Capítulo 1 - A foto

Harry estava em seu quarto fazendo, pela quarta vez desde que chegara da escola, o dever de Poções; ele sabia que estava péssimo e que Snape, com toda certeza, deixaria isso bem claro para ele na primeira aula do ano. Por mais que lesse toda a questão, olhasse todo o livro sobre o assunto e ainda puxasse da memória, não conseguia lembrar de como elaborar a poção da Paz. Tudo bem que ele se dera muito mal quando a fez no ano anterior, mas havia motivo para ficar tão distraído agora? Talvez o fato da cena da morte de Sirius vir a sua cabeça a todo o momento, ou também pelo fato de descobrir que, para sobreviver, teria que matar o mais terrível bruxo do universo, ou – como ele descobriu após consultar o relógio – o simples fato de que faltavam três minutos para começar o jornal da dezenove horas.

Desceu as escadas, devagarinho, com a intenção de não ser notado. Tia Petúnia estava na cozinha terminando o jantar, Duda estava "tomando chá com os amigos" e tio Válter estava na sala assistindo ao programa de prêmios que terminaria em exatos dois minutos. Sentou no chão com as costas apoiadas no sofá. Tio Válter o olhou e fingiu que ele não estava lá. Era isso que ele fazia há dois dias, quando Harry chegou de Hogwarts.

Harry Potter era um menino magricela, de cabelos pretos, aparência doentia e com uma cicatriz em forma de raio na testa; uma cicatriz que por sinal vinha lhe trazendo grandes problemas. Ele crescera aproximadamente quatro centímetros desde o último verão, o que o deixara bem contente porque, em comparação com seu amigo Rony Weasley, Harry era muito baixo. O garoto usava uma jeans nova e uma camisa sem mangas, estava muito cansado de usar aquelas calças desbotadas e as camisas que eram pelo menos cinco números maiores que o dele. Harry pegara no Gringotes uns poucos galeões e pediu aos duendes para trocarem por dinheiro trouxa, assim poderia comprar roupas novas.

Quando o apresentador do programa de prêmios deu um "boa noite", Harry pôs sua atenção na televisão – antes ele estava muito entretido em olhar pela janela um chuvisco de verão que caía. Depois de dois comerciais, o jornal começou. O apresentador anunciou as notícias : nos Estados Unidos, partidos oficializaram seus candidatos em convenções nacionais; Ministro foi acusado de lavagem de dinheiro; equipe de football da Alemanha venceu campeonato europeu e (a notícia que pra Harry era a mais interessante) estranhos ataques no sul da Irlanda deixaram muitos irlandeses alvoroçados.

– Só porcaria! – exclamou tio Válter e desligou a televisão sem se importar com Harry.

– Eu estava vendo! – exclamou Harry, enfurecido.

– E o que isso me interessa, moleque? Você não tem direitos nesta casa! – disse tio Válter como se estivesse falando com um verme.

– Claro que tenho direitos, moro aqui! E a última notícia anunciada é importante!

– Por que irlandeses idiotas são importantes? Isso é só o trabalho de um bando de gente que não tem o que fazer e que se ocupa matando pessoas, ou seja, o mesmo de sempre.

– Não! Isso é o trabalho do Voldemort que quer, e vai, matar um monte de pessoas! – gritou Harry.

Tio Válter o olhou espantado e tia Petúnia veio correndo da cozinha quando ouviu o nome de Voldemort. Os dois se encararam por alguns momentos, calados.

– Deixe-o ver o jornal Válter. – ela disse e voltou para a cozinha.

Harry a olhou curioso, mas logo se esqueceu dela quando dez minutos depois o apresentador falou sobre os ataques na Irlanda. A notícia era de várias pessoas que morreram sem sinal de agressão física, nem uma espécie de corte ou nenhum tiro, pareciam que apenas estavam dormindo e tendo pesadelos a julgar pelas caras de espanto que eles conservavam. Outras pessoas que eram vizinhas das vítimas, diziam que não se recordavam do que acontecera na noite anterior, que só lembravam de ouvir vários barulhos de portas e que depois era como se tivessem dormindo daquela hora até a manhã do dia seguinte.

Harry logo imaginou que o pessoal da Ordem ou até mesmo o Ministério, usaram um feitiço da memória nessas pessoas, mas isso o preocupava afinal, até então, Voldemort não fizera ataques tão abertos assim.

Seguiu para seu quarto sem jantar, não tinha nenhuma fome. Sentou em frente ao dever de poções, o encarou como se fosse um dos explosivins de Hagrid e colocou de volta na mochila. Harry pegou sua Firebolt e o estojo de manutenção que Hermione lhe dera, começou a polir a vassoura e sentiu uma lágrima cair, lembrara-se da emoção que sentiu ao ganhá-la há alguns natais atrás e depois a carta de Sirius dizendo que ele comprara a vassoura para o garoto, lembrou de Sirius em forma de cão o assistindo jogar Quadribol; lembrou do dia em que foi à caverna e ficou conversando com o padrinho; do natal passado em que ele estava muito contente de ter Harry ao seu lado. Lembrou dele lhe dizendo que era muito parecido com o pai; do dia em que o defendeu de Snape e sobretudo lembrou de sua morte, a sua dolorosa morte que corrompia dentro dele, que o fazia sentir vontade de deixar Voldemort matá-lo, que o fazia sentir mais sozinho que nunca.

