Título: Apenas um Beijo
Autor: Bellarus
Casal: Severus Snape x Harry Potter
Censura: T
Aviso: Inclui (pouquíssimas) referências ao sexto livro (spoilers)
Gênero: Romance
Resumo: Snape encontra Harry caminhando na Floresta Proibida e resolve lhe dar uma lição.
Disclaimer: Os direitos pertencem a J. K. Rowling, e não estou ganhando nada com isso.
Apenas um Beijo
A Guerra contra Voldemort estava terminada. Houveram perdas de ambos os lados, mas o Lord das Trevas e todos os seus seguidores finalmente haviam sido derrotados. Infelizmente, a Ordem de Fênix também perdera alguns de seus membros, dentre eles Alastor Moody, que morreu lutando bravamente contra Lúcius Malfoy, e Remus Lupin, que matou Bellatrix Lestrange.
A profecia se cumpriu, e Harry Potter era agora o Menino-Que-Matou-Você-Sabe-Quem. Não que ele se importasse com isso. Estava esgotado com tudo o que acontecera, e agora só queria ser deixado em paz para terminar seus estudos em Hogwarts e seguir sua carreira de auror sem toda aquela pressão de salvar o mundo.
Passara o último ano perseguindo e destruindo Horcruxes, e não pudera se formar junto com seus amigos. Mas Minerva McGonagall, que assumiu como Diretora de Hogwarts após a morte de Dumbledore, abrira uma exceção e Harry pode retomar seus estudos. Afinal, pensou Harry, com ironia, matar o maior bruxo das trevas que já existiu tem suas compensações.
Faltavam poucas semanas para terminar o último ano, para felicidade de Harry. Suportar um ano inteiro de estudos sem a companhia de Rony e sem a ajuda de Hermione fora um suplício. Principalmente nas aulas de Poções.
Ao contrário do que esperava, o Profº Snape era realmente fiel a Dumbledore, e conseguiu provar que tudo o que fizera fora a mando do diretor. Com o final da guerra, Severus Snape se tornou muito respeitado entre os bruxos, a ponto de poder escolher qual matéria desejava ensinar em Hogwarts. Para espanto de todos, continuou dando aula de Poções, e nunca mais demonstrou interesse por Defesa Contra as Artes das Trevas.
Talvez ele tenha medo da tentação, pensou Harry, maldoso, para se arrepender no momento seguinte. Era sempre o que acontecia quando pensava em Snape. O velho hábito de desconfiar do professor nunca o abandonou, apesar de acreditar em sua inocência.
Mas isso não havia melhorado o relacionamento dos dois. Continuavam se detestando.
Harry estivera sentado, sozinho, observando o lago silencioso. Aquele virara seu lugar favorito, seu refúgio, ia lá praticamente todos os dias.
Mas naquele dia nem mesmo as águas calmas do lago conseguiram aquietá-lo. Decidiu caminhar um pouco e acabou entrando na Floresta Proibida. Não pensou que aquele lugar era proibido para alunos, ou no que Filch faria se o pegasse ali. Nunca se importara muito com regras.
Depois de andar por vários minutos, Harry chegou a uma clareira cheia de plantas estranhas. Seu coração disparou quando viu seu professor de Poções ajoelhando arrancando algumas daquelas plantas. Tentou dar meia-volta, mas naquele momento Snape virou a cabeça e o encarou, os olhos negros adquirindo aquela expressão reprovadora que sempre assumiam quando o viam.
Estou ferrado! – pensou Harry, observando o professor se levantar e vir em sua direção.
- Er... Professor... O que está fazendo aqui? – perguntou Harry, sem pensar.
- O que eu estou fazendo aqui? Se bem me lembro, Potter, os alunos eram proibidos de andar pela Floresta Proibida. Por acaso o regulamento mudou e ninguém me avisou?
- N-não, não mudou. Os alunos não podem vir até a Floresta. Só os professores podem. – respondeu Harry, olhando para o chão.
