1. Fundo do Poço
Eles dizem que o fundo do poço é o pior lugar para se estar. Você precisa cair uma vida inteira para chegar lá; desistir de amores e ficar com um gosto ruim na boca. Mas, para aqueles que o observa com outros olhos; o fundo do poço é apenas o começo.
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É muito fácil se perder nos subúrbios de Washington, DC. Muitas casas iguais, crianças nas ruas e carros econômicos nas garagens. Uma das casas mais antigas, na rua Lawrence, n.9, possuía um Impala 67 em sua garagem. Em tal casa, o agente aposentado Henry Winchester vivia com seu cachorro já muito idoso; Sappy e seu neto que orgulhosamente havia acabado de completar seus 30 anos, Dean Winchester.
É quase tão fácil se perder quanto achar que aquela pequena família é simples como aparentava ser. Como um exemplo, os vizinhos que aproveitam a manhã para se exercitar quase sempre têm a companhia de Dean e Sappy; e sempre os perdem de vista. A verdade é que os Winchesters tinham como objetivo de vida o de manter uma boa faixada.
Como esta manhã, Dean sairá para correr, deixando Sappy dormindo perto da porta da cozinha; o Golden Retriver já possuía 10 anos de vida, e ultimamente aparentava estar muito cansado. Dean era considerado um colírio para os olhos em todos os estados em que já havia trabalho; e atraia os olhares de toda a vizinhança, o que não o fazia ser menos gentil com ninguém. Nem com o jovem Drew que entregava os jornais e o passava de bicicleta, nem a Sra. Madison que aguava seu jardim.
Antes que o relógio atingisse 8h daquela manhã de segunda-feira, Dean já se encontrava dentro de sua casa, retirando sua camisa encharcada com seu suor, colocando-a na lavanderia e se dirigindo a cozinha. Algumas palavras sobre a velha casa que havia abrigado tanto sangue Winchester por tanto tempo. Fora adquirida por Henry e Millie Winchester em 1954, logo antes de seu único filho nascer. Tinha um pé direito alto, um porão entulhado de coisas da falecida Millie e um sótão proibido para as visitas. Tinha um quintal grande com uma grande macieira em seu meio, e um balanço de pneu feito por Henry. Era decorada com cores escuras, o que a dava uma aparência tão velha quanto era.
Um exemplo seu, e que a sala de jantar era maior que a cozinha, onde Henry preparava seu café da manhã metódico (ovos mexidos com ovos, suco de laranja e uma maça). A cozinha tinha seus utensílios normais, uma mesa redonda de 4 lugares encostada a parede; claramente apenas duas pessoas eram bem-vindas; e tinha uma pintura verde escurecida, além de uma porta para a área de serviços. E da sala de estar, o novo estéreo que Dean havia comprado, "As Time Goes By" tocava; enchendo o ambiente.
-Mesmo com um novo aparelho de som, você ainda só escuta essa música-Dean entrou na cozinha, já atiçando seu avô, como sempre fazia.
-Os clássicos nunca morrem garoto, ainda tem que aprender isso para se tornar um ótimo agente. -Agora Henry colocava dois pratos na pequena mesa, enquanto Dean pegava copos e utensílios.
Dividir uma refeição no começo e no final do dia eram duas tradições, pois nunca se sabe qual será a ultima; não nesta família. Logo em suas primeiras mordidas, Henry foi assaltado por uma crise de tosse não muito longa, que fez com que Dean olhasse se lado para seu avô.
-Já tomou seus remédios hoje, velhinho? – A frase que deveria ser uma brincadeira saiu seria.
Henry fitou Dean com um olhar calculador.
- Já, não que isso afete alguma coisa – Henry voltou a sua comida – E como vai você e aquele cozinheiro; Bobby, Booner...
- Benny, vó, Benny Lafaiete nós estamos bem – Dean sorriu – Só porque eu não passo todo o meu tempo com o cara não quer dizer que não estejamos bem.
- Eu pensava o mesmo sobre sua avó – Henry chamou atenção de seu neto - Aí um dia eu não cheguei em casa a tempo para o jantar e encontrei ela morta.
Dean deixou os talheres abruptamente, secretamente odiava todas as vezes que seu avô mencionava a morte de havia sido a melhor avo que Dean poderia pedir e morreu injustamente; quase todos os Winchesters morreram injustamente.
- Me esperam o escritório as 10h – Sua garganta estava seca – Leve o Sappy ao veterinário hoje, a?
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O escritório do FBI se localizava em um grande prédio espelhado no centro de Washington. O Chefe do Departamento de Crimes Organizados era Bobby Singer; um velho barbudo e barrigudo que havia sido brevemente colega de Henry Winchester e que tomou como sua responsabilidade cuidar do garoto. Seu assistente/conselheiro/melhor amigo/parceiro era Rufus Turner; um velho rabugento que constantemente dava lições de moral em seus pupilos. Era tudo o que Dean precisava para ter uma equipe feliz. Mesmo que seu escritório fosse pequeno, branco e tivesse poucos objetos decorativos.
Seu escritório era um cubilo e as únicas coisas pessoais que ele possuía naquele cubico eram três porta-retratos. O primeiro exibia Dean abraçado ao velho Henry, em frente a sua casa Sappy em frente a eles. O segundo era a festa de natal do Departamento ano passado, com todos rindo, se divertindo e bebendo. O terceiro era uma foto de as únicas fotos que ele precisava. Em seu corredor ele era vizinho de Henricksen; Bradburry e estavam todos estranhamente quietos.
- Para onde foi todo mundo? – Dean perguntou a Ed Zeddmore, o interno que parecia perseguir Dean por todos os lados.
