7VERSE : SETE VIDAS

SETE VIDAS VIDA 1: O CAÇADOR DE UNHAS PINTADAS DE VERMELHO

vida 1 CAPÍTULO 1

UM MENINO QUASE IGUAL AOS OUTROS

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ANTES

(Leia na FIC SETE VIDAS - VIDA ZERO)

Sam e Dean chegam na cidadezinha de La Grande, no estado americano do Oregon, para investigar um caso de fantasma vingativo e descobrem uma série de mortes associadas a bizarras coincidências.

Dean conclui que o Trickster é o responsável pelas mortes e decide romper o acordo que Sam fizera de não voltar a persegui-lo se ele trouxesse Dean de volta à vida (episódio 3x11).

O Trickster se irrita quando Dean insiste em dizer que vai detê-lo, diz que NÃO GOSTA DA POSE DE MACHÃO do Dean e avisa que isso VAI MUDAR.

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Em termos de cronologia, esta fic se situa em algum momento entre o episódio 3x11 (Mystery Spot) e a ida de Dean para o Inferno no episódio 3x16. Essa fic se passa no universo ficcional da série Supernatural. Pense nela como um episódio que não foi ao ar.

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AGORA

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– Sam, deixa o laptop aí quietinho e vamos. Amanhã a gente trata disso. Eu quero ver gente viva. Dois banhos e parece que ainda estou cheirando a túmulo.

Sam olha para um pequeno despertador na mesa de cabeceira entre as duas camas de solteiro do quarto de motel. Exatamente 21:03.

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– Dean, porque você não dá nome aos bois? Você não quer ver gente viva. Você quer arrumar uma garota para passar a noite. Mas, acredite em mim. Vai ser muito mais fácil se você trocar de roupa.

– O que há de errado com as minhas rou .. pas?

Dean se vê no espelho e não acredita no que está vendo.

– Sam, eu estou vestido de MULHER. Como isso pode acontecer?

– Como assim EU ESTOU VESTIDO DE MULHER? Por que o espanto? Dean, você se veste de mulher desde que tinha 16 anos.

– EU? Você está dizendo que eu sou um TRAVESTI?

– Bem, você prefere dizer que é um cross-dressing.

– Eu ando por aí vestido de cowgirl sado-masô, combinando espartilho com babados, minissaia preta de couro e bota cano alto de franjinha?

– Isso quando a minissaia não é cor-de-rosa. Dean, o que é isso agora? Está zoando com a minha cara?

– Não. Se existe alguém aqui sendo zoado, esse alguém sou eu. E saiba que não estou achando a menor graça.

– Dean, você é meu irmão e eu te aceito como você é. Eu respeito suas escolhas. Se é assim que você se sente bem .. vestido dessa maneira ..

– Sam, ESSE NÃO SOU EU. EU NÃO SOU ASSIM. Você me conhece. Acredite em mim. Isso é coisa do TRICKSTER.

– O Trickster?

– É, o Trickster. Você sabe de quem eu estou falando, não sabe?

– Claro, já encontramos com ele duas vezes. Mas, você já era um cross-dressing muito antes de termos encontrado o Trickster pela primeira vez.

– Sam, faz de conta que eu não sei de nada e me conta direitinho essa história d'eu gostar de me vestir de mulher.

– Dean, você está bem? Caiu e bateu a cabeça? Está com febre?

– Sam. POR FAVOR. Mesmo que pareça não fazer sentido, me conta como e quando isso começou.

– Está bem. Não faz nenhum sentido, mas eu vou fazer o que você está me pedindo. Eu era bem pequeno, mas lembro bem porque isso me marcou. No começo, era só quando o pai estava fora, caçando. Você usava calcinha debaixo da cueca. Pintava as unhas dos pés de vermelho. Coisas que por sinal você faz até hoje. Lembro que o pai achava estranho ver você sempre de meias. Depois, você passou a dormir de baby-doll sempre que podia. Nem que fosse por baixo do moletom. Passou a usar cuecas somente nos dias em que tinha educação física ou algum jogo no colégio. Era inevitável que um dia o pai descobrisse. Uma vez ele voltou de uma caçada bem antes do que esperávamos e aí ..

– E aí .. o quê?

