(n/a): A fic passa-se em um universo alternativo no qual Voldemort não existe, nem nunca existiu. Nela os garotos estarão, na maioria, no último ano de Hogwarts. E nessa Fic, Lilá tem miopia.
Essa Fic foi ouro no 3ª Chall de ferias da Aliança 3 vassouras :)
...A viagem...
1ª dia 10:00
Era uma manhã quente e abafada. Ron Weasley acordou sentindo-se ligeiramente desconfortável. Sua atenção foi desviada momentaneamente para um gemido lançado um pouco abaixo da sua cama.
Ainda atordoado, procurou a origem do barulho.
Ah... Era Harry Potter... para variar.
Ronald achava muito mais preferível à companhia de uma garota saudável e loira ao seu lado. Mas onde ela estaria agora...? Boa pergunta. Ao invés disso, tinha um moreno obsessivo por um lorde das trevas inexistente e sua cobra igualmente imaginária, atormentado por alucinações que o faziam gemer como um bebezinho durante TODA a noite, exatamente na cama ao lado.
Que ótimo, sério, bom mesmo.
Ok, ok. Hora de levantar.
Não sem algum esforço, conseguiu erguer seu tronco. Enquanto passava a mão no rosto para acordar, ele tentava se lembrar do compromisso que tinha naquele dia...
Era algo importante, disso ele tinha certeza. Mas... o que era mesmo?
Retirou, com certa agressividade, o lençol que o cobria, passou a mão nos cabelos ruivos e saiu da cama, tendo o cuidado de não acordar o moreno que dormia em seu quarto. Andando pela casa apenas de calção, o garoto mais novo dos Weasley descobriu que seus progenitores haviam desaparecido, ou seja, eles tinham "dado o fora".
Papai viajou?
Oh merda...
Ele lembrou... ele lembrou.
Ronald Weasley sacou sua varinha apressadamente, sentindo-se extremamente preocupado, e realizou um feitiço sonoro. Um grito extremamente agudo irrompeu dentro da casa, explodindo os tímpanos dos seres viventes. Imediatamente, como em uma coreografia que tem os tempos marcados, as pobres almas que lá habitavam pulavam da suas respectivas camas, todos, extremamente desorientados, com as varinhas empunhadas.
Então exatamente como era esperado, o primeiro grito foi ouvido:
- AAAHHHH
E em seguida veio o segundo:
- CALEM A BOCA, PORRA!
E o inferno começou.
Um batalhão de cabelos ruivos desceu como uma enxurrada das escadas, parecia uma queda d'água. Ouvia-se reclamações, palavrões lançados no ar, o barulho das panelas batendo umas nas outras. Sentia-se o cheiro de comida queimando, o cheiro do sabonete e dos xampus dos banhos apressados.
Era um furacão que se abatia na Toca. Era como se toda ela, do nada, começasse a pulsar.
Em pouco mais de 20 minutos todo o batalhão estava com as malas prontas e já se encaminhavam para o local da quinta chave de portal. Harry era o único ponto preto perdido na maré de pontos vermelhos.
Por obra de algum milagre, a chave de portal ainda não tinha desaparecido. O que se via era apenas uma bota velha, encostada em um grande carvalho, sendo admirada por uma pequena garota de cabelos louros. Ao seu lado jazia uma garota de cabelos um pouco mais escuros. Luna Lovegood e Lilá Brown os esperavam.
- Só faltam vocês? – perguntou Lilá, os observando por alguns instantes.
- Não... Fazemos... a menor idéia... – responderam os gêmeos, tentando recuperar o fôlego – Mas bom dia para você também, Lilá – Acrescentaram, dando uma piscadela.
- Bom... Dia. – respondeu, sentindo-se ligeiramente desconfortável - Faltam cinco minutos para a chave se ativar. Essa é a sua última viagem...
Ela parecia um tanto quanto incomodada com toda a situação. Lilá não era o que se podia chamar de próxima deles, era uma conhecida. Uma personagem secundária sem muita importância em suas histórias. Não estava entre amigos e não queria ter vindo.
Sua amiga Padma Patil não iria. Por que ela teria que ir?
Ronald observava o modo fluído de como ela falava e percebia seu embaraço. Fazia algum tempo que ele a olhava. Fazia algum tempo que ela deixara de ser apenas uma personagem secundária na sua história... Ainda estranhava as sensações que um simples olhar dela lhe causava. Ele se sentia... doente. Doente pela falta de interesse dela por ele. Pelo fato de ela parecer estar mais interessada na cor do seu cabelo do que em sua pessoapropriamente dita.
- Olá Lilá, olá Luna – cumprimentou-as Harry.
- Olá Harry – respondeu Luna, ainda distraída, a observar a chave de portal.
- Oi Harry – respondeu Lilá educadamente.
- Por que você cumprimenta apenas o Harry? – perguntaram os gêmeos, fazendo muxoxo.
Mas Lilá não teve nem tempo de se sentir constrangida. Luna avisou todos que era chegada a hora. Imediatamente o grupo colocou a mão em cima da chave de portal. A pequena garota fazia a contagem regressiva... Em segundos todos foram engolidos pelo escuro.
Não demorou muito para surgirem na margem de uma estrada. Era lá onde estava concentrado um grupo de uns 45 alunos, todos bruxos. Ron observava o local... Era uma rua um tanto quanto larga e... Cinza. Ela estava bem deserta, e se não fosse o estardalhaço de 45 estudantes, certamente estaria em uma paz tranqüila. Ele observou um certo tumulto mais à frente, a professora McGonagall berrava algo a respeito de pegar um ônibus...
Ônibus?
- Ohhhh... Vamos pegar um ônibus! – falou Ron animado para um Grifinório ao seu lado.
- É mesmo! – comemorou o outro.
- Ei... o que é um ônibus?
- Sei não. – Respondeu o mesmo, voltando a prestar atenção no que a professora falava.
Ah... claro. Que interessante.
- Harry, o que é um ônibus? – perguntou se sentindo levemente mal-humorado.
- É um retângulo com... er... patas. E com furos nas laterais... Ele... anda.
- Ohhh - exclamou – parece-me assustador, isso é um bicho?
- Acho difícil... Mas eu sempre desconfiei que sim.
- Que interessante... Você acha difícil que seja, mas desconfia que sim. Muito esclarecedor. Com certeza.
Harry o olhou irritado.
- Por que tá perguntando isso agora? – disparou ríspido.
- Nós vamos pro "planalto" com ele.
- DE ÔNIBUS?!
- Não. Voando!
- Oh sim, você quase me deu um susto... – respondeu o moreno, aliviado.
- OW meu saco... Harry! Mais que todos, você deveria ter entendido essa piada. – falou frustrado - E sim, vamos de ônibus.
- O QUÊ?!
- Meu filho, você quer que eu repita de novo, é?
- Ohh, ok. – finalizou Harry, voltando a se distrair com suas suposições a respeito de um universo paralelo, no qual existiria um lorde das trevas no mundo bruxo.
Ron o fitou incrédulo por alguns segundos.
Uma garota de cabelos cacheados curtos, que observava a conversa, aproximou-se cautelosamente de Ron.
- Pensei que seus pais não o deixariam vir...
Ele riu da sua suposição. Riu do modo com que ela sempre gostara de observar.
- Papai adorou a idéia dessa excursão. Eu pensei que ele chegaria a fazer as nossas malas por nós.
- Se decepcionou?
- Bom... – começou pensativo - eu nunca esperei ver meu pai e minha mãe despacharem seus filhos queridos para ter uma segunda lua de mel no Caribe... Não sei por que, mas tenho o pressentimento de que terei mais irmãos... Sinceramente... não sei por que. – concluiu com um ar macabro.
Hermione soltou uma risada e apontou na direção de uma enorme coisa branca que parecia flutuar pela rua cinzenta.
- O nosso ônibus chegou!
- Isso parece um Nôitibus! Por que ninguém me isso falou antes? Seria muito mais fácil, sabe?
Ignorando seu comentário, ela segurou sua mão e o puxou para formarem uma fila indiana. A mão dele era quente... Que bom, isso significava que ele estava vivo! Sentiu-se ridiculamente feliz com essa conclusão.
