Título – L'Ame Immortelle

Resumo: Mu tem a capacidade de ver espíritos, e acha que ninguém pode ajuda-lo. Mas o que ele fará quando descobrir que não é bem assim? MuxShaka

Disclaimer: Nenhum dos Cavaleiros me pertence, todos são de direito do titio Masami Kuromada, ta certo que se eles fossem meus não seriam tão tortos como no mangá, mas, deixando isso de lado, eu não ganho nada escrevendo isso, apenas escrevo porque gosto muito!

Boa diversão!

Música Tema – "Auf Deinen Schwingen" (L'Ame Immortelle)

Parte I

"Esconda as cicatrizes para manter afastado...

Porque acho que você não confia
Em meu suicídio politicamente correto...?
Eu choro quando anjos merecem morrer!"

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-Mamãe! Mamãe! Não me deixe aqui no escuro! Mãe, eu estou com medo! – Gritava e corria em direção a sua mãe, mas não a alcançava, cada vez ficava mais longe, até desaparecer – Mãe!

O escuro, em sua totalidade e assombro... O verdadeiro trauma? A solidão...

A solidão no quarto escuro.

Mu acorda de sobressalto, suando.

"Porque diabos este sonho de novo...Já faz...Tanto tempo" – Ele olha no relógio, para não perder o costume, se espreguiça e se levanta, pronto para um novo dia. Depois de um banho e um bom café, já estava pronto para a escola e com forças renovadas.

Como estava um pouco atrasado, foi correndo para o colégio. A verdade era que nunca foi muito bom com horários.

Ao chegar na sala, o professor havia acabado de entrar e por pouco, permite sua entrada, se senta no lugar de sempre, ao lado de Afrodite, seu grande amigo.

-Chegando atrasado de novo? – Fala, irritando o outro

-Ah, não enche Dite, só porque você tem cisma em horários, não quer dizer que todos sejam assim...

-Eu gosto de ser perfeito, obrigado.

-Eu nunca disse isso... – E assim, os dois riem baixo

Gostava da rotina que estava submetido, estava acostumado com ela. Todos os dias acordava, um pouco atrasado, é claro, corria como um louco para se aprontar, ficava pronto e então corria para a escola, somente para ficar sentado do lado de Dite, zoando baixo durante todas as aulas.

Uma vida perfeitamente normal, como qualquer outro adolescente comum, e embora ele de fato não fosse comum, nesses pequenos momentos, se sentia.

As aulas demoraram a acabar, sendo um daqueles dias longos, que parece que nunca vão acabar, onde parece que quando se passou meia hora, na verdade, foram transcorridos apenas cinco minutos...

Ainda assim, o tempo passa, devagar ou rápido, de fato não importa.

Depois do término das aulas, acabou por ficar no colégio para ajudar na preparação de um evento que se aproximava, mesmo não gostando de voltar tarde para casa, não pôde negar o pedido do amigo.

Uma vez que todo o trabalho permitido para o dia foi feito, Mu se esgueirou rapidamente para os armários, onde pegou rapidamente alguns de seus livros, os pôs na mochila e correu para a rua.

Caminhava apressado, havia acabado se atrasando e saindo muito tarde do colégio, já estava escuro. Deviam ser umas oito horas.

"Como o tempo passa rápido quando nos distraímos!" – Pensa enquanto se apressava para chegar em casa.

Não que alguém se preocupasse com a demora de Mu, mas aquela rua pela qual tinha de passar era perigosa, então quanto mais cedo melhor. O rapaz morava sozinho há algum tempo, assim como se sustentava também.

Nos fins de semana trabalhava em uma lojinha de conveniências que ficava bem ao lado de seu apartamento e outros três dias por semana, de tarde, logo após a aula, trabalhava em uma confeitaria. Não eram exatamente os melhores trabalhos do mundo, mas era honesto e ele conseguia sobreviver.

Sentiu alguém atrás de si, assustou-se e olhou para trás, mas nada viu. Apressa então, ainda mais, o passo, se sentia enjoado e, infelizmente, tinha certeza do que vinha a seguir. Cobriu a boca com a mão para não vomitar. Caiu de joelhos no chão, não conseguia respirar direito. Então ele viu, uma menina com a camisola de hospital e uma faixa enrolada na cabeça.