– Estava fazendo calor e ele pegou você dormindo só de baby-doll e calcinha e te deu uma surra. Eu nunca tinha visto o pai daquele jeito. Ele ficou transtornado. Ele nunca tinha batido na gente antes. Na hora, eu tive medo que ele matasse você. Mas, você enfrentou o pai. Lágrimas escorriam dos seus olhos, a sua voz falhou algumas vezes no meio das frases. Mas, você foi até o fim. Disse ao pai que você não podia forçar ele a aceitar, mas que nada que ele fizesse ia fazer você deixar de ser o que é. Foi quando o pai disse que você nunca mais chegaria perto de mim.

– Ele me expulsou de casa?

– Não. Ele passou a levar você nas caçadas e a todos os lugares. Ficava o tempo todo de olho em você. Ele passou a escolher e comprar pessoalmente as roupas que você usava. Sempre neste estilo militar que você usa até hoje nas caçadas. E estava sempre de olho nas suas amizades. Ele achava que esse seu gosto por roupas femininas significava que você era homossexual. Não que você tivesse algum amigo mais chegado. Era impossível mudando sempre de cidade. Enquanto isso, eu ficava longos períodos com o Bobby. Ou com a Ellen. Quando nos reuníamos, eu tinha que dormir no quarto do pai. E, finalmente, para nos manter afastados quando estávamos maiores, o pai deu força para que eu fizesse uma faculdade. Eu escolhi fazer o concurso para Stanford. Dediquei-me bastante aos estudos e passei.

– Então, foi o PAI que mandou você para Stanford?

– Ele não mandou. Ele sugeriu e deu força. Eu me empolguei com a idéia e acabei gostando. Eu queria uma vida normal. Uma família. Mais ainda depois que conheci a Jess. Então, aconteceu aquilo tudo com ela. O pai estava desaparecido. Você foi me buscar em Stanford e aqui estamos nós.

– Nós? Você e seu irmão travesti?

– É. Eu e meu irmão. Ponto.

– Sam, você disse que eu queria sair pra pegar uma GAROTA. Eu pego .. GAROTAS?

– Claro, Dean. Muitas.

– Ufa! Estava com medo da resposta. E eu pego essas MUITAS garotas vestido de cowgirl?

– Não. Claro que não. Geralmente você usa seu charme, leva a garota para o quarto, deixa a garota louca, diz que gosta de umas brincadeiras, sugere trocarem de roupas e aí você veste a calcinha da garota e fazem amor.

– Menos mal.

– Nem me diga.

– E quando é que eu saio vestido desta maneira?

– Em dias como hoje. Depois de uma caçada bem sucedida. Antes, ia comprometer o disfarce. Já pensou? A cowgirl apronta na noite em que chegou à cidade e apresenta no dia seguinte um distintivo do FBI e diz que veio fazer uma investigação?

– É, não ia ter nenhuma credibilidade.

– Ou, quando você está a fim de zoar, de arrumar confusão. Porque SEMPRE dá confusão.

– E porque eu faço essas coisas?

– É o que eu vivo me perguntando. Porque? Uma vez você me disse que sente necessidade de se mostrar como realmente é. Não como o mundo gostaria que você fosse.

– E já aconteceu de eu ter sido preso vestido de mulher?

– Muitas vezes.

– E?

– Sempre tem alguém que perde alguns dentes. Geralmente os outros preferem ficar sem a fama de ter apanhado de uma drag queen.

– Cross-dressing.

– Mas, costuma ser muito pior quando você é preso vestido de homem e descobrem na cadeia que você está usando calcinha e com as unhas pintadas. As brigas costumam ser mais sérias e normalmente quem sai ferido é você.

– Nunca aconteceu de juntarem dois ou três e .. você sabe .. sabe-o-que-eu-quero-dizer?

– Graça a Deus, até hoje NÃO. Mas, você sabe que vai acabar acontecendo se você não parar.

Dean respira fundo. Precisava de um tempo para absorver tudo aquilo. Parecia um pesadelo. Não era dele que Sam estava falando. Nem mesmo o Trickster podia mudá-lo tão completamente.

– Então somos caçadores?

– Como eu disse, o pai se empenhou muito em treinar você. E você me ensinou muita coisa neste último ano. Você é o melhor.

– Os outros caçadores sabem? Nossos amigos?

– Bobby e Ellen, com toda certeza. Eu não acredito que a Ellen tenha contado para a Jo, mas você sabe como ela é perspicaz. Já escutei algumas indiretas que me fazem acreditar que ela sabe. Os outros, eu não sei ao certo. Mas, acho que sabem. Acho que TODOS sabem. E tem também aqueles seus OUTROS amigos.

– OUTROS amigos?