Ron estava muito distraído para notar o rubor que tomava conta das faces da amiga. Para notar seus olhinhos observadores e esperançosos, ele estava tão ocupado quanto Lilá. Do mesmo modo que Hermione sofria com sua indiferença, ele sofria com a indiferença da loira. Era uma reação em cadeia.
Após todos os alunos terem entrado no ônibus e tiverem feito a contagem, a professora McGonagall foi dar os avisos.
- Devo supor que todos os alunos leram o regulamente sobre o propósito dessa viagem, estou certa?
Um silêncio denunciador baixou no ônibus.
- Vejo que não – disse seca. Mas antes que continuasse a falar, uma mão se ergueu irritante e triunfantemente no ar.
- Sim, senhorita Granger?
Ron sempre se irritara com esse hábito... A garota havia hesitado um pouco antes de erguer seu braço no ar. Mas, no fim, era seu dever fazê-lo, já que ninguém mais tinha condição para tal.
- A viagem servirá para aprofundar nosso conhecimento no mundo trouxa. O objetivo é passarmos uma semana sem usarmos qualquer tipo de magia, valendo-nos apenas instrumentos trouxas, por isso estamos dentro de um ônibus e nos hospedaremos em um hotel comum...
- Obrigada, senhorita Granger, – cortou a professora Minerva. - por enquanto é o bastante. - Então, prosseguiu com uma voz cortante – Vocês estão terminantemente proibidos de usarem magia em qualquer de suas formas durante essa excursão. Qualquer aluno que for visto fazendo uso de sua varinha será punido severamente.
Cochichos de indignação foram ouvidos e olhares reprovadores lançados.
- Eu sinceramente acho que alguém fritou os seus neurônios. – ponderou Harry.
- Não, não. – discordou Ron - Acho mais que isso é falta de homem.
- Bote fé!! – exclamou Lino Jordan, da poltrona na fileira ao lado.
Uma cabeça ruiva surge no topo da poltrona da frente.
- Por Merlin, você sinceramente pensa que falta de homem pode fazer isso com uma garota? – perguntou Gina irritada.
- Se o efeito que a falta de mulher faz ao homem é o mesmo que a falta de homem causa a mulher, então... Eu tenho certeza que sim.
- Concordo completamente – disse Harry animado.
O olhar questionador que Gina lançou para Harry passou despercebido para o mesmo, mas não por Hermione.
Merlin... Por que os homens eram tão tapados...? Tão ridículos, insensíveis e... Adoráveis. Essa era a desgraça da população feminina! Definitivamente.
- Ow! Noosssa, como isso balança, heim gente? Deus do céu... acho que vou vomitar. – exclamou um dos gêmeos aproximando-se pelo corredor.
- Fred controle-se, temos algumas damas aqui – repreendeu o outro, dando uma piscadela para Lilá Brown, localizada na poltrona à frente de Harry e Ron. Ela estava espremida, entre Gina e Hermione – mas, voltado à suposta doença mental da nossa querida professora, eu concordo totalmente com você irmãozinho! E é por isso que precisamos tomar algumas providências! Afinal, poderíamos ter uma semana incrível sem a vigilância dessa adorável macaca velha, não é?
- Eu sempre soube que tinha um irmão brilhante, mas nunca tive tanta certeza disso como agora. – disse Fred, fingindo uma voz embargada de respeito.
- Obrigado, obrigado. Você sabe que eu sou o mais bonito, mais inteligente...
- Ei! Ninguém falou de beleza aqui!
- Garotos, párem ok? – cortou Hermione – Não nos desviamos da questão principal, sim?
Ron bufou, ligeiramente irritado com o modo sabe-tudo de Hermione falar, fazendo-a se calar de repente e olhar para ele com um brilho no olhar que não conseguiu decifrar.
- Siim! That's true baby. Nós poderíamos transformá-la em um bicho e prendê-la...
- Oh claro! Idéia brilhante a sua Weasley. – cortou uma voz arrastada, carregada de sarcasmo e desprezo – Então você pretende lançar um feitiço de transformação na professora de transfiguração... Brilhante! – surgiu um garoto loiro com um sorriso debochado na cara - Agora com certeza você superou todas as poucas expectativas que eu já fiz a respeito da sua inteligência.. Diga-me, oh poço de sapiência, de onde vem sua inteligência e sabedoria? Certamente deve ser genético.
- Malfoy, se você se acha tão inteligente por que não sugere algo? - rebateu Hermione, raivosa. A atenção de muitas poltronas ao redor agora estava neles.
- Vejamos quem fala agora... Parece que só temos mentes brilhantes aqui. Merlim, essa atmosfera culta e impregnada de sábios ensinamentos está me fazendo mal.
- Ok, estão dá o fora – cortou Lilá de repente, calando todos. Os seus olhos castanhos fitaram os olhos cinzentos dele por alguns instantes.
Ela nunca tivera uma indisposição séria com Malfoy... Ao menos não que Hermione soubesse ou se lembrasse. Nunca trocaram palavras. Nunca se intrometera em suas abrigas... Afinal o que ela ganharia comprando brigas alheias? Então... Por que ela fazia isso agora? Não era um pouco tarde para uma reação? Por que ela fazia isso agora... Por quê?
Alguns segundos se passaram em um silêncio tenso. Eles não haviam rompido o contato visual, como se desafiassem a ver quem faria primeiro. Então Lilá começou, falando lentamente, ainda com os olhos presos nos dele.
- Pretendemos passar uma semana agradável no planalto, Malfoy. Acredito que você também esteja interessado nisso, então acabe com suas briguinhas infantis e comentários estúpidos. – nesse ponto ela percebeu uma irritação crescente naqueles belos olhos cinzentos, mas tal sinal foi rapidamente disfarçado - De nada eles nos adiantam, tanto a nós quanto a você. Temos um problema em comum, então páre de agir como um lufa-lufa idiota e passe a agir como o sonserino que você é. Faça um sacrifício em nome do bem maior, Malfoy, cesse as hostilidades, você tem muito mais a perder se não nos ajudar – ela terminou do mesmo modo que começou, lentamente, olhando naquela íris cinzenta.
Sua voz era a única no fundo do ônibus.
Ninguém se atrevera a falar.
Lilá e sua bela voz, Lilá que sempre permanecera alheia a esses conflitos. Lilá que sempre prestara mais atenção na cor de cabelo dos outros estava falando com sua voz suave e determinada. Ela estava interferindo.
Merlim... Quem interferia? Ninguém, ao menos que tivesse suas cartas na mesa, ao menos que tivesse algo em que se apoiar. Ela o tinha?
Deus... Ron a apoiaria. Os gêmeos a apoiariam, Harry a apoiaria... Então Gina também a apoiaria, ela a apoiaria... A Grifinória inteira a apoiaria... os garotos da Corvinal a apoiariam... Mas seria esse preço suficiente para recompensá-la por perder a neutralidade?
Havia um conflito histórico entre as salas. Havia os neutros, que conversavam com todos. E os que tomavam parte.
Aparentemente, Lilá tomou parte. Lilá, sangue-puro, tomou parte. E isso era, no mínimo, estranho... Por que a garota bonita e fútil tomaria parte? Será que ela apenas queria chamar mais a atenção?
Então Draco resolveu se pronunciar, e a conclusão da conversa chocou ainda mais os presentes. Seu tom era de deboche.
- Mais um poço de cultura resolveu se meter... não me faça rir, garota Brown. Você já leu algum livro? Sabes, algum livro de verdade? Ou está mais ocupada pintando as unhas e fofocando a respeito do melhor partido do mundo bruxo? Poupe-me de sua hipocrisia, agora você levanta e fala bonito... Espera que eu engula tudo isso?
- Amor, vejo que você não é digno da casa em que se encontra. – falou Lilá friamente. – Se eu me interesso mais em pintar minhas unhas é por que não acho que exista algo mais interessante para fazer. E acredite, queridinho, você e suas briguinhas infantis não são nada interessantes. – Malfoy a escutava atentamente, sentia-se com raiva, mas acima de tudo estava desagradavelmente surpreso... Ela estava certa e isso o irritava profundamente. Estava certa quanto ao fato de que ele precisava cessar as hostilidades... Mas xingá-lo de imaturo, estúpido e arrogante era algo que o tirava do sério. Quem aquela vadia pensava que era?