- Estão todos na reunião emergencial convocada pelo Singer na sala 23 – A voz de Ed sempre parecia frágil e confusa, Dean tinha pena do cara. Dean deu dois tapinhas no ombro de Ed e se dirigiu a sala 23.
A sala de conferencia 23 era no alto do prédio, era grande para todos os agentes e possuía um palco de apresentação. No momento em que Dean adentrou na sala, tal palco estava sendo usado por Bobby Singer; e todas as cabeças viraram suas atenções para ele. Silenciosamente, e se possível dizer, com muita vergonha, ele se sentou em uma cadeira desocupada na terceira fileira.
- Como eu estava dizendo antes de ser rudemente interrompido – Bobby voltou sua atenção a plateia – A missão "Domino" tem sido planejada em segredo absoluto a mais de um ano por mim, Agente Rufus Turner e uma equipe pré-selecionada bem preparada – Ele apontou para uma mesa atrás de si, onde Dean pode apenas reconhecer Charlie e Henricksen – Por vários motivos; entre eles a necessidade de anonimato explicito, precisamos recrutar a ajuda de todos vocês; como técnicos, ajudantes e infiltrados. O objetivo principal e derrubar as duas maiores Máfias do nosso pais, os Novak's e os Campbell's.
Dean perdeu a respiração por alguns momentos. Aí estava ele, o momento que ele havia esperado a vida toda.
- Recrutamos os Agentes Sanders, Smiths, Raymonds e Wayne para participar da infiltragem, se quiserem. – E é claro que Bobby olhou para Dean ao dizer isso, como se dissesse "Esta não é sua, garoto".
Mas ele nunca esteve tão errado.
A sala 23 se esvaziou rápido, o suficiente para que Dean aguardasse que Bobby, Rufus e Charlie saíssem da sala.
- Nem tente. – Bobby o ultrapassou na saída, o deixando para trás, andando como quem não quer nada. Dean tentou acompanha-lo com passadas longas.
- Bobby, você sabe que isso e tudo o que eu mais quis; que mais quero na minha vida; venho me preparando dês dos meus 16 anos...
- É, sei muito bem disso – Bobby praticamente gritou para Dean, sem olhar para ele – Foi exatamente por isso que nem deixei a Charlie te falar sobre a missão; não era para você saber.
- Eu me acerto com ela, mas você; sempre achei que me daria esse credito - Dean agora tinha a voz embargada em uma emoção a muito adormecida – Trabalho aqui a quase 10 anos, já resolvi mais casos que muitos outros por aí e só te peço para me colocar nesta missão, só está!
- Dean, se você for, não será missão; será vingança.
- Se eu for; será justiça.
Bobby Singer era tão velho que quando olhava nos olhos de alguém como Dean, podia lê-lo por inteiro. Quando ele se virou e fitou o jovem Winchester, viu o final de sua alma em apenas um olhar compartilhado entre os dois.
- Você é igualzinho ao Henry.
- Obrigado.
- Não foi um elogio.
Com tais palavras sendo ditas, Dean foi deixado sozinho em um corredor frio do Departamento.
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Ninguém realmente se importa quando uma injustiça acontece a outras pessoas. E as vezes esta realização enfurece aqueles que foram injustiçados. Pois apenas aqueles que se martirizam todos os dias sabem que as vezes a justiça tarda e as vezes ela falha. Para alguém que a justiça falhou e tardou, o fundo do poço pode deixar um gosto amargo na boca por dias.
Por esta razão, Dean se encontrou tendo um dia triste e cinza, se dirigindo ao "Benny's Dinner" no sul de Washington; sem nem ao menos ligar para Henry, falando sobre como pularia o jantar.
Ele entrou no ambiente limpo e claro do restaurante, aonde chamou a atenção de um garçom e pediu que informasse a Benny que ele estava ali. Dean se sentiu culpado ao ver o olhar preocupado de Benny, e ao sentir seus braços a sua volta. Mas era mais forte que ele.
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- É a chance da minha vida Benny – Eles estavam sentados em uma mesa na parte calma, observando os clientes – Eu espero por isso a mais tempo do que quero admitir.
- Sim, mas você não pode culpar o Bobby como está fazendo – Benny disse – Ele ama muito você, sabe disso, e só quer proteger você.
- Eu não sou uma pessoa que precisa de proteção; sou de maior, sei me cuidar; principalmente naquele ninho de cobras.
Benny sorriu um sorriso triste, como se a muito tivesse percebido algo muito importante. Seu telefone avisou a chegada de uma mensagem e Dean o alcançou em seu bolso e o checou.
VóH: Quatro ligações perdidas
CharlieB:Hey Sunshine
CharlieB: Acabei de sair de uma reunião com o Bobby
CharlieB: Demorou muito, mas se você quiser, a missão é sua. =)
Um sorriso cresceu no rosto de Dean, o que não foi despercebido por Benny.
- Quem está roubando sua tenção desta vez?...
- Eu amo a Charlie!
- Mudou de time agora? – Benny o perguntou. Dean apenas continuou animado, nada poderia deixá-lo triste agora.
- Charlie conseguiu encher a paciência do Bobby; e provavelmente do Rufus, para me dar a missão. – A expressão brincalhona de Benny se desfez lentamente.
- Entao; apesar de tudo, você vai?
- Sim, não é ótimo?
Benny se levantou de sua cadeira e começou a se dirigir de volta a sua cozinha. Não que Dean tivesse percebido a mudança de comportamento em sua total felicidade.
- É realmente ótimo. Retorne as ligações para o Henry, ele deve estar preocupado.
Quando uma chance de fazer o que é certo aparece, certas coisas devem ser sacrificadas em prol do bem maior. Coisas como o amor.
Entao pessoal,depois de um tempo fora do ar, Cama de Gato voltara. Leiam, apreveite e deixe criticas! Tudo é bem vindo.
Xoxo, Barrie.
