POV BELLA

A vida é meio engraçada não acha? Quando crianças, ao nascermos não temos a noção do que o mundo é ou do que ele é feito, seja na sua composição física, nos seus princípios ou tudo o que o compõe como um todo. Quando crianças não temos ideia que a maldade pode se manifestar ainda no pré escolar. A própria sociedade já impõe certas coisas que geram o preconceito, sejam crianças de pele diferente, crenças diferentes, opções diferentes, porte físico diferente. A velha frase conhecida já fala "A vida é fácil, nós que a complicamos". Complicamos quando achamos que alguém é menor do que nós, quando achamos que um animalzinho indefeso sente menos dor que nós humanos, quando não ajudamos o próximo porque em nossa mente dizemos que alguém ajudará depois. São tantas hipocrisias que chegam a enojar.

Sou Isabella Swan, tenho 23 anos, filha de uma americana com um brasileiro. Meu pai Charlie nasceu e cresceu no extremo norte do Brasil, a capital Manaus. Já visitamos a cidade umas 10 vezes desde que eu era criança e que cidade incrível, quando ouvimos falar no norte do Brasil o primeiro pensamento é floresta, consequentemente animais silvestres e...índios. Ah vamos lá você pensou nisso também. Mas pelo contrário é uma cidade civilizada como qualquer outra, tem seus problemas públicos e políticos como qualquer outra cidade. Minha mãe Renne Swan é médica e na época por conta de uma tese que ela estava fazendo acabou passando 8 meses em Manaus, conheceu meu pai e desde lá vejo neles o mais simples e verdadeiro amor. Quem ouve a historia pensa que os pais da minha mãe não aceitaram, e foi justamente o contrário, foi a família do meu pai que não aceitou. Foi quando ele decidiu vir para os Estados Unidos e se casou com a minha mãe conseguindo permanência no país. E eu nasci. Hoje moramos em Seattle, é eu sei a cidade mais chuvosa do país. Mas eu cresci aqui e não mudaria por nada, a não ser por um motivo muito forte.

Atualmente estou fazendo faculdade de medicina veterinária. Não somos ricos, mas temos uma condição que não nos permite passar necessidades, por conta de um acidente de trabalho meu pai teve sua aposentadoria adiantada e minha mãe nos dias de hoje apenas ministra aulas para os universitários.

Ainda tentei fazer medicina, mas os animais sempre me chamaram mais a vocação, sempre fui muito focada nos meus estudos, não é a toa que tenho apenas um amigo e sempre sofri bullying na escola, ah você quer saber por que eu sofria e ainda sofro? Simples, segundo o padrão de beleza da sociedade não sou magra suficiente, não sou obesa, mas tenho quilos a mais, é pecado isso? Você não tem ideia do que é por conta do peso não poder participar de uma corrida na escola, porque os supostos coleguinhas te chamavam de rolha de poço e não conseguiria correr nem alguns metros, não sabe o que é não conseguir passar por lugares apertados ou apenas ter o constrangimento de não passar, não sabe o que é os garotos não babarem ou se quer tentarem conversar ou serem honestos com você.

Minha vida amorosa? Nunca existiu, minha vida gira apenas em torno dos animais que consigo resgatar e cuidar e da minha família.

— Ei Bela adormecida? – olho na direção da voz que me chama a atenção e nada mais é do que o meu melhor amigo: Jacob Black – Estamos atrasados vamos.

— Eu sei Jake – digo ajeitando minha bolsa no ombro e arrumando alguns livros nos meus braços – Perdi a hora hoje – concluo entrando no carro com ele e começamos a seguir em direção a faculdade. Jacob é o meu melhor amigo desde que me entendo por gente, meu ouvinte e por muitas vezes o meu protetor, perdi as contas de quantas vezes ele tomou as minhas dores por alguém me dizer maldades ou algo similar por conta do meu peso.

— Você está linda viu – ele diz sorrindo para mim e voltando sua atenção para o trânsito.

— Jake você sabe que não, mas obrigada por tentar levantar meu astral – digo vendo alguns e-mails no meu celular.

— Um dia você vai se enxergar Bells – eu apenas aceno com a cabeça com a certeza de que isso nunca vai acontecer.

— Você é o melhor amigo do mundo sabia? – ele apenas acenou olhando para frente, por que será que sempre digo isso ele não reage de outro jeito?