- Eu posso ser extremamente desinteressada a maior parte do tempo, mas quando foi preciso agir, queridinho, eu agi. E você, o que faz, heim? Tenho certeza de que é inteligente. Por que não supera isso? Ou será que não consegue? – terminou ela, abrindo um irônico sorrisinho no rosto. Muito parecido com o dele.
Ele sabia que ela o provocava, ele sabia que se continuasse com aquilo não ganharia nada, apenas perderia. Ela o colocara em uma sinuca de bico. Ele tinha que fazer exatamente o que ela disse e isso o desagradava. Lilá Brown... A Garota Brown era esperta. Ela ainda teria o que merece.
Sorriu, um sorriso esperto e preguiçoso se estendeu pelos seus lábios finos.
- Você tem alguma razão, garota Brown. Tiro meu chapéu para você. Eu os ajudarei. Cessarei as inimizades, mas não esperem de mim nenhuma gentileza, isto esta além de minha natureza.
Hermione ficou com a língua coçando. Queria falar, mas não era apropriado.
Depois disso o choque se abateu em todos nas redondezas. Teria Draco dado o braço a torcer?
Gina se sentiu incomodada. Aquela era uma vitória... sim, mas... Agora Harry não tirava seus olhos verde-esmeralda de Lilá. Ele simplesmente não tirou os olhos dela enquanto ela falava. Não tirou os olhos dela depois que ela finalmente desviou do olhar de Malfoy, e agora continuava com os olhos grudados nela. Era... ruim a sensação que isso causava. Era tão... doloroso. Merlin, ela ia virar emo, seja lá o que isso significasse.
Gina soltou a respiração vagarosamente, tentando controlar suas emoções... Esse tipo de coisa era CHATA e a estava cansando. Na moral, por que ela foi logo se apaixonar por um tapado de carteirinha?
Começou-se uma discussão da qual ela não desejou participar.
Draco permanecia encostado em uma das poltronas, com os braços cruzados no peito, apenas escutando. Como diabos um Malfoy foi parar em uma excursão para desbravar o mundo trouxa? Ele até que tem uma bunda bonita...
Foi então que, de repente, o ônibus deu uma freada, jogando todos os alunos que estavam no corredor para a frente. Gritos de espanto e dor foram abafados por corpos que se chocavam e caíam pelo corredor. Barulhos surdos de corpos caídos foram ouvidos. Depois de parado, o veículo, ainda chegou a balançar para o lado, como se ameaçasse virar... Mas nada aconteceu. Gina Jazia no chão, à frente de sua poltrona, com a cabeça doendo ligeiramente e o lábio sangrando. Levantou-se procurando saber como estavam todos. Agora se abatia um silêncio por todo o local. Ela viu os gêmeos xingando alguém em algum canto. Viu Ron na poltrona a seu lado gemer baixinho e viu o que não gostaria de ter visto.
Um pouco antes de o ônibus resolver tentar acabar com a vida de alguns pobres bruxos, Lilá Brown tinha se levantado para tentar fazer a máquina de café funcionar. Ela havia ficado fascinada pelo equipamento, então resolvera se levantar para pegar café pra todos. Harry, muito simpaticamente, se ofereceu para ajudá-la.
Então o ônibus freou.
Agora Lilá estava caída no chão, Harry Potter, seu Harry, havia caído exatamente em cima dela, e suas bocas se encontravam a centímetros uma da outra, se não fosse o antebraço em que ele se apoiava, eles teriam se beijado. Mas Gina não nem teve tempo de respirar aliviada. O braço cedeu e os dois, que se fitavam com as bocas entreabertas e respirações rápidas, se beijaram.
Não foi exatamente um beijo... Mas teoricamente fora um beijo, certo?
Eles não permaneceram lá parados no chão dando um amasso. Ele simplesmente caiu em cima dela, deu-lhe um beijo selinho e se separaram. Graças a Merlin Harry não era o do tipo aproveitador. Apesar de que, naquele momento, ele desejara intensamente ser.
Poucos viram a cena. O casal se separou silenciosamente, sem comentários, sem olhares.
Talvez Lilá tenha percebido. Talvez ela tenha percebido o olhar aflito de Gina. O olhar intenso de Harry.
Talvez...
Talvez ela tenha notado a mágoa no olhar de Ron. A decepção no olhar de Hermione. O olhar atento de Malfoy.
Talvez... se ela não tivesse miopia, ela pudesse ter percebido.
14:00
O ônibus quebrara.
Que maravilha. Pensou Draco Malfoy ao receber a notícia da professora McGonagall. Já não bastara ele entrar nessa excursão de merda, com pessoas extremamente desinteressantes e sujas, o ônibus quebrara. E ainda estavam na metade do caminho. Maravilha.
Estava um calor dos infernos. E ele, Draco Malfoy, estava dentro de um ônibus? Ridículo... Se alguém tivesse dito a ele que passaria as suas últimas férias de verão na companhia de seus agradáveis companheiros do colégio, ele teria rido miseravelmente dessa pessoa. Mas agora a sua vontade era de socá-la violentamente. Deus do céu... precisaria de todo seu auto-controle.
A única pessoa decente que Draco tinha ao seu lado era o seu colega Blaise Zabine. Ele era inteligente e sabia manter uma conversa interessante, além de ser sonserino... Por que diabos ele também estava naquele ônibus?! Será que as famílias puro-sangue estavam enlouquecendo?
Com seus olhos cinzentos e um mal-humor visível ele observa a movimentação que se formava. Eles estavam em uma região mais quente do que ele estava acostumado... Isso o sufocava, sentia-se agitado. Pra piorar a situação não saía mais ar frio do teto. Vendo-se sem escolhas o loiro se dirigiu para a fila indiana que se formava no corredor. Precisava sair daquele lugar. Urgentemente.
Então... Surpreendeu-se. Não importava em qual país eles tinham ido parar, o sol definitivamente brilhava com mais intensidade por lá. Se não se incomodasse tanto com o calor e com a companhia, poderia apreciar mais a vista, poderia apreciar mais o local. Mas não poderia dar muita margem, não poderia curtir, teria que manter sua pose e isso era cansativo.
Protegeu a branca pele do seu rosto com um boné que fora comprado para ele, colocou uma coisa que escura que se assemelhava a um óculos no rosto e voltou a olhar em sua volta. Wow! O negócio trouxa realmente funcionava.
McGonagall não queria consertar o ônibus usando magia... Na realidade, ela parecia extremamente excitada com a perspectiva de terem que ligar por um telefone e chamar socorro trouxa.
- Essa velha definitivamente precisa de homem... – disse mais para si mesmo do que para qualquer outra pessoa, enquanto sentava no meio fio da rua. Naquele momento pouco se importava com suas roupas caras, afinal, poderia comprar outras mais tarde. Nem em manter a pose. Ele iria aproveitar, nem que fosse por um segundo, aquela viagem.
Talvez fosse uma experiência interessante.
Sem se dar ao trabalho de olhar, ele notou o grupo grifinório sentando ao seu lado. Isso definitivamente era ter muita liberdade, pensou extremamente irritado. Mas permaneceu calado. Escutar suas conversas o divertia... Então, inclinando o tronco para trás e usando os braços como apoio ele virou seu resto para fitar o grupo dos certinhos. O sol ainda era forte, deixava tudo à sua volta mais claro... Ele definitivamente sofreria mais tarde se não usasse uma magia de proteção.
- Deus do céu... Alguém, por favor, segure essa mulher! Esse sol vai nos matar antes mesmo que a gente chegue ao "Planalto"!
Hermione riu do comentário de um dos gêmeos.
- Tomem – disse a morena, estendendo o braço, indicando que eles deveriam pegar o tubo que ela segurava – chama-se protetor solar. É meio oleoso, mas funciona quase tão bem quanto uma poção mágica.
- Wowww, nooossa Mione! Você é maravilhosa. Me dá essa coisa asquerosa aí Fred!
- Ecaaa! Isso parece cocô de pombo! – exclamou Ron enojado.
- Se não quiser passar, Ron, a escolha é toda sua – respondeu Hermione o dando um sorriso frio.
- Me dá essa porcaria! Deixa que eu passo. – falou emburrado.