Harry largou a vassoura e deitou-se. Não sentia sono, mas como Edwiges saíra para caçar ratos, não havia ninguém para conversar. Decidiu ficar quietinho no seu canto e depois de muito tempo, adormeceu.

No dia seguinte, Harry acordou com o barulho de uma coruja batendo na janela. Rapidamente levantou, pegou o Profeta Diário que a coruja trazia e lhe deu uma moedinha. Logo na capa, ele viu a enorme manchete sobre os ataques na Irlanda. A matéria dizia:

Ataques na Irlanda podem ser obra de Você – Sabe – Quem!

– Claro que é obra do Voldemort! – exclamou Harry, irritado.

Treze trouxas e três bruxos morreram ontem no sul da Irlanda. Segundo investigações, foi usado o Avada Kedrava para matar todos eles que, provavelmente, foram surpreendidos, pois não havia sinal algum de reação, tanto dos trouxas quanto dos bruxos; em suas faces, eles conservavam apenas o espanto. Dentre os bruxos mortos podemos citar dois: Felix Gastroo e Wuarrington Yves. O outro bruxo, a pedido da família, não será nomeado.

Entretanto, os vários trouxas que presenciaram a matança esqueceram o ocorrido por causa de um ótimo feitiço de memória usado por obliviadores do Ministério Irlandês.

Todos estão muito nervosos com o ocorrido; a situação é lamentável. Apesar de Alvo Dumbledore ter assumido o cargo de Ministro da Magia temporariamente, é necessário que ele ou outra qualquer pessoa seja eleita rapidamente para algo ser feito sem contrariar nenhuma lei e também para ficarmos mais tranqüilos.

Harry leu mais uma vez a notícia, com raiva de Voldemort e, cheio de vontade de enforcá-lo, ele desceu para o café.

Os dias que passaram foram muito tristes, Harry via todos os jornais ("Garoto maluco!", "O que isso te interessa?", "Porque você é tão diferente do Duda, hein, moleque? Ele não vê jornais, isso é para adultos; você que não passa de um pirralho metido!" repetia Tio Válter sempre que era possível) mas não recebia nenhuma notícia, o Profeta só falava de futilidades até que no dia primeiro de agosto, houve uma notícia no jornal que fez Harry sorrir de orelha a orelha. Um presente de aniversário que viera um dia atrasado, mas não tinha importância: Umbridge fora mandada para Azkaban!

Harry pegou a faca e cortou um pedaço bem grande de bolo que a Sra. Weasley lhe mandara. de aniversário. Olhou para os presentes que os amigos haviam mandado; Hermione lhe dera uma miniatura de um campo de Quadribol com jogadores que jogavam de verdade, o apanhador parecia muito com Harry; Rony lhe dera um Pântano Portátil, que obviamente conseguira com Fred e Jorge; os gêmeos lhe deram um novo produto que eles havia fabricado, o "Balaço Gosmento", um balaço que quando batiam nele com um bastão saia uma gosma de dentro; o Sr. E a Sra. Weasley lhe deram o bolo e um suéter; Hagrid lhe mandara vários biscoitos que ele mesmo fizera e um pacote de doces sortidos da Dedosdemel; Lupin lhe mandara uma foto dele com Sirius, Tiago, Lilian e um bebê no colo da mulher. Harry sorriu e ficou muito contente de Pettigrew não estar ali na foto. Todos acenavam para ele pai estava com o braço envolto ao pescoço de sua mãe e ele parecia brincar com o Harry-bebê; sua mãe, Sirius e Lupin olhavam para Tiago e riam dele. Sem dúvidas, era o melhor presente que ganhara.

Harry, depois de se divertir com todos os presentes, os guardou. Quando pegou o envelope mandado por Lupin que continha a foto de seus pais, a colocou no álbum e, sem querer, deixou o envelope cair percebendo assim uma carta que não havia notado no dia anterior. Ele a abriu e leu na grafia do ex-professor:

"Parabéns Harry,

Espero que tenha gostado da foto, antes de mandá-la eu tirei uma cópia, pois ela me lembra um dia muito alegre, nós fomos a Hogwarts para lhe mostrar a Dumbledore, você devia ter uns 20 dias de vida, sua mãe se pudesse não sairia de casa com você nunca, mas Dumbledore queria muito lhe ver. Como ela e Tiago tinham muita estima por ele, o levaram até lá. Acabou sendo um dia muito divertido, depois que Dumbledore o viu, nós ficamos no castelo. Lilian e eu ficamos vendo seu pai e Sirius jogando Quadribol, muitos alunos pararam para vê-los também e os jogadores do time da Grifinória da época jogaram junto com eles. Tiago e Sirius, como se fossem professores ensinavando a uma turma de alunos de 8 anos; diziam todos os macetes do jogo, falavam para os jogadores que ainda tinham muito que aprender. Depois, nós tiramos a foto e fomos cada um para sua casa. Foi a última visita à Hogwarts em que nós quatro estivemos juntos, a primeira e única de nós cinco. Lembro como se fosse hoje. O Rabicho não foi, no dia nós não o encontramos em parte alguma.

Amanhã Tonks, Olho-tonto, Quim Shacklebolt e eu iremos buscá-lo, vamos para a sede da Ordem. Hermione chegou ontem e os Weasley foram direto para lá, a Toca já não é tão segura. Estaremos na casa de seus tios às 15 horas, arrume seu malão, prepare sua vassoura e avise seus tios.

Um abraço,

Remo Lupin."

Harry sorriu radiante, iria encontrar seus amigos.