Depois do Fim

Disclaimer: Essa história tem censura R devido a temas maduros, alguma violência, angst e linguagem, ocasionais. Harry, Rony e Hermione têm dezoito anos e irão agir como tal. As autoras também afirmam que, apesar de tentar se aproximar ao máximo do universo criado por JK Rowling e do canon, elas tiveram que avançar 3 anos e criar uma história por conta própria. Dito isto, convindam vocês a aproveitarem a história, porque elas certamente aproveitaram.

Expecto Sacrificum

Prólogo

- Eu juro morrer por você Harry. Eu te amo.

A voz de Hermione era clara e a chama parecida com um jacinto bruxuleou no centro do círculo, perto do pé dela. Ela segurou as mãos dele firmemente, e Harry ficou impressionado em ver, pelo olhar em sua face, que ela falava sério. Ele sabia que ela deveria ter realmente aquela intenção – de outra forma o feitiço nunca teria nenhum efeito. Mas ouvir aquelas palavras de Hermione, dessa forma tão aberta, causou uma reação mais poderosa em Harry do que ele poderia ter antecipado.

Com a mão livre, Hermione levantou sua varinha e tocou na cicatriz dele.

- In nomine Expecto Sacrificum.

Harry tremeu ao sentir a promessa dela sendo transferida por aquela que antes havia sido nada mais do que sua cicatriz amaldiçoada. Agora era um conduto, e isso estava funcionando – ele podia sentir o início dessa nova magia tomando forma dentro dele. Ele balançou a cabeça positivamente para Hermione, que estava resplandecendo de esperança enquanto ela recuava de volta para o círculo.

Rony foi o próximo a avançar, seus olhos azuis graves. Ele colocou uma mão firmemente nos ombros de Harry e se curvou para olhar seu amigo diretamente nos olhos.

- Eu juro morrer por você, Harry. Eu te amo.

As palavras estiveram sempre presentes, mas ditas em voz alta foram um choque para os dois jovens e a voz de Rony estava rouca. A forma como ele o encarava, no entanto, era firme e havia uma forte convicção em seu olhar.

- In nomine Expecto Sacrificum – ele disse, tocando sua varinha na cicatriz de Harry.

O feitiço se espalhou e se aprofundou em Harry; ele sentiu que aquele estava se enraizando no centro de seu próprio poder mágico. Era estranho e difícil de acreditar que seus amigos estavam fazendo isso por ele. Ele se perguntou se ele poderia possivelmente valer tanto a pena.

Lupin foi o próximo. A mão dele tocou o braço de Harry, gentilmente.

- Eu juro morrer por você, Harry. - Ele disse calmamente, seu rosto ilegível. Ele parecia ter sido tocado novamente pela semelhança entre Harry e Tiago naquele momento. - Eu te amo.

A expressão de Lupin mudou levemente e Harry pôde ver lágrimas nos olhos cinzas de seu professor, enquanto ele levantava sua varinha e colocava a ponta sobre a cicatriz de Harry, a qual estava queimando ligeiramente agora, com a mágica que estava sendo direcionada por ela.

- In nomine Expecto Sacrificum. - Lupin abaixou sua varinha e se afastou, com compreensão explícita em seus olhos.

Sirius deu um longo passo adiante e colocou sua mão no topo da cabeça de Harry, afastando seus cabelos para traz. Sua face estava cheia de emoção.

- Eu juro morrer por você, Harry. Eu te amo.

Os olhos de seu padrinho não estavam sem vida agora; eles estavam fixos nos de Harry com toda a vida que ele poderia invocar e cada palavra que ele falava era passional. O que havia acontecido antes não iria acontecer novamente. Ele colocou sua varinha na cicatriz de Harry e a manteve lá. Harry sentiu como se sua pele estivesse se rasgando, mas ele não se atreveu a se mexer. Isto era muito importante.

- In nomine Expecto Sacrificum, - Sirius recitou. E então, com os olhos ainda faiscando, ele recuou.

Gina era a contribuinte final. Ela provia um elemento necessário, o que foi a única razão que fez com que Harry permitisse que Hermione pedisse a ajuda dela. Gina tinha aceitado instantaneamente, mas Harry olhou para ela agora e desejou saber por que ele estava deixando que ela concordasse. De repente, ele quis dizer não – quis gritar isso – para impedi-la de fazer o feitiço. Ele queria impedir todos eles. Eles não podiam arriscar suas vidas por ele e eles não deveriam ter que fazer isso. A proteção dele não valia o sacrifício, valia? Ele era apenas uma pessoa e eles eram cinco; ele era apenas um bruxo que por acaso era bom em Quadribol e tinha um inimigo mortal; sim, ele poderia ser o Menino-Que-Sobreviveu, mas isso não significaria nada se seus amigos não pudessem viver também. Eles eram sua família agora. Sua primeira família já havia feito isso por ele. E eles se foram.