Depois de alguns segundos de discussão a respeito da possível nocividade do protetor, Hermione comentou com uma voz baixa e um ar macabro:
- Vocês sabiam que os trouxas usam o protetor como forma de sedução?
- ohhhhhh!!– exclamaram todos juntos.
- Como? – sussurrou Ron, apavorado.
Ela apreciou a concentração de todos por alguns segundos, deliciada.
- Eles se aproveitam das garotas na praia e perguntam se elas não querem que eles passem o protetor nas costas delas.
Alguns segundos de silêncio...
- Elas gostam disso, é?
- É que não se consegue passar nas costas inteiras, aí precisam de ajuda. – falou ela balançando a cabeça em concordância.
- Alguém já passou a coisa branca nas tuas costas, Mione? – perguntou Ron, repentinamente curioso.
A morena fitou aqueles olhos azuis por alguns segundos, como se tentasse entender mais a fundo o que ele queria dizer. Sentindo-se espionada pelos mesmos olhos que ela fitava, a garota desviou o rosto para bater de cara com um Draco Malfoy de óculos escuros.
- Waaah! Merlin... acabei de ter a visão do inferno. – exclamou Ron ao ver o loiro de óculos escuros.
O loiro apenas torceu o canto do lábio, simulando o que poderia se tornar uma expressão de desprezo. Não se conseguia ver a expressão dos seus olhos.
- Ron, cale a boca! – cortou Hermione irritada. Fazer com que Malfoy cessasse as hostilidades foi algo muito importante, agora o irresponsável do seu amigo colocaria tudo a perder? De modo algum.
O Ruivo olhou para ela espantado.
- Bonito óculos, Malfoy. – uma voz suave se sobressaiu – Onde comprou?
Novamente o espanto se abateu sobre todos. O que Lilá havia dito era, de fato, verdade. Malfoy estava incrivelmente bonito com a coisa preta na cara, mas... Ninguém precisava explicitar aquilo, certo?
Até o próprio Draco se surpreendeu. Essa, de fato, era uma cena interessante, um Malfoy surpreso?
O loiro pensou inicialmente em insultá-la, mas até a sangue-ruim demonstrou civilidade, então ele, é claro, também demonstraria.
- Não sei. Eu não compro esse tipo de coisa.
Choque.
Ele não a insultou? O garoto foi... Simpático? Ohhh. Bom... Simpático ele não foi, mas... Comparado com seu comportamento habitual, aquilo era um progresso!
A professora McGonagall estava mais à frente com um cartaz feito com a junção de folhas de pergaminho, e grudados com cola. Só Merlin sabia onde diabos eles arranjaram cola... Nele estava escrito: Precisa-se de mecânico.
Gina se perguntava o que era um mecânico, quando um grupo de motoqueiros se aproximou do ônibus, todos usavam jaquetas pretas e quentes demais para aquele calor. Seriam eles os tais mecânicos? Ela nunca tinha visto motos como aquelas, elas eram... diferentes. Lembrou-se do filme trouxa que seu pai, um dia, a levou para assistir em um local apertado e azul, onde as pessoas pagavam para se sentar e ver algo sobre a vida de outro alguém, na parede.
No filme os caras maus andavam em motos, e as motos lembraram-na das que agora estavam a sua frente.
A professora de transfiguração foi ao encontro deles dando... pulinhos e soltando exclamações de alívio.
- Graças a Merlin, apareceram mecânicos! Vocês são mecânicos, não é? Ainda...
- Dona, isso é um assalto.
McGonagall piscou algumas vezes.
- Assalto...!? Longbotton, veja aí no dicionário se o significado dessa palavra é o mesmo no mundo bruxo – falou a bruxa, ignorando o motoqueiro barbudo.
Os homens de preto se entreolharam confusos e inseguros.
- Professora, é o mesmo.
- Oh, – disse ela ligeiramente chocada – Que interessante! Nunca fui assaltada! Diga-me, como é? Vocês pedem e agente pega pra vocês? Querem um suquinho, não? Está quente, né!?
Agora a vez de piscar alguma vezes foi a do barbudo, ele coçou a cabeça branca, pensando na sua resposta.
- É... Eu não estou gostando dessa brincadeira, não! Ou vocês nos passam os celulares e os laptops ou a gente atira! Falou ele tirando uma espingarda da parte de trás da moto.
- Ei... o que é um celular? – perguntou baixinho um garoto ao lado de Gina.
- Não sei, acho que deve ser como eles chamam o dinheiro deles – cochichou ela de volta.
- Adoraria lhe ajudar senhor assaltante, mas o que é um Laptop?
- Professora, professora... – disse um garoto baixinho puxando o vestido dela - Ele tá com uma arma, aquela que aparece nas caixinhas com pessoas animadas dentro.
Ela se virou em direção ao garoto, ignorando novamente o assaltante.
- Oh, é aquilo que eles usam para oprimir e ameaçar as pessoas da sua mesma raça com desculpa de tê-las criado para proteção?
- É... Deve ser isso – concordou ele sem entender metade das coisas que ela falou.
Então ela voltou a se virar na direção dele.
- Por quanto você me vende?
- Eu... O QUÊ?
- Me vende por quanto? Estou interessada na arma!
- Oh... Por 200!
- Longbotton, dispomos dessa quantia?
- Sim, professora.
- Ok então me dê a arma, ela me pertence agora – disse ela entregando o dinheiro para o barbudo confuso.
- Ei! – exclamou ele, como se tivesse acabado de lembrar de algo - Mas eu estava lhe assaltando!
- É verdade! Diga-me, duas malas está bom para você?
- Eu... sim – disse cabisbaixo, então aumentou o tom, como se fosse ele quem tivesse acabado de ter essa idéia – Isso mesmo! Me passe duas bolsas!
Então duas bolsas aleatórias foram tiradas do guarda-mala e entregues aos bandidos. Antes de ir, eles aproveitaram e consertaram o motor.
- Oh, essa experiência foi renovadora – declarou Minerva, suspirando e dando tchau para os motoqueiros. e então, voltou a assumir um ar sério – Vamos! Entrando no ônibus! Estamos partindo!
Todos entraram no ônibus e duas pessoas notaram o sumiço de suas malas.
- Professora McGonagall... Onde está minha mala? – perguntou um Draco atordoado, um tanto quanto distraído, mal contendo a agressividade na voz.
- Ahhh... sumiu.
Então ela se virou e olhou diretamente para os estudantes que haviam visto a cena do roubo.
- A mala se perdeu, entendem-me?
18:00
Chegaram de noite ao Planalto e descobriram que para se hospedar naquela época do ano, em algum hotel, deveriam ter feito reservas. Iniciou-se, então, uma peregrinação. Graças a um manual de escoteiro (só Merlin sabe o que diabos isso queria dizer) eles seguiram algumas orientações e compraram todas as barracas montáveis de todas as lojas das redondezas e montaram um acampamento.
Instalaram-se em um pedaço de terra plano relativamente perto da praia. Só que o lugar também era próximo de uma espécie de resquício de mata fechada com bichos estranhos inicialmente ignorados por todos.
Draco Malfoy estava com um mau humor batendo recordes. Agora teria que pedir roupas emprestadas. E isso era o cúmulo da humilhação. Para piorar tudo estava montando, com as próprias mãos, uma barraca minúscula que dividiria com Blaise Zabine. Para que diabos aquilo tudo serviria? Como se algum dia na vida fossem precisar saber alguma daquelas coisas! Ele, definitivamente, envenenaria McGonagall e a esquartejaria com uma faca mesmo, não era ela que estava a fim de ter uma experiência trouxa? Então ele a proporcionaria, pensou com os olhos cintilando.
Sua atenção foi desviada ao notar a garota Brown com um ar preocupado. O loiro se aproximou para escutar o que acontecera.
- Alguém viu minha mala? – perguntou Lilá preocupada.
- Nem – respondeu Fred – mas... Se você a perdeu posso emprestar minhas roupas para você – completou dando um sorrisinho.
- Er...
- De modo algum! – cortou Ron - não precisa se incomodar Fred, eu empresto minhas blusas para você Lilá. Esse aí é um pervertido cheio de segundas intenções.
- Eu é que tenho segundas intenções...? – perguntou Fred maliciosamente.
- Não precisma brigar garotos, eu empresto minhas roupas, relaxem – declarou Harry se aproximando.