-Ajude-nos... – Ela murmurava. Mu se levantou e começou a correr, fugia da visão, do pesadelo que ela significava, correu até não agüentar mais, até não saber mais onde estava, só não podia ficar ali. Sentou-se no chão, encostando-se na parede, estava suado e repetia a mesma coisa sem parar

-Não posso ajudar! Não posso ajudar! Desculpe-me, não posso ajudar... - A voz sumindo na escuridão da noite.

Shaka voltava para casa tarde da noite, já passava das duas! Quando se envolvia no trabalho, se desligava do relógio e tudo mais que pudesse haver em volta.

"Como o tempo passa rápido! Nem vi que estava tão tarde!" – Pensava o homem, que, apesar de ser rico e ter muitos carros a sua disposição, se assim os quisesse, preferia e adorava caminhar. Caminhava tranqüilamente, olhando a paisagem de todos os dias, os grandes casarões, encobertos pelas sombras da noite, misteriosos, frios e fechados...

Adorava aquelas ruas e aquelas mansões, fazia questão de passar ali todos os dias, mas, quando estava passando na frente de uma loja há muito, fechada, reparou que alguém estava sentado, encolhido, encostado na porta. Já ia saindo quando viu uma mochila jogada no canto e reparou que a pessoa vestia roupas de estudante.

"Droga! Minha consciência não vai ficar tranqüila se eu não ajudar! Será que ele está bem?"

Aproximou-se com cautela até se abaixar ao lado da pessoa que parecia adormecida.

-Está tudo bem? – Pergunta, baixinho, colocando a mão na cabeleira lilás. Para a sua surpresa, a pessoa teve uma reação brusca, empurrando sua mão para longe.

-Não...não encosta...não posso ajudar... – Falava baixo. Os olhos verdes fitavam os azuis. Então, o loiro notou que o outro tinha o rosto avermelhado.

-Está tudo bem – Shaka pousou a mão na testa do outro – Você está queimando em febre! O que aconteceu com você? – Mas o outro apenas fechou os olhos lentamente – Ótimo! E ele ainda desmaia! – Reparando melhor, o garoto que possuía feições delicadas era extremamente bonito. Mas não era hora para pensar naquilo!

O loiro se levantou, pensou um pouco, coçou a cabeça.

-Droga! Se eu tivesse vindo de carro! – Fala para si mesmo – "Mas aí, provavelmente não o veria"

-Ótimo! – Coloca a mochila do outro nas costas e pega-o no colo – "Até que ele é leve..."

Shaka faz o resto do percurso para casa carregando o estudante no colo. Logo que chegou em casa, apoiou as pernas do estudante no chão e com dificuldade destrancou a porta, acendeu a luz e colocou-o no sofá.

"Já não sou tão jovem como antigamente, não consigo fazer tanto exercício!" – Reclamava mentalmente enquanto tratava de fechar a porta da casa.

-E agora, o que eu faço? Já o carreguei até aqui, vou cuidar dele... – Shaka pegou um cobertor, cobriu o suposto doente e depois colocou em sua testa um pano úmido. Olhando a cena levemente pensativo, resolveu que por hora, aquilo estava de bom tamanho e que deveria tomar um banho, para relaxar, e depois veria se poderia fazer algo mais, e assim o fez.

Uma vez banhado, desceu as escadas tranqüilamente, já se sentindo uma nova pessoa e viu que o jovem ainda dormia, então, a passos lentos foi até a cozinha e pegou um copo de água na geladeira, voltando logo em seguida. Encostou-se no batente da cozinha e ficou observando aquele que estava deitado no sofá.

O desconhecido dormia tranqüilamente, aspirando com calma. Parecia um anjo, de tão belo que era.

"Talvez ele tenha a identidade na mochila, ou o telefone de para quem ligar".– Pensa Shaka, que mexe na mochila de Mu, mas não acha nada.

"Pelo menos de acordo com o R.G. dele, se chama Mu Ueda, hum, dezessete anos e está, de acordo com a carteirinha de estudante, no terceiro ano do colegial... Mas nenhum telefone..."

Tinha um pouco de medo que aquele menino estivesse metido em algum problema, como drogas, ou tivesse apanhado de alguma gangue, mas ainda assim, o que fazer? Chamar uma ambulância e deixá-lo passar a noite no hospital?... Afinal, não tinha achado nada que o fizesse um viciado nos seus pertences...