– É, outros cross-dressings. O Chris, que é abertamente gay. Vocês às vezes saem, às vezes se reúnem pra ... CANTAR.

– CANTAR?

– Ao menos, é o que você conta. O que acontece de verdade nestes encontros eu não sei e nem sei se quero um dia saber. Você uma vez me disse que alguns desses amigos fazem covers de cantoras famosas. E que você também imita algumas, mas não tão bem quanto eles. Já vi você algumas vezes soltando a voz em falsete. Dean, jura que você esqueceu de tudo? Jura que não está só zoando com a minha cara?

– Juro. Eu juro que não estou brincando. Aliás, tudo isso me parece uma brincadeira de muito mau gosto. Além de não ter a menor graça. Bem que você me disse para esperar chumbo grosso. Droga. Não sei mais o que está acontecendo comigo. As coisas que eu estou sentindo. Eu estou aqui me segurando, mas está batendo uma vontade muito grande de chorar. Eu não quero, mas ..

Sam, constrangido, se afasta.

– Ah! Não fica assim. Detesto quando você fica depressivo. É impressionante ver como você se transforma nos intervalos das caçadas. Você deixa de ser o caçador frio e eficiente e vira esse homem sensível e emotivo, que chora por qualquer coisa. Parece que dentro de você existem duas pessoas diferentes. Eu juro que não entendo isso.

– SENSÍVEL E EMOTIVO? Eu não sou sensível e emotivo PORRA NENHUMA. Agora mesmo é que eu não descanso até MATAR aquele desgraçado.

– Está falando do Trickster?

– Quem mais? Vamos, Sam. Vamos sair. Vamos atrás do desgraçado.

– Vestido assim?

– Não, claro que não. Eu tenho roupas de homem, não tenho?

– Você normalmente traz duas malas. A de homem é aquela.

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– Pronto. 100% masculino.

– Mesmo? Esse perfume não é lá muito masculino. Está usando cueca?

– Pensando bem ... Não. Eu tirei a calcinha que estava usando. Mas, escolhi outra e vesti. É incrível. Foi no automático. Pareceu tão natural. A mesma coisa com o perfume. Eu costumo mesmo usar algo tão adocicado?

– Torço que daqui para a frente seja diferente, mas sei o quanto é difícil mudar velhos hábitos.

– NÃO SÃO VELHOS HÁBITOS.

– Tá. Já sei: o Trickster.

– Sam, você sabe que ele tem o poder de manipular a realidade.

– Mas, nesta escala? Da última vez que o vimos, ele fez um mesmo dia se repetir infinitas vezes. Não sabemos se afetou o mundo inteiro. Agora, se isso que estamos vivendo aqui for verdade, ele mudou toda a história da nossa família e a de todos com quem interagimos durante todos esses anos. Não é possível que ele tenha tanto poder.

– Ele pode simplesmente estar mexendo com nossas mentes. Estamos sonhando isto e o mundo continua exatamente como sempre foi. Ou, sou apenas eu que estou sonhando e você está seguro em algum outro lugar. Ou...

– Dean? Já chega! Vamos indo. Mas antes, é melhor você vestir uma cueca.

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Notas finais do capítulo:

Nada de "Brincalhão". Detesto essa tradução. Trickster está mais para Trambiqueiro, Vigarista, Trapaceiro. Portanto, fica Triskster mesmo.

ESCLARECIMENTO: Dean apresenta o chamado travestismo heterossexual, um tipo de fetichismo de roupas. Dean permanece um hetero convicto.

IMPORTANTE:O autor não se responsabiliza pelas opiniões e preconceitos de seus personagens.

Sinopse:

Dean sempre foi um macho acima de qualquer suspeita. Mas isso foi antes do TRICKSTER interferir em sua identidade sexual.

Disclaimer:

Sam Winchester, Dean Winchester e o Trickster são criações geniais de Eric Kripke, mas serão respeitosamente reinventados por mim. Sete Vidas. Sete diferentes Deans. Todos muito diferentes do que você conhece.

Muitos dos personagens coadjuvantes são criações originais minhas, mas permito que o Eric os utilize na série se ele assim desejar.

ESCLARECIMENTO: A leitura de SETE VIDAS-VIDA ZERO não é necessária para o entendimento dessa história. O resumo no início do capítulo (ANTES) traz as informações essenciais. Mas, se gostou do que leu aqui, se dê a chance de gostar também de VIDA ZERO.

VIDA ZERO: www fanfiction net/s/9685726/1/SETE-VIDAS-VIDA-ZERO

23.09.2013