- Não Harry, não precisa se incomodar. – falou decidido - Eu não estou brigando com o Fred, estou Fred?
- Se é você que diz... – respondeu o outro, divertindo-se.
- Não... Não é incômodo algum, além do mais, eu odeio ver irmãos tão gentis e amigáveis como vocês brigando – disse Harry se aproximando de Ron com um sorriso forçado na cara.
- Pf!!!!!!! - Fred e Jorge quase engasgaram com o sanduíche que comiam – não... eu – disse o outro tentando se controlar para não chorar de tanto rir – pode continuar... Não párem. – Jorge concordou com lágrimas nos olhos.
- É... garotos..
- Lilá, relaxe que eu vou lhe emprestar minhas blusas. Ron eu sei que você é muito legal, na moral, eu te admiro de mesmo com toda essa confusão, você se esforçar tanto para emprestar suas blusas para o próximo, mas relaxe, deixe eu te ajudar ok? Há há há – Falou encarando o amigo, ambos forçando sorrisos.
- Já que vocês têm tanta disponibilidade de roupa para emprestar, então por que não me emprestam, não é garotos? – Declarou Draco Malfoy, com um sorrisinho irônico no rosto.
Silêncio.
- É... Isso mesmo Harry! Caramba... Ainda bem que você resolveu me ajudar. Você pode emprestar suas roupas para o próximo, ou seja, para Malfoy – disse o ruivo sorrindo genuinamente, dando-lhe uma tapinha de incentivo e tentando sair do campo de visão do amigo.
- Calma, calma! Ron, volte aqui, garotinho. Há há há, agora que eu percebi o quanto você estava empenhado nesse trabalho, eu vou deixar que você empreste suas roupas para o Malfoy, além do mais seria ótimo se uma amizade florescesse entre vocês, né?
- Garotos, párem! Vocês vão brigar por isso?! – Gritou Hermione exasperada, lançando olhares reprovadores para os gêmeos, que se debatiam no chão de tanto rir, ela e Gina haviam chegado há pouco – Lilá é uma garota, para que diabos ira querer roupas masculinas?!
- É... para dormir?
Nesse ponto a morena sentiu vontade de socar o ruivo, algo que não combinava muito com sua personalidade, sempre equilibrada. Por quê... Por quê ele nunca conseguia olhar para ela? Que divertido, heim?! Desejou intensamente que ele fosse gay... Desejou com todas as forças que ele e Harry se agarrassem naquele momento.
- Ok, Harry, você pode emprestar uma blusa sua certo?
- Claro, eu...
- Ótimo Harry. – cortou ríspida – Ron, empreste quatro camisas limpas para Malfoy, e você, Harry, vai emprestar três bermudas. E cale a boca. – mandou ela ao notar os sintomas de algum protesto - Malfoy... Seu amiguinho Zabini... ele não tem roupas par lhe emprestar?
- Ele estava com preguiça de trazer sua mala, então ainda está esperando que ela chegue por apartação – respondeu indiferente.
- Ele já arranjou roupa com alguém?
- Sim.
-Ótimo, quanto a você, Lilá. Eu e Gina te emprestaremos roupas.
Draco levantou a sobrancelha quanto ao fato de uma sangue-ruim estar mandando em todos o que fazer, e pior, o estava "ajudando". Aquilo, definitivamente, era ridículo.
A garota loira sorriu agradecida e Hermione sentiu o estômago se revirar. Merlin... Dai-me forças! Ela era uma garota equilibrada, certo? Garotas equilibradas não batem em amiguinhas frescas.
- Obrigada.
Virgínia Weasley escutou apenas uma parte da conversa, retirara-se antes do fim. Estava muito claro para ela do que aquilo se tratava... Era apenas o seu homem, que não era seu, dando em cima da amiga que não era sua. E novamente ela sobrando... Caramba, Gina, que sorte, heim? Onde está o taco de beisebol para eu resolver esse problema de concorrência, heim?
21:00
Era uma noite sem estrelas, Draco observou. Ele se acostumara a observar as estrelas por meio de seus telescópios. Gostava delas, eram brilhantes, e distantes, como... como se fossem inalcançáveis. Afastou-se do grupo, dobrou a barra da sua calça branca (presente de Potter), estava sem camisa. Não ousou deixar aquelas camisetas horrendas do ruivo tocarem seu corpo, era um tecido muito mais áspero do que ele estava acostumado. Então ficou assim... exposto.
Desceu para a praia, sozinho. Não queria companhia, mesmo a de Zabini... O sonserino era... entediante? O loiro não gostava de admitir, mas estar perto dos grifinórios era mais divertido. O vento que ia na direção da praia era forte, bagunçando seus cabelos e castigando sua pele branca exposta. Ele parecia quase um vampiro. Sentou-se na areia macia, deixando seus dedos do pé afundarem nela, e deitou-se lá.
Permaneceu deitado. O céu era vasto e, naquela noite, tinha uma coloração azul celeste, fazendo-o se sentir... vazio? Talvez precisasse de uma distração.
Ele viu uma sombra se mexendo perto dele. O loiro enfiou a mão no bolso e descobriu que não trouxera a varinha. Ergueu seus olhos a tempo dever uma garota sentar a seu lado.
Reconheceu-a imediatamente, não gostou.
- Vejo que você está se divertindo com essa viagem.
Ele quase sentiu vontade de rir com a petulância dela.
- Estou?
Ela continuou a fitar o mar, encolhendo-se com frio.
- Nunca pensei que um Malfoy se deitaria em uma praia.
Ele levantou uma das sobrancelhas e ergueu seu tronco, encarando-a.
- Por quê esta aqui, Weasley? Foi chutada novamente?
- Sim, para variar... E obrigada por sua delicadeza. Vejo que a única pessoa que não percebeu que eu estou gostando do Harry é o próprio Harry.
- E daíO imbecil do seu irmão também não desconfia – falou indiferente.
- Verdade... Ei! Não chame meu irmão de imbecil!
- Mas é o que ele é garota, e se você não gosta do modo de como eu o chamo, pode dar o fora.
- Não estou afim.
- Então... por que está aqui?
- Eu estava pensando... Eu estou na seca. Harry não consegue olhar apara mim e perceber que eu sou do sexo feminino, apesar, é claro, de eu possuir um par de seios e nada entre as pernas. Enfim, estou de saco cheio.
- Então... Você veio procurar consolo nos braços do Draco malvado? – perguntou desconfiado.
- Mais ou menos isso, Draco malvado.
Ele a olhou ligeiramente intrigado. A mais nova dos Weasley estava se oferecendo para um Malfoy? Ela devia estar realmente mal. Ele abriu um sorriso torto. Seus olhos percorreram o rosto da ruiva... Ela até que era bonitinha...
- E o que o imbecil do seu irmão vai dizer?
- Desde quando você se importa com isso, Malfoy?
- Se você me pedir eu fico com você.
Merlin... Para responder aquilo, ele também deveria estar mal.
- Draco malvado, lobo mau, super-homem, o que você preferir, me agarre, por favor – declarou a garota sorrindo maliciosamente.
Super-homem?
- Garota, não gosto de meninas chorosas. Você sabe que vai se arrepender mais tarde.
- Talvez... Mas quem vai se importar com isso? Rapaz... Harry com certeza que não! – ela se aproximou do rosto dele, havia algo nos olhos dela que o atraiu por alguns segundo, era... Raiva? – Malfoy, eu quero apenas te agarrar e sair da fossa em que eu entrei, posso?
Então ele pegaria aquela mulher abandonada, se aproveitaria do corpo dela como ela sabia que ele faria e fim.
Ele não olhou duas vezes naqueles olhos castanhos. Ergueu o braço e a puxou pela nuca para um beijo agressivo, fazendo-a cair em cima dele. u aquela cintura fina e deixou uma das mãos correr pelo corpo esguio dela, causando uma onda de estremecimentos. Ele mantinha a outra mão pressionando sobre a nuca dela, aprofundando o beijo. Era tudo pelo prazer... Pela carne, pelo desejo.
Sentiu-a suspirar e isso o excitou. Sentiu as mãos dela percorrerem seu corpo, e a falta de ar atacando-os. A boca dela era vermelha, macia e sedenta. Sua língua era quente, a curva do seu corpo era tentadora.
