Depois do Fim, capítulo 1
Rachel me dá um ótimo conselho
– Uma corrida até a estrada? – desafiei.
– Você vai perder. – Ela disparou Colina Meio-Sangue abaixo, e eu arranquei atrás dela.
Dessa vez não olhei para trás.
Pense duas vezes antes de apostar uma corrida com Annabeth. Ela corre muito rápido. Ela estava quase chegando à estrada, quando aumentei velocidade e segurei seu braço, puxando-a para trás. Ela caiu no chão, e eu saí correndo, até escutar um grito dela: "AAAI"
Lógico que parei e corri até ela na mesma hora. Ela tinha lágrimas nos olhos, e segurava seu tornozelo com uma expressão de dor. Me ajoelhei do lado dela, perguntando o que havia de errado, quando ela me abraça e sussurra bem baixinho no meu ouvido:
– Idiota – e me empurrou com força ao chão, levantou rápida como um raio e saiu em disparada, chegando à van do acampamento. Eu, atônito, me levantei, e corri até ela, gritando:
– Aquilo foi tudo um fingimento? Isso é trapaça!
– Olha quem falando! Você que me puxou lembra?
– Ora mas eu... – e não consegui completar a frase, pois no mesmo momento ela colou seus lábios nos meus, me puxando para um beijo caloroso. Quando nos separamos, o que pareceu várias horas depois para mim, ela disse:
– Esqueceu que eu nunca vou deixar as coisas fáceis pra você?
E juntos, demos as mãos e entramos na van, com destino à Nova York. Um novo ano letivo começaria no dia seguinte, e eu não contive minha felicidade ao lembrar que dessa vez, eu e Annabeth estaríamos morando na mesma cidade. Está bem, ela iria morar num colégio interno, sabe-se lá onde, mas ainda estaríamos na minha cidade. E, espero eu, ela deve ter autorização para sair aos finais de semana não é? Não que algum segurança possa nos impedir, afinal, caham, somos semideuses. Eu realmente queria ver alguém tentar me impedir de ver minha sabidinha.
A viagem, que normalmente é demorada, passou voando, e logo Argos, nosso segurança com centenas de olhos, estaciona na frente da minha casa. Dou um selinho em Annabeth, dizendo que ligaria, mesmo que todos os monstros dos Estados Unidos aparecessem. Ela me deu um abraço apertado, e, dizendo em sorrisos: "Vejo você muito em breve, cabeça-de-alga".
Com a chave do meu apartamento na mão, observei a van branca do Acampamento virar na primeira esquina, onde os olhos cinzentos de Annabeth me olhavam. Suspirando, entrei no prédio, coloquei a chave na fechadura, e entrei no meu pequeno apartamento em Manhattan. Ele continuava como sempre, e eu sentia um cheiro de biscoitos vindo da cozinha. E dela, minha mãe surgiu, com uma travessa de biscoitos azuis, meus favoritos, me esperando.
–Bem vindo de volta, meu herói. – dizia ela, enquanto me dava um abraço apertado. – foi um bom fim de acampamento?
–Foi completamente anormal na verdade. Toda essa paz depois da guerra com o Senhor dos Titãs, é com certeza estranha.
–Mas muito merecida – surgiu Paul Blófis do quarto deles – Meus parabéns Percy, acho que é o mínimo que posso dizer.
–Obrigado, mãe, Paul, mesmo. Vocês não sabem como – mas nesse momento fui interrompido por algo vibrando no meu bolso. Não no da minha espada sempre à espera em sua forma de caneta, Contracorrente, mas no outro, em que eu tinha agora meu primeiríssimo celular, presente de Annabeth. Ela havia me mandado uma mensagem, dizendo "Cheguei no meu colégio. Amanhã mesmo começam minhas obras no Olimpo. Já estou com saudade." E com isso, aproveitei essa deixa para ir para o meu quarto, e poder me jogar um pouco. Respondi "Eu também estou. Nos vemos em seguida?"
Mas no mesmo momento que deitei na minha cama, meus olhos se fecharam eu dormi, sem saber o que Annabeth iria responder.
E pela primeira vez desde que Cronos havia sido derrotado, eu não sonhei.
Eu acordei de madrugada. Não sei que horas, mas era noite, e o silêncio reinava no meu apartamento, então deduzi que já era bem tarde. Me levantei e fui até a cozinha tomar um copo d'água, e olhei no relógio: duas e meia da manhã. E eu sem sono nenhum.
Me vesti e fiz a coisa mais sensata possível: saí do apartamento. É, você deve estar pensando que andar em Nova York de madrugada deve ser absurdamente perigoso, mas primeiro, essa cidade nunca dorme, e existem vários estabelecimentos 24h. E segundo, poxa, sou filho de Poseidon. Acho que isso explica tudo.
A batalha com o Senhor dos Titãs, incrivelmente, deixara poucas evidências na cidade. Ok, tinham algumas estátuas de bronze em lugares bem aleatórios, como uma do Benjamin Franklin que escalava um prédio na Quinta Avenida, ou uma outra do Presidente Roosevelt que agora tomava um banho no lago do Central Park. Mas o mais impressionante é o fato dos mortais terem acreditado ser apenas mais uma dessas exposições de Arte Moderna, e terem abstraído o fato de que há pedestais de mármore sem estátuas em vários cantos da cidade.
Foi depois de uma hora andando que eu sinto meu celular vibrar no meu bolso. "Minha mãe deve estar louca" pensei. "Mal chego em casa e sumo". Mas quando fui ver quem era, me impressionei, pelo fato de Rachel Elizabeth Dare, nossa nova oráculo, ter me mandado uma mensagem as 3:30 da manhã. "O que você está fazendo perambulando por Nova York esse horário?" Ok, isso foi estranho. Ela estava me seguindo ou algo do tipo? Ela já deveria estar na sua Academia para Moças esse horário. E antes de eu sequer ter tempo de responder, ela manda outra "E não, não estou o seguindo. Eu sou o oráculo lembra?" É, Rachel assusta as vezes. Mandei uma mensagem pra ela "Falta de sono. Não tenho o que fazer em casa." Não passou nem um minuto para ela me responder de volta "Olhe para a sua esquerda, e me agradeça mais tarde". Sem entender, olhei, e deuses, como eu tenho que agradecer Rachel.
À minha esquerda encontrava-se a Saint Elizabeth High School, e, pulando os portões, Annabeth parecia ter tido a exata mesma idéia que eu de dar um passeio noturno.