POV EDWARD

Que inferno! Penso ao jogar mais uma pasta de contratos em cima da minha mesa e puxo meus cabelos em puro estresse. Pego meu celular e digito o número da únicas pessoas que podem me acalmar nesse momento.

— Filho? – já sinto meu corpo dar os primeiros sinais de calmaria.

— Oi mamãe – falo me sentando em minha cadeira – Como é bom ouvir a sua voz.

— Aconteceu alguma coisa querido? – ela pergunta e eu já sinto o tom de preocupação.

— Ela como sempre – suspiro – Hoje ela resolveu vir na empresa e como sempre tenta trazer o inferno junto.

— Não fala assim meu filho, você sabe que independente de qualquer coisa ela é a sua mãe.

— Não Esme – digo negando – Você é e sempre foi a minha mãe, ela apenas me gerou .

Como pessoa posso dizer que nunca senti falta de nada material, físico e sentimental. A não ser antes dos meus 5 anos, sou Edward Masen Cullen, mas o nome que gosto de usar é Edward Cullen, tenho 30 anos e sou CEO da Cullen Interprise. Meu pai se chama Carlisle Cullen e quem me gerou foi Elizabeth Masen, eles foram casados até os meus 4 anos de idade que foi a época que meu pai conheceu a mulher mais maravilhosa do mundo, Esme Cullen.

Elizabeth sempre fez da nossa vida um inferno, seja com palavras ou tentando controlar quem faria ou não parte da nossa vida, assim como, muitas vezes ela já foi violenta comigo. Foi quando criei coragem e com 5 anos contei ao meu pai o que acontecia e foi quando ele pegou a minha guarda e desde então moro com ele. Os 26 anos após esse episódio foram os melhores em comparação ao que era antes, Esme me criou como seu filho legítimo e nunca fez nada para mostrar o contrário.

Tenho dois irmãos, o meu irmão do meio se chama Emmet Cullen é advogad meu braço direito dentro da empresa, assim como, minha irmã caçula Alice Cullen que é responsável pelo setor comercial. A Cullen Interprise é uma empresa voltada para o ramo de engenharia em geral, somos uma construtora conhecida no mercado e os negócios tem andado muito bem e progredindo.

— Meu filho não caia nas palavras dela por favor – ela pede gentilmente.

— Vou tentar mãe – sorrio – E minha princesa está por ai?

— Ela só pergunta por você – minha mãe ri – E agora ela está aqui do meu lado com o sorriso mais lindo do mundo.

— Me deixa falar com ela mãe – digo ansioso – Preciso falar com a minha princesa.

— Oi papai – ouço a voz mais linda desse mundo.

— Oi meu amor, papai está com tanta saudade de você – digo enquanto olho para a foto da minha filha na tela do meu computador.

— Eu também, vovó Esme fez flango com batatinha para eu – ela confidência e eu rio com suas palavras ainda se formando para falar corretamente.

— Comeu tudinho princesa?

— Humrum, vovó só quelia me dá suquinho depois de eu comer – ela fala como se fosse uma queixa.

— Mas você é uma grande garota e vai obedecer a vovó certo?

— Sim papai – ela responde com aquela vozinha de criança onde não resistimos.

— Ta bom meu amor, passa o telefone para a vovó – aguardo um pouco e ouço a voz da minha mãe – Acho que vou sair um pouco tarde daqui hoje.

— Não se preocupe filho – ela diz – Sabe que amo ficar com a Sophia.

— Obrigada mamãe, amo vocês, um beijo – digo me despedindo e quando ouço ela retornando o carinho desligo o telefone.

Sophia Cullen foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, ela é o fruto do rápido, mas intenso relacionamento que tive com Tanya Denali. Apesar de ter gerado o bem mais precioso que tenho essa mulher foi monstruosa, simplesmente sumiu durante a gestação e abandonou Sophia recém nascida na porta da casa dos meus pais deixando apenas um bilhete. Sophia tem apenas três anos, mas é o amor e carinho em forma de gente. Tenho tentando me preparar psicologicamente, pois minha mãe tem me aconselhado que chegou o momento dela frequentar a escolinha e ter contato com crianças e ambiente da idade dela, isso eu não descordo, mas não estou pronto para isso ainda. Tenho não pensar nisso e volto o meu foco para o trabalho e dor de cabeça que ainda tenho para resolver com Elizabeth na empresa.