Como nunca reparara nela antes? Perguntava-se como apenas a garota Brown chamara sua atenção. E se impressionava com a estupidez de Potter, de fato, ele era um santo, e santos vão pro céu. Graças a Merlin Draco queria ir pro inferno.
Foi então que ele notou duas sombras os observando.
- Amor... Temos visitas. – Draco sabia que Gina não era amor algum, mas fez questão de chamá-la assim na frente deles, era um prazer sádico. Na realidade, ele não sabia quem estava machucando, mas tinha certeza de que era alguém.
Apenas sorria para Harry Potter e Lilá Brown, que os observavam estáticos.
Gina, ainda entretida com a pele macia do seu pescoço, ergueu sua face corada para o casal à sua frente e deixou escapar um gemido agudo. Malfoy tinha razão, ela se sentiu tão... culpada? Isso era ridículo.
Rapidamente, tratou se erguer e encará-los. O que diria?
- Eu... – não iria se desculpar - Não contem pro Rony, ele não vai ficar muito feliz... – Por que se desculparia?
Ela fixou seus olhos em Harry, ele a observava atentamente. Seus olhos verdes percorreriam seu corpo procurando os vestígios das atividades recentes. Havia uma marca vermelha na linha do seu pescoço pálido, os cabelos ruivos dela estavam desalinhados, sua face estava corada e os lábios vermelhos. Aquilo o incomodou. Incomodou mais do que gostaria. Sentiu seu sangue esquentar.
- Gina... como... COMO VOCÊ OUSOU?! Meu Deus, Ele é DRACO MALFOY! Como você conseguiu se rebaixar tanto!? Tenho nojo de você... Nojo. – seus olhos faiscaram.
Por alguns segundo ela permaneceu parada, olhando-o. Mesmo estando escuro, ela viu raiva naqueles olhos verdes, viu repulsa. Harry a acharia suja agora? Algo disparou em sua mente. FILHO DA PUTA! Seu imenso filho da puta! Algo a tirou do seu estado de transe e fez com que seus olhos castanhos adquirissem uma coloração vermelha. Era uma raiva que crescia e emergia. Merlin, ela seria muito tapada se apenas se entregasse a sentimentos de auto-piedade.
Então riu. Riu alto.
- Quem diabos, Harry Potter, você pensa que é para me julgar? – o seu tom era gelado, mas o que ela queria era gritar – Então você acha que eu me rebaixei... Nunca pedi sua opinião! – sua voz se elevou - Você é um hipócrita! Aonde foi parar o papo de não hostilidade e cooperação com a sonserina agora, heim Potter? – nesse ponto ela ergueu mais a cabeça e riu, seu tom de voz era cortante - Você é um egoísta filho da puta, sabia? Se o garotinho Potter, que eu sempre considerei um amigo, diz que pensa isso de mim, me julga tão facilmente... Então – Gina sorriu - eu prefiro não ter esse homem como amigo.
Sem esperar resposta, a garota se virou e olhou diretamente para o loiro que jazia sentado na areia.
- Draco, amor, vamos?
Ele a observou surpreso. Não esperava por isso.
Passara toda a discussão idiota olhando para a garota Bown. Havia algo naqueles belos olhos, algo que ele já vira antes, mas que não conseguia identificar ou descrever. Ela apenas permanecia parada, com o vento bagunçando seus cabelos compridos, observando-o. Ele ainda precisava dar o troco pela sua insolência no ônibus, por tê-lo chamado de infantil... Mas...
Novamente se sentiu preso por aqueles olhos escuros. Não gostava dessa sensação, por isso quando a bela e carente Weasley o chamou ele se ergueu e a seguiu. Queria algo de que pudesse se desprender fácil, a ruiva representava isso.
Não olharam para trás quando Gina e ele rolaram na areia, nus. Quando ele sentiu entrando dentro dela, quando ela gemeu, quando ela foi consumida por sua boca, por sua língua, pelos seus olhos. Era prazer que eles buscavam, era um alucinógeno, uma fuga rápida e indolor.
Eles conseguiram. E depois dizem que apenas drogas serviam para isso.
2ª dia 9:00
Lilá Brown acordou se sentindo usualmente vazia. Fitou o teto triangular da sua tenda. Luna se mexia ao seu lado, soltando palavras incoerentes. A loura se permitiu ficar daquele modo por algum tempo... Ontem, depois que voltaram da praia, Harry não disse uma palavra. Lilá sorriu. Mesmo sem saber, Gina atiçara o santo Potter. Mostrara para ele que ela não estava mais à sua disposição. O pobre garoto deveria estar agora... Perturbado. De fato, a cena fora muito forte, ela se surpreendera ao notar o quão chocada ela própria ficara. Ela gostaria de estar sem a lente de contato na ocasião...
Foi uma cena tão erótica que estimulou sua imaginação...
Balançou a cabeça levemente, como para tirar tais pensamentos de lá, não precisava deles. Já havia sonhado com aquilo e isso era o bastante para irritá-la. Notou que dormia com a camisa de Potter... Voltou a pensar em Gina, a pensar em Draco. NÃO! Não iria pensar em Draco, nem em Gina nem em ninguém! Sentindo-se frustrada, pegou seu biquíni e se trocou, iria tomar um banho de mar. Saiu da tenda ainda amarrando uma curta saia em seus quadris. Sus cabelos castanhos claros, quase louros, estavam longos, cobrindo a parte de cima de seu biquíni.
Olhou ao redor, deviam ser umas nove horas da manhã e Merlin... ali fazia sol. Caminhou até a praia, deixando a areia penetrar entre os seus dedos do pé e o sol refletir em seus cabelos. Ela percebeu... Percebeu os olhares virando em sua direção. Já se acostumara.
Ele não conseguia definir... Não conseguiria dizer qual era a cor exata dos cabelos de Lilá Brown. Naquele momento, com o sol refletindo neles, eles se tornavam dourados... Quase como se possuísse brilho próprio. Quando a tarde chegava... O tom deles era mais escuro, eles ficavam castanho claro, realçando mais sua pele branca. À noite eles ficavam... Quase escuros, mas permaneciam claros, realçando a escuridão que sempre reinava nos seus olhos.
Os garotos jogavam alguma espécie de jogo na praia... Notou a ruiva sentada ao lado de Granger. Provavelmente a morena já fora inteirada dos acontecimentos da noite anterior. Era estranho o contraste. A ruiva parecia tão... Saudável e bonita, enquanto a morena exibia um olhar triste. Harry Potter olhava eventualmente para o local onde as duas estavam. Lilá admirou silenciosamente a ironia da vida.
Sentou-se ao lado delas. Sabia que não era bem-vinda, mas... ela deveria se importar? Fixou seus olhos negros no que acontecia à sua frente, dando um aceno de cabeça para as garotas.
Era um jogo estranho... As pessoas pulavam para bater em uma bola... e tinham que bater nela para fazer com que esta passasse por uma rede no meio da quadra... Não podiam deixá-la cair no chão.
Notou a movimentação na praia, trouxas caminhavam pela areia quente, ocasionalmente um grupo de adolescentes passava e olhavam curiosos para os bruxinhos de Hogwarts. Um grupo de garotas, em especial, ficou fascinada pelos tipos físicos expostos no jogo de vôlei.
De fato, se Lilá tentasse prestar atenção, ela poderia, talvez, ficar levemente interessada.
Draco Malfoy, que estava muito ocupado tentando arranjar uma maneira de bater decentemente na bola, percebeu, tardiamente, a chegada de platéia. Levantou uma sobrancelha, ligeiramente surpreso com a ousadia daquelas garotas. Elas soltavam gritos e apontavam descaradamente, sentiu-se irritado com tamanha vulgaridade. Voltou a olhar em volta e se deparou com a sexy-e-delgada-Gina, ao lado da sua amiga infeliz-e-sem-graça-Granger. Ao lado das suas estava ela. Já a tinha notado, mas mesmo assim, havia algo de diferente nela toda vez que seus olhos voltavam a fitá-la.
Enquanto jogavam o barulho da platéia começava a deixá-los... estressados.
Os olhos castanhos de Hermione Granger acompanhavam o movimento trouxa... Não estava gostando daquilo, visto que Ron era alvo de alguns olhares sedentos. E ela sabia... Sabia que ele estava adorando aquilo. Como ela poderia gostar de um homem assim?! Onde estava seu orgulho e toda aquela baboseira romântica que deveria existir em... romances?
