EPÍLOGO

(publicada originalmente no fórum Need For Fic)


Dois meses haviam se passado desde a luta entre Atom e Tak Mashido. Houve comentários sobre ela por semanas a fio: na televisão, na internet, nas filas de banco. Até mesmo aqueles que não eram fãs do boxe entre robôs sabiam o que havia acontecido. O Zeus de Tak Mashido podia ter ganhado a luta, mas não havia saído vitorioso. Era Atom, o velho robô G-2 treinado por Charlie e Max, que havia sido proclamado como "o campeão do povo".

Mas o mais importante, para Charlie, é que a luta o havia colocado de volta aos eixos. Pela primeira vez na vida, não pensava só em ganhar dinheiro e ir atrás de robôs. A publicidade em cima de Atom lhe havia rendido uma boa grana, que lhe permitiu sossegar por algum tempo. Esse tempo livre lhe fez repensar no que realmente queria para sua vida. E agora, estava decidido.

Já havia conversado com Marvin e Debra e, após algumas idas e vindas do tribunal, havia conseguido de volta a custódia total de Max. É claro que os tios poderiam visitá-lo quando quisesse; afinal, eles tinham recursos financeiros para gastar com o garoto, e ele não poderia deixá-lo sem aproveitar isso. Agora mesmo, eles estavam passeando pela Disneyland, aproveitando os últimos dias das férias de verão.

E quanto a Bailey... Bem, ela simplesmente não saía de sua cabeça. E era por isso que precisava falar com ela, sem falta, nesta noite.

Quando ela voltou à velha academia de seu pai, gritou por Charlie como sempre fazia ao chegar, mas ficou calada ao se dar conta de como estava o lugar. Ele havia pedido que ela ficasse um mês fora, que lhe confiasse as chaves da academia e que tirasse umas férias. Relutantemente, ela foi à praia com uma amiga, sem saber o que lhe esperava na volta. Com certeza, não esperava por isso.

A academia estava inteiramente reformada. As paredes, antes descascando e com marcas de infiltrações, haviam sido pintadas em tom creme. O velho ringue havia sido substituído por um novo, com cordas esticadas e a lona brilhando. Vários sacos de pancadas encontravam-se ao lado, junto com esteiras elétricas que pareciam ter acabado de sair da caixa. Os pedaços de metal e robôs velhos ("a tralha de Charlie", ela costumava dizer) haviam sumido.

Bailey estava paralisada, com a mão cobrindo a boca e lágrimas no canto dos olhos, quando Charlie saiu de trás de uma coluna, com um buquê de rosas na mão. Ela não conseguia se mexer, apenas ficou olhando para ele.

"Bailey. Sei quanto gosta da academia de seu pai, mas achei que ela gostaria de uma reforma. Sei que hoje em dia o boxe de robôs é mais popular que o boxe de humanos, mas acho que poderíamos lançar uma nova tendência aqui. Voltar às raízes. Você cuidaria de tudo, claro. Eu ajudarei a instruir os alunos."

Ela continuou no mesmo lugar, agora com as lágrimas escorrendo pela face.

"Se você não gostou... bem, acho que consigo deixar tudo bagunçado novamente. Só achei que assim..."

"Charlie", ela interrompeu. "Cale a boca."

Ela correu até ele, praticamente pulando em cima dele, e envolveu seu pescoço com seus braços, dando beijos estalados em seu rosto, até que seus lábios se encontraram.

Ele desvencilhou-se dela, sem querer fazer isso, mas só para fazer graça.

"Então você gostou?"

"É claro que sim, seu idiota! Charlie, não acredito que você fez tudo isso!"

"Na verdade, ainda faltam fazer duas coisas. Uma delas é pendurar a nova placa."

Ele apontou para trás, onde havia uma placa escrito "Tallet's Gym", igualzinha a que seu pai tinha, mas totalmente nova. Ela não conseguiu esconder um sorriso, ao pensar em seu falecido pai e de como ele gostaria de ver tudo isso. Mas então lembrou-se de algo.

"E qual é a segunda coisa?"

Ele puxou uma pequena caixa do bolso de trás. Ajoelhou-se e a abriu.

"Bailey Tallet, você deseja casar comigo?"

Ela não conseguiu conter as lágrimas novamente.

"Sim, é claro que sim!"