-Não posso ajudar... – Murmura Mu mais uma vez

Shaka o encara alguns instantes – Melhor eu ficar aqui com ele. – E dizendo isso, se senta ao lado de Mu. Se ficasse ali, ainda poderia vigiá-lo, para que o colegial não tivesse a chance de roubá-lo.

-Não se preocupe, está tudo bem... – Murmura baixo na orelha do colegial, enquanto retira alguns fios de cabelo de sua face, aquilo pareceu acalmar o adormecido que parou de se mexer e de falar dormindo. O loiro sorri de leve e, depois de algum tempo ali, acaba por adormecer...

Shaka acorda de manhã e encontra um par de olhos verdes encarando. Sorri de leve e se espreguiça.

-Bom-dia... – Fala, sonolento – Como se sente?

-Bem é...O que eu estou fazendo aqui? – Pergunta sem graça, não sabia como havia parado ali e isso o incomodava um pouco. Cora levemente com os pensamentos que passam por sua cabeça.

-Eu encontrei você no meio da rua, como você estava com febre, eu te trouxe para a minha casa. Aquele jeito definitivamente, não era o de um viciado ou ladrão, então, como por mágica, todas as suas suspeitas desapareceram, e Shaka chegou a se sentir um pouco bobo por sequer ter pensado na possibilidade.

-Ah...Desculpe o incômodo... – Dizendo isso, Mu se levanta rapidamente e pega suas coisas que estavam no chão, perto do sofá, desajeitadamente, quase caindo ao fazê-lo.

-Espere! – Fala Shaka se levantando e fazendo o outro lhe encarar

-Não quer, ao menos, tomar um café?

-Acho que já abusei demais da sua hospitalidade.

-Tem razão, seus pais devem estar preocupados...

-Meus pais não moram comigo! – Corta Mu, rapidamente, visivelmente nervoso. Não gostava do rumo daquela conversa...

-Então não vejo o por quê de recusar o convite de um simples café da manhã, afinal, eu te salvei ontem. – Shaka sorri, persuasivo.

-Está bem... – Mu põe a mochila no chão e depois de sorrir de volta para o loiro, o segue para a cozinha, ainda, encantadoramente sem jeito.

"Mal sabe ele a encrenca em que está metido, ficando aqui comigo..." – Pensa o de cabeleira cor de lavanda, preocupado.

Depois do café, Shaka levou-o para casa. Sem tempo de fazer qualquer outra coisa que não fosse um banho rápido, Mu foi para o colégio, novamente atrasado. Ficou a olhar pela janela, esperando o dia passar, não estava com vontade de ver nada e nem ninguém, o horário então acabou por passar mais rápido do que pensava e, logo, o rapaz saia do colégio. Quando estava na escada da saída, apareceu a única pessoa que se importava com ele naquele colégio e também, o único com que se importava.

O amigo se aproxima.

-Mu! – O rapaz de cachos sorri e se aproxima – Você está bem? Chegou mais atrasado do que o normal hoje.

-Não se preocupe Afrodite, eu estou bem. Apenas não me sentia bem, só isso – E Mu dá um sorriso tranqüilizador para o amigo.

-Que bom! Fiquei preocupado! É uma pena que não tivemos tempo de conversar hoje, quase não nos encontramos. Mas o que eu queria avisar é que seu irmão está te esperando na porta

-Meu irmão? – Mu se precipita e começa a correr escada a baixo – Obrigado pelo aviso Dite, até amanhã! – E dizendo isso, o garoto faz a curva na escada, deixando o amigo para trás, que ainda lhe sorria, levemente confuso.

Mu correu até alcançar os portões do colégio, onde, realmente, seu irmão o aguardava parado na frente de um carro da cor gelo, fora de suas roupas formais e ternos, calçando apenas uma calça jeans e uma blusa azul, combinando com seus cabelos.

-Milo! O que você faz aqui? – Pergunta o estudante ao irmão que ao vê-lo, apenas sorri, feliz em vê-lo bem.

-Não seria melhor dizer "é um prazer me encontrar com você maninho querido" ou, pelo menos "fiquei com saudades?" Assim vou me sentir indesejado... - Brinca, como sempre, carinhoso.

-Está bem! – Mu abraça o irmão e murmura um "estava com saudade..." – Agora, o que você faz aqui, se você nunca vem me ver? - O ariano não se deixava levar...

-Não sei se eu te disse, mas o meu namorado, Camus, trabalha com comércio exterior, e por acaso, ele é muito amigo do chefe dele...