Mesmo com calor, a morena não tirou o blusão preto que vestia. Tinha pegado emprestada de Ron algum tempo atrás e desde então gostava de usá-lo. Seus cabelos cacheados estavam presos em um coque para que o vento não os bagunçassem.
O jogo terminou, os garotos se jogaram na areia, exaustos.
Hermione desviou momentaneamente seu olhar para o mar, mas uns gritinhos chamaram sua atenção. As garotas trouxas tinham cercado Ron, Harry e Malfoy. Imediatamente olhou para Gina, a ruiva esboçava uma cara de profunda indignação.
- Eu não quero mais saber, Mione! Ele que vá pro inferno. Aquele gay... Me diz uma coisa, eu sou tão pouco olhável?!
- Ele não é gay, ele gosta da Lilá.
– Oh, sim, que notícia animadora... Desisti! E você deveria fazer o mesmo, sabia? Deixe de ficar babando pelo pamonha do meu irmão... Outro gay!
- Ele não é gay, ele gosta da Lilá.
- Rapaz... Onde está essa menina para eu desfigurá-la?
- Do seu lado...
- Ok, ok. Irei descontar minhas frustrações no mar. Tchau! Estou de saco cheio! Faça-se notar, Mione. Meu irmão tem um problema crônico de cegueira e ego inflamado. Tente curar ele.
Sem dizer mais uma palavra a ruiva beijou sua testa e partiu pro mar.
Faça-se notar.
Então ela viu Ron correndo pela areia, em sua direção. Seu coração acelerou levemente quando ele parou para recuperar o fôlego, bem à sua frente.
Esperança...era esse o sentimento que a inundou naquele momento. A morena de cabelos cacheados e olhos tristes tentou lhe estender um sorriso, mas este rapidamente se apagou com as palavras seguintes.
- Mione, me dá uma ajudinha aqui! Eu preciso daquela coisa branca nojenta, as garotas pediram para esse garoto sexy aqui – disse ele lhe dando uma piscadela, apontando para o próprio tronco desnudo - passar aquilo nas costas delas.
Ele não notou a camiseta que ela usava.
- Na minha mala, bolso direito.
- Obrigado, Mione, você é uma santa! – disse dando-lhe um sorriso brincalhão.
Para piorar sua humilhação, Ron demorou-se em uma olhada a Lilá, ao seu lado. A morena permaneceu imóvel, vendo a cena se desenrolar.
- Tire essa blusa – uma voz sussurrou em seu ouvido.
Os seus olhos castanhos se fixaram em Lilá, com um brilho levemente irritado, tentando compreender o que a garota queria dizer com aquilo.
- Você não ouviu o que sua melhor e única amiga lhe disse? Faça-se notar, Granger. Você é mais bonita que aquelas garotas trouxas, mas... precisa deixar que ele saiba disso não é?
- Eu n-não quero – gaguejou, confusa com essa estranha intimidade – que ele goste de mim apenas pela aparência.
A loira revirou os olhos com aquela afirmação tão clichê e tão pouco aplicável na prática. Hermione estava se revelando uma heroína de novela mexicana... Inocente, pura e despretensiosa. Ou seja: Facilmente enganada.
- A questão é: Ele precisa ver que você não é a irmã dele.
-... Eu... – Mas ela perdeu a fala porque, novamente, ele andava em sua direção, só que dessa vez acompanhado.
Sentiu a garganta se fechar, faltando-lhe ar.
- Vocês não se importam de a gente sentar aqui, né garotas?
Lilá estreitou os olhos por alguns instantes, deixando Ron confuso, então apenas sorriu.
- Relaxem, eu e Mione já estamos de saída, prometi a uns amigos meus que a apresentaria a eles.
O ruivo apenas ignorou o último comentário, acomodando-se com suas novas amigas na areia quente as praia.
- Acalme-se, garotinha, o cabelo da maioria delas é tingido com tinta barata, uma pobreza, não? – disse-lhe a sorridente Lilá, enquanto caminhavam.
Hermione parou imediatamente e a fitou incrédula.
- Como... como? A única coisa que você se preocupa e diz nesse momento é sobre a cor do cabelo delas? – a voz dela saiu fraca e indignada.
- Queridinha... Você não percebe nada, não é mesmo? Sim eu sou uma garota fútil. Nunca disse que não o era. Eu me preocupo com questões aparentemente irrelevantes porque não existe nada, absolutamente nada que eu preze, que eu almeje ou que me interesse. Eu sou uma garota vazia, sem sentimentos, totalmente desapegada. Perdoe-me se não sou tão sensível a seus problemas.
- Por que pede perdão se realmente não se importa?!
- Porque eu preciso ser sociável, apesar de tudo, preciso ser educada e honrar os meus pais. Preciso concordar com o que não concordo, apenas porque alguém acha que isso é o "correto". Não é isso que todos fazemos? Seguimos as regras de conduta de uma sociedade? Eu apenas obedeço à lei do bom convívio. – finalizou ela estendendo-lhe um sorriso que a morena, ao seu lado, sabia ser falso.
- ... Eu não entendo. Por que... Por que você quer me ajudar, então...?
- Não chame isso de ajuda, eu não sou esse tipo de pessoa que finge se preocupar com os outros, digamos que eu seja apenas uma observadora. Nunca me envolvo na trama da minha própria vida, eu vejo as situações sem necessariamente vivê-las. Por isso, quero saber no que isso vai dar.
- Merlin... Esse seu papo é um tanto quanto assustador.
A loira ao seu lado riu.
- Nunca haviam me denominado assim, obrigada!
- Isso não foi um elogio.
- Eu o tomo como elogio.
13:00
Ron estava com fome. Muita fome.
Na realidade, ele tinha sido convidado a almoçar com as garotas trouxas, mas... Não sabia se seria seguro sair com elas sozinho, além de que algumas se mostravam tão interessadas no seu amigo moreno, que ele tinha começado a se irritar. Já bastava o ruivo ter que disputar a atenção de Lilá, agora, mesmo não estando presente, o seu melhor amigo também dividia as atenções com ele. Isso estava ficando cansativo.
Depois de se despedir das garotas ele vagou à procura do pessoal. Onde estaria Mione? Talvez com algum garoto... Não. Hermione é do tipo comportada... não ficaria de papo mole com qualquer trouxa que aparecesse. Riu da idéia. Hermione com algum garoto? Duvidava muito que a garota se separasse dos seus tão amáveis livros.
Subiu a encosta que dava pro acampamento e continuou a caminhar, olhando para os lados. Devido a algumas árvores, não conseguia ter uma visão ampla do local.
E lá estava ela. Sentada em um tronco de madeira, com seus cabelos cacheados finalmente soltos, vestindo um blusão preto horroroso e... segurando um livro, Pra variar.
- Olá Mione! Vejo que você esta com seu melhor amigo... oh! O que é que você estava escrevendo?! – perguntou surpreso e curioso, ao vê-la fechar o caderno quando ele chegou.
- Nada que te interesse.
- Obrigado pela simpatia e delicadeza que me toca.
- Disponha.
O ruivo a olhou, piscando, por alguns segundos. Não entendendo o motivo da irritação da amiga, resolveu mudar o rumo da conversa.
- Er... O almoço... quando sai? – perguntou inseguro.
Ela olhou dentro dos seus olhos, havia algo nos olhos castanhos da garota que o incomodou ligeiramente.
- McGonagall falou que iríamos almoçar em um restaurante trouxa.
- Ah sim... E quando vai ser isso?
- Mione, consegui a... Olá Ron. – disse Lilá bruscamente e então se virou na direção da morena – Vamos?
- Sim, sim. Tchau Ronald.
Ele permaneceu parado até vê-las entrar em alguma outra barraca. Desde quando aquelas duas eram amigas? E desde quando Hermione o chamava de Ronald? Era impressão dele ou algo estava acontecendo?
- Irmãozinhoooo! diga-me, por que essa testa enrugada?
E foram todos a pé, por uma estrada de barro, para o restaurante.
- Merlin, Deus, Buda! Alguém por favor... faça essa mulher parar – exclamou Ron um pouco sem ar, enquanto a poeira e o vento castigavam sua pele.