- Ah, foi o que pensei. E por acaso o senhor foi contratado como professor e também não me contaram? – perguntou Snape, com sarcasmo.
- Não, senhor. – respondeu Harry, ainda olhando para o chão.
- Ah, foi o que pensei também. – respondeu Snape, cada vez mais irônico – Então o senhor poderia estar aqui, Sr. Potter?
- Não, senhor.
- Isso quer dizer que o senhor estava infringindo o regulamento da escola outra vez, não é verdade?
- Sim, senhor. – respondeu Harry, baixinho.
- Desculpe, não ouvi. O que disse?
- Sim, senhor, eu estava infringindo o regulamento da escola! – gritou Harry, furioso, olhando para o rosto zombeteiro de Snape, que estava se divertindo em atazaná-lo..
- Eu não sou surdo, Potter, se levantar a voz novamente lhe darei uma detenção até o último dia de aula. – disse Snape, calmamente.
Harry não respondeu nada, apenas ficou encarando os olhos negros do professor de Poções com fúria, imaginando mil formas de azará-lo.
- Só em seus sonhos, moleque. Você nunca seria capaz de me atingir com um feitiço. – respondeu Snape, divertido.
Harry ficou surpreso por um segundo, e irritado no momento seguinte. Odiava quando Snape invadia sua mente daquele jeito.
- Por que você tem que ficar lendo o pensamento dos outros? Isso é horrível, sabia! – falou Harry, irritado.
- Seus pensamentos são tão claros que não preciso usar Legilimência para sabê-los. Você praticamente joga o que sente na cara das pessoas.
- O que? Quer dizer que você não estava invadindo minha mente? – Harry não acreditava naquilo.
- Já disse, não preciso fazer isso. Você nunca soube esconder o que pensa, nunca teve sutileza...
- Não sei fingir como você, não é? – acusou Harry.
- Exatamente, moleque. – Os olhos de Snape brilhavam, perigosos. – Você não tem talento, Potter. Nenhum talento. Não conseguiria me atingir nem que eu estivesse de costas, desarmado. Você é só uma criança birrenta. – finalizou, virando de costas e se afastando. – E a propósito: 50 pontos a menos para Grifinória por estar andando na Floresta Proibida.
Aquilo tudo fez o sangue de Harry ferver de tanta raiva. Sem pensar no que estava fazendo, tirou sua varinha de dentro das vestes e apontou para as costas de Snape.
- Estupef...
Mas antes que lançasse o feitiço, Snape deu um giro, sacando sua varinha e gritou:
- Impedimenta!
Harry foi jogado para trás, batendo as costas sobre uma imensa árvore que estava atrás dele. Apontou novamente a varinha para Snape, mas novamente o professor foi mais rápido:
- Expelliarmus!
A varinha de Harry voou para as mãos de Snape e ele ficou parado, encostado na pedra, vendo o professor se aproximando lentamente, com uma expressão de superioridade no rosto.
- Exatamente como eu disse, Potter. Você nunca conseguiria me atingir, nem pelas costas. Você ainda é uma criança mimada.
- Eu não sou criança! – gritou Harry, com raiva por ter sido vencido tão facilmente por Snape.
- Claro que é. – provocou Snape, parando na frente de Harry, que ainda estava encostado na árvore.
- Não sou! Já tenho 17 anos, já sei fazer muitas coisas!
- É mesmo? – Snape levantou as sobrancelhas, desdenhoso. Guardou as duas varinhas e se aproximou mais, colocando as mãos de cada lado da cabeça de Harry, prendendo-o contra a árvore. – O que você sabe fazer, Potter?
Harry ficou surpreso com a malícia na voz de Snape, e incomodado com aquela proximidade. Ia mandá-lo se afastar, mas quando olhou nos rosto do professor viu o sorriso debochado que demonstrava que ele estava achando tudo aquilo muito engraçado.
Ele está brincando comigo, está me desafiando! Ele acha que eu vou sair correndo, apavorado, deduziu Harry. Ele vai ver só!
