Cold steps

Eu sempre fui o mais fraco de nós dois. A criança doente demais, quieta demais, dependente demais. E você? Bom, você era o irmão perfeito, o primogênito. Nosso pai costumava dizer que você era um verdadeiro Lestrange, mas na época eu não entendia o real significado dessas palavras, pois eu era o tolo inocente, mas você não. Você seria aquele que perpetuaria a nossa casa e nos orgulharia com sua descendência. E você gostava de acreditar nisso.

Rodolphus nunca foi uma pessoa de muitas palavras. Sempre analisou demais. E ele gostava de me testar. Por mais que ele tentasse esconder, o seu desprezo pela minha fraqueza era claro e cortante em seus olhos escuros. Seus olhos diziam que eu não era digno de ser um Lestrange, e seus lábios crispados e mãos cerradas mostravam sua frustração em relação a isso. O tempo passou e ele, mais do que ninguém, sabia que sobraria somente nós dois.

E então a sua fascinação veio e tudo em você tornou-se mais real do que nunca. Você acreditava nas palavras dele e passou a matar por ele. Matava junto com aquela mulher que você acreditava ser certa para você por tantos motivos que eu podia compreender. Vocês eram iguais nas mentes e na sede pelo poder e sangue sujos.

Você nunca pediu para que eu o acompanhasse, não até aquele dia. E eu aceitei. E eu olhei fundo nos olhos assustados daquela mulher que eu ao menos sabia o nome e ao menos conseguia me ver, pois a sua Bella a torturou por horas. E você me pediu algo pela primeira vez, algo que eu já esperava. Você me pediu, com sua voz rouca e com olhos brilhantes, pediu que eu a matasse.

Fitei seus olhos e você realmente aguardou pela minha covardia, que eu virasse as costas e fosse embora. Mas isso nunca aconteceu. Pela primeira vez eu poderia provar que poderia fazer qualquer coisa para ser como você, qualquer coisa por você. Meu irmão. E eu a matei. E depois eu o encarei e vi a confirmação muda em seus olhar. Sim, finalmente eu era seu irmão de sangue aos seus olhos.