- Eu tenho... Tenho a impressão, sabe Ron, que essa doida quer nos matar! – reclamou o outro, meio distraído. Ele parecia pensativo.
- Harry, você ainda tá na "impressão"!? Essa mulher tá na seca e quer descontar sua ira na gente!
- Vocês poderiam, por favor, parar de fantasiar? Isso não é nenhuma brincadeira!
- Mione... Relaxe, você é séria demais. – repreendeu-a Ron, então continuou animado – Qual é o plano?
- Não tem plano, meu caro irmãozinho, somos inúteis!
- Garotos, vamos parar com esse papo cheio de cultura e inteligência, sim? Nós chegamos! – declarou Gina.
Silêncio.
Pela primeira vez, desde aquela noite, ele se virou para fitá-la, mas não conseguiu olhá-la nos olhos.
- Wow! Uma churrascaria?! – declarou Fred animado.
- Que interessante, sim! Mas... O que é uma churrascaria? – perguntou Ron, sendo sarcástico.
- É um lugar onde vendem churrasco, você nunca comeu churrasco?!
- Não... e você? – perguntou Harry.
- Também não.
Lilá observava Potter... Era estranho o fato de o moreno estar dividindo sua atenção entre ela e a ruiva. O mais divertido ainda era perceber que ele era ignorado pelas duas.
Um meio-sorriso abriu-se em seus lábios. Aquilo seria tão divertido!
Todos se acomodaram e logo começaram a descobrir os termos exóticos de que os trouxas chamavam os vários tipos de comida.
- Buchada... ei, ei – Ron virou-se para Harry – Você já comeu tripa de bode?
- Eght... não – falou o outro enojado – Por quê?
- Tem isso no cardápio... Mais que merda! Eu não acredito que a gente vai comer isso!
- Ron, olha esse! Essa coisa preta chama-se... chama-se feijão! – exclamou Harry, sentindo-se um pouco mais animado.
- ohh – exclamou o outro admirado – sinistro! Pra que serve?
- Pra comer, né?!
- Merlin... mate essa mulher! MATEE!
Gina ainda conseguia ver claramente o nojo estampado naqueles olhos verdes, ainda se lembrava perfeitamente. Sentiu vontade de rir e se obrigou a soltar a faca que estava em cima do seu prato, precisava ter pensamentos mais amigáveis.
Enquanto a comida que McGonagall escolheu era servida, ela se lembrou de algo importante.
- Ron, aquelas garotas com quem você estava conversando, vieram falar comigo... – vendo nenhuma reação ela prosseguiu - Elas vão dar uma festa hoje de noite, parece que o pai de uma delas é dono de uma boate... Bom, convidaram a gente.
- Boate?
- Sim, irmãozinho! Uma boate é um local no qual pessoas jovens se vestem e agem conforme um conceito pré-existente com o objetivo de impressionar garotas ou garotos, a intenção final de toda essa farsa é: dançar (ultimamente o que menos importa), beijar e beber – declarou Fred, atento à conversa.
- Gina eu te amo! Aonde é isso? – Perguntou animado.
- À beira mar... Dá pra ir a pé. Elas me mostraram.
- Ei! Precisamos falar com McGonnagall antes! – alertou Hermione.
- Mione, deixa de ser chata! Peraí! As garotas me querem, não atrapalhe!
- Ela disse todo o colégio Ron. Não é só você. – lembrou-o Gina.
- Deixem-no sonhar, faz bem. – replicou Jorge do outro lado da mesa, rindo.
19:00
- Eu não sei não...
- Relaxe, garota, eu aproveitei o resto da tarde e fiz algumas compras em umas lojas trouxas. E essa roupa que eu lhe comprei ficou boa, não ficou Gina?
- Ficou... E SOLTE ESSE CABELO, DROGA! Minha filha, você vai ficar de luto por que meu irmão é um pamonha? Onde está sua sensatez agora, Hermione?
- Já avisaram para o resto do pessoal, da festa?
- Só para alguns... Ei! Bote isso AGORA!
20:00
Os garotos ficaram realmente impressionados... Era uma grande, grande boate.
Lembrava muito um velho casarão. Por dentro havia longas e grossas pilastras gregas, que se ligavam ao alto teto. O piso era de madeira e nas paredes tinham pinturas de anjos, havia mesas e poltronas ao redor do enorme salão, toda a iluminação era presa ao teto, iluminando tudo com luzes coloridas. Era tudo muito luxuoso.
O combinado seria esperar pelas meninas na porta, mas vários alunos de Hogwarts já haviam entrado e a curiosidade os estava matando.
As garotas trouxas já pareciam estar à espreita, pois quando os garotos entraram não tardaram a aparecer, rodeando-os.
Draco Malfoy não gostou, trouxas o cercavam e flertavam com ele... Ele não conseguia evitar de sentir nojo. Estava em um ambiente trouxa, comendo comida trouxa, cercado de trouxas. Era preconceituoso e aquilo estava forçando seus limites.
Procurou com o olhar as amiguinhas de Potter, mas infelizmente, ou felizmente, não encontrou nenhuma. Dirigiu-se ao bar e foi tentar arranjar algo para beber.
- Eles não nos esperaram! – constatou Gina, indignada, parada em frente à boate.
- Tanta arrumação... para nada. Eu vou virar emo.
- Homens... Criaturas impacientes, essas, não?
Então se encaminharam para a entrada, o segurança procurou seus nomes na lista. Lilá observou seu dedo parar em algum ponto, como se ele tivesse encontrado os nomes delas, mas... seus olhos se demoraram e ele parecia indeciso. O enorme homem chamou um outro segurança e após uma ligação ele se virou para as três garotas e falou:
- Seus nomes não estão aqui.
- O QUÊ?! Mas como assim?! Nossos amigos acabaram de entrar!
- Sim, por que eles estão na lista.
Gina piscou algumas vezes, e quando percebeu o que se acontecia, estava vermelha de raiva.
- Fomos enganadas!
- Calem-se, venham comigo. – sussurrou Lilá, procurando sair da vista do segurança.
- Fomos enganadas! – repetiu Gina incrédula, enquanto se deixava ser levada.
- Sim, parece que aquelas garotas estão jogando um joguinho perigoso com a gente. – falou a loira friamente – Acredito que isso seja uma provocação, e vai ter troco.
- Ela tá provocando a gente?!
- Talvez seja só um joguinho para se mostrar. Elas são garotas ricas e fúteis, bem parecidas comigo... Estão nos provocando. A pergunta é vamos entrar na brincadeira e trazer os garotos de volta? Ou vamos deixá-los se divertirem sem nós?
Hermione riu.
- Aquela festa é nossa... Acredito que essa é a parte em que eu entro com a solução, certo?
- Você deve saber algum modo de usar magia, sem que a professora perceba...
- Se trouxermos McGonagall pra festa, a gente entra.
- O QUÊ?!
- Isso mesmo. Vamos buscá-la.
Lilá e Gina a olharam como se ela fosse alguma espécie de louca.
- Vamos lá garotas! Vai ser interessante descobrir a cara dos meninos quando avistarem sua querida professora.
20:20
- Professora... ouvi dizer que hoje vai ter uma festa trouxa muito popular... Pena que a gente não pode ir, né? E o pior é que uma festa tão tradicional da cultura trouxa... a gente ia poder aprender tanto, ia ser tão instrutivo! – declarou Hermione Granger fazendo uma carinha triste enquanto falava.
- E por que não dá pra ir!? – perguntou Minerva sentindo seu coração tocado pela tristeza da sua aluna.
- Precisamos ser convidados... E nosso nome não está na lista, o cara que fica na porta não quer deixar a gente entrar... – nesse ponto, a morena fungou e olhou para baixo, fazendo cara de quem está sofrendo as chagas de Cristo.
- Não chore, minha querida, não chore! Eu... eu, vou permitir que vocês aparatem lá pra dentro, ninguém vai se importar, certo? Mas eu preciso ir com vocês, afinal, não posso perder tanta cultura e tradição!
- Obrigada pro-professora, a senhora é muito boa-aa – disse a morena com a voz carregada de emoção. Então, virou-se ligeiramente e sorriu para a loira escondida atrás da árvore.
