o que vai ter na festa? Ah... espere e verá!

- Não, não. A Sophia era muito grudenta e a Grace resolveu planejar um filho. – Eu arranjo cada uma... Só fria! As duas eram lindas, obviamente, mas tinham defeitos irremediáveis. – Acho que vou com a Lene, até porque lá eu me arranjo. – sorri, maroto. James não escutou mais nada do que eu disse depois do "planejar um filho", porque ele estava se matando de dar risada. Eu, por exemplo, NUNCA iria rir de uma coisa dessas! Imagine se aquela louca resolvesse ter um filho mesmo. Eu não quero ser pai agora não!

O treino teve um início meio desorientado, mas aos poucos começamos a nos entrosar. - Opa, opa, opa! Que é isso! – James gritou, logo depois de ter feito uma manobra exibicionista, para Evans provavelmente. Eu juro que se for algo como: olha como a minha ruivinha fica perfeita desse ângulo... Eu passo por cima dos princípios da amizade e estouporo ele! Pelo amor de Merlin! – O que o time da Corvinal está fazendo aqui? – ele voltou a perguntar, olhando mortalmente em direção ao campo. Pois é.. eu esqueci de dizer isso pra ele. – ESPIONAGEM! – gritou, surtado. James era meio fanático e tudo mais.

Assim que descemos até o campo de areia, tentei explicar a situação. - Prongs, são eles agora...– comecei, já tendo que segurá-lo pela capa do uniforme, prevendo um ataque de fúria para o meu lado. A verdade era que eu não tinha conseguido o campo para um treino completo porque o Willian, capitão do outro time, da Corvinal, já tinha reservado há semanas, o que eu deveria ter feito, se não tivesse ocupado com a Sophia. Mas como eu tenho minhas conexões, consegui duas horinhas, mas isso não vem ao caso. – Eles tinham re-re-re-re... – eu simplesmente paralisei. Tinha sido imaginação minha ou o capitão do outro time tinha acabado de beijar a Lene? Não que eu nunca tivesse a visto ela beijando outra pessoa, mas... Precisa carinho no rosto e tudo mais? Eu acho que não!

- Pad?– James me chamou, mas não ouvi, pois estava indo na direção do suposto casal. Agora quem estava segurando minha capa era o Pontas. Não, eu não estou fazendo cena e nem nada do gênero. Eu só estou tentando manter a ordem dentro de um local de treinamento.

- Marcaram o treino no mesmo dia. – O capitão do time disse, calmamente. Nossa que brilhante conclusão! Gênio! Ah, tudo bem. Talvez eu esteja fazendo cena. Pelo menos mentalmente, porque é obvio que estou sorrindo.

As listas de treinos já marcados foram trazidas e os dois capitães conversaram por uns cinco minutos. E todos os que estavam na arquibancada já tinham descido até o campo, para ver o que havia acontecido. - Ah, ta ok cara. Já vamos sair. – James resolveu, fazendo um sinal para o time da Grifinória para ir ao vestiário. Bom, pelo menos não tinha sobrado para o meu lado. – Meu lírio.. – James começou, se aproximando da ruiva. E é claro que, para variar, não teve tempo de terminar a frase.

- É EVANS, Potter! – gritou a ruiva em resposta, porque como sempre a ela não deixou barato. – Lene, vamos na biblioteca comigo? – a Evans perguntou para a amiga, que estava muito próxima do Corvinal para o meu gosto. E Biblioteca? Broxante, tenho que dizer. Mas eu sabia a resposta que a Lene ia dar: Eu vou ver o treino deles, depois eu te encontro lá. É, apesar do jeito imprevisível dela, eu consigo prever algumas coisinhas. –Se não eu sou capaz de matar um Potter. – disse, fulminando meu amigo com o olhar, mas escondendo um sorriso que eu muito bem percebi.

-Eu acho melhor você ficar calma Lily, porque se não a Grifinória inteira vai querer te esganar por ter matado o apanhador deles. – Marlene disse, em tom divertido. Tudo bem, não era a resposta que eu esperava. Estão vendo! Depois quando eu digo que ela é imprevisível ela fica irritada! Mas tenho que admitir que o sorrisinho maroto que ela deu foi ótimo. – Eu vou ver o treino deles, depois eu te encontro lá, pode ser? – ela respondeu, exatamente com eu tinha previsto. Eu sabia!

- E eu só vou deixar porque você é minha namorada, se não ia considerar espionagem! – e ele ainda terminou dando uma risadinha sem graça! Como se a namora...

Olhei para os dois e.. - OI? – Eu perdi alguma coisa? Como assim namorada? Marlene namorando? – Como? – Acho que minha expressão incrédula e cofnusa estava meio obvia, pois todos estavam prestando atenção em mim agora. - Como assim, namorada? – desculpe, mas eu tive que perguntar especificamente.

- Você não contou?– William perguntou, olhando para a Marlene, parecendo surpreso. Mas é claro que ela contou! É por isso que eu estou com essa cara, GÊNIO! E precisa ficar pegando na mão dela?

- COMO ASSIM NAMORANDO? – dessa vez foi a Evans que gritou, desviando a atenção para ela. Pelo menos alguém compartilha a minha indignação! – Nem para contar, Lene?– perguntou, ofendida. É! E nem pra contar pra ela? Sua melhor amiga? Que papelão... tsc tsc. – Ah!.. PARABENS! – a ruiva voltou a gritar, mas agora dando pequenos pulinhos e indo abraçar a amiga. Tipo.. oi? – Mas ainda estou brava, viu! – ela comentou, rindo. Alguém pode me dizer o que eu perdi?

- Desculpa Lily.– disse Marlene, sem ação. E eu? – Eu ia te contar hoje, mas acho que o Will se adiantou.– explicou, jogando a culpa no Corvinal. É, que ele se adiantou todo mundo notou. E não que eu queira ser o centro das atenções – o que geralmente ocorre; tenho charme, fazer o que? -, mas será que eu não mereço uma explicação? – Depois conversamos.. – disse, dispensando a amiga, com uma piscadinha bem sugestiva por sinal. Tudo bem, que esse "depois conversamos" não foi pra mim, mas podem ter certeza que Sirius Black e Marlene McKinnon teriam uma longa conversa – hoje!

Marlene me lançou um olhar demorado e saiu com o "namorado" para o meio do campo. - Pad! Hey, acorda!– James chamou, estalando os dedos na minha cara. De repente eu estava puto com tudo e com todos. – Porra! Dá pra me ouvir? – disse, irritado. .

- É, vamos.– foi o que eu consegui responder, antes de sair em disparada para o vestiário. Minha cabeça está em outro lugar agora. Mais precisamente na conversa de mais tarde... Mas afinal, o que eu vou falar? E porque raios eu estou tão irritado? - Ah! MAS QUE MERDA! – gritei, irritado, chutando a parede com toda força. Ok, chutar a parede não foi algo inteligente... Aiai! Merda! Aiaiai!