POV BELLA

Sim com certeza foi uma péssima decisão dizer para o Jake que eu não queria carona de volta para casa e agora estou aqui no meio da chuva tentando chegar próximo a uma parada de ônibus ou lugar para me abrigar até a chuva passar mais um pouco. Após a faculdade pela parte da manhã fui para o meu estágio em uma clínica veterinária e geralmente Jake passa para me buscar, mas hoje tivemos uma cirurgia de emergência em um cãozinho que fora atropelado e o caso era grave. Após andar mais uns cinco minutos vejo mais a frente um posto de gasolina, ótimo, dá para eu me abrigar até a chuva passar mais um pouco falo em pensamento. O posto de gasolina está praticamente vazio e vou até a loja de conveniência ver se há algo quente para vender. Após fazer o pedido ouço o sininho da porta e vejo sem sombra de dúvidas o homem mais lindo que eu me recordo ter visto na vida adentrando o estabelecimento, e ele segue em direção ao setor de doces e parecendo que sentiu o meu olhar ele direciona o dele na minha direção, e como se fosse pega por um crime abaixo o olhar sentindo meu rosto queimar de vergonha. Nunca jamais que um homem desse olharia para mim, deixa de imaginar besteiras Isabella Swan, digo me recriminando.

— Senhorita pode sentar em uma das mesas que levo o seu chocolate quente – apenas pego o meu troco e vou me sentar, mas...não talvez seja impressão minha, mas sinto que talvez ele esteja olhando para onde eu estou.

— Com essa chuva realmente um chocolate quente vai bem – ouço alguém falar e simplesmente senta na mesa comigo, e quando levanto meu olhar vejo que é ele...sorrindo?

— É...é sim – digo gaguejando, ótimo Isabella seja patética.

— Eu não havia percebido que meu carro estava quase sem combustível e acabei parando aqui por sorte, fui tentar driblar o congestionamento de Seatle, mas não fui muito bem - sério? Ele estava tentando puxar assunto comigo?

— Desculpa...mas...mas você costuma fazer isso com todo mundo?

— Fazer o que? – me questiona.

— Sentar na mesa dos outros assim? – pergunto dando de ombros.

— Apenas de quem me chama atenção – ok, a piada já passou dos limites.

— Escuta aqui...- quando eu ia completar apenas ouço o sininho da porta e gritos.

— ISSO É UM ASSALTO PASSA A GRANA FILHO DA PUTA – quando olhamos para o caixa tem dois caras armados rendendo o atendente, sinto meu corpo paralisar com a situação mais ainda quando vejo um deles olhar na nossa direção e vir até nós.

— PASSA A GRANA AGORA – ele diz apontando a arma para nós dois.

— Aqui – responde o homem que estava comigo entregando algumas notas e a carteira para o assaltante.

— E VOCÊ ROLHA DE POÇO ESTÁ SURDA? PASSA A GRANA – ele ameaça direcionando a arma para mim.

— Ow, calma ai cara eu já te dei o que você queria – diz o homem já em pé com as mãos para cima – Deixa a moça.

— CAI FORA PLAYBOY O PAPO É COM ELA – ele fala vindo na minha direção e sinto o meu sangue sumir, não consigo mexer meu corpo – VOCÊ TÁ SURDA? – ele pergunta mais uma vez e meu rosto vira quando sinto o tapa que ele acabou de me dar.

Não consigo raciocinar até que vejo como se fosse em um borrão o estranho que estava conversando comigo se atracar com o assaltante tentando desarmá-lo e tudo aconteceu de forma rápida, ouço tiros e o estranho cair no chão com ele o socando, vejo que a arma caiu para longe dele.

— SCOTT A POLÍCIA – ouço o outro ladrão gritar e sair correndo da loja, quando olho para os dois vejo ele jogar o estranho para longe e o vejo sangrando, o estranho vem na minha direção e eu o ajudo a se levantar, quando olho de volto para o bandido ele está com a arma levantada e tenho apenas a ação de me colocar na frente do estranho o olhando e ficando de costa para o bandido tentando protegê-lo e ouço dois tiros.

— NÃO – vejo o estranho grita, mas o que vejo em seguida é apenas a escuridão me tomando.