-Seu namorado te traiu? – Pergunta Mu, não entendendo aonde aquilo iria chegar.

-NÃO! Óbvio que não, o Camus jamais faria uma coisa dessas, mas me deixa terminar, tá legal cabeçudo? – Milo percebe que Mu ria e ri também, logo os dois resolvem ir comer alguma coisa, e continuarem a conversar no caminho, saindo do meio da rua e entrando no carro do mais velho. Milo então, prossegue com sua história.

-Agora, continuando de onde eu havia parado, Camus foi almoçar com Shaka hoje e este lhe contou que havia encontrado um menino na rua ontem, e disse que seu nome era Ueda, Camus, preocupado, me ligou e me contou o ocorrido e eu vim te ver e saber o que aconteceu.

Ambos permaneceram calados por um tempo até que Mu retomou a palavra – Fazia seis meses...Seis meses que eu não via nada, mas ontem, quando eu estava voltando para casa, eu vi um espírito de uma menina me pedindo socorro, e você sabe que todas as vezes que eu vejo esse tipo de coisa, eu passo mal. - Sabia que enrolar não iria funcionar, não com Milo, então acaba confessando de uma vez, que era o melhor a fazer.

Milo apenas prestou atenção no que o seu irmão dizia, e depois daquilo, não comentaram nada mais sobre o ocorrido, era desconfortável tanto para um quanto para outro falar sobre aquilo. Não queriam se lembrar do passado.

De início, Mu disse que naquele dia precisaria trabalhar, mas Milo, que já havia pensado em tudo, avisou-lhe que já havia ligado para o dono da confeitaria, explicando para o senhor que Mu não se sentia bem, e conseguindo-lhe uma semana de folga, e embora o caçula não tivesse ficado muito contente com a notícia, aceitou-a, afinal, não era sempre que tinha a oportunidade de ver seu irmão.

Passaram o dia juntos, apenas falando de assuntos leves, como os dias haviam transcorrido dos dois lados, o dia, como todos os dias amenamente divertidos, acaba rapidamente. Depois de jantarem tranqüilamente, Milo insistiu que, pelo menos naquela noite, fosse para casa dele, Mu, sabendo que não passava de um sentimento de proteção do irmão, aceitou, mesmo que não gostasse de se meter na casa dele, se fosse para fazê-lo se sentir melhor...

No dia seguinte, o de cabelos azuis o levou para o colégio logo pela manhã. Novamente, Mu apenas esperou o dia passar, estava muito desanimado, não gostava que os outros se preocupassem com ele, principalmente Milo, que era a única pessoa que tinha como família!

Com a ajuda de Afrodite, se sentiu um pouco melhor e, depois de muita conversa, o garoto delicado convenceu Mu que o ajudasse, mais uma vez com as preparações para a festa do colégio.

Saiu tarde, mais uma vez e se apressou, afinal, não era como se quisesse se encontrar com a garotinha novamente, mas aquilo foi, praticamente inevitável. Quando estava passando mais ou menos pelo mesmo trecho do dia anterior, sentiu um cheiro terrível, parecia ser enxofre, seguido daquela horrível sensação de enjôo.

"Droga!" – Sem se importar muito com mais nada, Mu correu como da última vez, até sentir que estava livre.

Respirou fundo, vendo-se livre da incômoda visão, mas, apesar disso, sua cabeça ardia muito e se sentia tonto, começou a se apressar e esbarrou em alguém sem perceber – Me desculpe – Murmura sem olhar o rosto da pessoa

-O que aconteceu com você? – Pergunta o rapaz de voz conhecida – Parece que sempre que eu te encontro você está assim! – Ao ouvir aquela voz e aquele cheiro, que no momento lhe pareceram tão familiares, Mu foi relaxando e sentindo a cabeça girar.

-Diga a menina que não posso ajuda-la... – Fala Mu, completamente sem noção do que falava, já delirando com a febre alta.

-"Ele falou uma coisa parecida ontem" – Pensa – Que menina Mu? – Pergunta rapidamente, curioso sobre o que tudo aquilo se tratava.

-Ao espírito dela... – E dizendo isso, Mu desmaia, novamente, nos braços do loiro.

-Espírito? – Fala Shaka em voz alta, muito surpreso com a resposta.


O trecho do começo é a tradução de um pedaço da música Chop Suey! Do System of a Down!

1 – L'Ame Immortalle quer dizer "Alma Imortal" em francês.