- Muita coisa, Snape – respondeu, erguendo o rosto e entreabrindo os lábios. Esperava que aquilo bastasse para espantar o professor, vencê-lo em seu próprio jogo, mas Snape apenas sorriu e se inclinou sobre Harry, beijando a boca convidativa.
Harry estremeceu, não esperava aquilo, não queria aquilo!
Fechou a boca e tentou empurrar Snape, mas o professor pressionou seu corpo contra o dele e segurou seu rosto com uma das mãos, prendendo-o contra a árvore. Continuou tentando se soltar, até Snape insinuar o joelho entre suas pernas, fazendo uma pressão suave no membro de Harry.
Surpreso com a carícia e com o choque elétrico que percorreu seu corpo, Harry gemeu e entreabriu os lábios, e Snape, aproveitando o momento, voltou a beijá-lo, explorando os lábios macios com delicadeza, bem devagar.
Harry enlouquecia com aquele beijo, queria que se tornasse mais forte, queria sentir a língua de Snape dentro de sua boca lutando contra a sua. Mas o professor continuava sua lenta tortura, saboreando apenas seus lábios, provocando-o e desafiando Harry a se soltar e demonstrar o que queria.
Ah, que se dane!, pensou Harry, levando as mãos à nuca de Snape e puxando-o de encontro a ele, gemendo baixinho quando sentiu a língua finalmente penetrando sua boca.
No mesmo instante o beijo se tornou mais ardente, mas intenso, a língua habilidosa de Snape massageava a boca de Harry levando-o à loucura. Ele correspondia com a mesma intensidade, sentindo calafrios quando Snape mordiscava lentamente seus lábios e gemendo baixinho quando ele voltava a invadir sua boca impiedosamente.
Instintivamente, pressionou o quadril de encontro a Snape, para que o professor sentisse o quanto estava gostando daquele beijo. Não sabia direito o que estava fazendo, mas queria ir até o fim, ali mesmo.
Mas Snape interrompeu o beijo na mesma hora e se afastou um pouco, ignorando o gemido de protesto de Harry. Ficou observando o garoto, e Harry sabia o que ele estava vendo: seu rosto estava corado, os olhos verdes brilhando de desejo, a boca levemente inchada pelo "ataque", a ereção nada discreta...
- Severus... – murmurou Harry, encorajado pelo brilho que via nos olhos negros.
Ouvir Harry chamá-lo pelo primeiro nome despertou Snape, que piscou e voltou a ter a mesma expressão irônica de sempre.
- Quem poderia imaginar, Potter. Você tem algum talento, afinal...
Aquelas palavras e o tom com que foram ditas tiveram o efeito de um balde de água fria em Harry, que sentiu toda paixão de minutos atrás se evaporar.
- Eu... eu disse que não era mais criança... – respondeu debilmente, sem conseguir pensar em outra coisa mais inteligente para dizer.
- Realmente. É uma pena que eu não possa ver até onde vão seus talentos, Potter. – Snape colocou a mão dentro das vestes, retirou uma das varinhas e entregou a Harry. Deu uma última olhada para Harry, virou as costas e partiu para o castelo.
Harry não podia acreditar que ele iria embora daquele jeito!
- Severus! Professor! – chamou, indo atrás de Snape, que parou e olhou para trás, com a costumeira expressão de impaciência.
- O que foi, Potter?
- O senhor não vai dizer nada... sobre o que aconteceu? – perguntou, parando a poucos passos de Snape.
- Ora, Potter, imagino que até você possa dizer o que aconteceu agora.
- Eu... nós... nós...
- Não há "nós", Potter... Aquilo foi apenas um beijo. – respondeu Snape, voltando a caminhar em direção ao castelo e deixando um enfurecido Harry Potter para trás.
Maldito, quem ele pensa que é! Isso não vai ficar assim. Ele vai me pagar!
Próximo ao castelo, Severus Snape sorria discretamente, sabendo exatamente o que seu aluno estava pensando. Só espero que ele não demore.
FIM
Ah, espero que tenham gostado. Essa fic foi escrita em uma noite de insônia, num impulso...