Entrando em pânico, Harry levantou sua mão para impedi-la e abriu a boca para protestar. Mas Gina conteve seus dedos com a mão que segurava a varinha e balançou a cabeça rapidamente, dando a ele um olhar tão intenso que fez com que ele fechasse a boca novamente sem ter dito uma palavra. Ele não iria falar. Ele não iria interromper isto. Eles já haviam passado por todos esses argumentos juntos e, no final, Harry concordou em permitir a execução desse feitiço. Não havia outra forma.

Satisfeita com o fato de que ele iria ficar quieto, Gina tocou o rosto dele com sua outra mão e o olhou direto nos olhos.

- Eu juro morrer por você, Harry. – Sua voz estava baixa, mas cada palavra era claramente pronunciada. – Eu te amo.

O tom de seu sussurro fez com que ele estremecesse. Todos no círculo seguraram suas respirações, mas Gina não tirou seus olhos de Harry. Ela soltou a mão dele e, ainda segurando seu rosto, ela levantou a varinha e tocou a cicatriz dele.

- In nomine Expecto Sacrificum.

Harry hesitou por um momento com o toque. A mágica que penetrava por sua cicatriz amaldiçoada era extremamente poderosa e, no momento, muito dolorosa. Houve uma pulsação sob a varinha de Gina e ele precisou de todas as suas forças para ficar imóvel, mas ele ficou. Ele tinha que ficar.

Sem fazer um ruído, Gina retirou sua varinha do local e retornou para o círculo, deixando Harry no centro. O recém-completo feitiço circulava de sua testa até seus pés. Cada centímetro de Harry estava preenchido por ele e a mágica se aprofundava além de seus ossos. Obviamente, eles sentiam aquilo que disseram para ele. E se ele encarasse Voldemort com isto... Então talvez...

Harry flexionou seus dedos em torno de sua varinha e imaginou as palavras em sua mente. "Expecto Sacrificum!" Para sua enorme surpresa, um raio cintilante, branco e quente atravessou a sua mão e faíscas voaram de sua varinha. Ele se sobressaltou e ficou encarando-a. Ele não havia nem mesmo pronunciado nada.

A chama iluminou as cinco faces no círculo e Harry olhou para eles, maravilhado. Ele queria agradecê-los, mas a sua voz falhou. Ele sabia que não era somente por ele que eles estavam fazendo isso – era pelo mundo, por todos aqueles que sofreriam enquanto Voldemort permanecesse no poder. Mesmo assim, estava sendo feito através dele e só poderia acontecer por ele, porque seus amigos desejavam lhe oferecer tanto. Silenciosamente, Harry abriu suas mãos.

- Eu... – ele começou calmamente. – Eu não posso...

Mas não importava. Um instante depois, ele estava cercado por todos os lados, no momento em que todos na sala se uniram em um abraço forte e protetor. Alguém derrubou a chama em forma de jacinto que apagou e os deixou na escuridão, mas ninguém se moveu para acendê-la novamente. Ou esse feitiço iria funcionar, ou esta seria a última vez que eles iriam ficar juntos e todos eles sabiam disso.

Harry fechou os olhos e recostou sua cabeça no ombro mais próximo a ele, inspirando profundamente e expirando lentamente.

"É melhor que isto funcione..."

- Harry!

Ele estava sentado na escadaria da entrada de Hogwarts, observando o lago. Era lindo durante o verão. Hogwarts estava em parte destroçada às suas costas, mas o lago estava brilhando, quase sem se importar, embaixo do cintilante sol de Junho.

- Vamos, Harry, nós já estamos prontos para ir, se você estiver.

Ainda parecia um sonho. Apenas há uma semana atrás, no dia da formatura, uma guerra acontecia aqui. Apenas há uma semana atrás, existia um Voldemort que queria destruí-lo. E agora tudo estava calmo.

- Ei, por que você está demoran... Droga, ele ainda está sentado aí fora? Harry, levante, eu estou com fome, eu quero chegar logo lá.

Mas não era aquela fria e terrível paralisia – na qual eles apenas ficavam sussurrando nos últimos anos. Não era o tenso silêncio da espera amedrontada, não era a terrível e quieta magnitude de mais uma morte. Era apenas paz.

- Shh, deixe-o em paz. Onde está Gina?

- Se despedindo do quarto dela.

- Ah... – Houve um pequeno suspiro. – Minha bagagem está perto da lareira, onde está a sua?

- Eu já vou buscar.

- Eu pensei que você tinha dito que já estava pronto! Pois bem, vai buscar logo, eu vou chamar o Harry para entrar.

Uma pequena brisa soprou. Dava pra ouvir o som das árvores se balançando nas margens da Floresta Proibida e o som de algumas estranhas criaturas cantando lá – não era nem um pássaro, nem mesmo um mamífero. Hagrid saberia dizer o que era. Harry abaixou sua cabeça. Ao menos havia acabado, ele disse para si mesmo.

- Harry, eu já estou entrando. Entre quando você estiver pronto, nós estamos indo via pó de Flu através da lareira da sala comunal. A Professora McGonagall disse que já estaria funcionando – ela parou. – Eu vou dizer para o Rony trazer sua bagagem, certo?

Harry simplesmente balançou a cabeça em um sinal positivo e ficou encarando o gramado, lágrimas se formando em seus olhos. Ele não se virou para mostrá-las a ela, mas, pela primeira vez, ele não tentou impedi-las. Ele ouviu passos atrás dele e a porta de carvalho da entrada se fechando suavemente. Ele ficou só por um momento. Harry arrumou seus óculos e piscou os olhos com força tentando focalizar a carta que oscilava em sua mão. Era uma carta boa. Era muito boa para ser verdade e o choque que ela tinha causado ainda não havia se dissipado.

Querido Harry,

Claro que você pode trazer Rony, Hermione e Gina. Nós esperávamos que você o fizesse e há espaço suficiente para todos vocês, apesar de que, vocês vão ter que dividir os quartos de dois em dois. Remo e eu estamos na expectativa de sua chegada. Chegue o mais rápido que você puder.

Você sabe que eu tive minhas dúvidas sobre o fato de que algum dia eu ficaria livre para cumprir o meu dever de padrinho para com você. Mas, Harry, agora que eu posso, vai ser da forma que deveria ter sido desde o começo. Eu prometo isso a você.

Mal posso esperar para lhe rever.

Sirius

Harry olhou para a carta por um longo tempo. Ele iria passar um verão – um verão inteiro – com os seus amigos. E não havia nenhum perigo nisso. Não haveria ameaças Negras pairando por sobre sua cabeça, nenhum Draco Malfoy para encarar no próximo outono, nenhum Comensal da Morte, nenhum Dursley.

Havia uma intensa dor em Harry – parte alegria, parte vazio. Depois de tudo que havia acontecido, a vida continuava. Ainda era verão. O lago estava ofuscante. Não haveria mais aulas em Hogwarts Ele já havia se formado dentro daqueles muros.

- Harry?

Ele se virou em direção àquela voz gentil e uma alta, esguia figura com cabelos vermelhos sentou-se ao seu lado no degrau.

- Você está pronto, então?

- E eu tenho que estar?

Gina descansou o queixo nos joelhos dela e suspirou com a pergunta. Harry notou que os olhos dela estavam avermelhados.

- Não, claro que você não precisa estar pronto – ela respondeu tranqüilamente. – Eu não estou.

- Mas nós temos que ir embora.

- É...

Eles pausaram e Harry olhou para o que estava atrás de Gina, inclinando sua cabeça para a esquerda em direção ao campo de Quadribol.

- Tudo termina. – Ele murmurou, sem ter certeza por que de repente ele se sentiu tão amargo.

- Não. Algumas coisas não acabam.

Ele olhou para ela rapidamente. Seus olhos se fixaram por um momento e então os dois desviaram o olhar para baixo.

- Rony disse que você estava dizendo adeus para o seu quarto.

- Eu estava. Então ele subiu e me disse pra desistir de ficar falando comigo mesma, foi para o dormitório dos garotos e encantou sua bagagem para baixo por você.

Harry teve que sorrir. Este era o Rony.

- Todos estão me esperando, então.

- Bem, Hermione disse para não apressarmos você. Mas já é... já é hora, Harry. Sirius vai ficar se perguntando sobre o que aconteceu conosco.

- Eu queria poder levar Fawkes conosco.

- Em breve. Ele vai ficar bem e você tem a Edwiges.

- É verdade. Eu acho melhor nós irmos logo.

- Sim.

Juntos eles levantaram, limparam seus habituais robes pretos escolares e observaram o terreno mais uma vez. Harry inspirou longa e profundamente e estava andando atrás de Gina em direção ao castelo, quando arriscou olhar para cima. Os olhos dele repousaram na torre que antes havia sido de Dumbledore. A janela vazia do diretor luzia brilhantemente com o sol. Harry levantou sua mão numa saudação instintiva. A janela pareceu reluzir. E então ele seguiu Gina para dentro do Salão Principal, onde Rony e Hermione estavam esperando por eles. Este seria o primeiro verão de verdade de sua vida.


Nota da Tradutora: Pra mim tem sido uma honra traduzir essa história maravilhosa. Eu pedi permissão às autoras há muito tempo, mas só agora estou podendo me dedicar. Gostaria de agradecer profundamente à Amanda SaturnVenus, que me ajudou com os capítulos iniciais, inclusive traduzindo alguns. Também gostaria de dizer que se você lê em inglês, acompanhe a história no original visitando o site ou aqui mesmo no , com o nome "After the End". As autoras dessa obra prima são Arabella e Zsenya e merecem todos os elogios possíveis. Se alguém conhecer o original e encontrar algum erro de tradução, por favor me avise que eu tentarei corrigir.